O Primeiro Massacre Quaternário escrita por AnaCarol


Capítulo 27
Sonho VS Realidade. Aliados?




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  Sonho com a praia. Estou deitada entre as pernas de Jason e ele sorri para mim. A água toca levemente meus pés e me faz cocegas. A areia molhada faz meu calcanhar formigar levemente. O calor dos braços de Jason me envolve e seu queixo toca meu pescoço.

  Estou de volta ao meu universo de felizes para sempre. Nunca fui para os Jogos, nunca fui tirada dele. Nunca conheci John Turnit, nunca perdi meus pais. O mundo é composto por nós, a praia e só. Não tem Capital que nos odeie. Não tem Úrsula que nos machuque. E a certeza de que quando eu me levantar eu não vou ter que correr para lugar nenhum me invade. Não vou ter que me esconder. Porque ninguém me procura mais. Eu sou apenas uma menina comum que tem pais, namorado, amigas e uma vida boa.

  Mas então eu levanto. Quando olho para trás, Jason não está se levantando. Ele não está mais lá. Um bolo de areia molhada ocupa o espaço em que ele estava. A praia começa a se desintegrar como areia escorrendo de meus dedos das mãos. Então não sobra mais nada e eu acordo gritando.

  -Você está bem? – John está debruçado sobre mim.

  Noto que lágrimas caem de meus olhos sem que eu tenha controle sobre elas, e um nó em minha garganta me faz querer vomitar toda a carne humana que eu comi.

  -Anna? Tudo bem?

  Eu me afasto, arrastando-me para trás, para longe de John. Balanço a cabeça e o mundo rodopia. John vem até mim e eu continuo me afastando, até que minhas costas tocam a parede úmida e bolorenta do túnel. Eu me encolho e grudo à parede, assustada. Ele para de se afastar e se senta de pernas cruzadas no chão.

  -Você sonhou com Jason, não é?

  Assinto.

  -Não se preocupe Anna. – Ele parece se entristecer. – Prometo que logo você estará com ele novamente.

  O que ele não sabe é que é exatamente isso que me perturba. Saber que preciso de John para me levar de volta à Jason. Que é preciso que John morra para que eu possa sair desse inferno e voltar para casa.

  Mas sei que não posso deixar isso acontecer. Se permitir que John morra por mim, sei que nunca vou me perdoar. Sei que nunca vou esquecer que o brilho de seu olhar foi apagado por minha causa. Vou ficar vagando pelos momentos que passamos e nunca vou me perdoar. Vou entrar em transe e nunca mais sair.

  -Deveríamos nos separar. – Eu concluo. – Só restam seis de nós. Não precisamos ser aliado mais.

  Ele parece confuso.

  -Aliados. – Murmura em um tom quase inaudível.

  Levanto e pego minha mochila. Só resta um tridente nela, mais alguns pedaços de carne humana e o resto do kit de primeiros socorros. Deixo a xícara e o arco e flecha com John, mais algumas facas que pegamos de Distrito Onze.

  -Está mesmo indo embora? – Ele pergunta, sem olhar para mim.

  -Não podemos mais ser aliados. – Eu respondo.

  -Por que não?

  Porque não posso me dar ao luxo de te deixar morrer por mim. – Eu gostaria de desabafar. Ao invés disso, apenas resmungo:

  -Tchau, John.

  Ele assente e não diz mais nada enquanto tiro a cabeça do alçapão e pulo para fora. A partir de agora estou sozinha. E isso não me agrada totalmente.


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