A verdade, era que, desde que James e Lily tinham voltado de Paris da lua de mel, as coisas estavam um pouco estranhas. O casal estava morando junto oficialmente e mais melosos do que nunca, numa fase que eles já tinham enfrentado com Alice e Frank, mas que parecia ainda pior com Lily e James. E apesar de antes já acontecer às vezes, eles tinham deixado de ser “eu” para virarem “nós”.

Lily e James estavam em uma fase um tanto quanto assustadora do relacionamento para Sirius. Ele não sentia apenas como se estivesse perdendo o melhor amigo, mas também era realmente nojento ver os dois juntos.

Além disso, já tinha percebido que todos os amigos estavam entrando em um momento estranho da vida deles, em que pareciam desesperadamente precisar de alguém para ficar se esfregando o tempo todo. E pior, a mesma pessoa todas as vezes!

James e Lily… Alice e Frank… Remus e Emmeline… até mesmo Peter estava no que parecia o começo de um relacionamento com Hestia!

Claro que nada se comparava ao fato de que a doença do relacionamento parecer estar afetando Pam também.

A garota andava sonhadora pela casa, comprando flores sempre que possível e suspirando pelos cantos. Falando sobre como Sirius e ela estavam ficando para trás e que até mesmo Lene e Dory estavam conversando sobre garotos que ela não conhecia. E Sirius tinha quase certeza de que ela chegara a mencionar um curandeiro do St. Mungus também, mas não estava prestando muita atenção na ladainha apaixonada da amiga, então ainda tinha suas dúvidas.

Ah! Ele estava a ponto de arrancar os cabelos! Não só porque Pam parecia a ponto de começar uma nova relação que ele não queria aprovar, já que ela era sua garota mesmo que ainda não soubesse; mas também porque não gostava nenhum pouco dos amigos em relacionamentos sérios. Às vezes realmente sentia falta de alguém que saísse com ele para ir atrás de garotas aleatórias que nunca mais veria na vida e todos aqueles casais perfeitinhos eram a prova concreta de que ele estava sozinho nessa.

Era nisso que o moreno estava pensando enquanto deixava a cama da garota morena virada de costas, tomando o cuidado de não acordá-la enquanto fazia isso.

Tentou fazer um pequeno exercício de memória antes de ir embora, esforçando-se para lembrar-se do nome dela.

Alison…Alice… Amelia… Ammy… Anne…Abby…

É, não adiantava, não conseguia se lembrar. Mas pelo menos ele sabia que o nome dela começava com “A”.

Por fim ele saiu do quarto da garota que ainda dormia e terminou de abotoar sua camisa antes de encontrar a saída e andar até os metrôs, ainda pensando sobre os relacionamentos amorosos de seus amigos.

Ele não pretendia se casar antes de ter quarenta anos e aparentemente todos os seus amigos pretendiam fazê-lo antes dos vinte e cinco!

Ficou imaginando quanto tempo levaria até que os pequenos pirralhos e fazedores de cocô e vômito começassem a aparecer. Sirius definitivamente não iria nunca em sua preciosa vida trocar nenhuma frauda e nem mesmo dar uma de babá para ninguém!

Ele finalmente parou em frente a uma parede e usou a varinha para apertar alguns pontos na parede antes de uma porta aparecer magicamente e Sirius entrou. Estava uma pequena confusão lá dentro. Ele correu os olhos pelo ambiente a procura dos amigos.

Gideon Prewett estava parado em um canto mostrando à Sturgis Podmore, Sarah e Patrick Jones a foto da irmã, o marido e os cinco sobrinhos que Sirius já conhecia tão bem; Eliphas Doge, usando o mesmo chapéu ridículo de sempre, conversava com um sorridente Benjy Fenwick; Fabian mostrava seu relógio para Dedalus Diggle em uma óbvia tentativa de fazê-lo consertar o objeto mais uma vez; mesmo Dumbledore parecia um pouco oculto nas sombras ao lado de um homem que se parecia muitíssimo com ele a não ser pelo aspecto selvagem; Hestia Jones, sozinha e perdida em pensamentos enquanto olhava para um Peter que não tinha a mínima ideia de que estava sendo observado; Remus e Emmeline pareciam confortáveis sentados envoltos em uma bolha cor-de-rosa de amor, sem saber que Dory os olhava com o que era o mais mortal dos olhares; Lene estava se jogando descaradamente para cima de Edgar Bones; Amos Diggory e sua esposa, que Sirius saiba terem tido um bebê havia não muito tempo, estavam sentados em um canto mais fora de vista; Alice, Frank, Lily e James rindo e conversando juntos; Hagrid, grande e barbudo, mas parecendo gentil como sempre; e Pam conversando e sorrindo para Caradoc Dearborn, o novo curandeiro do St. Mungus; e mais algumas pessoas que ele não conhecia.

