Acordei com a porcaria do despertador tocando. Quem o colocou pra despertar? Enfim, me levantei ainda sonolenta e segui para o banheiro onde fiz minha higiene matinal e me vesti. Peguei a minha mochila e sai do quarto indo para a cozinha. Peguei apenas uma maça novamente e sai do apartamento o trancando. Ao invés de pegar o elevador desci as escadas rapidamente chegando a recepção um pouco ofegante. Sai do prédio seguindo para a escola que não ficava muito longe.

[...]

– Aleluia! – Exclamou o Chris jogando as mãos para o alto enquanto saíamos da escola. Ri fraco olhando em volta procurando o Justin.

– Até amanhã Melly. – Disse a Caitlin começando a andar atrás dos garotos que já estavam mais a frente.

– Até... – Respondi a vendo se afastar e andar mais rápido até estar ao lado do Ryan.

Me virei novamente para a multidão de alunos que saiam da escola. Percorri meus olhos pelo local procurando pelo Justin que pediu para eu esperá-lo na saída da escola. Bufei ajeitando a mochila nas minhas costas e me apoiando na parede de braços cruzados.

– Vamos? – Escutei uma voz rouca soar ao meu lado. Apenas assenti começando a andar ao lado do Justin que mexia no celular. – Posso te levar a um lugar? – Perguntou parando de andar.

– Ah... Pode. – Murmurei o fazendo sorrir e chamar um taxi que passava.

Entramos no taxi e Justin deu o endereço ao motorista que logo ligou o carro começando a andar. Olhei para a janela vendo a paisagem passar rapidamente lá fora. Me virei para o Justin com uma cara de interrogação o fazendo soltar um sorriso sem mostrar os dentes e voltar a escrever algo no seu celular. Bufei afundando no banco esperando chegar ao lugar aonde estávamos indo. Logo senti o carro parar em frente a uma praçinha quase que deserta. Uma praçinha? Franzi o cenho saindo do carro e esperando o Justin pagar o taxista, o que não demorou muito. O segui pela praça até pararmos em uma árvore onde o Justin sentou embaixo. Me sentei ao seu lado colocando minha mochila apoiada na árvore olhando para a frente vendo como aquele lugar era bonito. O sol refletia no imenso lago com águas cristalinas fazendo o lago ficar brilhante. A grama era extremamente verde cheia de flores de todas as cores. Em volta do lago tinha alguns bancos antigos um pouco enferrujados, mas que não tiravam nem um pouco da beleza do lugar.

– Bonito né? –Sussurrou o Justin vendo que eu observava o lugar.

– Uhum. – Murmurei vendo que ele sorria.

– Eu sempre vinha aqui quando meus pais brigavam... – Comentou ele olhando para um ponto além do horizonte. – Sempre que meu pai bebia e batia na minha mãe eu vinha para cá e ficava só. Apenas refletindo e pensando. Parece que esse lugar de alguma forma me acalma, me faz bem...

Sorri fraco o olhando atentamente que parecia estar perdido em pensamentos. Aquele lugar realmente nos fazia bem... Só de olhar para o lago cristalino já me lembrava dos meus pais, da minha avó e de tudo pelo que passei. Todas as coisas que me fizeram mudar muito desde a época em que eu era uma simples garota que tinha pais maravilhosos que a amavam. Mas hoje em dia tudo aquilo parece tão distante e impossível que parece até ter sido tudo apenas um sonho. Um daqueles sonhos onde temos tudo o que queremos, mas ao contrário do sonho de muita gente, tudo o que eu quero é ter os meus pais e minha avó de volta. Apenas isso... Só preciso disso para ser feliz. Só preciso de um novo motivo para acordar todos os dias e poder sorrir. Apenas alguém que se preocupe e cuide de mim. Que me aceite do jeito que sou. Com todos os defeitos, todas as qualidades, sem nem um fio de cabelo a mais ou a menos. Mas como eu já disse, tudo isso ficou no passado. Um passado distante e... feliz.

– Às vezes da vontade de voltar para aquela época que éramos apenas crianças. Sem nenhum problema ou preocupação... – Murmurou o Justin me fazendo assentir e suspirar. – Mas isso é impossível...

– Infelizmente... – Sussurrei suspirando.

Ficamos em silêncio por algum tempo. Cada um perdido em seus próprios pensamentos. Apenas refletindo e recordando de tudo que nos fizeram sofrer e que nos tornaram o que somos hoje. As coisas que nos fizeram a aprender atuar e fingir todos os dias de nossas vidas que estamos bem desse jeito. Para todos, nós que escolhemos ser assim. Mas ninguém sabe que isso não foi nossa escolha. A vida nos obrigou e nos manipulou como se fossemos fantoches, o que afinal somos. Nós somos simples fantoches que a vida usa, brinca e depois joga os pedaços fora, deixando apenas aquele vazio em nosso peito.

Senti o Justin deitar a cabeça em meu colo fechando os olhos. Levei minhas mãos ao seu cabelo e comecei a fazer um tipo de carinho ali? Seus cabelos eram macios e sedosos, como de fato pareciam ser.

– Por que me trouxe aqui? – Perguntei baixinho.

