Estacionei o volvo na garagem de casa quase 22h00min, eu estava extremamente cansado, entrei e esperava encontrar todos dormindo ou ao menos em seus quartos, a maioria das luzes estavam apagadas, exceto algumas no andar de cima, então deduzi que havia alguém acordado, mas hoje não tinha como conversar com meus pais, nem com mais ninguém, porem algo tinha que ser feito. Deixei minha mochila junto com o jaleco em cima do sofá da sala e segui para o escritório de Carlisle, peguei o telefone e disquei o numero.

–Al... Ahhhhhhhhhh- um bocejo se fez presente altíssimo antes do alô sair completamente e eu ri.

–Dormindo tão cedo, Peter?- debochei mesmo cansado ainda não era tão tarde assim.

–Quem é?- eu ri alto, o cara estava mesmo com sono- Cullen seu bicha, filho de uma... Dona Esme!-gargalhei Peter era uma figura.

–E ai parceiro, como vai a vida?

–Filho de Dona Esme! Minha vida esta ótima e meu sono ia ótimo até você me atrapalhar, vadio... Abandona os amigos pra depois ligar em horas inoportunas. - revirei os olhos.

–Peter larga de ser preguiçoso são 22h agora! E eu realmente preciso de você. -assumi uma postura seria.

–Olha irmão sei que somos amigos, mas... Eu curto mulher...

–Idiota. Preciso dos seus serviços!- falei

–Edward, já falei que curto mulher. - segurei o riso, mas era um filho da... Dona Dayse mesmo!

–Olha Peter eu estava falando dos serviços de advogado... Mas, se você presta esse tipo de serviço, fico no mínimo espantado. - prendi o riso e ele bufou.

–Vadio! Só não respondo ha altura porque meu cérebro ainda está pesado de sono. - ele bocejou mais uma vez.- Mas, afinal o que você aprontou, foi preso? Assaltou um banco? Desacatou a lei?

–Nada disso, mas o assunto é serio.

–Hum, sua voz esta grossa o assunto é mesmo serio, manda aê, já to acordado mesmo, sou todo ouvidos.

–Pit, a historia toda só da pra contar pessoalmente, mas resumindo eu quero a responsabilidade legal de uma paciente minha.

–QUE? Porque você faria isso? Engravidou a garota seu puto?

–Deixa de ser absurdo Peter! Eu sou ético com o meu trabalho, diferente de você! Mas, como eu disse a historia é longa, porem preciso de você logo, eu não quero que isso se complique ainda mais.

–Serio Edward você não engrav...

–Peter!

–Ok, ok... A garota é menor de idade?- perguntou assumindo seu lado advogado serio.

–Não, tem 22 anos, na verdade 21 completa 22 daqui uns meses.

–E qual o problema resumidamente...

–Ela é minha paciente, tem alguns problemas psicológicos, mas estou trabalhando nesse aspecto. Estou tendo problemas com um antigo medico dela e com o pai que por acaso é meu chefe. Resumindo estão negligenciando a garota e eu quero me responsabilizar por ela.

–Nossa, e isso é só o resumo! Estou curioso para saber o que te moveu a tomar uma decisão tão... Seria.

–Como o que me moveu? Pit, ela é uma moça sofrida está internada há quase 18 anos, sou o medico dela só quero o seu melhor. Não há muito a respeito, quero somente que ela seja tratada com o mínimo de dignidade, e seu único responsável parece ser mais fraco que a própria Bella.- falei um pouco mal humorado.

–Hum, se você diz. Sei o quanto é integro Edward, mas me conte... Bella é? Já tem até apelido, coisa fofa!- ok Peter é um sacana.

–Ah me poupe Peter!- ele riu cachorro.

–Ok, quero te zoar pessoalmente, me quer em Forks quando?

–Hummm, amanha de manha. - soltei uma risadinha.

–Fala serio! Você não podia ter me ligado pelo menos mais cedo, não? Como vou conseguir um vôo agora?- perguntou contrariado.

