Meet Athena escrita por Nunah


Capítulo 6
capítulo 5 - família


Notas iniciais do capítulo

Porra, nós temos que conversar. Tipo assim, eu sei que não sou uma escritora maravilhosa (e sei que perdi meus poucos dons esses tempos que eu fiquei fora), que não posto diariamente e nem semanalmente, mas poxa né, vocês sabem o que a escola faz com a gente, às vezes realmente não dá, então cadê vocês? Eu recebi dois reviews no último. Eu não ligo muito, tudo bem, mas se vocês não gostam que eu demore, também não precisam parar de apoiar man, como eu vou saber se vocês querem que eu continue e que realmente não tá uma bosta, como eu acho? Tô só dizendo que se vocês não estão contentes, então falem.



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Take a look around you, nothing’s what it seems, we’re living in the broken home of hopes and dreams.

Let me be the first to shake a helping hand, anybody brave enough to take a stand,

I’ve knocked on every door on every dead-end street, looking for forgiveness and what’s left to believe?

- Have A Nice Day

Athena

Apolo estava receoso, eu podia sentir isso. Até eu mesma estava um pouco com medo, pois sabia a confusão que ia ter se o velho Zeus descobrisse quem realmente era Poseidon.

Mas eu não posso deixá-lo sozinho por aí!

Eu e uma voz em minha mente discutíamos e eu não queria ver a verdade, mas no fundo eu sabia que estava correndo riscos.

Voltando ao presente, Apolo continuava um pouco estranho. Estava bem com Poseidon, e havia melhorado um pouco o tratamento comigo, mas eu sempre o pegava me olhando de soslaio sem dizer uma palavra.

- Apolo, você pode confiar em mim pelo menos uma vez? – ele até parecia o meu irmão mais velho. – Vai dar tudo certo, mas pra isso você precisa colaborar.

- Olha Athena, ainda não estou conformado. Você sabe que se o pai descobrir... a casa cai. Conhece Zeus, ele não é do tipo paz e amor.

- É, eu sei... – murmurei. Eu não queria admitir, mas se meu pai descobrisse a verdade eu estaria muito ferrada, assim como Apolo, e eu não queria colocá-lo nessa situação.

Nós ficamos mais alguns minutos em silêncio até que finalmente chegamos em casa e a tensão só aumentou. Ótimo.

Descemos do carro e eu pude ver Poseidon estacionando ali perto. Encontrar seus olhos intensamente verdes foi como um baque e era como se eu pudesse sentir seus lábios macios pressionando os meus novamente. Aquilo fez com que eu me arrepiasse.

- Acho melhor irmos. – sussurrei, dando as costas aos dois e abrindo a porta. Eu ainda não estava pronta para encará-lo novamente.

Eu sei que parece uma coisa boba falando assim, mas não é sempre que um cara cai de paraquedas na sua vida, que é o cara mais popular e rico que você já conheceu, vira seu amigo e te beija na frente de todos. Isso pode ser comum na vida daquelas garotas loucas, mas não na minha.

Assim que entrei em casa, encontrei Ártemis deitada no sofá assistindo algum filme, como sempre (nunca vi pessoa mais viciada nisso do que essa menina; vou te contar).

Hermes estava descendo as escadas pelo corrimão, Deméter colocava o jantar na mesa e meu pai conversava com a futura esposa, Hera, uma mulher linda de olhos simpáticos, no escritório (do qual a porta estava aberta).

A minha entrada não importou muito, mas quando olhei para trás e Poseidon segurando o casaco apreensivo e Hermes batendo a porta, com um semblante sério, eu gelei, porque percebi o silêncio em que nos encontrávamos.

- Oi pessoal. – eu falei, tentando atrair a atenção. Mas todos os olhares estavam concentrados em Poseidon. Até meu pai e Hera vieram para a sala!

Ah meu santo Deus, o que é que eu fui fazer? Agora sim a casa vai cair! E se meu pai o reconhecesse? E se todos nós ficássemos em uma saia justa e acabássemos contando tudo?

Mas não seria tão ruim, não é? Poseidon era uma boa pessoa. E Apolo estava lá como testemunha.

Lembrei-me do que Apolo dissera antes, “Conhece Zeus, ele não é do tipo paz e amor”... Ahhh. Nós. Estamos. Ferrados.

- E quem é esse? – perguntou meu pai, com aquele jeito todo sério e disciplinado.

Eu não conseguiria falar uma só palavra sem estragar tudo. Sorte Apolo ser um bom irmão.

- Esse é o nosso amigo... Poseidon. – era melhor dizer o nome verdadeiro logo antes que algo acontecesse. – Ele vai passar uns tempos por aqui...

- Hmm. Poseidon. O que você faz? – meu pai continuou com seu interrogatório. Todos pareciam estar prendendo a respiração.

- Eu cursava administração e direito... Mas mudei para Biologia Marinha hoje de manhã... senhor.

