Meet Athena escrita por Nunah


Capítulo 11
capítulo 10 - nós queimaremos na luz


Notas iniciais do capítulo

Manolos, mil desculpas, sério, eu sei que demorei séculos, ok? Não vou começar a dar desculpas, o motivo é bem simples: eu não tava com cabeça pra escrever, mas agora eu me animei de novo!
Enjoy (:



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I had everything, opportunities for eternity, and I could belong to the night,

Your eyes, your eyes, I can see in your eyes, your eyes, everything in your eyes, your eyes…

You make me wanna die, I’ll never be good enough,

You make me wanna die, and everything you love will burn up in the light,

Every time I look inside your eyes (burning in the light), make me wanna die…

I’d die for you my love, my love… I’d lie for you my love, my love (make me wanna die)…

I’d steal for you my love, my love (make me wanna die)… I’d die for you my love, my love,

We’ll burn up in the light…

- Make Me Wanna Die

Poseidon

Assim que coloquei os olhos naquele ser humano, eu soube que não teria mais sossego. Tudo bem, Athena tinha ficado um pouco distante depois que a beijei, tinha ficado preocupada por não lhe contar mais as coisas para protegê-la, mas quando nós finalmente conseguimos nos entender, vem um idiota qualquer e estraga tudo.

É óbvio que, se Athena me ouvisse falando isso de seu amigo de infância, ela surtaria. Por quê? Simplesmente porque esses dois são unha e carne, eles não se desgrudam nem se o mundo estiver em chamas.

Eu soube assim que encontrei aquele cara que, como Athena mesma tinha dito, era atlético, de cabelos cor de areia e olhos castanhos intensos. Resumindo, que faria até Ártemis suspirar. Pode produção?!

Frederick Chase era seu nome. O nome de meu novo pesadelo. O nome do cara que não sai de perto da garota dos meus sonhos. O nome do cara que eu ainda vou quebrar a fuça.

Quando aquele sujeito passou pela porta, Athena pareceu simplesmente esquecer-se de todo o mundo à sua volta, esquecer-se de mim, para sair correndo e praticamente pular no cara. Desde então, ela não o soltava mais. Parecia que eu nunca tinha existido na vida dela. Parecia que todo aquele laço de amizade e companheirismo que tinha crescido entre nós nunca tivesse tido importância alguma, pelo menos comparado ao que eles visivelmente tinham.

Entre uma ou outra conversa entre a família, pude ficar sabendo que ele vinha de NYC, seu nome, e que os dois tinham sido grandes amigos de infância, mas que, por algum motivo ainda desconhecido por mim, tinham se separado mais tarde, apesar de terem bastante química, hm.

Todos parecem amá-lo. Eles o bajulam e parecem fazer qualquer coisa para agradá-lo, como se ele mandasse ali até mais do que Zeus, o qual também o adora. Patético.

O único que pareceu um pouco distante desse idiota, para meu alívio, foi Apolo. Ele sorriu um pouco e o cumprimentou quando chegou, mas parecia existir um tipo de tensão entre eles.

Depois da “festa de boas-vindas”, Apolo veio em minha direção, quando ninguém mais estava prestando atenção, preocupados demais com o senhor certinho de Nova York.

- Ei, cara. – ele disse, socando de leve meu braço. – Não deve estar sendo fácil, não é?

Engoli em seco, transferindo o olhar do meu copo de uísque para meu amigo e depois voltando a olhar a bebida.

- O que esse sujeito tem de tão especial? Não parece possível alguém ser tão amado assim.

Ele se sentou ao meu lado no sofá, suspirando.

- Ele e Athena foram grandes amigos, inseparáveis. A família de Frederick era muito próxima da nossa também, mas...

Tomei um gole do líquido forte, que desceu queimando no meu interior.

- Mas o quê? – perguntei, rouco.

- Um dia... Bom, já faz tempo, mas eu nunca vou me esquecer. Eles deviam ter uns quinze anos; eram mais velhos do que eu, claro, mas mesmo assim... Eu vi quando ele tentou agarrá-la a força. Ele não queria só beijá-la, como também... Você sabe. Athena não queria. Eu podia ouvi-la chorar, suplicar, mas ele não queria saber. Eu consegui tirá-lo de cima dela, minha visão estava turva, eu nem pensava. Só sei que nunca bati tanto em alguém como naquele dia.