–Não sei, se vira, liga pra aquela sua namorada milionária e pede o jato dela emprestado.

–Não ofereço mais meus serviços de diversão a milionárias gostosonas. - com essa eu ri.

–Que foi Pit, mudou o lado da força?- ok, eu gostava de provocá-lo desde a faculdade onde nos conhecemos, por coincidência, adorávamos nos provocar, mas Peter era no fundo um verdadeiro irmão.

–Seu vagabundo, claro que não! Só estou carente. - podia até ver sua cara de cachorro falando isso e eu gargalhei.

–Não ofereço esse tipo de serviço Mané, pode tirar seu pangaré da chuva. -nós rimos.

–Edward você continua o mesmo vadio de sempre! Mas, serio, me quer ai amanha?

–Sim.

–Droga, to ferrado... Não tenho como chegar logo de manha, mas estarei ai, vou dar um jeito de chegar até o começo da tarde, vai te arranjar muita encrenca se eu chegar um pouco depois?-perguntou

–Não, creio que não... Mas tem como você chegar com os papeis de transferência de custodia prontos?- eu precisava de Bella sob meus cuidados definitivamente, só assim eu ficaria mais tranqüilo.

–Posso fazer isso, preciso só dos nomes do atual tutor e da tutelada.

–Charlie Parker Swan e a tutelada Isabella Mary Swan.

–Ele é o pai dela certo? Ele está de acordo?!- perguntou visivelmente preocupado.

–Está Peter, ele tem que estar ou vai ter que se preocupar com certas coisas... - pensei em tudo que eu suspeitava.

–Seu puto, tá dando uma de Sherlock Homes de novo? Qual o segredo?

–Não sei ao certo ainda... Mas algo de estranho rola no hospital... - falei pensativo.

–Urgh, mistérios num sanatório, nem me conte deixa pra lá! Vagabundo vou desligar preciso agilizar as coisas para estar ao seu dispor amanha.

–Ok Pit, valeu irmão. Nos vemos.

–Até mais.

Sai do escritório, em direção ao meu quarto, mas ao passar perto da cozinha ouvi um choro baixo, franzi a testa... Entrei na cozinha e me assustei a ver Rosálie, sentada num dos bancos altos, debruçada sobre a mesa de café da manha chorando.

–Rose? - ela levantou o rosto molhado um pouco assustada. - Rose aconteceu alguma coisa? - perguntei preocupado.

–Não, oh Edward desculpe, não era pra ninguém me ver nesse estado. -ela fungou.

–Ei, Emmet te fez alguma coisa? Ou é algo com o bebe? - meu irmão era um maricas quando se tratava da mulher, mas não custava nada checar.

–O bebe está bem e Emm viajou ha trabalho hoje a tarde, ele nunca me machucaria.

–Eu sei só estava checando, mas então qual o motivo do choro, sabe como é loirinha na falta do meu irmão tenho que cuidar da minha cunhada e do meu sobrinho ou sobrinha. - falei tentando tranqüilizá-la e ela sorriu um pouco.

–Edward obrigado, você é um homem naturalmente bom. - falou com os olhos nadando em lagrimas.

–Que isso loirinha, você não precisa me paparicar pra ganhar um abraço. - falei brincalhão, mas estava preocupado, aos seis meses de gravidez Rose não podia passar por transtornos emocionais. Ela deu um meio sorriso entre as lagrimas enquanto eu ha abraçava, me afastei e sentei-me num banco a sua frente. - Vamos lá desembuche, o que está havendo?

–Me ligaram hoje de Londres, meus tios faleceram... - ela deixou escapar mais algumas lagrimas - Fiquei sabendo logo depois que o Emm saiu, eles eram minha única família Edward, depois que meus pais se foram naquele acidente, não me restou mais nada.

–Hey mocinha e nós somos o que?- perguntei fingindo ultraje.

–Minha família também, você são maravilhosos, mas sabe do que eu falo... Praticamente não tenho mais parentes consangüíneos exceto meu primo e agora meu bebe.

