Meet Athena escrita por Nunah


Capítulo 2
capítulo 1 - sorrisos


Notas iniciais do capítulo

Oi gente :) obrigada pelos reviews ok!
Eu acho que essa fic não vai ser longa, tô pensando em fazer de 10 a 15 capítulos só, porque afinal a ideia inicial era ser uma one-shot.



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You’re beautiful, you’re beautiful; you’re beautiful, it’s true,

There must be an angel with a smile on her face.

- You’re Beautiful

Poseidon

Eu tinha acabado de adentrar o campus. Meninas me encaravam com sorrisos insinuantes enquanto os caras do meu time – é, esqueci de dizer que sou capitão – de futebol me saudavam, como se eu fosse um tipo de rei da cocada preta, ou sei lá.

E era justamente daquilo que eu estava falando, daquilo que eu estava cansado. Os garotos falavam comigo porque eu era popular e isso os ajudava a ser também. As garotas, bem, elas eram as piores. Sempre interesseiras. Não todas, estou falando aquelas que não querem nada da vida e pretendem se casar com algum milionário depois da faculdade. Era terrível o assédio.

Eu dei o meu melhor sorriso falso e descontraído enquanto me afastava daquelas pessoas. A verdade era que o único que realmente era meu amigo ali, era Hades, meu irmão mais novo obscuro. Ele também era popular, isso tudo graças a quantidade de zeros que tínhamos no banco, mas era do tipo que gostava de ficar sozinho e na sua e, por eu ser mais velho, sofria as conseqüências por nós dois. Assim era até melhor, eu não gostaria de colocar esse peso em seus ombros, não sei se ele agüentaria.

Naquele momento, Anfitrite, uma das piores garotas daquele lugar, e ao mesmo tempo a dos sonhos dos meus pais (eles meio que acham que somos ‘prometidos’, entende? E toda aquela velharia de antigamente).

- Olá querido.

Ela sorriu. Falsa e descaradamente. Era de uma família rica também, mas o único motivo de seus pais quererem nosso casamento é tirá-la de casa por ser mimada e dissimulada.

Não sei por que, mas Anfitrite acha que nós somos meio que namorados. Credo Jesus.

- Agora não Anfitrite.

Ela meio que me persegue desde que me entendo por gente, sabe? É um saco. Eu não tenho privacidade!

- Aww, mas Poseidon... – ela começou a chegar mais perto, provavelmente pensando que eu era tonto o bastante para perceber que ela tinha boas intenções. AHAM. – Nós precisamos sair mais vezes... Você nem fala comigo direito...

- Ok, ok, ok. Estou indo.

Andei o mais rápido possível para que Anfitrite não pudesse me acompanhar com aqueles saltos que faziam barulhos irritantes e, mesmo longe, eu ainda podia ouvi-la gritando meu nome. Aquela garota é realmente perturbada, tem que ver isso aí.

Me deparei com um lugar que eu quase nunca vinha, o gramado, cheio de árvores e com um laguinho lá do outro lado do mundo. Era um lugar bem deserto na maior parte do tempo, às vezes com alguém que queria paz para estudar ou coisa assim, mas naquele dia, havia uma pessoa.

Era uma garota, enroscada entre as raízes de uma grande árvore com um livro na mão. Eu já a tinha visto por aí, sempre concentrada em alguma coisa, sempre afastada de tudo e de todos, sem ser notada. Talvez preferisse assim. E eu agradecia a Deus por ter achado alguém que fosse diferente daqueles idiotas interesseiros.

Eu não me lembrava seu nome. Ela estava com tênis, calças jeans surradas e um moletom azul marinho. Nada parecida com as garotas normais. Seus cabelos eram loiros e sedosos, refletiam a luz do sol e estavam presos em um coque mal-feito, que deixava alguns fios caindo em sua face, mas ela não parecia se importar.

Não sei se foi porque eu estava ali há muito tempo ou porque ela se sentiu incomodada, mas a garota loira levantou a cabeça, um pouco assustada. Tinha os olhos mais lindos que eu já vi em minha vida, azuis acinzentados, misteriosos como uma tempestade que chega sorrateira.

Ela suavizou sua face quando percebeu que não era nada com o que se importasse, e sorriu. Meu coração falhou uma batida. Era muita coisa pra um dia só. Naquele momento eu pude perceber que não tinha palavras para descrevê-la. Era simplesmente a coisa mais maravilhosa de toda a minha existência. Ela era... Realmente muito linda. E parecia ser muito simpática também.

