Someone In Your Side escrita por Den Falk


Capítulo 7
Disturbed Mind - Prólogo VII


Notas iniciais do capítulo

Penultimo prólogo, mais um perturbado da Mya. E sim, eu coloquei os dois dela porque, cara, a Mya consegue fazer personagens que nunca conseguiria imaginar. Obrigada, Joorin unnie ♥
O último talvez venha hoje ou amanhã, já o primeiro cap eu postarei só semana que vem, já que vou escrever o K-idol Project que eu to atrasada e uma nova one shot da minha Let Me Tell You About The Simple Things :P Estão me cobrando >



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Como você lida quando o que vêem de você não passa de uma pura imagem criada por aqueles que vêem apenas o que querem?

Você lida como eu, vivendo de forma que sua personalidade seja frustrada pelas expectativas das pessoas e que os outros seres humanos não passem de meras massas de carne com consciência e dispensáveis ao seu ponto de vista. O mundo é totalmente dispensável e todos os seres que vivem nele merecem morrer.

Malvado? Eu diria que sou. Diria não, eu tenho certeza. É o que dá ter uma personalidade sádica e maníaca, como os médicos dizem. Não que eu seja um psicopata, não chega a tanto. Mas alguns seres humanos me irritam tanto que vejo a necessidade de, às vezes, ao menos procurar delirar com algumas atitudes que livrariam o mundo de sua existência nojenta.


Quando eu era pequeno me chamavam de “garoto perturbado” o tempo todo. Qual é, ninguém vê graça em torturar animais como eu? Ou isso era porque eu sempre machucava algum coleguinha nas brincadeiras? Nada disso era o bastante não é? Eles tinham que investigar minha vida pessoal para descobrir os motivos e chegar aos meus pais que por ironia do destino jogaram seu filho de apenas 7 anos no manicômio.

Meu pai quem espancava minha mãe e ela que descontava em mim quando, por exemplo, eu derrubava água no chão, e eu que era o maníaco da família? Crianças seguem exemplos e os meus eram, com toda a certeza, os piores que poderia ter tido. Mas era tarde demais para interferir nisso, era sempre assim, todos me deixavam na mão.

Mais tarde minha mãe se arrependeu, não era pra menos, eu passei cinco anos sendo tratado como louco, então virei realmente um louco. Ela pediu para me tirarem de lá e a liberação só foi acatada um mês e meio depois. Eu não sabia distinguir o que era minha vida do que eram as minhas alucinações, eles não sabiam o que eu via nem o que sentia.


―Mãe, as vozes me dizem que eu tenho que te matar.

Eu sussurrava de noite e ela entrava em pânico toda vez que ia me colocar para dormir, correndo para o quarto onde meu pai estava deitado preguiçoso e começando um novo escandá-lo. Eu havia desenvolvido um distúrbio esquizoafetivo em um estágio avançado.



Eles me levavam a psiquiatras, tratamentos e me dopavam. Era assim, era a única forma de eu sequer cogitar a possibilidade de viver uma vida normal. Eu poderia viver entre a sociedade, mas a base de remédios. Terminei meu ensino médio aos trancos e barrancos. Não era fácil lidar com um monte de gente que sabia do seu problema, mas só reagia de formas que você obviamente teria apenas a escolha de surtar e tentar matá-los – o que eu não fiz, fique claro – porque as pessoas são ignorantes demais para lidar com alguém doente sem achar que ele é um monstro parasita que veio infectar o resto da sociedade que eles acham perfeita.


Na faculdade eu entrei com a esperança de ser diferente. Eu sempre tive boa aparência, o que é de família, já que meu irmão é o ‘garanhão’ entre os amigos. E ninguém nem suspeitava que eu tinha que ficar a base de calmantes para estar bem próximo deles. Eu tenho noção da minha doença e, de verdade, não quero machucar ninguém. Por isso prefiro manter distância. É o mínimo que posso fazer com eles, tentar manter uma aparência e preservar a sanidade de todos ao meu redor assim como tento ter sanidade.


A única pessoa do mundo além do meu irmão mais velho, ChangSeon, que eu confiava era meu melhor amigo de infância. Sabe quando você machuca seu amiguinho na brincadeira e ele não vai correndo para mãe dele dizendo que te odeia e que nunca mais vai brincar com você? É, nem eu sabia antes de Kyuhyun. O cara tem cicatrizes que eu causei e nem por isso deixa de ser meu melhor amigo e estar comigo. Ele sabe que não fiz por mal e sabe do quanto me arrependo de tudo que ele já passou por mim.


―Kyu. – eu chamava às vezes enquanto estávamos comendo no quiosque em frente a faculdade.


―Fala, Hyunshik. – ele respondia sem tirar os olhos da comida.


