The Story Of Us. escrita por Jones


Capítulo 4
The end?




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But I liked it better when you were on my side.

Naquele grande salão principal, os quintanistas estudavam para os N.O.Ms, os heptanistas se dedicavam aos N.I.E.Ms, e eu me preocupava em não olhar para a mesa de Sonserina. James, como heptanista, estava separado do melhor amigo do mundo inteiro e estava sendo obrigado a estudar por Abbie.

Eu estava ali, servindo de vela para Hugo e Lily. Al estava feliz sentado ao fim da longa mesa de Corvinal com Izzie, a namorada dele.

O mundo estava feliz e unido em casais, e eu me sentia como no fim de As Patricinhas de Beverly Hills, antes de a Cher descobrir que amava Josh. Lembram-se do Josh? Ele era o enteado do pai dela em algum dos mil casamentos dele. Pois é, Cher e Josh implicavam um com o outro o tempo inteiro, mas no fundo se amavam. Todavia, antes de ela se ligar nisso, ela estava triste por que a Dionne tinha o Murray, a louca da Tai estava dando em cima do Josh e ela estava andando por aí ao som de “All by Myself”.

Se equipamentos eletrônicos funcionassem em Hogwarts, eu estaria escutando All by Myself também.

Eu estava perdendo meu Josh.

Eu tinha perdido Josh. Ok, o nome dele é Scorpius, mas no meio dessa loucura você conseguiu entender? Acho que não.

Mas eu estava ali fingindo que eu não ligava para o fim do relacionamento e Scorpius estava lá na mesa dele com aquele ar dele de ‘eu não ligo para nada’. De repente ele não ligava mesmo, mas a pessoa que eu conhecia só usava aquela máscara quando estava preocupada ou com raiva. Porém, eu realmente conheço alguém?

Tudo bem, eu exagerei no drama.

Eu conheço James, o cara é o meu melhor amigo e eu acredito que deve estar sendo difícil para ele também ficar no meio desse concurso de quem pode fingir melhor que liga menos para essa situação.

Eu conheço Scorpius e eu o amo.

Mas a vida era mais feliz quando não estávamos de lados opostos. Eu era mais feliz quando ele estava ao meu lado. Sério, a minha vida era um episódio de How I Met Your Mother.

Agora quando eu for contar How I Met Your Father para os meus filhos, o father não vai ser Scorpius, e isso me deprimia. Vou viver essa vida infeliz aqui, sozinha com dois cachorros, uma coruja e um sapo.

Parei de chorar, juro.

***

– Rose. – James me chamou quando estávamos na sala comunal e já estava bem tarde.

– James? – Eu desviei a atenção de Emma, o livro, e olhei para James. – Fala.

– Eu sou seu amigo, você sabe disso, não sabe? – Ele perguntou se sentando ao meu lado.

– Sei. – Respondi me aconchegando no abraço que ele me oferecia.

– Você sabe que sempre fomos mais que primos, mais que amigos e que você sempre vai poder contar comigo, certo? – James perguntou beijando minha testa. – Você é minha melhor amiga e eu sempre vou te proteger.

– Mesmo eu não andando mais com você e Scorpius? – Perguntei me jogando nas lágrimas. – Porque eu não sei se eu consigo.

– Mesmo assim. – Ele disse me abraçando. – Ele é meu melhor amigo, mas isso não me impede de dar umas pancadas nele se ele fizer algo de errado com você. Porque pouca coisa dói mais em mim do que te ver chorando.

– É difícil, sabe? – Eu disse entre soluços.

– Eu sei que é. – James, naquela versão compreensiva me disse. – Esse lance de relacionamento tem seus altos e baixos. Tenho certeza que vocês vão se acertar.

– Eu não tenho tanta assim. – Desabei mais ainda no choro antes de começar a balbuciar coisas sem sentido. – Eu terminei com ele e não pretendo pedir para voltar, eu não fiz nada. Ele não falava comigo, ele me ignorava e fingia que eu não existia. Eu não sei se ele me ama. Eu o amo.

– Hey, calma. – Ele pediu sorrindo. Me acalmou.

