Pov. Edward

Finalmente eu tive uma boa noite de sono e sem pesadelos. Bella disse que me amava e nada podia ser melhor que saber disso. Quer dizer, quase nada, afinal eu não sabia como ela iria acordar hoje. Iria ser gentil e amável comigo novamente, ou voltaria a ser grosseira e rude? Ou pior, estaria chorando em um daqueles seus estados depressivos?

Me vesti e me arrumei pra escola me perguntando isso. Coloquei uma calça jeans, uma camisa xadrez azul com uma camiseta preta por baixo e meu All Star preto, meu preferido. Depois desci para tomar um copo de leite gelado e com bastante Nescau e fui pra escola animado, mas em dúvida.

Eu já estava com saudades de Bella e de seus abraços quentes e abrasadores e de seus lábios deliciosos e macios. Cheguei na escola e vi Jasper e Emmett conversando e se empurrando animados, me escondi deles, sem a menor vontade de entrar nessa brincadeira que agora me parecia extremamente infantil. Sacudi a cabeça pensando em como que eu fazia isso todo o dia? Era realmente idiota. Bella devia me achar um imbecil sempre que me via fazendo coisas desse tipo.

Procurei pela Bella e logo a vi. Meu rosto se iluminou em um sorriso. Ela estava de costas pra mim e seus lindos cabelos cor de mogno estavam soltos e cacheados. Lindos. Fui na direção dela e percebi que ela conversava com... Jacob. Meu sorriso se apagou. Senti os ciúmes me corroerem pela segunda vez na vida. Eles sorriam e se davam realmente bem juntos. Até faziam um belo casal. Senti raiva de mim e de meus pensamentos. E ainda mais raiva de isso poder ser verdade!

Pensei em até dar a volta e não falar nada, mas eu e Bella tínhamos uma história agora e ela não podia fugir disso. Estava na hora do Jacob também saber disso. Cheguei por trás da Bella e passei meu braço ao redor dos ombros dela e lhe dei um beijo na bochecha. Vi o rosto de Jacob se contorcer em uma careta. Sorri por dentro.

–Oi, Bella. Tudo bem?

Vi ela me olhar com olhar reprovador e se desvencilhar de mim.

–Eu estava ótima, até esse momento.

Senti meu coração murchar e ouvi uma risadinha de Jacob. É claro que eu não ia a deixar perceber que estava conseguindo me magoar.

–Eu também estava ótimo, até essa sua patada – respondi rindo com uma amargura disfarçada.

Vi-a fazer uma careta com o termo, e no fundo ela sabia que estava me magoando. Eu só esperava que ela se importasse com isso.

–Bella o que você acha de a gente ir mais pra lá, aqui tá muito sol – propôs Jacob, me excluindo do programa.

–É tem razão, está muito quente aqui – ela respondeu se afastando ainda mais de mim.

–Ontem estava ainda mais quente, não é Bella? – provoquei, mas senti minha voz um pouco trêmula. Doía em mim ter que lembra-la de ontem. E doía me lembrar. Ela parecia outra pessoa agora.

–Não sei do que está falando, Edward – ela disse com um pouco de raiva nos olhos e pronunciando meu nome com desprezo. Pegou o braço de Jacob e saíram de perto de mim. Senti uma pequena lágrima quente escorrer pelo meu rosto. Agora ela ia fingir que nada acontecera? Como se aquilo não tivesse significado nada para ela.

Sacudi a cabeça. Eu não podia me deixar abater. Ela fazia essas coisas de propósito para me afastar dela, mas ela que pensasse isso. Eu nunca mais me afastaria dessa menina, mesmo contra a vontade dela.

Fui pra aula e esperei que o professor chegasse. Bella entrou na aula um pouco antes do professor. Ela foi pro seu lugar na classe do fundo e nem me olhou. O que significava que ela pensava em mim, pois ela se concentrava muito em não virar a cabeça em minha direção. Sorri tristemente para mim mesmo. Eu sabia que o dia de ontem tinha tido significado para ela.

A aula se passou muito lentamente e eu só pensava nela. Era difícil me concentrar na Teoria da Conspiração que o nosso professor insistia em explicar enquanto uma Bella linda e carinhosa me esperava em minha mente e em minhas lembranças.

O sinal para o recreio tocou e eu corri para que Bella não escapasse de mim. Precisávamos conversar sem a irritante e insuportável companhia de Jacob. Cheguei ao lado dela e antes que eu pudesse falar qualquer coisa ela se virou para mim.

–Edward, antes que você comece aquela ladainha sobre amor e confiança ou sobre qualquer coisa do gênero. Antes que fale do irritante dia de ontem quero que saiba que aquilo foi um momento de fraqueza meu e que não significou nada pra mim e nem pra gente. Esqueça que aquilo aconteceu e principalmente esqueça de TODAS as minhas palavras.

