12/12 - Quarta-Feira

Recebi outro bilhete, do Anônimo. Eu não esperava muita coisa sobre ele, mas... quem diria, eu estava enganada de novo pra variar.

O encontrei mais uma vez no meu fichário (que droga, ele provavelmente deve mesmo estudar comigo... ou é viciado em ver o que eu tenho de matéria escrita).

"Alex,

Eles dizem que vale tudo no amor e na guerra, mas eu não precisarei lutar, nós passaremos por isso para ficarmos juntos".

São atitudes dele como essas que me fazem acreditar cada vez mais que é alguém que eu não conheça. Porém, interpretando esse bilhete ao pé da letra meio que dá para desconfiar que é o Matt! "Nós passaremos por isso para ficarmos juntos", isso queria dizer que teríamos que passar por cima da Nina?

Esse anônimo sabe como deixar uma garota louca.

Bem, mas deixando isso de lado, hoje na aula de Sociologia a nova professora, Sra. Muggle, me colocou para sentar junto com Rony. Aquilo me fez acreditar que se o anônimo não viesse ao meu socorro, eu estaria fadada ao meu destino escuro e sombrio.

Contra toda a minha vontade, coloquei minha bolsa em uma carteira ao lado de Rony.

Ele pegou a folha de exercícios e quase teve um acesso de riso compulsivo.

─ O que foi? ─ indaguei, observando que todos estavam fazendo o mesmo, e pior, olhando na nossa direção.

Ele entregou a folha para mim e explodiu na risada, seus olhos azuis derramando lágrimas.

Haviam tirado uma foto minha de quando eu estava jogando as coisas de Nina e Val no chão e anexaram aos trabalhos. Eu estava em uma posição estranha, em pé, de pernas abertas, os braços era um borrão e o meu rosto tinha uma careta estranha, algo como olhos revirados e língua para fora.

E em letras garrafais em rosa choque estava escrito em cima "Educação mandou lembranças" e em baixo "Beleza também".

─ Pare de rir! ─ gritei, dando um tapa no ombro de Rony, que ainda continuava a rir. Meus olhos estavam escorrendo lágrimas.

Seu sorriso sumiu assim que ele me viu chorando.

─ Ah, desculpa, eu achei que você fosse levar na brincadeira ─ murmurou, colocando sua mão no meu rosto.

─ Não! Pare de brincar comigo ─ funguei, me desvencilhando da sua mão ─ Eu ao menos gosto de você.

Ronald ficou boquiaberto, talvez porque eu nunca tenha dito tão verdadeiramente que eu o odiava antes. Mas não me prendi naquilo, dei as costas a ele e saí da sala.

─ Volte aqui, Srta. Antonelle! ─ gritou a Sra. Muggle, mas eu não a obedeci.

Abri a porta do banheiro feminino no exato momento em que tocou o sinal para o intervalo. Rapidamente me tranquei em uma das cabines e me encostei na parede fria. Meus olhos não voltaram a arder, acho que eu não conseguia mais chorar, apenas fiquei observando a porta fechada.

Maldita Nina! Como ela conseguira conspirar com a minha inimiga contra mim? Ela provavelmente havia contado todos os meus segredos para a Bianca, contado os meus pontos fracos e os poucos fortes.

─ Alex! ─ chamou uma voz feminina, batendo na porta da minha cabine ─ Sai daí.

Era Val, pude reconhecer sua voz. Não respondi, ela iria embora mais cedo ou mais tarde.

─ Sei que está aí, eu vi você entrar ─ falou, dando outra batida.

Bem... talvez ela não fosse.

─ Porque, de repente, você quer falar comigo? ─ perguntei, sem me mexer.

─ Estou arrependida Alex. Quero conversar sobre isso ─ murmurou, mas dessa vez sem bater.

Vallery era muito, mas muito sentimental. Nesse ponto ela não era muito parecida comigo, digo, sobre gostar de falar sobre os próprios sentimentos. Em muitos aspectos, ela era bem melhor do que eu em demonstrar o que sente.

─ Ok, você venceu ─ admiti, abrindo a porta e saindo.

Ela estava lá, parada, seus olhos verdes bem atentos aos meus movimentos. Val parecia tão... relaxada. Nem parecia que havíamos brigados.

─ Desculpe! Desculpe! Por favor! ─ pediu, segurando meus braços ─ Eu sei, fui idiota. Eu devia ter acreditado em você, não na Nina.

─ É claro que eu desculpo você, idiota ─ falei, a abraçando ─ Eu também devo pedir desculpas. Devia ter contado para você do anônimo.

Val me abraçou mais forte e começou a rir. Nem mesmo Nina poderia nos separar um dia, nós éramos como irmãs, mesmo não sendo parecidas ou algo assim, ela era a única pessoa á quem eu poderia confiar no mundo.