“Athena ainda o considerava um amigo querido, não sei como. Ela conseguiu me separar daquele idiota, mas vê-lo chorando também, suplicando como ela, foi o suficiente. Eu o expulsei de casa, disse que o queria longe. Foi o motivo de ele desaparecer, sabe? Mas ainda assim Athena ainda o amava como um irmão, ela pareceu esquecer o que aconteceu naquele dia, mas não contestou minha decisão. Ninguém nunca entendeu o motivo de ele ir embora; mas agora ele voltou e age como se nada tivesse acontecido. Isso me dá nos nervos, me faz reviver o pior dia da minha vida, quando vi minha irmã sendo maltratada por um canalha. Tive medo por ela, quando vocês se aproximaram, mas eu sei que você é diferente Poseidon.”

Fiquei embasbacado quando ouvi Apolo me contando tudo aquilo, era como se eu pudesse ver a cena em minha própria mente. Cheguei a pensar que era o efeito da bebida em meu amigo, mas não. Ele realmente estava dizendo a verdade, as lágrimas em seus olhos provavam isso.

O sentimento que me tomou foi o de ira, a vontade de ir lá e socar, chutar, até matar, aquele ser desprezível era muita, mas eu sabia que se fizesse isso, ele seria a vítima e eu seria expulso de casa novamente, pois aposto que até Athena iria ficar ao lado do amiguinho.

Fechei os olhos e me permiti imaginar a cena. O que eu podia fazer, no fim das contas? Se sem Frederick para encher minha paciência eu já a havia perdido, o que eu poderia fazer agora que ele tinha voltado? Frederick Chase, o senhor certinho, o melhor amigo, o irmão, o amigo de infância de Athena, o sujeito desprezível que todos amavam e bajulavam. Athena me esquecera para poder dedicar toda sua atenção ao verme de cabelos cor de areia. Ok.

- Apolo, eu vou embora.

Aquilo pareceu sobressaltá-lo, ele arregalou os olhos e parecia querer dizer algo, mas nada saia de sua boca entreaberta.

- Mas o quê...? Por quê? – ele engoliu em seco. – Poseidon, por favor. Você não tem para onde ir. E agora que Frederick... Pelo amor de Deus, não quero nem ver o que ele vai aprontar dessa vez.

Suspirei. Era verdade aquilo, sim. Mas inevitável.

- Apolo, me escuta. Eu teria feito a mesma coisa se fosse a minha irmã, mas você tem de perceber o que está bem embaixo do seu nariz. Agora nós estamos crescidos. Athena parece não querer nem se lembrar daquele dia, ela o trata como um rei. Toda a família o trata. Por bem ou por mal, eles vão acabar juntos, você sabe. Eu sei. Todos aqui sabem e parecem rezar para que isso aconteça. Principalmente Deméter.

- Deméter é um caso a parte, você sabe disso. – Apolo revirou os olhos. – Poseidon, sério, você não pode desistir agora! Você a ama, não é?

“...Você a ama, não é?...”

Era a primeira vez em que eu pensava claramente nessas palavras, e saber que Apolo chegou a essa conclusão antes de mim era estranho, mas certo.

- Uma semana foi o suficiente para você amá-la! Você não percebe? Não consegue ver? Vocês dois tem de ficar juntos!

Engoli em seco. Eu sabia. Sabia daquilo tudo. Mas como eu disse anteriormente, era inevitável o que estava para acontecer. Eu a amava, verdade. Eu amava mi luna. Mas e ela? Antes Athena parecia estar começando a sentir o mesmo, mas Frederick interviu nesse processo.

- Sim, Apolo, eu sei disso tudo, mas eu não tenho chance contra ele e sua família. – com pesar, eu encontrei os olhos tempestuosos da minha garota. – É hora de ir.

Apolo

Assim que Poseidon disse “...mas eu não tenho chance contra ele e sua família”, outra coisa apareceu em minha mente. É claro que ele estava se referindo ao fato de todos tratarem Frederick como futuro genro de Zeus, mas outro fator também contribuiria para isso.

