Um Desconhecido escrita por Daijo


Capítulo 15
Capítulo 15




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Eu mantinha a cabeça baixa. Depois do que eu, duramente, revelara, não conseguiria mais olhar nos olhos de Henrique. Cobri meu busto com os braços, mas ele parecia estar alheio a minha nudez.

- Você o quê? – indagou num tom sério.

Eu só pude fungar alto, devido ao meu choro. Senti a mão de meu marido agarrar meu queixo, e com certa força erguer meu rosto para o campo de sua visão.

- Olhe para mim. – exigiu ele, mirando no fundo dos meus olhos. Acho que queria ler o que se passava em minha mente, através dos orbes negros.

Eu olhei o azul a minha frente. Estava receosa; mas depois de instantes, decidi despejar tudo o que me afligia.

Henrique escutou todo o meu relato no mais absoluto silêncio, permitindo-se apenas fechar os punhos, com raiva, em certas partes. Eu contei sobre as provocações e investidas de Thomas, desde que eu chegara aquela casa. Hesitei um pouco em contar sobre o ocorrido na casa de casa de banho; mas no final falei sobre isso também, afinal era por esse fato que eu estava me atormentando.

Quando acabei o discurso, fiquei esperando apreensiva uma palavra de Henrique. No meu íntimo eu tinha certeza que ele me consideraria uma traidora, e que me mandaria de volta à casa dos meus pais.

Aqueles segundos de silêncio matavam qualquer um.

Henrique levantou a mão. Com certeza eu levaria um tapa na face. Fechei meus olhos para receber o golpe merecido. Senti sua mão pousar suavemente em meu rosto, e com a ponta do polegar acariciar minha bochecha. Olhei para ele surpresa.

- Não se preocupe. Thomas não irá mais te perturbar. – esclareceu, com a voz doce. Mas seus olhos pegavam fogo. – E você não me traiu.

- Mas Henrique, eu quase cedi às provocações dele. – Eu queria mostrar que era tão culpada quanto o motorista.

- Eu conheço muito bem o Thomas. – disse ele, fechando novamente os punhos. – Sei que espécie de conquistador ele é. Ele tentou te seduzir, o maldito.

- Mas... – Ele colocou o dedo indicador em meu lábio, para impedir que eu continuasse.

- Não se martirize mais. – Ele me olhava com carinho. – Você não me traiu e ponto. – Eu tentei novamente abrir a boca, mais ele me cortou. – E eu te perdôo pela quase traição. Eu sei muito bem os truques de Thomas. – Nesse momento seu olhar se tornou distante.

Eu ainda não me sentia bem com tudo aquilo, mas fiquei mais aliviada.

Coloquei minha mão sobre a dele, e fiz uma leve pressão. Ele retirou sua mão de minha face, e com as costas dela limpou minhas lágrimas.

- Não chore mais. – Henrique aproximou seu rosto do meu. – Não vou te abandonar. – Dessa vez fui eu que selei seus lábios.

Puxou-me mais para perto, e retomou suas carícias. Estava mais carinhoso que nunca. Desci minhas mãos para o fecho de sua calça e o abri. Ele tirou a peça de roupa, e delicadamente encostou seu corpo ao meu; deitou-me na cama.

Recomeçamos a nos beijar, um beijo cheio de paixão. Eu adorava sentir sua respiração quente em meu pescoço, suas mãos percorrerem cada centímetro de meu corpo e sua boca, que ora ou outra, soltava palavras de amor em meu ouvido. Nunca em minha vida havia imaginado que chegaria a amar tanto aquele homem.

Minhas mãos pousaram em sua cintura, e logo depois subiram sugestivamente para suas costas. Minhas unhas raspavam levemente seu dorso; percebi que aquilo lhe agradara, pois logo seu beijo se tornara mais volupioso. Seus lábios percorriam meu busto, enquanto eu soltava pequenos gemidos.

Em meio a carícias, declarações de amor e sensualidade, mais uma vez nos entregamos à paixão.

 

 

Acordei no meio da madrugada com o estômago roncando. Detesto admitir, mas devia ter seguido o conselho de Thomas. Remexi na cama; tinha certeza que não conseguiria dormir se não me alimentasse. Olhei para o relógio e era quase cinco horas da manhã.

Levantei com cuidado para não acordar Henrique. Fui até a casa de banho e liguei o chuveiro para me lavar rapidamente. A água caiu gelada sobre meu corpo. Terminei o banho e sai.

- Volta para a cama. – pediu Henrique, que estava sentado e coberto, apenas pelo lençol. – Ainda é cedo.

Eu sorri e fui até ele, dando-lhe um leve beijo.

- Vou descer para comer algo e já volto. – esclareci. – É que ontem não jantei.

- Com certeza por culpa de Thomas. – ponderou, um pouco irritado.

Eu me afastei da cama, chegando até a porta.

- Não, dessa vez foi por sua causa. – Antes que ele pudesse me perguntar algo, eu sai do quarto.

Eu desci as escadas na escuridão. Imaginei que os empregados ainda não tinham acordado. Segui então, silenciosamente para a cozinha. A porta estava entreaberta; escutei vozes baixas. 

Cheguei um pouco mais perto da porta. Reconheci as vozes da empregada e do motorista.

- Você é um imprestável Thomas. – dizia Inês um pouco alterada. – Não teve a competência de levar a princesinha para cama!

- Ela é difícil. Mas estou quase lá. – respondeu ele, com a voz segura. – Mais uma investida, e ela se entrega.

Eu estava ficando enjoada com aquela conversa. Aqueles dois estavam mancomunados contra mim; só não conseguia entender o porquê.

 - Agora que Henrique voltou, vai ser mais difícil seu idiota. – retrucou Inês, sem paciência.

- Relaxa amor. – Além de tudo eles eram amantes. – A Ana já é minha.

Eu não agüentei escutar mais nada.

Com um estrondo, abri a porta da cozinha. Meus olhos faiscavam, minha respiração estava acelerada.

- O que significa isso! – Vociferei, enquanto os dois me observavam, surpresos. - Para que tanta intriga?

Inês permaneceu imóvel, observando meu estado de fúria. Thomas soltou uma gargalhada que ecoou pelo silêncio.

 


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