17/11 - Sábado

É estranho eu estar escrevendo isso agora. Eu acho (particularmente) inútil a ideia de ter um diário, mas aconteceu o seguinte, fui diagnosticada (não posso chamar aquilo de diagnóstico, mas...) como louca.

Meu nome é Aléxia Antonelle, tenho 15 anos e moro em San Francisco, EUA... e bom, tenho alucinações e transtornos de loucura.

Mas eu não sou louca. Um pouco, talvez.

Minha amiga Vallery disse que eu era maluca. Minha outra amiga Nina disse que eu era maluca.

Metade da do colégio East San Francisco disse que eu era maluca.

Mas não acredite neles, porque segundo minha filosofia profunda número 1, eles provavelmente estão conspirando. Isso mesmo, é um complô que provavelmente envolve e.t's e outros diversos seres enigmáticos.

* Uma pequena pausa para esse pensamento profundo *

Onde eu estava? Ah sim... Eu sei que metade das pessoas que eu conheço acham que eu sou meio retardada. O que não, óbvio que não, não é completamente aceitável. Pelo contrário, é completamente revoltante!

Por isso minha família decidiu levar (muito) a sério a idéia de Vallery e Nina de contratarem um psicanalista pra mim.

O nome dele é Dr.Nelson, ele é gordo e feio, e é personal trainer (eu sei, é dificil de acreditar que uma pessoa obesa possa ser um personal trainer). Dizem as más línguas que ele precisa de dois empregos para pagar uma quitinete na parte obscura de San Francisco.

Enfim, o importante é que o tal Nelson sabe que eu não gostei dele, ou do consultório dele, ou do cachorro dele (um poddle nojento). Então, ele decidiu me dar esse diário, porque, segundo seu pensamento (há, um psicanalista gordo personal trainer é um ser pensante!) estaríamos fazendo coisas que gostamos sem nos relacionar.

Todo dia deverei escrever aqui, sob o pretexto de libertar minha alma, desabafar problemas, limpar meu ser interior, deixar meu cérebro flutuar por uns dois minutos por dia, e por ai vai...

Só que isso não tem sentido.

Tudo bem que eu podia dizer pra minha familia que meu psicanalista não quer nem saber de mim, mas, se eu fizer isso eles vão contratar um psicanalista de verdade.

E em duvida entre ter um psicanalista de verdade que vai realmente me forçar a ter um problema (eu não tenho um!) a ter um psicanalista falsificado metade personal trainer gordo que tem dois trabalhos para pagar sua quitinete... eu prefiro a segunda opção.

Mas a coisa é que, eu espero realmente, que, ao fim dessa minha "biografia improvisada em forma de diário" eu possa provar que sou completamente normal. Nem um pouco doida, nem um pouco maluca, nem um pouco sem sentido.

Nem um pouco retardada.

Aléxia.