Eu e Athena não iríamos conseguir enganar Zeus daquela maneira até o fim dos tempos e eu morria de medo do que poderia acontecer quando ele descobrisse quem era Poseidon, de fato.

O melhor a fazer – e eu falo isso com muita relutância – é deixar Poseidon ir. Assim, os únicos que serão punidos sou eu e também Athena, mas quando Athena estiver casada com Frederick, Zeus não irá se preocupar com ela, e eu poderia dar a vida pelo meu amigo, Poseidon.

Eu posso superar isso, de qualquer maneira.

Poseidon

- Se ela o ama e ele pode fazê-la feliz, eu prefiro ir embora e deixar que o tempo se encarregue das coisas.

Apolo assentiu.

- Você está certo, meu amigo, mas saiba que nunca deixarei Frederick maltratá-la novamente.

Sorri.

- Obrigado, Apolo, por tudo, mas acho que agora é a hora, não é?

Um sorriso fraco apareceu em seu rosto. Nós nos levantamos e nos abraçamos como dois irmãos fazem em tempos difíceis.

Quando eu estava indo em direção a escada, Frederick pareceu se materializar em minha frente, sorridente e grudado a Athena.

- Espere um pouquinho, eu conheço você. – ele arregalou os olhos. – É claro, seu nome é Poseidon! Não fomos apresentados antes, eu sou Frederick, mas você já deve estar sabendo. Cara, o nome de seu pai aparece muito nos jornais... Cronos, não é?

- Não, não, Fred, você deve estar se confundindo, esse é um amigo de Apolo e Athena que está passando uma temporada aqui em casa.

Pude ver Athena empalidecer. Apolo foi ao lado dela, puxando-a protetoramente para seu peito e a arrancando de Frederick.

Mas eu não sabia o que estava acontecendo. Teria algo a ver com o que Athena e Apolo estavam discutindo outro dia?

“...- Você sabe a opinião do nosso pai!

- Mas ele não precisa saber a verdade Apolo! Por favor...

- Athena, se ele descobrir...

- Descobrir o quê?...”

- Zeus, quantos “Poseidon” você conhece? Só um, o filho de Cronos, aquele cara rico e metido, e tal... Lembra? – Frederick parecia super feliz com a novidade.

- Athena, você colocou o filho daquele canalha dentro da minha própria casa?!

Os olhos azul-elétricos de Zeus pareciam ter escurecido de raiva e suas mãos tremiam. Que merda estava acontecendo?

- Pai... – ela começou. Apolo se afastou alguns passos, com Athena em seus braços.

- Pai é o caramba! Eu quero saber como isso aconteceu!

De repente, as peças pareceram se juntar. Zeus xingando meu pai e minha família, Athena e Apolo discutindo aquele dia, a reação de todos ao saberem disso, Frederick feliz da vida...

É claro, Zeus me odiava, odiava minha família, odiava a todos os ricos e metidos, apesar de eu nunca ter sido um deles. E o fato de Athena e Apolo me colocarem lá dentro, mesmo sendo perigoso, tinha sido a gota d’água. Frederick estava feliz porque sabia que a casa iria cair e eu seria expulso, mas eu estava adiantado nessa parte.

- Por favor, vocês podem se acalmar, ok? Eles só me ajudaram porque eu fui expulso de casa, porque não suportava mais aqueles nojentos que se acham os melhores só por terem dinheiro, mas não precisam se exaltar, porque eu estava justamente indo até o quarto para pegar minhas coisas e me mandar daqui.

Dizem que o silêncio pode ser, muitas vezes, a melhor ou a pior resposta.

Encarei o semblante furioso e ao mesmo tempo surpreso de Zeus, depois passei os olhos rapidamente por toda a família, que tinham expressões diversas (Deméter parecia triste, Hermes surpreso, Ártemis não sabia se sorria ou se chorava, Hera estava preocupada com o marido e os outros, mas também estava triste...), e Frederick que estava mais feliz ainda, mas um pouco decepcionado.

Deixando tudo aquilo que consegui construir em uma semana desmoronando, subi as escadas para pegar minhas coisas e nunca mais pisar no mesmo lugar daqueles que um dia eu pude chamar de família.


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Notas finais do capítulo

Acho que esse capítulo compensou um pouquinho minha ausência súbita, né? *0*