─ Estamos quites, então ─ murmurou, me soltando ─ Nina acabou me contado demais, se quer saber...

Então ela começou a me contar tudo. Nina já tinha falado que eu estava escrevendo bilhetes para mim mesma, mas que assinava como Matt, as vezes até Thomas, que Bina tinha lido eles e contado que eu planejava conquistar os dois quando elas vieram falar comigo. Depois que fiz todo aquele show nos armários, Val começara a desconfiar de algumas coisas, até que Nina havia deixado escapar que Bina disse que eu iria convidar Rony para o Baile de Férias, porque estava interessada nele.

─ Então, se a história da forjação de bilhetes fosse verdadeira, você iria convidar o Matt e o Thomas, não o Rony ─ concluiu, dando um sorriso ─ E também, é sobre o motivo de Nina ter virado amiga da Bianca.

─ E qual é? ─ perguntei, me sentando na pia.

─ Não lembro direito, mas pelo o que fiquei sabendo, Nina viu Matt colocar uma coisa no seu fichário e depois pedindo para George o colocar na lixeira. Sem que você percebesse, ela foi até a lixeira e viu o bilhete do anônimo. Revoltada, ela contou para Bina que precisava da ajuda dela. Então, Bianca concordou em difamar você pra todo mundo. Elas agora são como aliadas.

Então, sem sombra de dúvidas, Matt era o anônimo! E Nina sabia, Val também, George ao que parece, Bina... Ah, meu Deus! Como Matt poderia gostar de mim? Nem mesmo amiga dele eu era.

─ Minha nossa ─ sussurrei ─ Espera... não acredito que a Bina disse que eu iria convidar o Rony para o Baile de Férias sendo que eu...

─ Você vai convidar o meu irmão para o que?

Lá, parada na porta do banheiro feminino, estava a tal da Elizabeth Stark, a irmão gêmea sofisticada do Rony. Ela já estava com o uniforme da escola, calça azul escura (só que a dela era justíssima), tênis (era um Oxford!), a blusa da escola (com uma super jaqueta de couro por ima) e óculos escuros (esses não estavam no uniforme, mas acho que podia usar).

─ Oi, Lizzie ─ cumprimentei ─ An, essa é Val, minha amiga. Val, essa é a Lizzie, irmã gêmea do Rony.

Elizabeth deu um sorriso encantador.

─ Ah, é um prazer conhece-la, Vallery! Ouvi falar de você, é claro ─ comentou, apertando a mal de Val.

Val parecia que estava tendo convulsões dentro de si mesma. Olhos vidrados, a boca franzida, a mão toda mole ao apertar a de Elizabeth, parecia um zumbi.

─ Irmã gêmea do Ronald! ─ exclamou ela por fim, parecendo completamente surpresa ─ Não acredito, você está estudando aqui?

─ Sim, eu saí do internato ─ explicou Lizzie, fechando a porta do banheiro e vindo até nós ─ Gostei daqui, achei o banheiro afinal, mas não pense que foi o Rony que me mostrou. Ele está lá, de conversinha com o tal Matt. Aliás, um belo garoto.

Aquilo acendeu uma lampada na minha cabeça. Nina gostava de Matt, que aparentemente estava afim de mim, mas eu não queria que ele gostasse de mim, disso eu podia ter certeza. O baile estava chegando, Bina achava que Rony iria me convidar, Lizzie estava afim de Matt.

─ Acho que eu... tive uma ideia ─ murmurei, olhando para o nada ─ Ou melhor, um plano maléfico.

─ E qual seria? ─ indagou Val e Lizzie ao mesmo tempo, a última ainda acrescentou "Posso participar?".

─ Você conhece a Bianca Castellare, Lizzie? ─ indaguei, cruzando os braços.

─ Sim, conheci ontem ─ comentou, fazendo uma cara de desagrado ─ Não gostei dela, parecia muito empenhada em me agradar para fazer bonito para o meu irmão. Se o que você pensou, Alex, envolve alguma coisa de ruim para ela, pode contar comigo.

─ Então você está dentro ─ confirmei, sorridente. Me virei para Val ─ E você?

Ela sorriu, contente:

─ Mas é claro.

─ Ok, vejam ─ expliquei, descendo da pia ─ Val, faça o Thomas convidar você para o baile. Lizzie, faça o mesmo com o Matt. Eu irei convidar o Rony.

As duas olharam perplexas para mim, mas depois viraram seus rostos para a janela, tínhamos ouvido um barulho estranho do outro lado, algo caindo no chão. Mas não devia ser nada.

─ Porque temos que ir ao baile, e com esses pares? ─ indagou Val, parecendo confusa ─ E porque, diabos, você tem que ir com o Rony?

Expliquei a elas direitinho o que íamos fazer. Era realmente uma grande ideia.

Aléxia.