O Primeiro Massacre Quaternário escrita por AnaCarol


Capítulo 19
O primeiro canhão dos Jogos.


Notas iniciais do capítulo

Sou eu, ou você também sentem cheiro de sangue?



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    Vai dar tudo certo, vai dar tudo certo, vai dar tudo certo. Eu caminho em direção ao meu prato. Vai dar tudo certo. Ele sobe. Vai dar tudo certo. Eu vejo a arena pela primeira vez. Não vai dar tudo certo.

  A arena é uma floresta. Está chovendo muito, e não acho que vá parar muito cedo. Eu queria água, mas não assim. A floresta é densa e fechada. Eu nunca estive numa floresta densa e fechada. Pra falar a verdade, nunca estive numa floresta. Você é uma rebelde morta, Anna.

  Olho para os outros tributos. O narrador conta os segundo rápido demais.

  O menino do Distrito Sete parece aliviado. Os tributos do Doze também parecem mais calmos. O menino do Onze parece prestes a enfiar a cabeça na terra. A menina do Dois estampa um sorriso maligno no rosto, estudando nossos rostos e decidindo quem matar primeiro. Procuro por John. Como será que ele está? Encontro seus olhos. Eles me dizem para ficar calma. Dizem-me para correr o mais rápido que puder para longe dali. Mas estou confusa. Tudo parece mudo. Aqui não é meu lugar. Eles não são meus amigos.

  Não consigo ouvir a contagem. Meus batimentos cardíacos estão acelerados e altos. Acho que ela está acabando. Queria alongar esse tempo e ficar pra sempre parada na segurança do prato. Essa é a sensação de maior segurança que vou sentir em dias. E provavelmente a última de minha vida. Não ouço a buzina tocar, mas saio correndo porque vejo todos os outros tributos desesperados, correndo para salvar suas vidas e pegar uma mochila. Eu corro. Para onde, eu não sei, mas eu corro. Ainda estou correndo quando decido olhar para trás. Ky está bem atrás de mim. Ele pegou uma mochila. Em sua mão ele segura uma faca que não penso ser uma faca de passar manteiga no pão. Atrás dele a menina do Dois corre em nossa direção. Ele se vira pra mim, encontrando meus olhos por um segundo. Eles me dizem: Corra!

  Ele me empurra. O que está acontecendo? Tenho que pegar uma mochila! Não, ele disse corra. Mas eu tenho que pegar uma mochila. Qual delas? O que tem em cada uma? Correr.

  Encontro John num esbarrão, que pega minha mão e me puxa para continuar correndo. Eu a solto. Olho para trás. Ele tenta pegá-la de novo, mas eu suplico para ajudar Ky. Ele está lutando contra a menina do Dois. Faca versus Adaga. Não me parece justo. “Alguém me dê um tridente!” – Eu penso. “Alguém faça alguma coisa!”

  Ele agarra fortemente meu pulso e me puxa para longe. Por entre as lágrimas eu vejo seus olhos brilharem em pena. De mim ou de Ky? Dos dois, talvez.

  É tarde demais para qualquer coisa.

  Entre todos os urros de guerra, todos os gemidos, todas as espadas se encontrando, todos os passos na grama enlameada eu ouço apenas um barulho.

  O primeiro canhão dos Jogos.

  Ky cai no chão, morto.


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Notas finais do capítulo

Que a Vigésima Quinta edição dos Jogos Vorazes começe! E que a sorte esteja sempre com você.



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