A ladra correu em nossa direção enquanto a menina começava a se transformar em um monstro.

–Mano, ela está virando um monstro! - Falei.

–Estou vendo.

–Corre! - Gritou a garota.

Começamos a correr em direção à saída com o monstro atrás, até que o monstro agarrou o pé de Johan.

–Droga, ajudem-me!

Voltei e dei um chute no monstro, Johan se levantou e nós três continuamos a correr. Tentei pedir ajuda para as pessoas, mas elas olham para mim como se eu fosse louco. O que está acontecendo?

–Petter, não adianta. – diz Johan.

–Como assim?

–Eu queria ter falado antes, mas enfim... Nós somos semideuses.

–Ei, alguém me explica o que está acontecendo?

Então Johan começou a explicar tudo enquanto corriamos.

–É por isso que coisas estranhas vivem acontecendo. Hoje de manhã eu conheci uma garota na lanchonete e ela me explicou tudo, incluindo que ela veio em uma missão para encontrar nós três.

–Droga! Estamos encurralados. - Gritei ao notar que haviamos entrado sem perceber em uma rua sem saida. Olhamos para trás, o monstro sorria.

–Venci! - Riu.

Mas então de repente algo muito estranho aconteceu, muito estranho mesmo. O monstro explodiu em cinzas, e revelou uma foice onde deveria estar seu corpo.

–Ela é a garota - diz Johan.

–Ela tem uma foice... - Comentei.

–E dai? - Ela falou enquanto se aproximava.

–Uau! Sua foice é demais.

–Nem pense em roubá-la. - Rosnou.

–O que?Do que você está falando?

–Você é filha de Hermes, o deus dos ladrões. – A garota apontou a cabeça da loira. Havia algo brilhante ali... Parecia um caduceu.

–Ah! – Gritou tentando espantar aquilo. - O que é isso?!

–Relaxa, não vai te morder não. Isso vai acontecer com vocês dois também, na hora certa. - Riu a garota. - Meu nome é Annie, vocês são...?

–Béé... Annie, finalmente te achei! - Olhei para onde vinha essa voz e vi um garoto andando manco em nossa direção.

–Béé? - Repetiu a loira. - Certo, ele não é humano. Acertei?

–Sim! - Concordou o garoto. - Eu sou Daniel...

–Vá para o ponto que você fala o que você é. - Cortou a ladra.

–Você é bem mau-educada. - Repreendeu, mas então continuou orgulhoso. - E eu sou um sátiro!

Silencio... Okay, isso foi muito estranho.

–Então, repetindo. - Começou Annie. - Quem são vocês?

–Eu sou Melanie. - Respondeu a loira num sussuro.

–Sou Petter, e ele é Johan.

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–Bem, se é só isto podemos voltar para o acampamento.

–Como assim acampamento?! – Perguntou Petter.

–Acampamento meio-sangue. É o lugar mais seguro para nós. Lá vocês vão aprender a lutar, provavelmente conhecer seus meio-irmãos, e várias outras coisas... - Respondeu Daniel.

–E nossa familia? – Foi a vez de Melanie perguntar.

–Serão avisadas.

–Mas elas não irão acreditar nisso tudo.

–Não se preocupem, elas vão acreditar.

–Já que é assim tudo bem.

–Ok, vamos logo! - Começou Melanie. - Quero conhecer esse acampamento. Deve ter vários gatinhos, imagina os filhos de Afrodite! – Riu. - E se tiver coisas interessantes... - Não completou, mas eu sabia o que ela quis dizer.

Fomos para o acampamento, por sorte não cruzamos com nenhum monstro pelo caminho, exceto uma dracaenae desavisada que cruzou o caminho da minha foice. Você já deve saber como ela terminou, haha. Quando chegamos, levei-os para conhecer o acampamento.

–Ele é um centauro... - Sussurou Johan quando estavamos em frente à Casa Grande. Quíron estava vindo em nossa direção.

–Mas quando é que nós vamos saber quem são nossos pais? – perguntou Petter.

–Provavelmente hoje a noite na fogueira. – Respondeu Quíron.

Deixei eles conversando e fui para meu chalé.

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Quando chegamos no chalé de Hermes nos deparamos com um lugar simples e bagunçado. Tinha bastante gente lá, mas pelo que me falaram costumava ter bem mais. Lembrando que Hermes era o deus dos ladrões e que a unica filha dele que eu conhecia estava tentando roubar um armário de escola, achei melhor deixar minhas coisas bem escondidas em baixo de um colchão. Eu só trouxe meu celular (Que foi gentilmente quebrado pela Annie enquanto vinhamos para o acampamento) e uma caixinha que eu sempre carregava no bolso. Não sabia o que tinha lá, minha mãe falou que era para eu abrir somente em uma situação especial. Isto era especial, não?

Abri a caixinha da cor vermelho ferrugem e encontrei um colar. Certo, isso foi estranho... Por que eu tive que esperar tanto tempo para ganhar um colar, afinal? Coloquei-o no pescoço. Ele tinha um pequeno pingente em formato de martelo e era todo prateado.

A tarde passou rápido e a noite logo chegou, jantamos e fomos para a fogueira. A propósito, a comida era demais! Bastava desejar o que queria comer e beber e isto aparecia. Desejei um pão de hamburguer e um suco de frutas vermelhas.

Sentamos ao redor da fogueira, alguns filhos de Apolo estavam cantando. Alguns entraram na brincadeira, inclusive eu, mas de repente todos olharam para mim e se calaram... Droga, o que eu fiz desta vez? Olhei confuso para Johan e ele apenas mexeu os labios num "Em cima de você". Olhei para cima e ali havia um martelo. Inconcientemente tentei espantar aquilo de mim, mas fui parado.

–Salve Petter John, filho de Hefesto, deus das forjas e do fogo. - Declarou Quíron em algum lugar perto de mim.

–Ei! Ninguem falou essas coisas para mim! - Reclamou Melanie.

–Certo. Salve Melanie Não-sei-das-quantas, filha de Hermes e blá blá blá. - Ironizou Annie. Melanie fingiu-se magoada e deu um soquinho de leve no braço da morena.

–Carlie, você pode mostrar o chalé para Petter? - Pediu Quíron.

–Claro! - Carlie era uma garotinha de cabelos ruivos, pele clara, sardas no rosto e olhos castanhos. Deveria ter cerca de quatorze anos, não sei. Era filha de Hefesto e parecia legal.