Zeus pareceu pensar por alguns minutos. Hera apertou de leve seu braço. Ela era a única que conseguia ser ouvida por ele. Os dois trocaram um olhar significativo.

Por fim, meu pai estendeu a mão para Poseidon, que o cumprimentou, e sorriu.

- Seja bem-vindo, Poseidon.

O ar parecia ter voltado aos pulmões. A tensão se dissipou e foi a vez de Hera falar.

- Minha querida... Acho que sabe por que estou aqui.

Ela me abraçou carinhosamente, como sempre fazia. Eu ficava feliz por aquilo, porque gostava realmente dela. Hera não se parecia em nada com as vagabundas que meu pai costumava nos apresentar.

- Eu tenho minhas especulações...

Hera sorriu radiante.

- Estou vindo morar aqui. Seu pai e eu achamos melhor reunir a família de uma vez por todas.

- Aah! Isso é tão bom!

Eu me senti realmente feliz, por um momento. Ao menos uma notícia boa no meio daquilo tudo.

Poseidon

Aquela família irradiava alegria e todos sorriam, até Zeus, que tinha fama de ser durão. E isso só me fazia sentir ainda mais intrometido e deslocado. Aquele não era o meu lugar, não era a minha família. Pela primeira vez na vida, eu estava me sentindo sinceramente solitário, apesar de estar sempre rodeado de gente e agora, principalmente, na companhia de Athena, que fazia toda a diferença.

- Hera e nosso pai vão se casar em breve. Não sei se Athena chegou a contar... – sussurrou Apolo, ao meu lado.

- Sei... – foi a única coisa que consegui balbuciar. – Olhe Apolo, não sei se isso é uma boa ideia, acho que devo ir embora... Vocês estão em um momento familiar e eu só sirvo para atrapalhar.

- Pare com isso, você é nosso amigo e a pior parte já passou. Vai poder ficar comigo e Hermes no quarto e eu te empresto umas roupas. Além disso, Deméter vai adorar te conhecer. – Apolo deu um sorriso enorme. – Só não ligue se Ártemis surtar, ok?

- Por que ela surtaria? – eu perguntei inocentemente. Eu não tinha ideia do que ele queria dizer.

Ele balançou a cabeça, como se fosse uma piada interna que todos ali conheciam.

- Apenas não ligue.

Dei de ombros. Se ela surtar, eu vou saber na hora.

- Tia Deméter, pode vir aqui? – Apolo chamou uma mulher de cabelos castanhos e olhos grandes que tinha um sorriso contagiante.

- Diga, querido.

Ela arrumou o cabelo loiro de Apolo uniformemente e eu me perguntei como ela poderia ser tão jovial sendo irmã de Zeus.

- Quero te apresentar uma pessoa. – Apolo piscou. – Tia, esse é Poseidon, um amigo meu. E de Athena.

Naquele momento, seu rosto se iluminou em reconhecimento. Sua boca se abriu em um ‘O’ silencioso enquanto piscava várias vezes.

Ela parecia ter feito conexões e instantaneamente olhou para Athena do outro lado do cômodo, que ficou vermelha e deu uma desculpa qualquer para subir para o quarto.

- Já ouvi sobre você, Poseidon. – tia Deméter me cutucou nas costelas como se eu fosse um menino levado que estava fazendo arte escondido. – Amigos, hã?

- Hum, é.

Eu não queria que ela pensasse outras coisas, porque eu e Athena éramos somente amigos mesmo. Queria dizer para não ter falsas esperanças, mas aquilo parecia ter tido o efeito contrário.

- Conheço bem esse tipo de amizade, ouviu? Eu não nasci ontem. Além do mais, moro com meu irmão e dois sobrinhos, já fui adolescente um dia... Sei bem do que estou falando.

- Isso foi há bastante tempo, hein titia?

O garoto mais novo que eu deduzi ser Hermes apareceu do nada ao nosso lado. Ele sorria marotamente e eu acabei percebendo que ele era o que aprontava na casa.

Deméter semicerrou os olhos e respirou fundo, controlando-se.

- Quando tiver a minha idade, talvez não tenha mais tanta disposição para gracinhas, garoto.

Ela saiu e foi direto para onde pensei ficar a cozinha. Ártemis, pelo que eu sabia, era irmã gêmea de Apolo, apesar de eu nunca tê-la visto pelo campus. Eles tinham os mesmos olhos azuis do pai, o que parecia ser a única semelhança.

Ela nos olhou em reprovação – eu, Apolo e Hermes – e subiu também, provavelmente iria falar com Athena...

- Então... – começou Hermes, nunca deixando de sorrir. – Desde quando tá pegando a minha irmã?

A pergunta me pegou desprevenido e me fez arregalar os olhos.

- Aah, o quê? Não, não, não... Eu não... Ela é só... Somos amigos.

Ele semicerrou os olhos assim como a tia fizera.

