Entrei no taxi e dei o endereço do prédio ao motorista. Olhei para a janela tendo a visão das calmas ruas no fim de tarde. Ao fundo o sol estava se pondo, dando uma linda visão do lago que ali tinha. Algumas crianças brincavam no parquinho, enquanto poucos adultos andavam pelas ruas. Poucos carros passavam pela rua. Parecia ser uma cidade calma e aconchegante. Aquele tipo de cidade perfeita para pessoas sem nenhum problema. Para aquelas pessoas que já viveram o que tinham que viver e agora precisam apenas descansar, sim estou falando dos idosos.

Voltei minha atenção para o meu celular que vibrou em meu colo avisando que estava acabando a bateria. Aproveitei e mandei uma mensagem pro meu tio avisando que já tinha chego.

Logo o carro parou em frente do prédio aonde se encontrava o meu novo apartamento. Paguei o taxista e peguei as minhas malas, em seguida indo para a portaria aonde dei o meu nome o porteiro me entregou uma chave com o número 542. Entrei no elevador apertando o botão do quinto andar. Encostei-me na parede esperando o elevador parar, o que não demorou muito. Sai pelo corredor em busca do meu apartamento, o qual logo achei. Larguei as malas pegando a chave e abrindo a porta entrando em seguida. Coloquei minhas coisas no canto ao lado da porta enquanto observava o apartamento. Ele já estava mobiliado, o que facilitava o meu trabalho, agora só precisava contratar alguém para arrumar o apartamento.

Fui em direção da cozinha abrindo os armários e a geladeira vendo que não tinha nada, como imaginava. Mais tarde teria que ir ao supermercado, o qual ainda não sei a localização. Sai da cozinha entrando em um pequeno corredor com três portas. Abri a primeira e era um quarto, com poucas coisas, obviamente para visitas (se um dia eu for ter alguma). A segunda porta era um banheiro simples todo de azulejo. A terceira porta era uma suíte que já tinha algumas coisas minhas. É meu tio mandou mobiliarem e trazerem a maioria das minhas coisas antes da minha chegada. Voltei para a sala pegando as minhas malas e as levando para o quarto, aonde comecei a arrumar as minhas roupas no closet.

[...]

Sai do banheiro segurando uma escova com a qual penteava os meus cabelos. Deixei a mesma em cima da escrivaninha e sai do meu quarto indo para a sala. Já era de noite teria que deixar para fazer as compras amanhã. Peguei o meu casaco e as chaves saindo do apartamento e o trancando. Passei pelo enorme corredor cheio de portas e parei em frente do elevador apertando o botão. Logo ele chegou e de dentro dele saiu duas crianças correndo e em seguida um menino correndo atrás enquanto gritava para elas pararem.

Sorri com aquilo. Como era bom ter aquela idade... Desviei meu olhar deles e entrei no elevador antes que ele se fechasse. Sai do elevador passando pela portaria que se encontrava vazia e segui caminho pela rua em busca de alguma lanchonete. As ruas estavam completamente vazias, uma vez ou outra passava um carro.

Uma forte brisa soprou contra o meu rosto me deixando arrepiada e fazendo os meus cabelos voarem para trás. Apertei o casaco contra o corpo tentando amenizar o frio da noite gélida de sexta-feira. A lua cheia brilhava no céu escuro cheio de estrelas enquanto eu caminhava com passos lentos. Minhas botas faziam um barulho no chão a cada passo que eu dava, dando um ar sombrio ao ambiente.

Virei na esquina chegando em uma rua um pouco mais movimentada, com algumas lojas abertas. Empurrei a porta da primeira lanchonete que eu vi aberta. Fui logo em direção ao balcão aonde fiz meu pedido e a atendente pediu para eu esperar. Me encostei na parede aproveitando para olhar o lugar que estava completamente vazio. Esperei mais um pouco e logo a mulher me entregou o pedido. Peguei o pacote e sai da lanchonete voltando pelo caminho que eu tinha ido.

Estava tão distraída olhando para os meus pés enquanto caminhava que me assustei quando o meu celular apitou no bolso da minha calça.

“Melly, a essa hora a Lizzie já chegou do trabalho. Qualquer coisa vá até o seu apartamento que é o 390, ou ligue para ela (93457869). Boa noite, Will.”

Ah, é apenas uma mensagem do meu tio Will. É, aquela filha dele que eu disse que morava aqui é essa tal de Lizzie. Acho que o nome dela é Lizziane ou algo parecido. Guardei o celular no meu bolso voltando a andar.

Não demorou muito e cheguei na rua do prédio. Empurrei as portas de vidro da portaria entrando. Murmurei um boa noite ao porteiro que respondeu educadamente e segui em direção ao elevador que já se encontrava aberto. Entrei e apertei o botão do meu andar, que logo chegou. Enquanto caminhava para a porta do meu apartamento fiquei distraída mexendo no celular, até que alguém esbarra em mim fazendo a sacola e o meu celular caírem no chão junto comigo. Olhei para cima me deparando com um par de olhos avelã. Confesso que fiquei hipnotizada por alguns instantes que nem percebi a sua mão estendida para mim. Bufei percebendo o que tinha acontecido e levantei sozinha sem a ajuda daquele ser. Passei a mão pela minha roupa tentando desamassar. Olhei para o chão em busca do meu celular e do meu lanche que já deveria estar destruído. Achei os mesmo perto do menino que acompanhou o meu olhar e pegou-os para mim.

– Olha, me desculpa. – Falou coçando a nuca. Não respondi nada, apenas arranquei as coisas de sua mão e continuei o meu caminho. – Um simples obrigado não mata! – Comentou me olhando.

– Para alguém que acabou de me derrubar no chão, fazendo o meu lanche ficar destruído, custa sim. – Sorri sarcástica enquanto aquele ser revirava os olhos.

– Já pedi desculpas, ok. – Disse encarando os meus olhos.

– Pois é, guarde-as para quem as aceite. – Falei me virando de costas e voltando a andar. Depois disso não obtive resposta, o que me decepcionou um pouco. Garoto idiota, revirei os olhos.

Cheguei a porta do meu apartamento pegando a chave no bolso do casaco. Destranquei a porta entrando no mesmo. Coloquei o lanche em cima da mesa da sala e joguei o meu casaco no sofá. Fui para o meu quarto aonde coloquei o meu pijama e voltei para a sala. Sentei no sofá pegando o controle e ligando a televisão. Abri o pacote do lanche e peguei o meu sanduíche junto da coca cola. Coloquei a televisão em um canal qualquer e comecei a comer o meu lanche.

Quando acabei joguei tudo no lixo e apaguei as luzes. Conferi se tinha trancado a porta e fui para o meu quarto. Me joguei na cama pronta para dormir, mas o sono não vinha. Bufei e levantei voltando para a cozinha aonde peguei um copo com água e o meu remédio. Abri a porta da varanda e me sentei em um sofazinho que ali tinha. Coloquei o remédio na boca pegando o copo e bebendo a água em seguida.

Voltei para o meu quarto me deitando na cama e fechando os olhos. Logo o sono chegou me fazendo bocejar. Me virei na cama e logo apaguei. A última coisa que eu lembro que veio a minha mente foi aqueles lindos olhos cor de mel. Lindos olhos cor de mel que eu tenho certeza de que nunca irei esquecer...