Serviteur Tentation escrita por Willian Picorelli


Capítulo 13
Capítulo 13 - Neve Flamejante




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Apagando tudo. Apagando tudo sem ressentimentos. É claro que isso é uma mentira. Ninguém pode simplesmente esquecer fragmentos do passado sem o mínimo de arrependimento que seja, quando eu optei por deixar tudo de lado, eu pensei que estaria me libertando para uma nova vida, mas estava claramente errada, eu apenas estava me engaiolando em uma vida amargurada por memória. Não queria ter mais aqueles sonhos e acordar apertando fortemente meu travesseiro, ficar molhada em certas ocasiões onde é difícil controlar meus pensamentos, e que pensamentos mais impróprios, tudo devia ser uma amizade divertida e passageira, em teoria, mas nunca queremos que as linhas continuem retas e com o mesmo contexto, havia por sinal, vestígios que ainda poderiam traçar uma rota até o passado, e só a mim, caberia a missão de abri-la.

Era novembro, a neve estava caindo sem piedade, mas mesmo assim, eu não podia sentir o frio, naquele ano, não podia sentir nada a não ser o melhor sentimento que já senti na vida, era uma paixão tão ardente que eu viveria para sempre naquela época, assim como a Gasai Yuno, estaria disposta a matar e morrer para continuar com aquela felicidade instantânea. Quando eu tomei o meu primeiro fora e meu coração foi despedaçado em mil pedaços, pensei que estava indo para o lugar onde todas as outras tendiam á ir logo após isso acontecer, era o que eu pretendia, meu orgulho e meus sentimentos pareciam ter sido deletados para o submundo, até que das profundezas dos rios do purgatório, ele com seu pequeno barco com velas azuis chegou para devolver áquilo.

- Não precisa se esconder, o mundo é tão grande que mesmo que se jogue na escuridão, alguém vai conseguir te achar.

Apenas essas frações de segundos foram suficientes para o meu despertar, eu conseguia enxergar pequenas chamas envergarem meu coração, não esperava, jamais esperaria alguém tão forte o bastante para quebrar todas as correntes que me prendiam, mas Keiichi parecia não ser alguém, ele era algo mais, sempre foi. Desde ‘pequenos ‘vivíamos juntos e compartilhamos nossos problemas, dores, alegrias, mesmo que tudo fosse tão artificial, era ao lado dele que gostaria de estar, por mais que nossa amizade fosse como a de dois irmãos. Ao ver seu sorriso logo meu corpo se arrepiava, parecia surrealismo demais ou algum tipo de feitiço, não acreditava que depois de tudo que passei, eu poderia voltar a sentir algo ainda mais forte. Depois de 5 anos de amizade eu fui criar uma intensa paixão por esse garoto, e no sexto ano, foi quando tudo aconteceu.

