:: Capítulo 1: Segunda-feira ::

Escrito por: Wenky (Andréia)

Domingo – 22:00 horas – Apartamento de Lucy

De fato tudo começou na Segunda-feira, calculando melhor na madrugada de Segunda-feira. Só que no Domingo à noite Natsu de fato se instalou no apartamento de Lucy, e no exato momento a mesma já pôde prever o caos de sua chegada. Carregava em uma mala com seus pertences e se encontrava junto de Happy que já tinha deixado algumas coisas por lá assim que ficara sabendo de que iriam morar com a loira por uma semana. E o mais incrível de toda situação era que para ela parecia que estava definitivamente perdida, mas ambos, Natsu e Happy, adoravam seu apartamento e estavam de certa forma satisfeitos. Ainda que Natsu não engolisse a ideia de perder uma aposta com Gray.

Lucy deu um suspiro pesaroso ao se deparar com Natsu já entrando por sua janela.

— Não seria mais fácil utilizar a porta? – indagou o de sempre.

Por que sempre utilizar a janela? Natsu possuía essa mania sempre que entrava ou saía de seu apartamento, e essa era apenas uma delas. Ainda tinha a segunda mania que era mais irritante ainda: sempre ir em direção a sua cama. Natsu adorava a sua cama! E sempre deitava nela suado.

— Natsuuu! – sua voz ecoou dizendo o nome dele. – Nem pense nisso! – declarou. – Não vá deitar aí, não vai mesmo! – sua voz estava mais alta.

Natsu fez um olhar choroso.

— Antes tome um banho! – declarou.

O garoto se direcionou ao banheiro até que a voz dela voltou novamente.

— Ah! E a cama é minha, você não pode dormir nela. – disse com autoridade.

Só que o garoto sequer ouviu e já tinha ido para o banheiro. Era claro! Ele também gostava muito de sua banheira. Ele sequer terminou de ouvir as ordens que Lucy estava impondo sobre o que poderia e o que não poderia fazer. E enquanto ela falava pôde ouvir um barulho em seu banheiro.

Mas aquilo era mesmo um banho?

Natsu estaria tomando banho ou o destruindo o banheiro?

Estremeceu ao pensar. Talvez ela nem quisesse ver o estado que o cômodo ficaria assim que ele o deixasse. Aquilo não poderia ser sério, conviver durante uma semana com Natsu não poderia ser sério!

Enquanto seus pensamentos rolavam imaginando o caos que ele provocaria, e o caos já estava sendo provocado, outro barulho veio do banheiro. E então Lucy correu até lá colocando a boca próxima da porta.

— Natsu! O que está acontecendo aí?

— Nada, nada. – ele respondeu.

— Acho que ele quebrou algo. – Happy palpitou.

— Não diga...

— Talvez ele tenha alagado o banheiro. – continuou com os palpites.

E em meio a conversa dos dois Natsu abriu a porta. Tinha um sorriso no rosto. Parecia nervoso.

— Está tudo certo! – Natsu exclamou ao sair do banheiro com uma toalha nos ombros.

Os olhos de Lucy se arregalaram.

— Acho que eu acertei no palpite. – Happy murmurou.

Uma expressão assustada se fez no rosto de Lucy.

— N-n-atsu... – ela começou gaguejando. – O-o que você fez com minha banheira? – sua voz saiu mais alta. – Como você conseguiu quebrar ela e alagar o banheiro todo? Como? Era apenas um banho! – agora as palavras saíam rápido, quase que desesperadas e ao mesmo tempo incrédulas.

Natsu a olhou.

Estava sorrindo.

Como ele podia fazer isso e sorrir? Ele não entendia que aquele tipo de destruição era quase que irreal? Como que ele poderia destruir seu banheiro? Como ele poderia destruir coisas com tanta facilidade?

— Natsu faz alguma coisa! – Lucy declarou.

Happy começou a rir.

— Cala boca, gato!

O mesmo parou de rir no exato instante.

— Natsu, acho que você já começou irritando a Lucy. – Happy comentou.

— Fiquem quietos e deem um jeito nisso! – Lucy declarou. – Ou se não... MEU APARTAMENTO VAI FICAR TODO INUNDADO! – ela estava quase chorando.

Os dois ergueram a sobrancelha.

— Vocês não vão fazer nada? – ela perguntou séria. Era quase uma ordem.

— Érr que... O que vamos fazer? – Natsu indagou.

— Sequem isso tudo antes que a água escorra e molhe mais! – declarou.

— E você? Vai fazer o quê? – perguntou entediado.

— Natsu...- algo lhe subiu na testa - Por acaso fui eu quem quebrou a banheira? Eu ainda tenho que pensar em como irei tomar banho! – exclamou séria e bufando.

— Vamos trabalhar sozinhos? É isso mesmo?

Algo subiu na testa de Lucy, algo lhe encheu de raiva.

— Andem! – e deu um forte chute no rosto de Natsu já irritada. – Façam isso logo! – e ambos, tanto Natsu quando Happy poderiam definir sua expressão como quase diabólica. Seriamente medonha.

