Someone In Your Side escrita por Den Falk


Capítulo 5
Sweet Kid - Prólogo V


Notas iniciais do capítulo

Menor que os outros, mas como quero postar os prólogos depressa estou postando sempre 2, ou tentando :P



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/205154/chapter/5

Se eu disser que eu sou feliz ou até mesmo que eu me lembro de um momento em que eu fui realmente feliz na minha vida eu vou estar mentindo descaradamente. Eu sei que na infância a gente sempre acha que é feliz, mas depois da minha tragédia eu nunca vivi nessa ilusão.

Eu não tinha muita idade quando aconteceu, mas quem disse que a vida escolhe o momento em que você está preparado para jogar na sua cara que uma brincadeira descuidada pode custar vidas? Nunca, é claro. Eu tinha dez anos e era feriado de algo que não lembro o que, nem faço questão, esquecer essa data é a melhor coisa para mim.

Estávamos eu, meu pai, minha mãe e meu irmão mais velho, JaeHyo, no penhasco que ficávamos nas viagens de família. Papai e mamãe adoravam aquele lugar, JaeHyo e eu tínhamos sempre uma arte nova para aprontar, era tudo sempre ótimo lá. E como sempre fazíamos brincadeiras radicais – uma loucura de família – naquela tarde mamãe e Jaehyo oppa resolveram saltar do penhasco para a água. Era sempre delicioso fazer isso.

―Sukkie! – Jaehyo chamava – Vem também, por favor!

―Anya, oppa! – eu respondia gritando de longe – Estou com frio.

―JaeSukkie! – ele pedia chamando dengoso. Era golpe baixo ele me chantagear.

―Pare de importunar sua irmã, Jaehyo. – mamãe mandou e ele parou de me chamar, agora tirando a camisa e pegando na mão de nossa mãe.

―Venha comigo a senhora, mamãe. – ele pediu sorrindo e ela o olhou com uma careta. Era bem claro que ela não queria, mas ele fazia um aegyo tão fofo que até eu comecei a pensar em pular com ele. Ela assentiu e colocou seu lenço em cima da cadeira que papai havia armado com uma cobertura perto do carro.

Falando no papai ele estava na churrasqueira assando alguns hambúrgueres para nós e olhando de rabo de olho com aquele típico receio dele sobre pular dali todas as vezes que tentavam.

―YongHee... – ele chamou a mamãe, tenso. Ele estava bem tenso. – A maré estava baixa, acho melhor não irem.

―JaeHyo, ouça o que seu pai está falando. Tem certeza?

―Tenho omma! Vamos logo. – ele a puxou um pouco e ela riu da pressa do meu irmão.

―Espera. – ela pediu e foi até meu pai dando-lhe um beijo no rosto – Vou pular com ele, WooHyo, volto logo.

Appa a olhou ainda com receio, mas só fez sorrir de leve e assentir enquanto minha omma e meu oppa se dirigiam para a beirada.

―Vem olhar, JaeSuk. – JaeHyo me chamou e eu meneei a cabeça negativamente.

―Agora não.

Ele torceu o nariz mais fez que sim com a cabeça, quando mamãe se aproximou dele os dois correram para pegar impulso e pularem de mãos dadas. O grito de adrenalina do JaeHyo de repente pareceu se encher de medo e o grito da minha mãe me espantou. Eu corri para a beira e olhei para baixo sibilando de surpresa e tapando minha boca sentindo as lágrimas molharem meu rosto. Minha voz não saía, meu pai corria até mim assustado e eu só pude gritar quando ele me pegou no colo e olhou lá embaixo, em uma pedra exposta pela maré baixa, os corpos de minha mãe e meu irmão espetados e inertes.

Nunca mais você aprende a rir depois de chorar até parecer que suas lágrimas secaram.

Depois do enterro tudo passou a ser difícil. Não que meu pai fosse ruim, mas a convivência com ele era mais difícil que completar uma sequencia de jogos de sudoku no nível difícil. Eu realmente não sabia como lidar com um pai alcoólatra e dependente químico. Se me esforçava para colocar as coisas em casa ele vendia para sustentar o vício, se me esforçava para cuidar dele ele estava fora de si e me tratava mal rejeitando tudo o que eu oferecia.

 Meu primo me visitava com frequência e tentava me ajudar, realmente naqueles momentos Daesung era meu único refúgio. O pai dele me arrumou um emprego em sua loja de doces, assim ficava um tempo me ocupando e tentando não pensar nos problemas, era ótimo pra mim e eu sempre seria grata a ele. Eu estava até bem, conheci uma garota e seu irmão, ela era bem fechada, mas eu realmente gostava dela porque ela me passava sinceridade. Eu não teria me aproximado se não tivesse tentando por muito tempo conversar com ela através do irmão, GongChan, que um dia contou minha história a ChanJi. Nós ficamos amigas até, mesmo que muitas vezes ela haja indiferente, como sempre, eu não ligo. Eu gosto de poder falar com ela e o Channie. Eles me entendem em certos aspectos.

Foi quando um dia meu pai teve uma Ideia e resolveu que aquilo acabaria com meu sofrimento. Ele pegou o carro, ainda sóbrio o que era ótimo, e me levou de volta para o penhasco, onde eu havia jurado nunca mais ir. Saímos do carro e ficamos sentados em algumas pedras pensando, ele queria pensar e refletir sobre nossos últimos anos e nossos problemas. Foi aí que ele me disse como ele se sentia a respeito de tudo. Ele contou que iria sair de casa.

―Eu não posso mais suportar, JaeSuk. Não aguento vê-la sofrer por sua mãe, seu irmão e, principalmente, por mim. Minhas atitudes não tem mai sentido nem para mim e eu te perturbar é o pior que posso fazer. – ele respirou fundo e prosseguiu – Eu vou morar sozinho, longe de você. Você fica com a casa, já tem seu emprego e vive melhor do que poderia se eu estivesse perto. Você vai sentir no começo, mas logo passa. É melhor para nós dois.

Eu o olhei com apreensão. Não sabia o que dizer, apesar da dificuldade que tinha me lidar com ele eu o amava. Ele era um bom homem apesar dos defeitos e acima de tudo era minha única família, aquela família que passa o tempo todo comigo e não me deixa pensar que não tenho ninguém nesse mundo. Eu tenho Daesung, mas ele tem sua família também, apesar de sermos parentes.

―É sério, JaeSukkie... Vai ser melhor. – ele insistiu e eu o olhei com tristeza. Se era o que ele queria então que fosse assim.

―Tudo bem, pai.

Ele sorriu e me abraçou levantando-se em seguida e indo pro carro para me deixar em casa e pegar suas coisas de lá. Iria embora e me deixaria só.

Alguns dias depois liguei para Daesung por me sentir sozinha, ele sabia de todos os fatos e era o único que eu sabia que viria me fazer companhia.

―Pode dormir aqui? – pedi e ele confirmou.

―Vou fazer melhor.

Ele desligou o telefone e eu permaneci curiosa. Queria tentar imaginar o que ele aprontaria com aquele jeito todo maluco dele, mas não foi preciso. A campainha tocou e logo me deparei com meu primo de mala e cuia, literalmente, esperando por mim com um sorriso.

―Não vou deixá-la morar sozinha. – ele falou e eu o abracei em agradecimento.

―Obrigada.

―Não há de que.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Já sabem, erros me avisem ;-;