Apenas conseguia me ver sentada olhando para as estrelas perdida em lágrimas, mas eram lágrimas de alegria, de uma reencarnação. Minutos atrás, Keiichi havia me encontrado em um banco de uma praça enquanto a minha dor pulsava pelas veias, o vento mal fazia barulho e as luzes começavam a se apagar, mas ele se sentou ao meu lado e ali, durante horas, conversamos de maneira como nunca havíamos falado antes, de todos esses anos de amizade, foi um papo totalmente profundo e sentimental, ele havia mostrado seu lado ‘humano’ sem o mínimo de êxito, o ar estava se tornando mais leve, a neve mal conseguia me tocar, segurando minha mão, ele me levou até sua casa, lá, como nos velhos tempos, jogamos vídeo-game, comemos pocky e falamos mal das garotas vulgares da nossa classe, eu até havia me esquecido o porque estava rumando para a trilha das lamentações, eu sempre havia o amado, desde o momento em que ele ofereceu seu lanche pra mim na quarta-série, de lá para cá, andamos sempre juntos no intervalo, por mais que ele fosse sozinho e bullynado pelos outros estudantes, na saída sempre íamos juntos até o mar, e lá, gritávamos desesperadamente enquanto deixamos nossos problemas se fundirem com as ondas e serem levados em direção ao infinito, as pessoas poderiam nos taxar de loucos, mas eu realmente era e ainda sou louca por ele. Era a única amiga, tirando a irmã dele, no qual ele poderia contar tudo, se abrir e segurar fortemente. Me sentia especial, alguém a mais no mundo que tinha um pequeno brilho capaz de iluminar a vida de alguém, não me importava pelo fato dele ser um Otanawa, estava disposta a enfrentar tudo para ficar ao seu lado. Naquela noite, quando estávamos sozinhos em seu aconchegante quarto, meu coração quase saltava do meu peito, tirado de anotações do meu diário, meus planos estavam se modelando em pedra, queria que fosse em um ruby tão duro como chumbo e diamante, era o melhor inverno do mundo. Sem agüentar, me joguei em seus braços, coloquei todos os meus sentimentos naquela roleta e girei contando com a sorte. Os dados apenas continuavam a procurar suas melhores casas, meu olhar seguia em seu rosto, nós dois nos beijamos, mas não era um simples beijo, ele demorou alguns minutos, minutos o bastante para já estar na cama em cima dele, meus olhos não queriam se perder em ilusões mais uma vez, mas por mais que tudo fosse um sonho queria aproveitar o máximo possível desse delicioso calor. Trocamos palavras de amor e soltamos toda vontade contida durante anos em nos pegar, ele tocava meu corpo com brutalidade, mas eu amava isso, ele demonstrava toda sua paixão, seus desejos carnais por mim, chupava meus peitos feito um animal que não poderia esperar para saborear sua presa, era dominada e colocada em uma coleira na qual eu não queria mais sair, eu sentia seu enorme membro me penetrar impiedosamente, ele socava tão fundo que eu mal podia respirar, me segurava pelos ombros enquanto fazia meu corpo se impulsionar para frente, soltava gemidos altos e se entregava de corpo e alma, quando ele regaçava minha boceta eu só pensava em querer mais, queria ele me arrebentando, eu o amava tanto, Keiichi, apenas seu nome era importante, minha vida era definida em passar os dias ao seu lado, quando ele me pegava de ladinho e metia com toda sua força meu corpo se contorcia e a vontade de gozar aumentava, queria esse prazer todos os dias, por mais que nossa amizade fosse um laço inquebrável, queria criar marcas impenetráveis em seu coração. Minhas unhas arranhavam todo seu peitoral quando ele me afundava na cama e socava seu pau bem fundo em mim, segurava meus peitos enquanto eu abria mais ainda minhas pernas, era tão gostoso, a noite podia equivaler-se por mil anos, não estávamos na Odisséia mas a neve que se transformava em areia fazia a janela ficar embaçada com o calor que nossos corpos emitiam, o meu suor caía sobre sua cama a cada estacada sua, minha vagina já estava estourada, mas nada me faria parar aquela noite. Até que o destino me fez lembrar do que citei anteriormente, que tudo, assim como a neve, se dissolvia como uma paixão, por mais que as chamas atingissem o céu, ele nunca iria se queimar.

Nossa amizade podia ser colorida, mas por mais que a neve fosse tão gelada, jamais poderia penetrar aquele sentimento, havia tudo para dar certo, se não fosse essa brincadeira do destino a me disparar flechas com veneno. O doce veneno de uma visão no espelho, queria entrar junto de Alice naquele mundo, mas não podia mais me encontrar, minha eu do passado segurava a mão de Keiichi enquanto andávamos no shopping sorrindo um para o outro. Foram vários dias recheados com os melhores sabores de uma trufa. Durante 5 meses fomos um casal, e eu, fui a pessoa mais feliz no mundo. Nunca mais iria encontrar um rapaz que me tratasse tão bem como ele, com tanto carinho e disposição, talvez nada tivesse mudado desde nossa infância, ainda éramos melhores amigos e gritávamos na beira do mar, as estrelas de verão apareciam enquanto minha cabeça era acariciada por suas mãos. Naquele mesmo banco que abri uma poça de mágoas, eu sonhava em ter um futuro promissor com meu amor, por mais que tudo fosse uma peça da vida, a encenação final não chegaria para mim.

Apenas uma paixão. Ambos sabíamos que era isso tudo misturado com amor e carinho de dois amigos que ficavam grudados. Passava meus dias preparando obentous para ele, sua comida favorita não existia, ele dizia que adorava comer o que eu fazia, nunca ninguém havia me elogiado tanto, até o dia em que tudo se encaixou, onde sempre deveria estar.

