Diário De Uma Retardada escrita por Simjangeum


Capítulo 39
Isso é tudo pessoal


Notas iniciais do capítulo

E é chorando lágrimas de glitter que aviso: ESSE É O ÚLTIMO CAPÍTULO DE DDR! Oh não, não, vou sentir tanta falta de vocês minhas queridas e também de todos os personagens, mas sinto um sentimento de dever cumprido! Alguns fatos decisivos ficaram nesse capítulo porém >PORÉM< ainda tem o epílogo e nele também terão alguns fatos decisivos. Então, vou deixar todas as minhas últimas palavras dessa fanfic para o próximo capítulo, o epílogo, o definitivamente último capítulo dessa fanfic. Vou postar ele amanhã, só não sei que horas ainda, mas fiquem de olho. Beijos e boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/206069/chapter/39

04/03 - Sábado


Já fazem dois dias que saí da Beltford.

Incrível como o tempo passa rápido, pois para mim parece que foi ontem que fui internada, e não há dois meses atrás. É incrível também como muitas coisas aconteceram desde que fiquei esse tempo todo fora: Val agora está namorando firme com Thomas, Lizzie vai trocar de escola assim como Rony, Bina foi embora de San Francisco segundo seus vizinhos assustadores, Peter voltou para Fresno não sem antes me deixar um bilhete de desculpas e Nina agora era a rainha da East High.

Respirei aliviada, porque nunca mais precisarei voltar a Eas High. O Sr. Burr ligou para o meu pai e falou para ele que não adiantava mais eu comparecer as aulas porque eu já estava automaticamente reprovada. Então, meus pais acreditaram que aquela era uma boa oportunidade para me colocarem em outra escola.

Mas dessa vez eles me consultaram antes.

─ Então, para onde você quer ir? ─ perguntou minha mãe, no jantar de sexta-feira.

─ Estava pensando em ir para a Advisor ─ comentei, um pouco envergonhada ─ Lizzie vai para lá. Mas vou entender se não quiserem me mandar pra lá, afinal é uma escola particular.

Mamãe trocou um olhar cúmplice com o meu pai e os dois sorriram pra mim.

─ Na verdade, estávamos pensando em te matricular lá ─ comentou ela.

Eu sabia que não tinham pensado em me mandar pra lá, talvez pra outra escola pública que fica um pouco depois da East, a North San Francisco, mas eles só queriam me agradar então concordaram.

Então combinamos de que eu ficaria até o final do ano escolar sem estudar e em setembro, na volta as aulas, eu poderia ir para a Advisor. Aquilo me pareceu uma boa ideia.

Hoje a tarde, fui até a casa de Lizzie contar para ela as novidades. Dei um mínimo sorriso quando reparei que a mansãos dos Stark ainda continuava a mesma, depois daquele tempo todo. Sorri também pelo fato de que se alguém me colocasse de olhos fechados ali dentro eu conseguiria achar o caminho para qualquer lugar, porque conhecia aquela casa melhor do que a minha.

Quando entrei pela porta da frente, que dava para o enorme hall, me dei conta de que não tinha ninguém ali, então aproveitei para testar a minha brincadeira e saí pela mansão de olhos fechados. Nos primeiros minutos eu ri, como uma criança, porque eu realmente sabia para onde ir mesmo que não estivesse olhando. Quando cheguei aos pés da enorme escada, apoiei minha mão direita na parede e subi cada degrau com muito cuidado, mas depois de seis degraus ultrapassados bati contra alguma coisa e me desequilibrei, caindo para trás.

Achei por um momento que eu ia cair de cabeça e rolar como o Sonic até o fim da escada, mas algo amparou minha queda. Ou melhor, braços.

─ Ei, garota, toma cuidado por onde... ─ começou a voz ─ Alex?

Eu nem tinha me dando conta, mas ainda estava de olhos fechado. Quando os abri, Rony me encarava com um misto de confusão e surpresa.

─ Rony? ─ perguntei de volta, sem acreditar. Ele estava tão diferente!

Rony me ergueu junto ao seu corpo e logo depois me soltou delicadamente. Seus olhos se fixaram nos meus e ele abriu um sorriso.

─ Você está diferente ─ mumurou ele ─ O cabelo está mais comprido, suas roupas também estão diferentes... eu não sei explicar. Ok, me dê créditos, eu sou um garoto, não sou bom com explicações.

─ É um modo diferente de dizer que estou bonita, hm? ─ indaguei, me encostando no corrimão da escada ─ Da última vez você disse que eu estava linda mas que aquilo não era eu.

─ Então, agora eu digo que isso e você, e você está bonita ─ rebateu, com um sorriso torto.

Reconheci que ele estava certo e dei de ombros. A cara que ele fez quando eu não comecei a discussão merecia ter uma foto.

─ Você realmente mudou ─ murmurou ele.

─ Mudei mesmo ─ concordei.

─ Será... será que mudou completamente?

Ele não precisou dizer nada para eu saber que ele estava se referindo ao beijo, ou ao quase beijo que demos. Rony se aproximou um pouco mais de mim e sua mão encostou na minha, perto do corrimão. Dei um meio sorriso quando ele teatralmente olhou para cima enquanto seus dedos se acomodavam entre os meus.

Mas, por mais que eu quisesse ele, quisesse naquele momento, eu ainda podia me lembrar da voz da Dra. Khatlin, minha médica da Beltford, me aconselhando que não seria nada bom se eu tivesse um interesse amoroso logo após a saída da clínica. “Recaída” era uma palavra que eu não estava afim de conhecer.

─ É muito cedo ─ sussurrei, enquanto seu rosto estava a centímetros do meu.

─ Eu não acho que seja ─ discordou ele, colocando uma mão em meu rosto ─ A gente já esperou demais.

─ É cedo demais pra mim ─ me corrigi, enquanto me desvincilhava dele ─ Então não, desculpe.

Eu não pude olhar para o rosto dele, não iria conseguir, então corri os últimos degraus que faltava e o deixei sozinho no andar de baixo.

* * *

─ Todos juntos em Advisor! ─ comemorou Lizzie depois que eu lhe contei a novidade ─ Isso é tão bom!

─ Eu sei ─ concordei, me jogando ao lado dela em sua cama ─ Você acha que vamos encontrar pessoas legais lá?

─ Vamos sim, vai ser adorável! ─ exclamou ela, rindo.

Eu sabia que a Advisor não ia ser um sonho, a solução dos meus problemas, mas ia ser um grande alívio pra mim e por todos esses anos de opressão (ou quase isso).

E finalmente chego ao fim desse diário. Quando perguntei ao Dr. Nelson (que não é mais o meu psicólogo) ontem o que eu deveria fazer depois da última página escrita, ele disse que eu poderia queimar esse caderno, mas achei que isso ficaria muito parecido com um ritual de macumba e percebi que essa era a intenção dele, então perguntei a ele se eu podia guardá-lo e ele disse que era uma ótima ideia. Tenho certeza que não vou reler todas essas páginas daqui há alguns anos porque tenho certeza que vou ficar com tanta vergonha das coisas que eu pensava que vou querer jogar o diário fora, e eu quero mante-lo sempre comigo, como um suvenir de guerra. Talvez ele fique junto com meus livros usados no porão, e ninguém nunca mais vai lê-lo, porém saberei onde ele está, mesmo quando eu não estiver mais aqui.

Mas, como não quero terminar esse diário com palavras tão chatas, quero terminar então com uma frase legal: Isso é tudo pessoal!


Alex


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!