– É só que... Eu to ficando louca. – Falei, secando minhas lágrimas.

– Eu sei que está, ele também está louco, se você quer saber. – James sorriu, afagando meu cabelo. – Eu sei que é complicado, mas eu sei que ele vai fazer a coisa certa.

– O que é a coisa certa? – Eu perguntei erguendo a sobrancelha. – Ah, eu não quero saber.

– De qualquer maneira, eu sei que vocês vão se acertar. – James falou fazendo aquela careta pensativa dele.

– Você sabe mais dele do que eu. – Eu observei e ele respondeu com uma careta. – Eu sei que se você fosse uma garota eu não teria nem chance.

– Se eu fosse uma garota, o que é uma hipótese totalmente remota, eu seria lésbica e tentaria chamar Abbie para o meu time. – James riu. Essa era uma das mil partes boas de ter um melhor amigo como James: ele te anima até quando está desanimado. – De qualquer maneira, ninguém tem chance perto de você, e eu espero que você saiba disso.

– Não começa com essa mania de Abbie agora. – Eu pedi e ele riu.

– Ela está certa. – Ele falou sorrindo. – Ela sempre está e para ela não me encher a paciência que eu vou subir para dormir e você vê se vai dormir também.

– Ok, eu vou. – Falei fazendo careta. – E James, obrigada. Eu não sei que bicho da sabedoria te mordeu hoje, mas obrigada.

– Eu posso te dizer que sou um homem mudado, benzinho. – James piscou antes de subir a escada.

E eu fiz o mesmo, fui chorar na cama que é lugar quente.

I would lay my armor down if you said you'd rather love than fight.

Quando James diz que sabe o que vai acontecer, a gente tem que ficar desconfiado.

Geralmente, significa que ele vai dar o jeito dele. E não foi diferente dessa vez. Eu tinha um bilhete de caligrafia idêntica à de Scorpius pregado no meu livro de Jane Austen:


Preciso te contar a verdade, preciso te ver. Eu sei que você está magoada, mas eu preciso que confie em mim. Me encontre no armário de vassouras antes do jantar.

Te amo.

O fato é que eu acreditei e fui ansiosa para o armário de vassouras encontrá-lo logo após a aula de Aritmancia e quando cheguei lá vi James discutindo com Scorpius.

– Você contou tudo que eu te contei a ela? – Scorpius parecia desesperado.

– Aham. E ela deve estar chegando, quer ouvir de você. – James mentiu na cara dura, ele era bom nisso. – E eu acho que você deveria contar tudo logo.

– Eu não... E se ela... Cara, ela não vai... – Scorpius parecia indeciso em terminar as frases.

– Que diferença isso faz a essa altura do campeonato? Ela não terminou com você? – James perguntou exasperado. – Eu só acho que você deve a verdade a ela.

– Não, ela vai... Eu não quero. – Ele disse por fim.

– Agora é tarde demais, ela já sabe de boa parte. – James falou naquele tom displicente. – E se eu fosse você contava direito, porque ela não está com a melhor das impressões.

– James! – Scorpius chamou e ele saiu da sala. Não consegui nem me esconder.

– Ah, ela chegou. – James disse me arrastando para dentro do armário de vassouras. – Aqui ela está, qualquer coisa me chamem.

Ele disse isso, saiu e trancou a porta com um feitiço que eu não consegui desfazer. Então eu e Scorpius gritamos por um bom tempo para ele abrir a porta e ele nos ignorou. “Só vou tira-los daí quando vocês deixarem de ser idiotas. Eu não ligo mesmo de perder as aulas de amanhã.”

– Ótimo. – Eu cruzei os braços.

– Ótimo. – Ele repetiu, cruzando os braços.

O fim da guerra estava nas mãos dele, eu deixaria minha armadura de lado se ele me dissesse que preferia amar a lutar.

– Então você sabe de tudo? – Scorpius perguntou algum tempo depois, sentado no chão.

– Não. – Eu falei, mas lembrei de que se eu mentisse talvez eu conseguisse algo para variar. – Não sei de tudo, James me disse que você esclareceria tudo.