Athena

Seu nome era Poseidon, todos sabiam. Capitão do time. Popular. A última pessoa que sorriria para mim. E, no entanto, ele estava ali, encarando-me, sorrindo e fazendo seus olhos verdes brilharem intensamente.

Eu não sabia quanto tempo ele estava ali, e nem o motivo, mas parecia-lhe no momento a coisa mais importante que deveria fazer. E, quando ele se aproximou, meu sorriso vacilou e não pude mais resistir ao impulso de falar.

- Você não deveria estar com seus amigos... ou alguma garota legal?

Ele sorriu travesso antes de responder.

- Não existem amigos ou garotas legais no meu mundo. – Poseidon se sentou ao meu lado, encarando o nada. – Tudo não passa de uma baita ilusão.

- Não... parece ser muito... legal. – disse, incerta. Ele me olhou, meio distraído.

O que eu estava fazendo? Droga! Ele é Poseidon. ‘O’ Poseidon. Sabe? Eu não deveria nem me dirigir a ele.

Mas ele falou comigo. Não, Athena. Pense. Ele é alguém. Você é invisível. Droga.

- Eu acho melhor você ir... – comecei a falar, olhando de relance algumas pessoas que nos encaravam perplexas. – Isso não seria de muita ajuda pra sua reputação.

Abaixei a cabeça para o meu livro. Eu deveria fazer de tudo para me distrair dele. Não que eu fosse de abaixar a cabeça para ‘as’ pessoas, entende? Mas ele parecia legal apesar de andar com pessoas nada simpáticas com gente como eu, e eu não queria trazer problemas.

- Você... Você não se incomoda? – Poseidon me perguntou, ignorando totalmente o que eu tinha dito anteriormente. Mas aquilo atraiu minha atenção.

- Me incomodo com o quê? – franzi o cenho, confusa.

- Com elas. – ele indicou algumas meninas perto da cantina, lideradas por Anfitrite. Elas eram as meninas, que andavam com os garotos. – Você é diferente. Não se veste como elas, você fica sempre no seu canto, não se mete com ninguém... Você não se incomoda com o que as pessoas falam?

- Ao contrário da maioria das meninas, eu nunca sonhei com amor, com casamento ou com uma família. – eu disse, mentalmente voltando no tempo. Eu não sabia por que estava contando aquilo a ele, mas eu nunca conversava com ninguém sobre mim. Ser a irmã mais velha e a mãe substituta me fez crescer mais rápido e pensar nos outros antes de pensar em mim. – O que eu sempre quis foi não me meter em brigas e acabar o mais rápido possível meus estudos, me formar e ter uma vida legal que não envolvesse me preocupar com os outros antes de mim. Além do mais, essas garotas não são bem o exemplo, se quer saber.

Lentamente, um sorriso sincero brotou em seus lábios.

- Você tem uma personalidade forte... – por alguns segundos achei que ele fosse me criticar, mas não. – Eu gosto disso.

Eu sorri. Porque nunca pensei que ele pudesse ser daquele jeito. Poseidon, o cara popular que andava com gente popular e esnobe sendo legal com uma excluída? Muito imprevisível.

- E o que você faz? Aqui? – ele perguntou.

- Hm, História. Eu sei que talvez não dê muito futuro, mas se tem algo que eu gosto são antiguidades e pergaminhos caindo aos pedaços. Queria viajar o mundo quando me formar... Mas provavelmente isso não vai acontecer.

- Meu pai me obrigou a fazer administração e direito. Eu estou morrendo aqui, estudando e coordenando o time. Eles são terríveis. Eu queria fazer algo mais divertido, que eu goste... Como Biologia Marinha. Gosto do mar, dos animais... Mas eu tenho que seguir o caminho da família e assumir a empresa. Hades tem muito mais futuro nisso, com a inteligência e o esforço dele, mas eu sou o mais velho então...

Engoli em seco. Eu nunca pensaria que de legal a vida desse garoto não tem nada.

- Entendo... Deve ser difícil lidar com isso.

Automaticamente, eu segurei sua mão, para confortá-lo. Ele não pareceu se importar, mas tenho certeza de que minhas bochechas estavam rosadas.

Naquele momento, para minha salvação, o relógio preto em seu pulso começou a piscar, indicando que estava na hora de entrar naquela maratona de aulas. De novo.