Sim, aquela era a sede da Ordem da Fênix.

Sirius se aproximou de Pam e do curandeiro, sorrindo.

_Oi. – ele os cumprimentou.

_Ah, Sirius – Pam disse. – Que bom que está aqui! Agora só temos que esperar a Sra. Figg, meu pai, tia Minnie e Olho-Tonto. – ela sorriu. – Vou avisar tio Dumby.

Sirius achou graça ao perceber que a garota continuava usando os mesmo apelidos para os professores que usavam em Hogwarts. Alguns costumes nunca morrem.

Pam se afastou e o moreno se viu sozinho com Caradoc. Não fazia a menor ideia do que dizer para ele. Nunca tinha conversado com Caradoc antes e não fazia ideia de quanto ele e Pam tinham se tornados tão íntimos.

_Hum… - Sirius começou. – Da onde você conhece a Felina?

Era um pergunta boba. Do St. Mungus é claro. Mas, foi o melhor que Sirius conseguiu fazer.

_Do trabalho. – ele disse, sorrindo. – Ela é incrível.

_ Eu sei. – resmungou, um pouco contrariado. – Moro com ela.

_Sério? – Caradoc perguntou, parecendo genuinamente surpreso. – Ah, verdade. Ela mencionou que tinha um colega de apartamento. Não imaginava que pudesse ser você, Sirius…

_Black. – ele completou, secamente. – Sirius Black. Sem orgulho.

_Black? – Caradoc pareceu pensar um pouco antes de continuar. – Ah! Sim. Sirius Black. Aquele que foi deserdado não é?

_Culpado. – e ele forçou um sorriso.

_Que bom que deixou aquela família de louco! Eles estão todos do lado das trevas! - Caradoc riu brevemente.

E, por algum motivo que ainda desconhecia, a cada segundo Sirius sentia mais vontade de dar um soco no nariz perfeitamente moldado dele. Mas, nesse momento, o Sr. Porter apareceu ao lado de Sirius, sorrindo.

_Oi, tudo bem? – ele parecia animado. – Vocês viram minha Pammy? – perguntou.

_Claro, Sr. Porter. – Sirius disse. – Ela foi por ali. – e ele apontou a direção. 

_Obrigado, Sirius. – e ele partiu atrás da filha.

Mesmo que quando Beth era viva, Sirius a chamasse pelo primeiro nome, tudo sempre fora diferente com Martin. Talvez porque ele quase nunca estava na casa de Pam quando Sirius ia visitá-la quando eram mais novos.

Não demorou muito para o Sr. Porter voltar acompanhado por Pam e Caradoc finalmente ir embora.

Por fim, a Sra. Figg (que apesar de ser um aborto fazia parte da Ordem) chegou acompanhada por Olho-Tonto, com aquele olho mágico que ele tinha ganhado fazia algumas semanas depois de um encontro com alguns comensais da morte e que ainda o fazia parecer um pouco assustador; Minerva chegou logo em seguida junto com a sobrinha, Margaret, que correu abraçar James e Pam e cumprimentar os outros.

_Olha só como vocês cresceram! – ela comentou, já que tinham se visto pela última vez no segundo ano, quando ela tinha sido a capitã do time de Quadribol. – Continuam voando tão bem quanto antes? – Margaret perguntou, apesar de não aparecer ser tão importante saber a resposta.

Como todos já tinham chegado, eles se sentaram à mesa comprida e começaram a ouvir as ideias de Dumbledore sobre o que iriam fazer a seguir quando a Voldemort. Cada um deles recebeu uma missão. No momento, com o pouco que sabiam, a maioria das pessoas teria só tomar cuidado, ficar atento a qualquer coisa estranha e alertar ao maior número possível de pessoas sobre o que podia acontecer. Mas, algumas pessoas, como Remus, tiveram alguns trabalhos mais específicos. Ele teria que fazer amizade com os outros lobisomens para saber se eles estavam se juntando ao lado das trevas ou não. E, outros poucos, como Hagrid, receberam trabalhos secretos, que ninguém sabia direito sobre o que se tratava e já tinham sido discutidos antes daquela reunião.

No final de tudo, todos estavam cansando por causa do horário tardio, mas antes de irem para casa, eles pararam lado a lado e sorriram para bater uma foto que simbolizaria a Ordem da Fênix.

O que eles não sabiam que aquela seria a primeira e última vez que todos eles se encontrariam juntos.

As mortes e desaparecimentos estavam ficando cada vez mais frequentes naquele tempo.