– Ele disse errado. – Scorpius disse de braços cruzados, e um tanto quanto irritado.

– Tudo bem. – Eu falei também cruzando os braços.

– Ok. – Ele disse se levantando e andando de um lado para o outro. – Você já terminou comigo, não é? Então não vai fazer diferença.

Eu fiquei em silêncio. Ele não podia ser tão blasé sobre isso. Ele não podia usar aquele tom indiferente para falar do término. Não podia.

– Você quer saber o que aconteceu? – Scorpius perguntou naquele tom irritado. – Eu vou te contar.

– Ah, você vai falar? – Eu falei cruzando os braços. – Eu tinha me esquecido que você tinha uma voz. Ah é, você só não falava comigo.

– Dá para parar com isso? Você podia falar assim comigo quando estava namorando comigo! – Scorpius explodiu e eu me assustei, mas fiquei animada, porque pelo menos ele estava expressando alguma emoção. – Você não está namorando comigo.

– E a culpa é de quem? – Eu desafiei, ainda de braços cruzados.

– Você deve estar me achando um idiota fraco. – Ele falou pesaroso. – Mas eu... Te amo, sabia?

– Ama? – Eu disse naquele tom de quem duvida. – Porque não parece.

– É só que... Ele. Ele faz esse tipo de coisa. – Scorpius começou a divagar enquanto andava pelo armário de vassouras. – Ele quer que eu termine com você.

– Ele sempre quis. – Eu falei triste. Imaginei que ele estivesse falando sobre o pai. – E você decidiu deixar que eu terminasse com você.

– Não. – Scorpius se apressou em dizer, se ajoelhando na minha frente. – Eu ia só... Te manter afastada enquanto eu resolvia tudo e depois tudo ia voltar ao normal.

– Você poderia ter me falado, eu ia entender. – Eu falei olhando nos olhos dele.

– Eu não queria terminar com você, eu não queria que você terminasse comigo. – Scorpius disse colocando as mãos nos meus ombros e falando nervosamente. – Ele está morrendo, meu avô, ele... Ele falou que eu estou envergonhando a família, ele disse que eu estou sujando o nome que a família manteve intacta pelos últimos milhões de anos.

Eu fiquei em silêncio. Esse tipo de coisa me machuca e machucaria qualquer um: a família da pessoa que você ama acha que você é algo podre, algo que sujaria a família.

E eu já contei como sou manteiga derretida?

– Eu não acho que você esteja sujando o nome da minha família. Eu gostaria de não ter essa porcaria desse sobrenome. – Scorpius estava quase gritando. – Ok? Mas o todo poderoso Draco falou que eu tinha que atender ao último desejo do meu avô. Ele tinha tanta coisa para desejar e desejou minha infelicidade.

– Eu entendo, de verdade. – Eu falei secando as minhas lágrimas. – Você tem que fazer o que tem que fazer.

– Eu não tenho que fazer nada. – Scorpius falou antes de me beijar com voracidade e me olhar com aqueles olhinhos mareados. Eu só queria abraça-lo e chorar. – Eu não ligo se o meu pai vai me tirar daqui porque eu me recusei a terminar com você, eu não ligo se ele acha que eu estou arruinando a família namorando uma Weasley... Namorando a filha de uma... Granger. Eu não ligo. Eu não ligo para essa porcaria de sobrenome.

– E se ele te tirar daqui vamos continuar com problemas. – Eu tentei dizer entre a porcaria do soluço.

– Eu não ligo para o dinheiro dessa família. – Scorpius continuou andando pelo cômodo. – Eu vou vir para cá ano que vem, eu compro o material de segunda mão, eu tenho alguma coisa guardada... E depois eu dou um jeito.

– Não. – Eu consegui me compor. – Eu não vou ser a pessoa que destruiu o seu elo com a família, eu não vou voltar com você.

– Eu não ligo. – Scorpius disse sacudindo a cabeça. – Eu vou ficar aqui e vou te ver todos os dias, é melhor que nada. Você me ama tanto quanto eu te amo, e eu... Eu preciso ficar aqui.

