Deve ser madrugada e eu ainda estou acordada. Vou chegar ao Centro de Treinamento com olheiras, é quase certo.

Toc, toc.

Não pode ser. Não. Ainda não é manhã. Ainda não é um grande, grande, grande dia. Eu permaneço calada. Quem sabe a pessoa que está batendo não se toca e vai embora. Não estou a fim de falar com ninguém.

A porta se abre mesmo assim. Por que eu não a tranquei?!

-O que você quer? – Eu falo, virada de costas para a porta.

-Oi, John. Obrigada por segurar a barra com Hanny e Troy hoje na janta, Tenho certeza que, se não fosse por você, eu seria punida por eles. – a voz de John tenta, de modo fracassado, imitar a minha.

-Vai embora, Turnit. – Eu rosno.

-Qual é o seu problema, hã? Você não deveria implicar tanto com Hanny. Ela estava tentando ser legal.

-Tentando ser legal? – Eu me sento na cama, encarando-o. – Ah, você jura? Bom, ela não é legal para essa coitada!

Eu cruzo os braços, me enfiando até o pescoço no cobertor. Ele deveria ir embora, mas ele não vai. Qual é o problema dele?!

-Não sei por que se importa. Se eles me odiassem, você seria o favorito. – Eu me viro e percebo que ele está olhando diretamente para mim. - Não é pra isso que está aqui? Pra ganhar?

Ele continua bravo, mas suspira silenciosamente. Para minha surpresa e indignação, ele puxa a minha coberta e a joga no chão.

-Me conte. – Ele rosna. – Por que votaram em você?

-O que?

-Por que você foi escolhida por todos para disputar?

-Não é da sua conta. – Resisto a tentação de fazer-lhe a mesma pergunta. - Agora vá embora!

Eu arremesso meu travesseiro em sua direção. Ele o pega no ar, desafiadoramente, e o joga de volta para mim. Eu o pego de volta, ainda o encarando.

-Você parece ser legal. – Ele diz, e me dá a certeza de que ele tem problemas mentais, ou bipolaridade. – Eu não votaria em você.

Eu sorrio, blefando.

-Vá.