Não era apenas um simples sonho. Era um sonho que queríamos sonhar. Keiichi realmente me amava, mas era um amor fraternal, assim como sentia por Sasami, ele queria cuidar de mim e me proteger, eu sempre soube disso, pois aquela mulher ainda fazia parte de suas esperanças. Ele ainda acreditava que um dia ela chegaria e os dois poderiam se abraçar mais uma vez, era o que ele me dizia, eu sabia que um dia isso iria acabar, mas mesmo assim aproveitei até o último segundo essa brincadeira do destino. Ele foi tão gentil naquele dia que eu mal pude chorar, por mais que estivesse morrendo por dentro, ao saber que tinha um amigo como ele, eu era a pessoa mais feliz do mundo, a água iluminada pelo luar refletia sobre nossas peles, eu disse que iria acompanhá-lo até os confins da terra e as profundezas do espaço, mas eu menti. Meu coração ainda é e sempre será dele, por mais que ele havia escolhido Anna, eu ainda seguia sua sombra, na esperança de um dia, os 5 meses que passamos juntos pudessem voltar, mas logo que eu soube...o barco de Hades se afundou, naquele rio vertinoso, eu parti para um lugar sem volta, sabia que os dois iriam ficar juntos, então só havia uma maneira de acompanhá-lo até as estrelas. Nosso amor era prometido junto com o seu brilho, era isso que ele me dizia.

Dias Atuais

- Keiichi, me perdoe por chorar. – Haruna, enquanto olhava a chuva forte cair na parte de fora e formar grandes enxurradas, apenas sorria se lembrando do seu tempo com o garoto, aquele vento refrescante trazia uma enorme nostalgia que invadia seu peito e a fazia chorar, estava satisfeita com tudo.

O rapaz, sem entender direito, mas no fundo, já sabendo de tudo, de todos os seus erros e arrependimentos, se sentava no chão derrotado.

- Haruna-Chan... Eu sei que tudo aquilo foi um engano, mas ainda estamos aqui, não é mesmo? Por mais que os dias se amontoem em pedaços de pedras mal esculpidas, podemos seguir juntos não é? – Keiichi se arrependia por um dia, sem querer, tê-la iludido, mas ainda assim queria aquela amiga sempre ao seu lado para poder passar seus dias juntos e compartilhar os mesmos sorrisos, dores e angústias que sempre fizeram. Juntos não era a palavra que mais agradava Haruna.

- Você quer ir com Anna, não é? Estou feliz por você Kei-Chan, a vida foi ruim com você mas no final lhe recompensou, eu também sou uma pessoa grata por tudo que me fez, é claro que eu nunca pude te deixar, por mais que eu soubesse que um dia você e ela iriam se casar, eu sempre estive te apoiando como eu prometi... – Haruna parecia chorar com mais intensidade, seus olhos ficavam quase inundados por lágrimas, ela queria poder voltar, mas nada pode segurar um coração preso a um sentimento chamado amor.

- Eu amo Anna, mais do que tudo na minha vida, quero viver para sempre com ela, mas também quero viver ao seu lado, ao lado de Sasami, Lenon, do meu pai, quero poder estar junto de todos vocês, podemos juntos fazer a neve ficar quente, como antes, não? – Keiichi sorria sem se arrepender de nada, era sincero com a garota, sempre foi, nunca mentiu para ela em momento algum, no momento em que estavam juntos, ele a dizia que a amava, mas que nunca havia esquecido Anna, era essa sinceridade que fazia Haruna perceber que ele realmente a amava.

- Você poderia não me amar mais então, Keiichi? – O rapaz não entendia ao certo as palavras da menina, mas se levantava, e antes que pudesse chegar até ela, era supreendido.

- Você poderia apenas então me deixar cair na escuridão? Eu sei... sei que você nunca vai deixar isso acontecer, então não me culpe, Kei-Chan... Obrigado por tudo. Eu te amo. – Haruna se virava com uma faca na mão e fazia um movimento para apunhalar Keiichi. O passado os levaram novamente para aquele oceano que os guiava até o infinito.


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