–Que primo?- perguntei estranhando.

–O filho dos meus tios, ele agora é meu único parente vivo e essa é a causa da minha preocupação, quando me ligaram de Londres pediram pra que ele se mude e more comigo, mas não sei como fazer isso Edward, ele tem um problema e eu moro aqui de favor, não posso trazer mais um. - ela estava chorando de novo.

–Rose você não mora aqui de favor, mamãe só faltou amarrar você e o Emm no pé da mesa depois do casamento de vocês, ela ama você demais e concerteza seu primo será bem vindo aqui, ele é sua única família de sangue, tenho certeza que meus pais irão te apoiar.

–Obrigada, você é tão doce... - ela sorriu limpando as lagrimas.

–Mas você falou que ele tem um problema... - citei me lembrando.

–Sim, ele é Daltônico desde que nasceu... É um belo rapaz de vinte e três anos - ela sorriu recordando - Ele é um encanto, maravilhoso, nunca deu trabalho aos meus tios, porém o pobre nunca viu a real beleza da vida... Por causa do Daltonismo ele só enxerga em preto e branco. - ele sorriu tristemente e eu suspirei.

–Que triste. - foi meu único comentário.

–Verdade, mas ele não se incomoda, superou o preconceito e vivi uma vida feliz, bem agora nem tanto, sair de Londres para Forks é uma regressão e tanta. - ela fez uma careta e eu ri.

–Rose, você e seu primo precisam se apoiar agora são a única família um para o outro, amanha converse com meus pais, tenho certeza que mamãe vai ficar imensamente feliz com uma nova adição ha família, sabe como Esme é louca por família grande!- falei fazendo cara de bobo e pela primeira vez na conversa ela riu de verdade.

–Obrigada Edward, não sabe o quanto me sinto mais aliviada... Você é um anjo. - ela sorriu e se levantou. - Agora vou me deitar, esse bebezinho está um pouco agitado. - ela falou maternalmente alisando a barriga.

–Boa noite, Rose. - ela sorriu e saiu da cozinha.

Respirei fundo e fui assaltar a geladeira, depois de comer algo eu só tinha um plano em mente. Tomar banho e desmaiar na cama.

...

Acordei 05h00minh da manhã com o celular despertando, minha vontade era resmungar, apertar o botão ''PARAR'' e voltar a dormir, mas a imagem de Bella veio a minha cabeça e eu suspirei resignado, ela precisava de min, acordar e não me encontrar podia trazer algum transtorno pra ela, então dei um tapinha no meu rosto, pulei da cama e corri pro banho frio, pra despertar de vez.

...

Entrei no quarto de Bella e me deparei com Leah, com o rosto amassado, meio descabelada e me encarando de olhos arregalados, reprimi um riso, a pobre passou toda a noite velando o sono de Bella, teríamos que revezar isso, depois eu conversaria com ela á respeito.

–Bom... Dia, Dr. Cullen. Que horas são?- perguntou confusa.

–Bom dia Leah, são exatamente 05h55min da manhã. - sorri sem jeito- Desculpe te acordar tão cedo.

–O que faz aqui tão cedo?- questionou confusa.

–Vim mais cedo pra Bella não notar que eu sai. - falei dando de ombros

–Mas ela só acorda lá pelas... -ela olhou o relógio- 07h30min por ai.

–Não me importo de esperar, Leah vá pra casa descansar, seu turno só recomeça ás 15:00h. Nos vemos mais tarde.- ela só assentiu e se levantou, já na porta eu me lembrei.- Leah, obrigada.- ela sorriu e se retirou.

Voltei-me para a figura adormecida de Isabella, ela estava tranqüila, dormia agarrada há um travesseiro, e para minha surpresa Nana estava nos pés da cama e não ao lado de Bella como de costume.

Sentei-me e fiquei ha observando por um tempo indeterminado até que ela se mexeu um pouco e abriu os olhos, piscou confusa e se levantou abrupta, arregalando os olhos quando me viu.