―Sabe que se você quiser não falar nunca mais comigo eu não vou ligar, né? De verdade, cara. Eu não vou pegar uma faca e ir na sua casa te matar por você não querer mais ser meu amigo.


Ele ria e me olhava incrédulo. Sempre tínhamos aquela conversa. Sempre.


―Dá pra parar de surtar? – ele pedia rindo – Se eu não soubesse dos seus problemas e não soubesse que quero ser seu amigo e te ajudar independente disso eu teria fugido de você na primeira vez que você quebrou meu dente, quando tínhamos 5 anos.


Eu ri e o encarei.


―Aquilo foi totalmente sem querer.


―Claro, assim como a cicatriz que eu tenho de um estilete no meu braço de estar fazendo a maquete da escola com 13 anos né?


―Eu estava sem meus remédios, Cho Kyuhyun!


―Eu sei disso. – ele suspirava – E por isso mesmo eu sinto que se eu te deixar sozinho pode piorar. Eu preciso te apoiar e estar com você. Você é meu melhor amigo, Hyun.


―Obrigado.


―Só não me mate, ok?


―Não teria essa coragem.



No meu primeiro ano da faculdade a família tirou uma data especial para ir a Hong Kong comemorar a formatura do meu hyung na faculdade de artes. Ele havia se formado em dança e esse era o momento em que meus pais estavam mais orgulhosos. Ele formado e eu, até o momento, controlado.

Estávamos no aeroporto de Icheon quando tudo aconteceu. Foi um problema com um dos aviões da pista. Estávamos nas cadeiras perto da janela, eu olhava a chuva fraca se iniciando e pensava se os vôos que tentavam decolar estavam fazendo manobras seguras. Chegamos até a embarcar e foi tudo tranqüilo até o avião começar a se mover. Enquanto ele tentava fazer a decolagem, as rodas da aeronave derraparam e jogaram aquele pássaro de metal contra um dos prédios do aeroporto.

Eu sabia que estava pegando fogo pelo calor intenso, mas não sabia como sair dali. Meu cinto estava emperrado e meu irmão tentava me soltar depois de ter se soltado ao meu lado. Haviam pessoas mortas e outros apenas feridos tentando escapar do incêndio. Meus pais sumiram de vista em meio ao fogo e ChangSeon estava em desespero.

Era tarde demais, as vozes voltaram para minha mente. Elas diziam que iriam me levar e que nunca mais eu iria ter minha tão preciosa sanidade. Eu iria ou morrer ou ser maluco pela vida inteira. Eu era um problema.

Hyung soltou o meu sinto já respirando com dificuldade pela fumaça que havia inalado; no fundo eu queria que ele me deixasse ali, seria mais fácil para mim. Ele apoiou meus braços em seus ombros largos e me arrastou para fora enquanto ouvíamos as sirenes do resgate se aproximando. Eu desmaiei logo em seguida.

Quando acordei no hospital senti-me no pior dia da minha vida. Minha mãe havia morrido enquanto eu estava desacordado e chamava por mim ao morrer; meu pior surto esquizofrênico de todos foi nesse dia.

Meu pai não agüentava a pressão; não agüentava ter perdido a mulher, ter deixado o filho mais velho traumatizado e ter que carregar o fardo que eu era depois de tudo e acabou se matando poucos dias depois.


Sei que hoje eu consigo viver com meu irmão no nosso apartamento. Ele adotou o apelido de trabalho quase que em tempo integral e por onde eu ia era conhecido como o irmão do Lee Joon, que tinha que ter uma imagem ao menos aceitável para não comprometer a carreira do meu irmão coreógrafo. Não que ele pedisse isso, pelo contrario, ele se preocupava mais comigo do que consigo mesmo, mas eu o amava demais para estragar a vida dele só porque a minha já não tinha mais sentido.

Morávamos bem até, nossa herança nos garantiu uma vida tranquila, eu voltei para faculdade e as coreografias de Joon eram requisitadas para MV’s de grupos kpop da moda. Não teria do que reclamar se não tivesse que tomar remédios ainda mais fortes do que antes.

Eu apenas tento viver e continuo lidando indiferente com o resto das pessoas a minha volta. Tento me encaixar ao meu jeito, mas nada disso precisa interferir no meu novo caminho.


Enquanto apenas Kyuhyun e Joon hyung souberem da verdade eu estarei seguro.


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Notas finais do capítulo

Mãe, as vozes me dizem que eu tenho que te matar.
Eu amo psicopatas.......... Eu sou SUPER problemática. Ainda vou me divertir com os surtos do Hyunshik-yah ♥
Ne, se eu aparecer com uma deathfic nem se assustem, sério, eu amo essas coisas malucas. Não é a toa que estou fazendo uma fic que tem só pessoas com disturbios e traumas :P