Serviteur Tentation escrita por Willian Picorelli


Capítulo 14
Capítulo 14 - Sentimentos




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/202543/chapter/14

O arrependimento sem fim. Não havia mais porque chorar, se as lágrimas já estavam congeladas. Haruna queria matar seu amado, e logo em seguida, se matar, os dois terminariam em um final trágico e clássico, mas o que ela sentia era mais do que um simples sentimento de posse, era amor. O ciúmes e a dor que sentia eram amenizados por essa forte paixão que ressonava em seu peito, fazendo com que a garota soltasse a faca antes de atingir o peito de Keiichi, se jogando em seus braços, ela caía em prantos:

- Eu não consigo...Keiichi, eu juro que não consigo ficar sem você, eu só queria viver ao seu lado como antes, todos os dias, pra sempre! – Os olhos da garota eram preenchidos por tristeza, o coração de Keiichi se apertava, amava a garota como uma irmã, ela foi uma das únicas pessoas que o apoiaram e ficaram do seu lado em toda sua vida, não poderia apenas abandoná-la e vê-la dessa maneira, mas não sabia o que fazer para deixa-la melhor, alguém teria que sair magoado, são as leis da vida, enquanto uns ganham, outros perdem, mesmo que injustamente, o mundo é uma selva repleta de escolhas.

Olhando para os olhos de sua amiga, o garoto colocava uma de suas mãos sobre sua face corada, e tentando acalmá-la, a abraçava fortemente:

- Mas eu não estarei sempre com você? Não deixarei pessoas preciosas para trás, nunca. – Em um ato de impulso, Haruna o segurava pela gola da camisa e mesmo que sendo pela última vez, ela o beijava. Keiichi, apesar de tentar evitar, deixava que isso acontecesse como último desejo de sua amiga, mas após afastar sua boca dos lábios da menina, ele sentia que alguém os estava observando por trás. Virando sua cabeça lentamente, Keiichi vê a silhueta de Anna, em choque, parada na chuva, totalmente desapontada.

- Anna esper-- - Antes que pudesse chamar pela empregada, esta já saía correndo sem olhar para trás. Haruna se jogava sentada no chão, se conformando com sua derrota, e com a situação atual, sabia que ficar calada era a melhor opção, mas antes, ela encorajava seu amado para correr atrás do que lhe pertence:

- Vá, Keiichi, vá e faça ela feliz, ela é uma boa pessoa apesar de ser misteriosa e um pouco atirada, eu vejo em vocês um ótimo casal, não a machuque nunca certo? – Com um sorriso estampado em seu rosto, Haruna encorajava Keiichi para ele seguir em frente, e com um gesto de agradecimento, o rapaz virava suas costas e corria até sua empregada. Haruna já sabia que dali, não tinha mais volta, porém, pensava remotamente em possibilidades paralelas, talvez os dois não tivessem futuro mesmo, com a cena que Anna havia visto, talvez as coisas poderiam mudar, era essa esperança que fazia Haruna não ser derrotada.

Keiichi corria arduamente atrás de Anna, sabia que a garota era bem mais rápida que ele, mas mesmo assim usava todas as suas forças para alcança-la, a chuva forte cobria o corpo dos dois, Anna parecia cambalear, meio ás ruas de uma pequena cidade de Okinawa, Keiichi gritava por seu nome desesperado:

- ANNA, POR FAVOR ME ESPERE! – Seus gritos eram apenas ruídos meio ao barulho da tempestade, o vento não o deixava enxergar direito, mas via que a maid havia parado de correr. Ela estava imóvel enquanto as rajadas de vento balançavam seu ruivo cabelo e as luzes dos postes iluminavam sua pele branca molhada. Keiichi sorria, mas antes de se aproximar, um homem, trajado com um terno bem refinado, de aparência importante e com várias joias em seus dedos, acompanhado de vários seguranças, com um deles, segurando um guarda-chuva para o suposto chefe, aparecia na frente de Anna, colocava uma de suas mãos em um dos ombros da garota e a cumprimentava:

- Quanto tempo, Anna-Chan. Vejo que você decaiu bastante, hein? Me pergunto o que faz correndo no meio dessa tempestade apenas de biquine com aquele moleque atrás de você? Por acaso ele é um maníaco querendo lhe molestar? Bem, isso é normal, se tratando de uma mulher tão cobiçada como você. Mas não tem mais nada o que temer, minha limusine está a poucos metros daqui, pode me agradecer mais tarde ok? – O rapaz parecia já conhecer Anna, a mulher se mantinha calada, assustada e deprimida, Keiichi não sabia o que estava acontecendo mas se irritava profundamente com as palavras do rapaz:

- Quem é você babaca? Não pense que vai poder levar a empregada dos outros pra onde quiser, caía fora! – O rapaz se aproximava sem temer os vários seguranças que acompanhavam o homem, mas o seu maior medo, era lidar com Anna.

