Um Desconhecido escrita por Daijo


Capítulo 14
Capítulo 14




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Eu não queria descer para o jantar. A última coisa que eu desejava, era dar de cara com o indecente do Thomas. Fiquei trancada no meu quarto, instável. Ora era tomada por um acesso de raiva, ora por um sentimento de culpa.

Escutei, então, batidas na porta.

- A senhora não vai descer para o jantar? – Perguntou Inês.

- Não Inês, obrigada. – respondi, enquanto ajeitava um travesseiro com certa força.

- Tudo bem. Ah, já ia me esquecendo. Chegou mais uma carta do senhor.

Eu sai em disparada para porta; abri rapidamente.

- Onde está? – indaguei, fitando Inês. Ela me entregou um envelope.

- Thomas me deu agora pouco. – esclareceu ela. Eu fechei a cara.

“O maldito não me falou nada.”

- Com licença. – pediu a empregada, e se retirou.

Eu tranquei a porta novamente, não queria mais ter certas surpresas. Voltei para a cama, e apressada abri o envelope. Li e reli a carta umas três vezes. Um enorme sorriso tomou meu rosto.

Henrique estava voltando.

 

 

A semana passou, e a cada dia desse período eu ficava mais ansiosa. Não via a hora de Henrique chegar. Estava morrendo de saudades; mas também um pouco receosa. Eu não sabia qual seria minha reação ao ver meu marido, depois do que acontecera com Thomas. Não que tivesse acontecido o pior, mas quase. Eu me deixei levar pelo desejo, esquecendo por instantes qual era minha posição naquela casa. Detesto admitir, mas se não fosse pela Inês eu estaria no inferno agora.

Durante a semana também tive que aturar as gracinhas do motorista. Eu estava prestes a enforcá-lo.

Na manhã do dia em que Henrique chegaria, eu acordei animada. Arrumei-me cuidadosamente, e desci para esperá-lo. Não sabia à hora exata que ele viria.

Tomei o café rapidamente, e decidi ler um pouco no jardim. Já com o livro na mão, sai. Uma brisa acariciou meu rosto. Eu fechei meus olhos, para sentir o leve toque plenamente.

- Isso tudo é só para mim? – disse Thomas, e eu abri meus olhos instantaneamente. Ele me admirava, com um meio sorriso. Mudei minha expressão serena, para uma irritada.

- Talvez, se você chamasse Henrique. – respondi azeda. Ele alargou seu sorriso.

Eu havia decidido caprichar um pouco mais na aparência; queria agradar meu marido. Escolhi um vestido de seda num tom cinza. Seu comprimento ia um pouco acima do joelho; tinha um decote em “V”. Prendi meu cabelo em uma trança frouxa, com minha franja ondulada livre.

- Olha que você mesmo já me chamou de Henrique. – ponderou, caminhando até mim.

Eu não respondi nada. Apenas passei por ele em direção ao jardim. Surpreendentemente, ele não agarrou meu braço assim como das outras vezes. Eu parei no final a escada, para observá-lo. Ele estava plantado na porta, com a cara satisfeita. Soltei um muxoxo de impaciência e voltei para meu caminho, empertigada.

Sentei-me no banquinho, do quiosque, ainda bufando. Abri meu livro com ferocidade.

“Aquele imprestável! Quando Henrique voltar, vou sugerir que ele o despeça”.

Não consegui prestar muita atenção no livro, mas consegui me adiantar nos capítulos.

Logo já era hora do almoço, e com ela o resto da tarde passou e nada de Henrique. Quando a noite chegou, eu já estava melancólica.

Enquanto subia as escadas para meu quarto, escutei as gargalhadas de Thomas as minhas costas. Virei para encará-lo.

- Teria feito melhor negócio se tivesse se arrumado para mim. – disse ele. Mudou, então, sua expressão divertida para uma séria. – Você não vai jantar?

- Estou sem fome. – respondi num fio de voz.

- Você pode ficar doente se não se alimentar direito. – disse ele, num tom reprovador. Eu revirei os olhos. – Inês me contou que você apenas beliscou no almoço.

- Não precisa se preocupar comigo. – Antes que ele pudesse responder, eu desapareci no corredor.

Cheguei ao meu quarto e bati a porta com um estrondo. Estava chateada por ter passado o dia inteiro a espera de Henrique, como uma tonta.

Joguei-me na cama e fechei os olhos. Depois de algum tempo, adormeci cansada.

Sem ter noção de quanto tempo depois aconteceu, escutei ruídos em meu quarto. Abri meus olhos, apreensiva e fiquei surpresa ao ver quem me fitava. Henrique estava sentado na beirada da cama, me observando. Ele sorria encantadoramente.

- Finalmente. – disse ele, acariciando meus cabelos negros.

Eu apenas me lancei em seus braços. Ele me apertou com força; senti uma imensa alegria. Nada podia me fazer mais feliz.

Afastei-me do seu corpo, para encará-lo. Ele me puxou para perto, de novo, e beijou-me. Era tão bom sentir aqueles lábios de novo.

Um beijo cheio de paixão surgiu, e com ele carícias de meu marido.

- Adorei seu vestido. – sussurrou ele ao meu ouvido. Eu até tinha me esquecido que ainda trajava-o. Ri levemente.

Suas mãos apertaram meu braço com força. Sua boca começou a percorrer meu pescoço com delicadeza. Eu abri bruscamente seu paletó, e ele me ajudou a retirá-lo. Meus dedos abriram com urgência os botões da camisa de linho, e logo retiramos aquele empecilho. Henrique pousou sua mão em minha coxa e ali fez uma leve pressão. Escorregou, então, sua mão para a bainha de meu vestido; com todo o cuidado, retirou-o. Ele ficou me admirando por alguns instantes. Nossos lábios voltaram a se comprimir. Suas mãos deslizavam com habilidade pelo meu corpo.

Ele agia carinhosamente, diferente de Thomas que era mais bruto.

Thomas?

Eu empurrei Henrique para longe de meu corpo. Ele me olhou confuso; estava arfante.

Eu não podia fazer aquilo, não depois do que aconteceu na casa de banho, com o Thomas. Sentia-me suja.

Henrique voltou a se aproximar de mim e como se nada tivesse acontecido, voltou a distribuir beijos pelo meu pescoço.

Eu não podia. Não conseguia.

- Eu não posso Henrique! – exclamei; as lágrimas saltando de meus olhos.

Ele se afastou delicadamente de mim.

- Por que não pode? – indagou sorrindo.

- Porque eu te traí! – gritei, com a vergonha estampada em meu rosto.

 

 


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