"Traga toda a tua prenda, traga tudo que for

Que eu trago a poesia, pra esconder nossa dor

Traga toda a tua lenda, traga o teu cobertor

Que eu trago a poesia, pra cantar nosso amor"

(Menina do Balaio - O Teatro Mágico)

Rachel abriu seu armário animada para mais uma semana na escola, não que fosse ser diferente, ela ainda era a loser da escola, filha de dois pais gays, sem namorado, que tinha uma conta no myspace onde gravava videos seus cantando. Porém aquele dia foi diferente. Quando ela abriu seu armário um envelope branco caiu em sua mão e ela pode sentir o perfume suave que vinha do papel. Seu nome escrito com letras douradas e uma pequena estrela no final. Aquele era um convite bem pessoal, a pessoa a conhecia, e aquilo a fez virar rapidamente a cabeça para o lado.

A pessoa deveria estar lá não é? Esperando que ela recebesse o convite,para então sorrir e ir até ela e... bem.. sei lá! Dar a mão pra ela e a acompanhar até sua classe de história? Era o esperado, mas tudo que conseguiu foi um olhar raivoso de Santana Lopez que estava parada no final do corredor conversando com Noah Puckerman. O garoto virou e deu um leve sorriso para Rachel. Os dois não eram exatamente amigos, mas frequentavam a mesma sinagoga. A menina retribuiu o sorriso e fechou o armário levando seu material de história e o convite debaixo do braço.

Ao chegar na sala de história se sentou no canto direito ao fundo. Não era seu lugar de costume, mas estava tentando evitar atenção naquele dia. Algo a dizia para fazer isso. Algo a dizia que aquele convite não deveria ser visto por mais ninguém. Rachel respirou fundo e pegou o envelope o abrindo no colo, de modo que a mesa escondesse.

"Lady Berry,

Fico feliz que você tenha aberto o envelope, estava com medo que o jogasse fora achando ser alguma brincadeira idiota de pessoas, igualmente idiotas, da sua escola. Felizmente tenho o prazer de lhe informar que está sendo convidada para o XIX Baile da Sociedade. Espero ansiosamente a sua presença.

Com carinho, -L"

Ok, aquilo era bem estranho. A pessoa a conhecia MESMO. E havia assinado como "L" quem diabos era L? Virou o pequeno cartão na mão viu a data e o endereço onde deveria estar. Eram dalí a duas semanas, em um posto de gasolina perto da saída da cidade. Olhou dentro do envelope novamente e achou mais uma folha dobrada.

"Não estranhe o local. as 22:00 sua carona irá chegar. Antes temos algumas regras.

1 - Não fale d'A Sociedade sobre nenhuma circunstância.

2 - Identidades não devem ser reveladas em nenhum momento.

3 - Proibido a entrada de acompanhantes.

4 - Brigas não serão toleradas.

5 - Muito menos atrasos.

6 - Divirta-se acima de tudo.

Lembre-se estar no baile é um privilégio que pode ser fácilmente retirado."

– Muito bem turma, vamos abrir o livro na página trina e quatro. Hudson, o senhor poderia começar a ler por favor? - O professor se virou para Kurt sentado na primeira fileira e Rachel enfiou o envelope dentro do livro de história rapidadamente. Enquanto o menino começava a ler o texto.

Ela não conseguiu prestar atenção a nenhuma palavra dita.

= / =

Rachel não conseguia decidir que roupa colocar. Andava de um lado para o outro no seu quarto, vestindo apenas uma calcinha branca e a toalha enrolada nos cabelos. Olhou para a cama e os três vestidos que haviam lá. O que deveria vestir? Algo clássico? Comportado? Mais solto? (Pra não falar vulgar. Até hoje ela ainda não tinha entendido o motivo de Hiram ter lhe dado aquele evstido vermelho tão obsceno.) Ela não sabia nada sobre esse tal baile. Se jogou na cama frustrada.

Absolutamente nada. Toda informação que ela tinha era o local onde ela deveria esperar, a data e a hora. Só.