— E-ela está com uma expressão tão assustadora quanto a Erza! – Natsu declarou pegando um pano qualquer e indo em direção ao banheiro correndo, ainda com a marca da sola do sapato de Lucy em seu rosto.

— Humpf! – Lucy bufou se sentando em sua cama.

Segunda-feira – 00:30 – Apartamento de Lucy

— Uahh. – Natsu bocejou. – Tudo pronto, Lucy. – declarou.

— Me sinto cansado... – Happy comentou também bocejando.

— Agora eu vou tentar tomar algum banho. – Lucy declarou indo em direção ao banheiro. – Não destruam mais nada. – ordenou séria, expressão diabólica se formando em seu rosto.

— Pode deixar! Pode deixar! – Natsu e Happy afirmaram rapidamente.

Talvez aquele fosse o banho mais desconfortável que já tivera na vida, ao menos o banheiro estava seco, mas a banheira ainda tinha uma de suas partes quebradas o que complicava tudo. Mas de fato, tudo que vinha em sua mente era que aquele era apenas um começo.

Era apenas um pequeno começo de uma semana inteira convivendo com Natsu Dragneel. Ela só conseguia pensar se ia sobreviver, afinal de contas, não havia nada que ele fizesse com tanta facilidade que não fosse destruir. Ele destruía tanto por querer quanto sem querer.

Depois de um tempo, saiu do banho tentando ao máximo evitar que a banheira molhasse, e a parte em que ela havia molhado, perdeu boa parte do seu tempo secando-a. Quando por fim tinha o serviço totalmente feito, saiu do banheiro e parecia que tudo que queria era um bom sono, tudo que precisava era de sua cama. E tudo poderia estar acabado, ela poderia finalmente descansar e... Em questão de segundos se encontrava boquiaberta.

— Natsuuuuu! – sua voz saiu alta. – Eu disse que você não poderia dormir aí! – declarou raivosa.

Nenhuma resposta.

— Natsu? Natsu?

Sem resposta também.

De fato, Natsu Dragneel não dormia. Ele simplesmente apagava, saía de órbita ou coisa assim.

— Natsuu?

Sem resposta de novo.

E como ela faria para dormir?

Como que ele tomava sua cama assim?

Kuso! De qualquer maneira ela teria de arrumar um jeito, e além de tudo ainda tinha Happy adormecido na cabeça de Natsu. Os dois haviam se apossado completamente de sua cama. De fato, havia apenas uma solução. Já que seus gritos eram tão inúteis quanto um sussurro, ela teria de: arrumar algum espaço em sua cama. Qualquer mínimo espaço que fosse, e tinha de ser logo antes que o dia amanhecesse e ela ainda estivesse ali procurando algum canto para dormir.

Começou tentando empurrar Natsu para o lado com uma boa quantidade de força, talvez ele acordasse e ela pudesse o tirar dali, mas não deu muito efeito e acaba que levou um bom tempo para conseguir um mínimo espaço em sua cama, onde Natsu se encontrava esparramado.

Deu um suspiro pesaroso se deitando no pequeno espaço que conseguira, apertou as pupilas para ver se algum tipo de sono vinha e não demorou muito tempo para que começasse a ouvir os roncos de Natsu ecoando pelo cômodo e bem próximo dela.

Aquilo era brincadeira! Só poderia ser.

Essa ideia de aposta não poderia ser séria, aquilo não poderia durar uma semana!

Segunda-feira – 8:30 a.m – Apartamento de Lucy

— Ohayouuuu! – a voz de Natsu ecoou.

Assim que levantou a cabeça algo doeu, seu corpo inteiro doeu. Tudo ao mesmo tempo girou. E quando deu por si estava tudo escuro em cima dela, e também havia alguma poeira e...

— Lucy? – Happy a chamou. – Por que você decidiu dormir debaixo da cama?

— Nani?!

Deu um suspiro pesaroso.

Já era de se imaginar que ela poderia cair da cama, já era de se esperar que tivesse dores de cabeça, já era de se esperar que não tivesse uma noite agradável. Mas que diabos ela estava fazendo debaixo da cama? Como fora parar ali?

Saiu do local vagarosamente e então decidiu se ajeitar. Todo seu cabelo estava seriamente emaranhado e sua roupa não poderia estar mais amarrotada. Por vezes parecia difícil pensar que aquele era o primeiro dia, apenas o primeiro dia e tudo que ela queria era que fosse o último. Assim como parecia que já estava nisso há muito mais de uma semana, isso por julgar pela enorme dor de cabeça que apenas aquela noite lhe rendera.

E ainda tinha muito mais.

— Lucy? – a voz de Natsu a chamou da cozinha.

Assim que apareceu no cômodo se deparou com Natsu e Happy já sentados na mesa e com sorrisos ansiosos em seus rostos.

— E então? O que vai ter para o café da manhã? – Happy indagou.

— Estamos famintos, Lucy! Acho que a sua dispensa anda meio vazia e...

— Eu não posso acreditar nisso. – Lucy murmurou. – Eu estou perdida. Perdida!

— Tem peixe? – Happy indagou.