O homem começava a gargalhar ironicamente, o que era tão engraçado, perguntava Keiichi, mas logo, este primeiro balançava sua cabeça negativamente com pena do garoto:

- Sério mesmo, garoto? Você é o novo mestre de Anna? Francamente ruiva, não esperava isso de você, depois que me deixou, pensei que poderia servir o presidente ou algum ministro, mas esse merdinha? Tem algum motivo obscuro por trás disso, né? Assim eu espero. – Keiichi, ao ouvir a palavra ‘depois que me deixou’, tinha seu corpo tomado por pontadas fortes, começava a tremer enquanto seu coração disparava, com a voz trêmula, tentava perguntar o que já imaginava:

- O que... você é dela exatamente? – Com um olhar repugnante e de desprezo, o homem agarrava Anna pela cintura, e puxando-a contra seu corpo, a acolhia, e respondia o garoto devidamente:

- Anna não falou de mim? Ora ora, que falta de consideração com a pessoa que foi seu amado mestre por um ano, e devo dizer que a pessoa que ensinou tudo pra ela, se ela aproveitou a vida, foi comigo. Bem, eu lamento mas a chuva está ficando forte, não posso deixar minha empregada pegar um resfriado, então, sua tarefa termina aqui rapazinho, vá tomar seu chocolate quente e jogar vídeo-game, a partir de agora, eu assumo essa máquina. – O homem apertava o bumbum de Anna enquanto olhava para Keiichi, a mulher, por sua vez, deixava lágrimas cair sem olhar para o rosto do rapaz, apenas acompanhava seu ex-mestre sem dizer nada.

- ANNA, O QUE FOI? ELE TÁ TE AMEAÇANDO? SOLTA A ANNA PORRA! – Keiichi corria em direção aos dois, o homem, deixando Anna com um dos seus seguranças, também ia em direção de Keiichi, e dando um forte soco no rosto do garoto que caía jogado na lama, o repreendia:

- Some daqui seu lixo! Não vê que Anna não quer mais você? Ela nunca quis, eu sempre fui e sempre serei seu amado mestre, ela nunca fará pra você as coisas que fez pra mim! – O garoto não aceitava isso, se levantava, e ao tentar golpear o homem, mais uma vez era jogado no chão. Keiichi era espancado enquanto tentava trazer Anna de volta:

- E-eu...não vou aceitar isso nunca.. – O homem em questão se tratava de Rudolf Virgiria XV, diplomata inglês, dono de uma das maiores redes siderúrgicas do seu país, e também, ex-mestre de Anna. No passado, enquanto Anna recebia treinamento de Maria na Europa, as duas mulheres foram resignadas para um pequeno estágio na mansão Virgiria, onde lá, conheceram Rudolf. Ele era rude e arrogante, tratava as empregadas como cachorras, mas aquilo era necessário para que Anna seguisse em frente com seu treinamento. Ela teve que aguentar durante um ano os insultos e abusos do rapaz, estava quase conformada em viver como um fantoche dele, por total poder que ele demonstrava, apesar da diferença de força, a empregada jamais ia contra ele, pois sabia que se fizesse isso, nunca chegaria até Keiichi. Agora, Anna estava com medo, novamente encontrando o homem que tornou sua vida em um pesadelo, e vendo Keiichi mais uma vez com outra garota, ela se enfraquecia, e na situação atual, dizia palavras que acabavam com o mundo de Keiichi:

- Já chega, Rudolf-Sama. Não precisa mais disso eu vou com você, eu... nunca devia ter saído do seu lado, agora solte ele, por favor. – Anna tentava não chorar enquanto dizia tais palavras, seu coração estava partido, mais uma vez, mas tinha consciência que suas palavras partiriam mais ainda o coração de seu amado. Keiichi, todo ensanguentado, misturado com a chuva salgada que caía e coberto por barro, não conseguia mais se levantar, apenas olhava para a ruiva estendendo uma das mãos. Rudolf se afastava enquanto cuspia no rapaz, ele, junto de Anna, deixava o garoto ali, desamparado e com seus sonhos destruídos. Enquanto fechava seus olhos esperando que a morte chegasse, só pensava em voltar no tempo e ter fugido com Anna assim que ela chegou até sua mansão.