Poseidon sorriu e se levantou, me ajudando em seguida. Nós tomamos direções opostas, mas eu sentia como se ele não estivesse me deixando. Não ainda.

Poseidon

Enquanto eu andava para a minha sala, acompanhado por muitos olhares curiosos, minha mente vagava de volta para a garota loira. Eu já a tinha visto pelo campus antes, sempre distante, lendo, estudando, perdida em seus próprios pensamentos. E ela parecia não se importar em ser invisível, parecia até gostar.

Seu nome... Eu não sabia. Acho que ninguém sabia... E eu nem tinha me dado ao trabalho de perguntar. Tinha me esquecido totalmente disso... Eu estava tão distraído com outras coisas...

Eu queria vê-la novamente, mas como? Eu não sabia seu nome, seu telefone, nada. Eu mal a conheço. O que eu sei? Seu curso, História. Seu desejo de ter a própria vida. E seu desprezo às meninas de Anfitrite e tudo relacionado a elas.

- Ei Poseidon... – sussurrou um garoto sentado ao meu lado. – Você está bem?

A verdade era que eu estava tão distraído que nem me importava com o que o professor falava (na verdade eu nunca me importei) e preferia mil vezes colocar minha cabeça em ordem do que prestar atenção em toda aquela baboseira.

- Ah... Sim, sim, estou bem. – falei, balançando a cabeça repetidamente.

- Hum. Tudo bem então.

Olhei no relógio. Ainda eram oito e vinte e cinco. Suspirei. Tomara que o almoço chegue logo.

- Que inferno, isso não acaba nunca... – deitei sobre a mesa e cobri minha cabeça com a jaqueta.

- Eu sei que você nunca gostou dessas aulas colega, mas o que está havendo hoje hm? – perguntou o mesmo cara de antes. Eu o encarei. Conhecia-o de vista e também porque estávamos no mesmo curso. Seu nome era Apolo e nós trocávamos algumas palavras de vez em quando.

- Não é nada. – suspirei. – Eu só não queria estar aqui.

- Ok, e o que mais? – Apolo revirou os olhos. – Vamos lá Poseidon, nós estudamos juntos não é de hoje, o que há?

- Eu conheci alguém hoje. – falei devagar, relembrando o sorriso iluminado da garota. – E não sei seu nome.

- Você não sabe o nome...? Mas então... Ela não é uma... Uma...

- Uma garota super popular que todo mundo conhece e quer se aproximar? – ele assentiu meio pasmo. – Não, ela não é assim. Na verdade é o contrário. Acho que é a pessoa mais simpática que eu já conheci. A única que conversou comigo numa boa, sem nenhum interesse...

Ele sorriu, travesso.

- Você tá apaixonado cara.

- Cala essa boca, seu idiota. – falei, rindo. – Não é nada disso. Ela só foi legal. Isso é difícil de acontecer.

- Ok, ok. Sem problemas. Como ela é?

Eu sorri, relembrando cada traço de seu rosto esculpido em mármore. Ela era realmente linda. E invisível. Essa era a prova de que não é preciso apenas beleza e inteligência para ser alguém nesse mundo.

- Ah, certo. Ela é loira... tem pele clara... olhos meio cinzentos... ela se veste com simplicidade, nada como as outras... tem um sorriso que te faz sorrir também... é simpática... é, isso. É ela.

Quando eu o olhei novamente, Apolo sorria como se estivesse ouvindo a melhor coisa do mundo. E eu não entendi nada, até o momento em que ele falou novamente.

- Cara, loira de olhos cinzentos? – ele balançou a cabeça. – Acho que você acabou de conhecer minha irmã. Athena. Ela é um ano mais velha que eu e minha irmã gêmea, Ártemis. Está cursando História, certo? – assenti, perplexo. Esse mundo é realmente pequeno. – Vai se formar seis meses depois de nós.

Sorri, meio envergonhado. Todo aquele tempo falando sobre ela e lá estava seu irmão, ouvindo tudo. Não quero nem saber o que ele dirá quando for para casa.

- Hm, bem, ela é muito boa mesmo. – Apolo disse, sorrindo sinceramente. – Vocês são bem parecidos, sabia? É bom que ela veja que nem todas as pessoas populares são ruins.

Me senti aliviado naquele momento, afinal ele não iria me socar e nem dizer para eu ficar longe de sua irmã.

- Obrigado Apolo.


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