–Edward?!- eu ri baixinho, acho que ela nunca ia parar de dizer meu nome.

–Talvez antes do meu nome devesse dizer, Bom dia Bella.- falei sorrindo.

–Desculpe... - ela corou tão adoravelmente que arfei, não sei o motivo do meu ar faltar, só sei que ele simplesmente sumiu dos meus pulmões. - Bom dia Edward!- ela sorriu pra min e o ar que já não tinha começou realmente a me fazer falta. Pisquei os olhos e tomei uma respiração profunda. Ai meu Deus, que diabos foi isso? Questionei a min.

–B- bom dia Bella.- sorri meio amarelo.

–Você está aqui. - ela se aproximou tocando meu rosto como no dia anterior.

–Claro que estou... Onde mais eu estaria?- questionei.

–Obrigada, por ficar... Por cuidar de Bella- ela fez um muxoxo- Por cuidar de min. Desculpe por falar errado .- ela corou mais uma vez, daquele jeito lindo e antes que meu ar faltasse novamente eu respirei fundo e prendi o ar no pulmão, exalando com esforço.

–Não tem problema querida, como você passou a noite?- mudei de assunto antes que eu morresse por falta de oxigenação no cérebro.

–Muito bem, eu tive sonhos... Eu não tenho sonhos desde, desde... - ela parecia concentrada em lembra de algo.

–Me conte dos sonhos. -pedi e ela suspirou.

–Eu antes, eu sonhava com os olhos azuis da senhora boa, depois os sonhos sumiram e as imagens aparecem na minha cabeça, então não sonhei mais, quando eu dormia era sempre escuro... E essa noite sonhei com os olhos...

–Os olhos azuis?- questionei analisando a situação pelo lado medico.

–Não. - ela falou com uma expressão confusa, depois me encarou e corou novamente mordendo o lábio e voltando pra cama. Droga! Bella precisa parar de corar dessa forma ou vou morrer sem fôlego! Balancei a cabeça e retomei.

–Não foi com os o lhos azuis, então sonhou com que olhos querida?

–Com... - ela me olhou com vergonha, eu diria.

–Pode falar Bella.

–Com olhos dourados... Sonhei com seus... Com seus olhos Edward. - assim que ela falou escondeu o rosto com um travesseiro e eu entrei em choque. Meu coração galopou no peito, a respiração cessou e tenho quase certeza que abri a boca de espanto e... Felicidade?!

Oh não Edward, e lá vamos nós! Droga!

Definitivamente eu tenho que aprender a ser mais discreto!

–Hum... Comigo?- minha voz quase não saiu, ela me olhou com medo, como se eu fosse reprová-la ou castigá-la pelo que disse.

–De- desculpe... Não queria deixar você triste... – ela encheu os olhos de lagrimas e eu me assustei, corri pra perto dela.

–Bella, anjo você nunca me deixaria triste, o que você me disse me deixa feliz! Só fiquei surpreso, me entende?- perguntei segurando seu rostinho delicado.

–Sim, desculpe.

–Hey, nada de desculpas, você gostou, do... Do sonho?- minha garganta ficou repentinamente seca, pigarreei. Ela só balançou a cabeça num aceno, sorrindo tímida.

–Que bom! Adorei saber que sonhou comigo!

–Não foi com você Edward, foi com seus olhos dourados!- ela falou arregalando os olhos me explicando calmamente como se eu não tivesse entendido direito. Sorri alisando seus cabelos.

–Claro. Desculpe meu deslize!-bufei teatralmente. - Que tal ir pro banho agora? Vou buscar seu café da manha. - beijei sua testa me levantando. Ela esticou minha mão e me encarou assustada.

–Edward... Vai voltar?

–Claro meu anjo... Eu não vou te deixar. - Beijei sua bochecha e esperei ela entrar no banheiro pra sair.

Minha cabeça estava um turbilhão, hoje tinha muita coisa pra acontecer!