Someone In Your Side escrita por Den Falk


Capítulo 2
Raped Soul - Prólogo II


Notas iniciais do capítulo

Eu disse que o drama da Jiji era pouco perto do drama da outra personagem... Eu amo muito a Dong e fiquei realmente MUITO grata pela Mya ter me dado ela de presente ♥
Me avisem se a imagem aparece, vou colocar a da ChanJi quando chegar em casa ok?



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Realmente meu maior interesse naquele momento era sair daquela sala e voltar para minha cama. Pretendia chorar a tarde toda até que meu irmão viesse me procurar com meu cunhado para ver o que eu tinha. Infelizmente naquele momento essa era minha última opção.

Kibum estava na porta do consultório do psicólogo com JongHyun ao sei lado e uma cara feia para mim. Eu tentei fugir daquela recepção algumas vezes, mas o Dino conseguia me segurar toda vez que o Key dizia algo a ele sobre eu não poder fugir dos problemas.

Ele quer o meu bem, eu sei disso, mas eu não quero ir em psicólogos de novo, ainda mais sendo forçada. O único motivo real para eu ter vindo foi o fato de Yoseob me olhar com preocupação como não fazia há muito tempo.


―Kim DongYul. – a secretária chamou e os olhos do meu irmão pousaram em mim.


Bufei e levantei rolando uma bolinha de borracha entre meus dedos. É, eu iria precisar dela para me distrair.

Entrei com cara amarrada e deitei-me no divã esperando que o homem de meia idade começasse a revisar minha longa ficha de problemas psicológicos e traumas, que provavelmente me fariam chorar de novo assim que estivesse sozinha. Ele pigarreou limpando a garganta e eu o olhei sem interesse nenhum.


―DongYul-sshi, vamos revisar alguns fatos que você conseguiu me apresentar ok? – perguntou sério e franzindo o cenho de preocupação ao olhar minha ficha. Assenti sem dizer nada e me foquei na bolinha em minhas mãos. Talvez dessa vez as imagens não voltem a minha mente. – Aos... Aos 4 anos foi o seu primeiro trauma? – ele perguntou e eu assenti de novo – Você presenciou seu pai-

―Ele não é meu pai, é um monstro. – o interrompi sem nenhuma intenção de manter a educação quando tocamos no ponto de meu “pai”.

―Ok. – ele ponderou anotando algo em seu caderno – Você presenciou aquele homem cometer um abuso sexual ao seu irmão, que na época tinha...?

―Ele tinha 9 anos. – completei antes que ele precisasse concluir. – E sim, eu estava no armário dele brincando de esconde-esconde. – comentei antes que ele perguntasse de novo. – Vamos pro próximo pesadelo.

Ele me olhou de forma estranha, mas ignorei e comecei a jogar a bolinha na parede e pegá-la de volta ainda deitada no divã. Eu não iria me abalar, não iria.


―Seu irmão saiu de casa quando ele tinha 13 anos e você 8, certo? – assenti de novo – E um ano depois seu pai iniciou os abusos com você. – franzi o cenho sem assentir, era difícil ouvir a palavra “pai” de novo. Ele prosseguiu – Aos 11 anos você desenvolveu auto-aversão, que depois de um tratamento de um ano e meio acabou se resolvendo. – Ele já não perguntava mais, apenas afirmava. – Depois começaram os distúrbios alimentares e de sono. Você não comia e quando comia vomitava, certo? – não respondi e ele prosseguiu – Seu distúrbio de sono era tão forte que você desmaiava de sono na escola. Aos 14 anos desenvolveu depressão e começou a se auto-flagelar. Como fazia isso?


Respirei fundo e o olhei indiferente.


―Eu usava o que tivesse ao meu alcance. Me batia, me queimava e me cortava. – Mostrei os braços – Cortava os pulsos, vê?


Ele assentiu e prosseguiu.


―Aos 15 anos tentou o primeiro suicídio com afogamento, como seu irmão contou. Com essa idade começou a consumir drogas e parou depois de seis meses por não ver diferença nenhuma. Com 16 anos a segunda tentativa de suicídio certo?

―Meus pais me internaram dizendo que eu era psicótica, esquizofrênica e insana. Oferecia risco à sociedade. – ri baixo de nervoso, começava a rever cada cena.

