-Yuki?! – respondi assustada com meu coração quase saindo para fora da boca.- Mas, mas, o que você, eerm, você está fazendo aqui?

-Você! – disse ele mudando sua cara preocupada para seu habitual sorriso – Eu conheço você, é aquela menina da minha classe, a que respondeu para a Jenny hoje – e riu.

-Ahan, er, sou eu. – respondi apenas, chateada por por ele só lembrar de mim por ter brigado com sua namorada, e resolvi ir embora.

Virei de costas, coloquei as mãos no bolso e comecei a caminhar.

-Erm, espera. –disse Yuki segurando em meu braço.

-Oi? –respondi ainda confusa com tudo o que havia acontecido.

-Oi! – ele riu – Não, sério. Sei lá, fica mais um pouco. Coisas assim não acontecem por acaso. Fica aqui, para a gente poder conversar, e...

-Yuki, de boa, se você quer que eu peça desculpas para a Jenny, sinto muitíssimo, mas eu não vou. – suspiro – Aliás, o que você quer conversar com alguém como eu? Afinal, nem meu nome você deve saber.

-É lógico que eu sei seu nome. –disse ele mudando o tom de voz.

-Ah é? – pergunto levantando uma sobrancelha e deixando clara a minha descrença.

-É. – disse ele com simplicidade – É fácil. Não é um nome comum como Anny, Mary, ou sei lá. É um nome diferente, é uma flor de rara beleza, como você, Hana-chan. – diz ele todo cavalheiro, pega minha mão e dá um beijo nela.

-Ahn, eerm, er... – murmuro sem conseguir pronunciar uma palavra inteira. – Bom, er, me impressionou, parabéns, er. – digo isso e sorrio olhando para baixo, sentindo minhas faces esquentarem apesar do vento gelado.

-Então, já que eu acertei, peço um tempo para te conhecer melhor, para conversarmos um pouco mais...

-Erm. – murmuro- Tá bom, vai... Sem problemas.

-Eba. – diz ele sorrindo e começa a me puxar pelo braço.- Então vem cá, senta aqui comigo. – e apontou para um pequeno morro.

Sorri ainda envergonhada e sentei do lado dele, encarando-o como se tudo não passasse de um sonho.

-Que mal lhe pergunte, -começa ele quebrando o silêncio – mas, o que você veio fazer aqui?

-Eu? Erm, nada em específico. Eu tava apenas andando por perto quando achei esse lugar. E er, você?

-Ah, eu não. Eu venho sempre aqui. – disse ele sorrindo.

-Nossa, nem sabia que você curtia esse tipo de erm, “coisa”. Sei lá, não consigo imaginar alguém que é tão popular no colégio chegando e falando: “ae, ontem no cemitério foi legal, dude”- digo imitando um jogador de futebol americano alto e musculoso. – ou então: “aaah queriida, ontem lá no cemitério foi um arraso, puro luxo, baby” – e termino imitando a própria Jenny,o que fez Yuki rir alto.

-É. –diz ele em meio ao seu próprio riso – Mas isso é porque eu não sou que nem eles, eu não procuro ser um modelinho, sabe, acho que eu só sou popular mesmo porque eu converso com todo mundo.

-Quase todo mundo... – murmuro baixo lembrando de todas as vezes as quais ele passava reto por mim.

-O que? – pergunta ele olhando fixamente para mim.

-Er, nada. Esquece, Yuki. – murmuro com um pequeno sorriso no rosto.

-Bom, tudo bem então. – diz ele e sorri.- Sabe, eu adoro esses nomes com significado, geralmente eles combinam com a pessoa, e...

-O meu não combina comigo, er. – digo sem pensar muito.

-Por você achar que ele não combina é que ele se torna perfeito para você. Sabe, as flores mais belas estão onde menos esperamos.

-Ah é?

-É, como num cemitério, por exemplo. – diz ele olhando nos meus olhos e pisca dandp o sorriso torto mais lindo que eu já vi em toda a minha vida.

-Nossa, erm – respondi sentindo meu rosto corar – Você fala coisas bonitas, deveria escrever.

-Não, eu não consigo pensar em coisas assim sabendo que será para várias pessoas lerem. Eu só consigo quando é para apenas uma. – senti meu coração bater mais forte, e ele riu, comentando por fim. – Por isso, é que seu nome combina com você. O meu é que não combina nada, e...

-Lógico que combina. – respondo rápido, ainda sem conseguir raciocinar direito por causa das palavras tão repentinas de Yuki. – Sabe, todo dia que eu te vejo, eu fico te admirando de longe. E para mim, você é sim como a neve. Eu posso admirá-la, mas não posso tê-la, se não ela derrete.

-Mas você pode tocá-la. – disse ele e colocou meus dedos frios em seu rosto, sorrindo de canto e me olhando nos olhos.

-Não, não posso, pois distraída como a for é, acabaria esquecendo de parar de tocar a neve, e teria suas pétalas congeladas. – disse isso e desencostei meus dedos do rosto dele, olhando para baixo.

-Hana. – disse ele, tocando meu rosto e fazendo-me olhar para ele. – Você gosta de mim? Você me ama?

-Erm, eu... – fiquei surpresa e me enrolei com as palavras, mas, antes que eu pudesse dizer algo, escuto o barulho de passos pesados atrás de nós.