Dias Atrás

- Então, você descobriu mais alguma coisa? Já estou cansada de esperar. – Em um pequeno bar em um dos becos de um bairro distante da mansão Otanawa, Sasami, sentada em um banco, conversava com um homem encapuzado e que parecia extremamente suspeito. O rapaz, após ser questionado pela menina, a entregava um pequeno papel, Sasami o abria, e esboçava um grande sorriso:

- Vejo que foi de certa utilidade, bem, agora você está livre, não vou te denunciar nem nada do tipo, faça o que quiser. – O homem apenas agradecia a garota, pagando sua bebida, ele se retirava do estabelecimento. Sasami olhava mais uma vez para o papel, e nele estava o telefone de Rudolf  Virgiria.

No dia do conflito entre os Otanawa e os Koshikawa, assim que Sasami chegou até a mansão, ela se deparou com um inimigo ferido, quase morrendo, ela então, como sendo filha do chefe da família, ordenou para que um dos empregados de Otanawa pegasse esse homem e o levasse até um local afastado, e lá, o deixassem preso. Após Sasami ver que seu irmão estava bem, horas depois de voltarem para a mansão, ela, junto de Omato, um dos homens de seu pai, iam até o local onde o subordinado dos Koshikawa estava. Sasami fez com que ele dissesse tudo que sabe sobre Anna, sendo um dos homens de Maria, ele deveria ter algumas informações. E ela estava certa. Sasami soube que Anna no passado havia servido para um poderoso burguês inglês, e com isso, já começava a bolar seus planos para ter seu irmão definitivamente. Foi ela também que fez com que Haruna pegasse o palito maior para ir com Keiichi comprar carvão, ela sabia dos sentimentos da amiga de infância do garoto, e vendo a atitude desesperada que Haruna demonstrava durante o dia na praia, ela sabia que, os dois, estando sozinhos, não seria boa coisa. Quando começou a chover, Sasami pediu para que Anna fosse procurar por Keiichi, e pela sorte de Sasami, Anna encontrou o rapaz em um depósito com Haruna se abrigando da chuva. Ela ouviu toda a conversa dos dois, e também presenciou o beijo que Keiichi não evitou. Mesmo sabendo dos sentimentos de Keiichi, Anna ainda ficara enciumada, corria para tentar fazer certo drama, mas não esperava encontrar Rudolf por ali. O homem foi chamado no mesmo instante por Sasami, que estava observando Anna e seu irmão. Ela planejou tudo de antemão, e agora, seu caminho estava livre.

Três dias se passaram. Keiichi não havia saído de seu quarto ainda. Anna não dava nenhum sinal, Haruna trocava algumas sms’s com o garoto, mas ele não dizia o que havia acontecido. Lenon junto de Sasami acharam o rapaz caído, todo esfolado no chão. O empregado tentava saber mas Keiichi se recusava a dizer quaisquer palavras. Todos da mansão tentavam contatar Anna, mas não havia mais sinais dela pela cidade.

Anna estava no quarto de Rudolf se lamentando por tudo, tinha medo do rapaz, trauma de tudo que havia passado, e também, estava indecisa com Keiichi. Depois de tê-lo visto com Sasami e Haruna, não sabia o que ele realmente sentia, mas antes de partir, queria pela última vez, ter certeza de tudo.Rudolf iria voltar para a Inglaterra, e pretendia levar Anna. Com a ligação que recebeu de Sasami dias atrás, o homem foi de imediato para o Japão. Era nascido em Tóquio, mas se mudou para Inglaterra junto de seu pai aos 12 anos.

Era noite, Anna estava deitada em um dos quartos do hotel onde Rudolf estava hospedado, daqui dois dias, ele pretendia partir e levar a garota consigo. Assim que os dois chegaram no hotel, ele a espancou brutalmente por tê-lo deixado a 2 anos, Anna havia cumprido o contrato, conseguiu aguentar 1 ano inteiro junto de Rudolf, e assim, ela já estava pronta para ir até Keiichi, mesmo com a não aprovação do homem. Ele pretendia não deixar mais Anna sair do seu lado, por isso, colocava vários seguranças ao redor do hotel para que ela não pensasse em fugir. Mas isso era piada para Anna, sem usar arma alguma, ela nocauteava todos os seguranças em poucos segundos. Trajando uma roupa casual, ela mandava uma mensagem para Keiichi:

- “Me espere no parque de diversões no fim da rua Yakiniya ás 23:00 – Anna”. – Keiichi recebia a mensagem, e como não tinha nada a perder, se trocava, e ia de encontro á Anna. Seria o encontro decisivo entre os dois.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Serviteur Tentation" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.