– Sei lá... – Respondeu o Justin no mesmo tom ainda de olhos fechados.

– Tem que ter algum motivo. – Insisti ainda com a voz baixa me aproximando do seu rosto que estava virado para o meu.

– Eu não sei... – Sussurrou quase que apenas movendo os lábios olhando fixamente nos meus olhos.

Já podia sentir o seu hálito batendo contra o meu rosto e sua respiração se misturar com a minha. Senti ele se aproximar um pouco mais nos fazendo ficar apenas alguns centímetros de distancia. Desviei meu olhar do seu olhando para a sua boca que no momento parecia tão convidativa. Levei minhas mãos calmamente para o seu rosto sentindo a sua pele macia em contato com a minha. Nos aproximamos mais um pouco olhando um no outro e finalmente fechamos os olhos quando tinha apenas alguns milímetros nos separando. Logo senti a sua boca macia e quente em contato com a minha. Tirei minha mão do seu rosto o sentindo se levantar fazendo-nos separar nossos lábios lentamente. Ainda de olhos fechado senti novamente a sua respiração bater contra o meu rosto e os seus lábios tomarem novamente os meus. Logo sua língua pediu passagem e eu rapidamente cedi a sentindo invadir a minha boca. Sua língua travava uma batalha com a minha, enquanto eu acariciava o seu cabelo com uma mão. O senti tocar meu rosto de leve e o segurar com uma mão quando separamos nossos lábios lentamente pela falta de ar.

Ainda podia sentir sua mão acariciar o meu rosto calmamente me fazendo continuar de olhos fechados. Os abri lentamente percebendo que ele me encarava. Não tive tempo de falar nada, pois quando abri a boca ele me deu um selinho me fazendo a fechar novamente. Corei fracamente o fazendo rir. Olhei para o outro lado o fazendo me puxar mais para o seu lado. Suspirei e me aconcheguei em seus braços sentindo ele passar as mãos pela minha cintura. Não falamos mais nada, apenas ficamos ali observando aquele maravilhoso lugar.

[...]

Fechei a porta do meu apartamento sorrindo. A tranquei e joguei a minha mochila no sofá indo para a cozinha pegar um pacote de doritos. Me sentei no sofá ainda sorrindo e liguei a televisão deixando em um canal qualquer. Abri o doritos e peguei um começando a comer. Tirei meu tênis os jogando em qualquer lugar. Me deitei no sofá e deixei o doritos em cima da mesinha de centro. Fechei os olhos e senti o sono me dominar.

[...]

Acordei com as costas doendo de ter dormido no sofá. Me levantei e olhei no relógio vendo que já eram sete horas. Peguei o pacote quase vazio de doritos e o joguei no lixo. Fui para o meu quarto e segui para o banheiro me despindo e entrando no box. Liguei o chuveiro sentindo a água gelada entrar em contato com a minha quente me causando arrepios. Logo a água ficou quente e eu comecei a tomar um banho relaxante. Quando acabei sai do box me enrolando em uma toalha. Sai do banheiro indo para o closet pegar o meu pijama. O vesti e voltei para o quarto ligando o ar condicionado. Abri a porta do quarto a fechando após sair. Voltei para a sala me deitando no sofá e voltando a ver TV. Depois de algum tempo ouvi o meu celular apitando. O peguei e li a mensagem de um número desconhecido:

“E aí? Fazendo o que? J.B”

“Como conseguiu o meu número? E respondendo a sua pergunta, nada. ML”

“Peguei com a Caitlin... Vem me fazer companhia? =( J.B”

“Ok, qual número? ML”

“620 J.B”

“To indo. ML”

Suspirei e me levantei voltando para o quarto. Troquei de roupa e sai do apartamento pegando apenas o meu celular e as chaves. Entrei no elevador e apertei o botão do sexto andar, o último. Não demorou muito e logo as portas se abriram. Sai do elevador procurando pelo apartamento 620, o que não demorou muito. Bati na porta e logo o Justin a abriu, mas não deu tempo de fazer ou falar nada, pois ele logo atacou os meus lábios frios com os seus macios e quentes. Fui puxada pra dentro do apartamento pela cintura enquanto ele fechava a porta com o pé. Sem delongas sua língua invadiu a minha boca a explorando por completo.

– Oi... – Ainda de olhos fechados ouvi o Justin murmurar após nos separarmos, fazendo seu hálito quente bater contra o meu rosto.

– Oi. – Murmurei de volta abrindo os olhos lentamente percebendo que ele sorria fracamente. Me afastei mas fui puxada novamente pela cintura.

– O que vamos fazer? – Perguntou próximo do meu rosto.

– Sei lá, pensei que soubesse. – Respondi levando minhas mãos ao seu cabelo mexendo nos fios sedosos.

– Ah... Vamos ver um filme então? – Perguntou enlaçando a minha cintura.

– Pode ser. – Murmurei devido ao fato de estarmos novamente muito próximos.

Passei meus braços em volta do seu pescoço o puxando para outro beijo. Senti nossos lábios se tocarem levemente em uma forma de selinho demorado. Descolei os meus lábios do dele sentindo ele me dar outro selinho. Sorri fraco e me separei completamente indo me sentar no sofá.