— Tem algo melhor do que esse pão? – Natsu perguntou apontando para o pão em cima da mesa.

Os olhos de Lucy se voltaram para eles.

Olhar diabólico.

Um silêncio se fez.

— A-acho que esse pão está realmente bom. – Natsu comentou. – Hehehehe.

— Aye!

Segunda-feira – 12:00 – Guilda Fairy Tail

— Lucy-chan! – a garota de cabelos azuis e roupas laranja lhe chamou a atenção assim que chegou na guilda.

— Yo, Levy-chan! – a loira a cumprimentou com um sorriso se aproximando da garota.

— Andam fazendo uns comentários por aí. – sussurrou em seu ouvido.

— Q-Que tipo de comentários? Sobre mim? – indagou com uma sobrancelha levantada.

Levy assentiu com a cabeça.

— Andam dizendo que você está morando junto com o Natsu. Vocês estão tendo algum tipo de relacionamento? Lucy-chan! Conte-me detalhes! – sorriu animada.

Os olhos de Lucy se arregalaram na mesma hora.

Relacionamento?

Então quer dizer que estavam tendo a ideia de que ela estava junto de Natsu?

— Q-Quer dizer... Estão pensando que estamos namorando? – a início Lucy corou com a pergunta de Levy, e antes de falar algo sentiu sua língua enrolar e depois pronunciou as palavras vagarosamente.

— Sim. Todos da guilda estão comentando.

Algo a atingiu: vergonha.

Sentiu um rubor enorme lhe cobrir a face.

— Não! Não! Não! – sua voz saiu alta e histérica entonando os nãos pronunciados. – É claro que não!

Uma sobrancelha de Levy levantou.

— Então me conte essa história direito. – pediu. – Aliás, a todo mundo, Lucy-chan.

E não demorou muito para praticamente todos da guilda se colocarem ao redor dela curiosos e falando ao mesmo tempo. Todos queriam saber a mesma coisa: sobre ela e Natsu. E todos falavam ao mesmo tempo, lhe faziam mil perguntas.

Em meio ao rubor que a situação lhe rendia e as perguntas que lhe faziam, assim como todo aquele embaraço Lucy sentiu vontade de sair correndo, se ao menos não estivesse cercada...

— Lucy, quando isso começou? – um deles perguntou.

— Será que eu tenho chance também com o Gray-sama? – Juvia suspirava pensando sobre o assunto.

— Eu sempre soube que algo assim poderia acontecer! – Mirajane respondeu satisfeita, como se estivesse dando um verdadeiro apoio a um casal de namorados que já deveriam estar juntos há um bom tempo. E Lucy quis correr mais uma vez ao invés de ter de explicar toda essa história, eles não estavam juntos!

E seu apartamento estava uma confusão com Natsu nele!

Era uma aposta que ela sequer sabia como surgiu!

Mas as perguntas continuaram.

— Lucy, fala alguma coisa! – disse um deles que ela nem conseguiu reconhecer em meio ao falatório.

— Então Natsu já é um homem! – Elfman comentou.

Um homem? Nani?!

O que ele queria dizer com ser um homem?

O falatório continuou, até que Lucy decidiu responder de vez em alto e bom tom, antes que sua cabeça doesse mais ainda.

— EU NÃO ESTOU TENDO NADA COM NATSU! – e todos pararam fazendo um enorme silêncio.

De longe ela pôde ouvir Erza e Gray rindo.

E em questão de segundos comentários começaram a rolar novamente. Queriam saber o que estava errado no boato. O que de fato estava acontecendo. Mas Lucy saiu andando e os deixou falando.

De fato ela sabia desde o princípio que tudo isso geraria uma grande confusão. Mas não na guilda inteira, não esse tipo de boato!

Só o começo, lembrou de novo.

Soltou um suspiro enquanto caminhava até um rio que ficava por ali, e assim que chegou no mesmo se sentou em sua borda observando a maneira como o sol brilhava na água dele. Os homens trabalhando nos barcos... Até que percebeu uma presença: Natsu.

O garoto se pôs ao lado dela com um sorriso divertido no rosto e colocando o braço ao redor de seu pescoço. Um rubor lhe subiu. Um desespero lhe invadiu.

Era claro! Os boatos! Parecia que Natsu não a largava mais depois dessa aposta! E os dois ali sentados sozinhos, ele com as mãos ao redor do pescoço dela...

O que mais iriam falar?

E ainda tinha o fato que eles estavam no mesmo apartamento.

Talvez a maneira como eles dois estavam mais próximos ultimamente fosse a maior fonte de tudo. E ele ainda saía a procurando!

— N-Natsu, acho que vou para a guilda de novo. – disse retirando o braço dele e se levantando. Ela não poderia deixar mais boatos do gênero ficarem rolando. Então, apesar da aposta, evitaria ficar muito junta dele. Talvez assim eliminasse os boatos e ela não ficaria louca mais uma vez com eles.

Mas por Kami! De quem foi essa ideia maldita de aposta? Até onde isso poderia chegar? Pensou por fim enquanto deixava Natsu e o local.

:: Continua ::