―Você foi maltratada durante sua internação? – ele questionou me analisando.

―Tá brincando, né? – perguntei o olhando indignada – Eles faziam torturas no nível de campos nazistas. Só fiquei bem quando o Key foi me buscar.

Ele anotou mais coisas e me levantei andando de um lado para o outro.


―Algum problema? – ele perguntou sem tirar os olhos das folhas.


Claro. Tem um estranho destacando todos os meus problemas, quer me criar mais um?


―Não. – respondi cínica.


―Você chegou a incendiar o apartamento dos seus pais alguns meses depois da liberação?

―É. Pena que eles não morreram. – falei sincera – Estou desde então com meu irmão. Alegaram que eu não tinha consciência de meus atos e o conselho tutelar disse que eles não tinham estrutura para me manterem sendo que meus traumas haviam sido influenciados por eles.

―E na escola?

―Sofria bullying. – falei como se fosse óbvio.

―Bom, ao que parece aconteceu mais alguma coisa que você se recusa a contar. O que seria, DongYul?

O olhei séria. Eu não iria falar. Eu só contei para meu irmão e tenho certeza que ele já falou isso. Eu sentia nojo de mim e estava realmente com medo de estar perto desse homem desconhecido sozinha nessa sala. Peguei minha bolsa e comecei a ir pra fora do consultório, sendo segurada por JongHyun ao sair.

―Não terminou a consulta. – ele disse preocupado.

―Não quero falar. – respondi sentindo uma dor em meu peito e todas as lembranças e sentimentos de volta. As vozes, os toques.

Eu caí no chão chorando e tampando os ouvidos poucos minutos depois que Key me olhou.

―Tirem eles daqui! – eu gritava balançando a cabeça. Eu os via, eu os ouvia. Aqueles fantasmas não paravam de me perseguir.

―Eles quem, DongYul? – Kibum perguntava preocupado ajoelhado na minha frente tentando me levantar.

JongHyun passou os braços pelo meu corpo tentando me levantar e eu comecei a espernear me jogando no chão e me soltando dele.

―Não me toca! Não me toca! Parem de me tocar, eu não quero fazer isso! Eu não quero de novo! Para, pai, para!

Key olhou para o médico com preocupação e o doutor dizia algo para ele que eu não conseguia ouvir. JongHyun ajoelhou do meu lado tentando novamente me acalmar enquanto eu sentia minha voz sumir em meio aos meus soluços.



―O que aconteceu por último? – o doutor perguntou para meu irmão que passou a mão nos cabelos e falou baixo, mas em tom que eu ouvi.

―Aos dezessete anos ela voltava para casa da aula. Ela foi estuprada por seis caras na rua, em um beco escuro, e sua depressão se tornou mais constante que tudo.


Eu não poderia ouvir aquilo. Eu ouvi as vozes deles de novo. Lembrei das mãos tampando meu rosto e de como cada um me usou como quis, dois ao mesmo tempo, três, todos os tipos de abusos, meu lábios cortados, meu corpo marcado, uma faca no meu pescoço e a dor intensa. Depois de tudo meu sangue estava pelas minhas roupas, pelo chão e nas roupas deles. Eles me largaram sangrando e nua estirada no chão frio da rua. Foi aí que eu vi aquela pessoa e ouvi sua voz chamando por meu nome antes de desmaiar e acordar apenas quando ouvi Key falar a JongHyun que eu precisava de ajuda.


Assim como naquele dia eu desmaiei, mas dessas vez não eram as mãos dele em meu corpo, me cobrindo e me pegando nos braços dizendo que dali em diante iria me proteger. Mesmo que eu não tivesse o visto de novo e nem ao menos visto seu rosto eu sabia que ele era iluminado e que poderia confiar nele. Ele era como um anjo.


Espero que ela fique bem, Jong – ouvi Key preocupado enquanto Jjong me carregava.

Vamos ajudá-la para que fique. – Ele falou e eu apaguei mais uma vez.


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Notas finais do capítulo

Então, a DongDong é uma coisa linda que a tia Mya me deu e deu um tempão pra eu formular tudo isso :P
E a tia Mya e a tia Lia têm muito spoiler da Ryon aqui, é, eu as usei de cobaias pra ver se elas gostavam. Já gostei de umas histórias que vou desenvolver o prólogo então né, até o próximo cap~