– Você vai ficar aqui, mas não vai ficar comigo. – Eu falei cheia da razão. – Eu... Não vou te deixar ficar sem nada, eu não vou te deixar perder tudo por minha causa.

– É por isso que eu não queria te contar nada. – Ele falou meneando a cabeça, me olhando tristemente. – Eu ia ficar aqui, deserdado e os carambas e você não ia saber.

– Essa era sua grande ideia? – Eu falei cruzando os braços.

– Você tinha ideia melhor? – Ele me perguntou antes de ironizar. – Porque se seu grande plano era esse de terminar comigo eu prefiro a minha grande ideia.

– E eu prefiro a minha. – Bati o pé.

– Não prefere não. – Scorpius disse encostando-me à parede cheia de vassouras. – Você prefere ficar comigo.

– Eu te amo. – Eu tentei organizar meus pensamentos, mas os lábios deles estavam pertos demais dos meus. – Mas eu... Não quero te deixar na sarjeta.

– Você não vai me deixar em lugar nenhum. – Scorpius disse com as mãos na parede. – Eles vão, e eu não estou nem aí. Eu arranjo um emprego, eu não sei. Mas eu não vou ficar sem você.

– Vai sim.

– Não vou.

– Eu terminei com você.

– Eu não vou ficar sem você. – E então ele me beijou.

E dessa vez eu não consegui escapar do beijo.

Minhas mãos estavam lá onde pertenciam: nos cabelos dele. As mãos dele estavam onde deveriam estar: na minha cintura. Os meus lábios pertenciam a ele. Os lábios dele eram meus.

– Adorei o drama e etc, e fico feliz que tenham se reconciliado finalmente. – James disse abrindo a porta. – Toda essa tragédia grega estava me dando náuseas.

– James! – Eu o repreendi.

– Olha, vocês fazem uma tempestade no copo d’agua que só Merlin na causa. – James falou girando os olhos. – Ninguém vai terminar com ninguém e ninguém vai ser deserdado.

– E qual é a sua ideia brilhante? – Scorpius riu, segurando minhas mãos enquanto olhava para James.

– É simples. – James disse naquele ar genial dele, ele acha que é genial, pelo menos. – Eu tive uma conversa perturbadora na qual Scorpius chorou três rios d’agua e pensei em como contornaria a situação. Conversei com uma senhora muito gentil, e bonita se me permitem dizer... Sua mãe, ô mulher bonita!

– Você falou com a minha mãe? – Scorpius arregalou os olhos. – E não fala assim da minha mãe!

– Quando se é maior de idade é fácil aparatar. – James piscou. – Pois é, depois de uma conversa com Astoria, que não sabia de nada disso, ela me garantiu que ninguém vai ser deserdado. Então rolou uma confusão com o seu Draco lá e ela disse que ia embora e aí ela falou que ela não era a mais rica das criaturas, mas que tinha o bastante para te dar uma vida boa... Aí seu pai murchou todinho e garantiu que você não ia ser deserdado. E a melhor parte é que eu sou um amigo tão dedicado que na pior das hipóteses, Harry falou que te daria abrigo quando você precisasse. Não que eu queira dividir meu quarto com mais um pateta. A pior parte é que seu pai me odeia ainda mais.

– Você! – Eu falei radiante, abraçando James. – Você é incrível!

– Isso foi... Fácil demais. – Scorpius disse incrédulo. – Por que você não me contou antes de eu... Bem ter contado para Rose?

– Ah, Abbie disse que a base de um relacionamento é a sinceridade e blá. – James disse sorrindo torto. – Sem contar que eu gosto de fins felizes depois da tragédia e cara, dizem que a vida não é complicada, são as pessoas que complicam.

Ok, James é ridículo.

Mas ele salvou meu relacionamento. Eu costumo dizer que ele sempre nos coloca no meio dos problemas só para nos salvar no fim.

Se isso fosse um conto de fadas, James seria minha fada madrinha. Não que ele fosse gostar do título de qualquer maneira.

Enfim, eu posso dizer que viveremos felizes para sempre e teremos um filho chamado Simba.

Brincadeira.

THE END.

Eu acho.


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