Na realidade ela nem sabia se isso era verdade. Poderia muito bem ser uma brincadeira de muito mal gosto. Poderia ser um serial killer. Poderia ser um velho asqueiroso tentando se aproximar dela, ou pior, poderia ser Jacob Ben Israel querendo ficar a sós com ela. Aquilo sim seria terrível.

Desistiu de ir.

Afinal de contas, ninguém sentira falta dela. Era apenas mais uma loser naquela escola. Não tinha amigos, exceto por seus dois pais, e bem, eles não contavam exatamente como amigos para uma adolescente. Porque alguém se importaria se ela iria estar ou não em um baile estúpido. Isso é se existísse tal baile mesmo!

Seu celular vibrou na comoda e ela esticou a mão para pega-lo. Mensagem de um número desconhecido.

"Só pra me certificar de que você não está pensando em desistir. Te prometo que não sou um assassino ;) . Espero que você venha mesmo, a noite não vai ter graça sem o seu brilho, estrela. - L"

Rachel leu a mensagem três vezes antes de finalmente se tocar do que havia acontecido. Que diabos? Havia algum dispositivo na sua mente que permitia aquele estranho a ler seus pensamentos. Se sentou na cama intrigada e discou o número na tela.

Um toque.

Dois.

Três.

Desligado.

Tentou novamente, dessa vez já de pé e andando de um lado para o outro do quarto. Nada de novo. Uma terceira vez e só chamou duas vezes, antes de cair na caixa postal. Balançou a cabeça nervosa. Quando escutou outro bipe no celular.

"Realmente achou que iria ser fácil assim? E qual a graça da brincadeira? Prefiro que você me descubra de outra maneira. Estou te aguardando. - L"

A garota inclinou a cabeça e sorriu pra mensagem. Então era um jogo? Pois bem, ela iria mostrar que sabia jogar. Se virou para o vestido vermelho e o pegou para vestir. Qunze minutos depois estava pronta, com o vestindo lhe caindo no corpo perfeitamente e o cabelo preso em um coque alto na cabeça. Pegou o celular e digitou uma mensagem para L.

"Estou a caminho, e torcendo para que você não seja nenhum serial killer, ou Jacob Ben Israel. - R"

Sorriu para sua assinatura.

= / =

A morena chegou ao local faltando exatos cinco minutos até dar a hora. Era um posto com pouca movimentação, um local discreto por assim dizer. Haviam apenas um carro esperando para abastecer enquanto um frentista atrapalhado abeastecia o segundo. Ele estava tão perdido que Rachel sentiu dó dele. Provavelmente era sue primeiro dia, e estava cobrindo a janta de alguém. O garoto se virou pra ela e deu um sorriso torto de quem está completamente sem graça com a situação, fazendo Rachel sorrir pouco antes de escutar um carro estacionando atrás dela. O vidro do motorista se abriu.

– Senhorita Berry? - DIsse colocando a cabeça pra fora. No rosto ele mantinha uma marcara preta que cobria toda parte dos olhos. Ela assentiu com a cabeça. - Prazer, serei seu novo motorista a partir de agora. A senhorita prefere que eu abra a porta do carro? - Ele fez menção de sair do carro.

– Oh não, não! Pode deixar que eu entro sozinha, mas obrigada pela cortesia. - Ela deu a volta no carro e entrou pela porta do passageiro. - Se incomoda se eu sentar na frente? - Ela se virou para o homem ao seu lado, se perguntando o porque da máscara.

– De modo algum, senhorita, como se sentir melhor. Porém... - ELa o olhou intrigada. - Chefe nos mata se alguém descobrir onde é a festa, então preciso que você se vende. - Ele apontou o porta luvas pra ela.

Rachel sabia que não deveria fazer aquilo. Era perigoso demais, arriscado demais, mas algo nos olhos do homem a fez ver sinceridade e ela tomou a venda em suas mãos amarrando atrás da cabeça.

– Espero que valha a pena toda essa preparação, viu... ? - A menina inclinou pro lado do motorista.

– Ah! Robert, senhorita, mas pode me chamar de Bob se preferir. - A garota sorriu ao escutar o motor ligando.

– Pois bem Bob, te chamo assim se você parar com o senhorita e começar a me chamar de Rachel. - Ela deitou a cabeça no encosto. sorrindo.