- Aham, sei... Vamos ver até quando isso dura.

Eu estava pronto para retrucar quando Deméter apareceu na porta novamente.

- Melhor tomarem um banho garotos, eu já estou fazendo o jantar. Hera, será que pode me ajudar aqui um pouquinho?

A mulher que em pouco tempo seria esposa de Zeus sorriu e assentiu. Ela parecia ter sido feita de bondade e alegria, porque era isso que me passava sua imagem. Talvez ela derretesse um pouco aquele coração de pedra do futuro marido. Era tão bonita... Não só fisicamente, ela realmente transmitia as melhores coisas que alguém poderia ser ou sentir. Bondade, carinho, alegria. Como se toda a tristeza do mundo desaparecesse apenas com seu sorriso.

- Acho melhor irmos logo. – Apolo começou a nos empurrar escada acima. – Poseidon, só temos um banheiro em cada quarto e um para as visitas.

- Eu já tomei banho, então vocês podem ir. – disse Hermes, dando de ombros.

- Posso usar o das visitas, não tem problema.

- Hmm... Tudo bem, se não se importar mesmo... – Apolo me entregou uma troca de roupas de uma toalha. – É no fim do corredor.

Não havia nada de mais. Até o momento em que abri a porta do banheiro dos visitantes e ouvi um berro estridente que me fez gritar também.

Quando vi, Ártemis já estava correndo e gritando, chamando a atenção de todos.

- Eu sabia! Sabia que não era uma boa ideia deixar mais um homem entrar nessa casa, mas que inferno! – ela tentava se esconder inteiramente atrás da toalha molhada, mas sem muito sucesso. – Apolo, a culpa é sua! Por que tem que fazer tudo errado sempre?!

- Ártemis, me desculpe... – engoli em seco, tentando não me matar de vergonha por aquilo. Ela entendera tudo errado e eu ia ficar com fama de tarado para o resto da vida. – Eu não sabia que você estava lá, a porta estava aberta... Juro que foi sem querer.

Ela semicerrou os olhos (eu estava começando a achar que era coisa de família), furiosa.

Ah, eu estava ferrado.

- Essa não é a casa da mãe Joana, parem com isso vocês todos! – ouvi Deméter gritando do andar de baixo. Ártemis devia ter puxado os pulmões poderosos da tia...

Ela entrou de cara feia em um dos quartos e pude ver Athena prendendo o riso enquanto fechava a porta novamente.

- Eu avisei. – disse Apolo, sorrindo torto.

Depois daquilo, fiz de tudo para relaxar no banho. Estava com medo de qual seria a próxima confusão, porque parecia que a novela mexicana estava só começando e confusões pareciam bem comuns naquela casa.

Sorri embaixo d’água. Por tanto tempo minha vida fora tão sem graça e cheia de regras... Tanta coisa havia mudado... E, em um momento, percebi o que sempre soubera. Eu preferia essa vida. Mesmo estando sem casa, roupas ou apoio familiar. Eu preferia morar com um bando de loucos, usar roupas emprestadas e ter o apoio de amigos de verdade, que na realidade já tinham se tornado minha família.

Desliguei o chuveiro e me arrumei para o jantar.

Eu desci e percebi que a conversa já recomeçara. Me sentei à mesa com Apolo, Hermes, Ártemis (que tentava me evitar ao máximo), Athena, Zeus, Hera e Deméter.

Ali, com todos reunidos e participando, eu percebi como eles eram felizes e companheiros, pela segunda vez no dia. Eles tinham o que o dinheiro nem a posição social podia oferecer. Eles eram o que Cronos e sua laia nunca seriam.

Eu sabia que era só questão de minutos até que alguém levantasse o tema ‘Poseidon e Athena são um casal’ novamente, mas não esperava tanta insistência.

- Vocês formam um casal tãão lindo... – Deméter suspirou. – Como se conheceram?

- Deméter.

Zeus tinha um olhar duro e reprovador.

- Agora não é a hora.

- Só por que você nunca foi de sentimentos, não quer dizer que sua filha não seja, seu insensível.

- Tia, eu já disse que eu e Poseidon estudávamos juntos...

Fiquei grato por Apolo ter tentado contornar a situação.

- Ah pare com essas bobagens Apolo, tenho certeza de que não foi só sua influência que fez os dois ficarem juntos.

- Na verdade, nós não estamos juntos. – aquela foi a primeira vez que ouvi Athena falando sobre o assunto. – Somos amigos. E isso basta. Não entendo o motivo de todos aqui acharem que somos um casal.

Ela tinha o maxilar travado e um olhar selvagem. O sangue de Zeus também fluía por suas veias, afinal.

- Já chega disso.


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Notas finais do capítulo

Minhas provas deram uma pausa boa e eu estou com ideias para o próximo, mas se eu não souber se vocês estão realmente gostando, aí não adianta nada.