Dean começava a apresentar os primeiros indícios de irritação, aquela situação estava lhe incomodando de forma intensa. Não queria deixar transparecer sua preocupação ao mais novo porém, estava ficando insustentável essa loucura toda. Estavam sentados debaixo de um enorme carvalho, repousando após a louca corrida para longe do ser monstruoso. Ambos apenas se entreolharam novamente. Dean começava a achar que seu irmão tinha razão em relação ao “brincalhão”, e se realmente fosse ele, o loiro arrancaria a pele do infeliz com as próprias mãos. Então para surpresa dos irmãos o som de uma música conhecida ecoou na floresta.

- Dean! – O jovem moreno ergueu-se do chão e logo percebeu que não deveria ter se levantado tão rapidamente.

Dean viu no rosto do irmão a dor pelo esforço, mas o som que vinha do bolso de sua calça era mais urgente naquele momento. O loiro atendeu rapidamente o telefone ao ver o nome do velho amigo estampado no visor.

- Bobby!- Dean gritara de tal maneira que provavelmente teria acabado com os ouvidos do velho caçador do outro lado da linha.

- Garoto onde diabos vocês se meteram? Estou esperando já faz uns dez minutos nesta floresta e a única coisa que vejo são coelhos! – Bobby falou tirando um cantil do bolso e levou aos lábios ressequidos pelos vento e o sol.

- Dez minutos? Bobby saia desta floresta, de alguma forma há um ser mitológico aí e que nos fez pular um penhasco e...- Dean ouviu uma cuspida do outro lado da linha, certamente Bobby estaria bebendo algo e cuspiu ao ouvir as suas explicações.

- Ser mitológico? Eu que bebo você que fica bêbado? Onde vocês estão? – Bobby passava o peito da mão em seus lábios.

- Em um mundo de harpias, lâmias e todo seu arsenal de contos de terror. Caí fora antes que você acabe como eu o Sammy, pesquise sobre isso, acredito que talvez haja um portal para essa dimensão de horrores, ou o brincalhão está metido nesta idiotice toda. – Dean passava os dedos pelos seus cabelos refletidos ao sol que continuava intenso.

-Ok, tentarei livrar os traseiros de vocês agüentem firme. Estou tentando ligar mas só agora consegui sinal, talvez eu esteja próximo de vocês. – Bobby agora girava o corpo olhando a floresta ao seu redor.

- Droga Bobby, corra ou entrará nesta selva mitológica esquecida por Deus, estamos a quase dois dias neste inferno e não é os seus dez minutos! Te esperamos, mas fomos pegos por uma lâmia desgraçada. – Dean atropelava as palavras deixando Bobby realmente temeroso.

- Acharei uma forma de tirá-los desta encrenca, apenas mantenham-se vivos. – Bobby desligou o telefone, ele caminhou alguns metros e tentou ligar novamente. Como imaginava não completava mais a ligação. Resolveu voltar e marcar o local do último contato que teve com os garotos. E saiu em disparada para seu velho carro.

Sam estava esperando que Dean desembuchasse o que Bobby lhe havia dito, pelo menos agora teriam uma chance de sair daquele lugar.

- E então Dean, o que Bobby disse? – Sam olhava o irmão fixamente.

- Que se passaram apenas dez minutos deste que nos separamos. – Dean falou sem cerimônias.

- O quê? Como isso é possível? – Sam continuava esperando por uma resposta do irmão.

- Não sei mais nada Sammy, o Bobby vai pesquisar sobre o local. Desconfio que ultrapassamos um portal e acabamos nesta dimensão.

- Bom isso explicaria os desaparecimentos daqueles jovens. Seria como uma dobra no espaço, tipo um foco de energia cósmica.

- Sim, é como a “Teoria da Relatividade”, daquele maluco que não lembro o nome agora, que apontam para a possibilidade da existência dos chamados “buracos de minhoca”, verdadeiros portais ligando pontos distantes do cosmos.

- Esse “maluco” é o Einstein, e pelo jeito ele não tinha nada de maluco. Mesmo que isso se aplica ao espaço tempo...seria uma loucura até mesmo para nossas vidas em torno do sobrenatural.

- Acha que encontraremos extraterrestres por aqui? – Dean conseguiu tirar um sorriso do rosto de Sam.

- Por que, você quer ser “sondado” como aquele rapaz que entrevistamos? – Sam agora se divertia com a expressão do irmão.

- Cala boca Sammy! Ou é você que dançará Lady in Red – Dean coçou a cabeça em nítida irritação lembrando-se das palavras do garoto que fora obrigado a dançar com um ET.

- Ok. Temos pelo menos uma pista.- Sam encarava o irmão.

- Que pista espertalhão? – Dean perguntou sem entender nada.

- Se existe um portal para esse mundo, uma concentração de energia que abriu esse vórtice teremos que encontrar e nossa melhor chance, que é por aonde viemos.

- Pelo penhasco!- ambos disseram.

- Fomos arrastados por uma distância que desconhecemos, esse lugar é gigantesco. Como achar o caminho de volta? – Dean sentou-se em um tronco retorcido.

- Não sei, e certamente descobriremos. Já está anoitecendo e muito rapidamente. Temos que achar um local seguro para passarmos a noite. E eu fico acordado no primeiro turno, você parece um zumbi com essas olheiras profundas. – Sam apontou para a face do irmão.

- Ah fala sério, isso é ridículo! – Dean agora começava a colher galhos para a fogueira.

Sam apertou os lábios em um sorriso maroto e acompanhou o irmão na coleta de lenha. Encontraram um abrigo ideal para passarem a noite. E nesta floresta quando anoitecia o frio não perdoava. Dean logo caiu no sono, estava muito cansado e vendo que Sam estava muito melhor resolveu aceitar a proposta anterior do moreno. Mas seus sonhos foram tumultuados por criaturas bizarras, estava tendo um pesadelo e Sam percebendo resolveu acordá-lo. Dean abriu os olhos e ofegava.

- Cara que doideira! – Dean passou a mão pelo rosto.

- Pesadelos Dean? O que você sonhou? – Sam agora cutucava o fogo com uma vareta.

- Ah, essas criaturas mitológicas, só podia ser não é? Agora eu tomo conta, vai dormir. – disse Dean bocejando.

- Você dormiu apenas algumas horas, umas três eu acho. – Sam ainda resmungava quando Dean o empurrou.

– Às vezes você me dá medo, Sammy. Esse seu cérebro me assusta. – Dean sorria olhando para o céu estrelado.

Sam ajeitou-se e adormeceu, acordou com Dean dando pontapés em sua perna boa.

– Acorda dorminhoco, temos que fazer o desjejum e continuar procurando uma saída deste inferno. Vou procurar alguma coisa que sirva para nos manter de estômago cheio. – o loiro saiu embrenhando-se pela mata acirrada.

Sam olhou ao redor, o lugar era paradisíaco, mesmo com todos os perigos que a floresta guardava não podia deixar de admirar a beleza da mãe natureza. O fogo estava apagando, colocou alguns galhos para mantê-lo aceso, gostaria de tomar um café bem forte e quente. Sam foi alertado pela voz do irmão que ecoou pela densa floresta.

– Deannn! – Sam gritou na esperança de tentar localizar seu irmão. Sam ouviu um lamento eram gritos estridentes, sua pele arrepiou-se, pegou a lança do irmão e correu para dentro da mata a procura dele.