– Como quiser, senh.. humn. Rachel.

= / =

Ao chegar no local, Bob a conduziu delicadamente até dentro do recinto. Sentia suas mãos fortes em cusas costas e aquilo a tranquilizada de alguma maneira. Bob havia vindo o caminho inteiro contando sobre sua mulher e seus dois filhos gêmeos, que haviam acabado de completar três anos. Sentiu ele abrinco uma porta e a colocando dentro do local. Alguns segundos depois o homem apertou firmemente a mão da pequena morena e falou.

– Só posso traze-la até aqui, Rachel, esse é seu camarim. Sua fantasia está pendurada no armário assim como a máscara. Ah, e por favor não comente que eu te disse meu nome, eu realmente não quero ser despedido. - A garota sorriu e assentiu com a cabeça, ainda vendada. - A propósito. Eu te levarei pra casa no final da festa. Então até mais, Rachel.

Ele fechou a porta e Rachel finalmente tirou a venda dos olhos. O lugar era perfeito. Se ela fosse pedir um camarim dos sonhos, aquele seria o tal. Tinha um enorme espelho com várias lanternas em volta. Uma poltrona na frente, e uma comoda cheia de maquiagens e perucas, assim como algumas frutas. No outro canto havia uma cama com uma gardenia em cima e um cartão. Correu até ele.

"Sabe o que Gardênias significam? - L"

Rachel girou a cabeça tentando pesquisar na mente se sabia de algum significado, porém nada lhe veio a mente. Sorriu deixando o cartão no mesmo lugar e indo até o armário. Ao abri se deparou com um colant branco, com uma saia rodada com detalhes em dourado. A máscara era igualmente branca com detalhes em prata, e possuia um apequena estrela no canto superior direito. Rachel deu um grito de alegria. Ela era uma Bailarina! Sorriu ao ver o pequeno papel colado na roupa.

"Entre na personagem. Vamos explorar esses dotes artísticos. - L"

= / =

O baile inteiro ela esperou que alguém chegasse até ela, dizendo ser seu principe encantado que que tinha planejado tudo aquilo por ela. Porém nada disso aconteceu. Na realidade depois da primeira meia hora, a menina desistiu de procurar e resolveu que iria dançar. Alí ninguém saberia quem ela era. Ninguém a julgaria por ter dois pais, ou por ser baixa, nem mesmo por falar demais. Todos estavam alí se divertindo e ela queria fazer parte daquilo.

Saiu rodopiando pelo salão, enquanto observava alguns palhaços fazendo malabarismos, uma domadora de leão brincando com um garoto vestido em uma fantasia de leão. Um mágico loiro mexendo com fogo dentro de uma cartola. Existiam diversas pessoas vestidas como personagens de circo. E todos se divertiam com o clima contagiante da festa. Rachel achou ue não iria querer ir embora nunca.

= / =

Já eram quase três da manhã quando Bob apareceu para pega-la em seu camarim. A garota arrumou tuas coisas e deixou a fantasia cuidadosamente dobrada em cima da cama. Vendou-se com cuidado e deixou o seu novo amigo a guiar até o carro.

– Se divertiu, Rachel? - Ele perguntou abrinco a porta traseira do carro enquanto a menina balançava a cabeça contente. - Fico feliz por isso! Vamos pode deitar aqui no banco de trás que eu imagino que você deva estar exausta.

– Ah Bob! Foi tudo tão mágico! - Ela se deitou no banco e permitiu-se fechar os olhos.

Minutos depois Bob havia estacionado o carro e a garota tirou a venda. Estavam em frente a sua casa. Ela se virou para o motorista que continuava sorridente.

– Eu não iria deixar que você voltasse sozinha daquele posto no meio do nada, não é? Tenha um bom dia, rachel.

Ela sorriu e saiu do carro acenando para o motorista que agora acelerava em direção ao centro da cidade. Respirou fundo. Aquilo tinha sido uma experiencia totalmente inovadora. Afinal de contas tinha valido a pena ter ido.

= / =

Não muito longe dalí um carro estava parado observando Rachel Berry entrar saltitante em sua casa. E um sorriso apareceu no rosto de Quinn. Enquanto ela ligava o carro para ir embora.