Senti facas me cortarem ainda mais o coração e me perguntei se eu ainda tinha algo no peito para ser cortado pela pessoa que fazia ele bater.

Estiquei minha mão e cheguei a sua face clara e quente. Acariciei lentamente. – Eu te amo. Não diga isso.

Ela se soltou de mim.

–Mas eu não te amo – ela se afastou mais ainda. – Esqueça o dia de ontem. Não foi nada. Eu disse que te amava e até agora não sei bem por que. Acho que eu estava com pena de você.

–Não sei por que eu devia acreditar nas palavras de hoje e não nas de ontem. Saiba que é aquela Bella que eu amo e nela que vou acreditar.

Bella sacudiu a cabeça com raiva e dor.

–Então acredite na mentira e na ilusão. Faça que nem eu e sofra. Só espero que o final da sua historinha de amor não termine que nem a minha – ela se afastou e virou as costas, mas não rápida o bastante para que eu não visse as lágrimas que escorriam por seu rosto.

Quando tudo parecia que ia melhor, recomeço da estaca zero. Será que um dia poderíamos ficar juntos? Me perguntei se eu acreditava no que ela me disse agora a pouco. Me decidi que não. Ela queria me magoar. Queria que eu a esquecesse. E isso ela não conseguiria.

Desci e fui para o refeitório. Comprei um sanduíche, mas quase não consegui comer. Não passava por minha garganta que tinha um nó. Emmett me chamou para que eu me juntasse a ele e aos nossos amigos, mas eu me afastei. Precisava de um tempo sozinho.

Pensei em matar as aulas finais e ficar no telhado da escola, mas eu não iria perder aulas e reprovar de ano. Não podia deixar que eu me abalasse tanto assim. Sentei-me num banco e observei as pessoas. Na escola tinha tantas garotas lindas e que estavam afim de mim. Por que eu tinha que me apaixonar bem pela que não queria ficar perto de mim? Pensei na hipótese de ficar com outra. Apaixonar-me por outra garota. Mas só pensar aquilo doía em mim. Eu não conseguia imaginar meus lábios sentindo o gosto da boca de outra pessoa que não fosse a boca dela. Não conseguia me imaginar abraçadinho em outros braços quentes que não fossem os dela.

Enquanto eu ficava pensando essas coisas malucas vi Bella e Jacob juntos. Jacob carregava Bella nas costas enquanto ele corria pelo pátio que nem dois retardados. Senti minha cabeça desmoronar ao perceber que eles nem pareciam retardados. Pareciam namorados. Dois namorados se divertindo.

Algum impulso involuntário do meu corpo – ou voluntário, não sei, pois eu já estava com vontade de socar a cara de Jacob a um bom tempo - me fez correr na direção daquele desgraçado. Ele me viu indo na direção dele e largou a Bella no chão. Ela me fitou um pouco assustada. Minha expressão devia estar horrível mesmo!

–Quer parar de agarrar a Bella no meio do pátio? – eu devia estar parecendo um idiota. Agora toda a escola saberia que eu estava apaixonado por ela.

–Por que, algum problema Cullen? Se ela quiser ser agarrada eu vou agarrar.

–Ei, nada disso. Eu nunca quis ser agarrada – discordou ela. Eu não sabia se ela estava discutindo comigo, com Jacob ou conosco.

–Tem problema sim, Black. Eu não gosto nada disso – me aproximei ainda mais e nosso rosto estava a centímetros um do outro. Jacob me empurrou pra longe dele e aquilo foi o fim. Não agüentei ao sentir o empurrão brusco dele e lhe dei um soco no meio da cara. É claro que não ficou sem resposta. Nem cinco segundos se passaram e um soco devastador me atingiu o nariz. Nem consegui respirar e sangue começou a correr. Foi uma dor horrível. Acho que ele mirou de propósito ali e ouvi meu osso estalar. Acho que quebrou o meu nariz, mas nem deu tempo pra eu pensar, pois ele já estava em cima de mim. Eu dava socos nele, mas ele me chutava e socava ao mesmo tempo e realmente doía. Eu atingi sua barriga com um chute, mas ele me prendeu com as pernas e segurou meus braços com as mãos e agora dava cabeçadas no meu rosto. Que aperto de ferro, aquele cara era muito forte. Onde ele aprendeu a lutar assim? Eu tentava proteger o meu nariz quebrado.

Uma parte da minha mente ouvia Bella gritando.

“Parem vocês dois!” “Jacob, chega!” “Edward não...Por favor! Larga o Edward” “Jacob pára!”

Ela nem precisou gritar muito. Logo seguraram Jacob e o tiraram de cima de mim. Me levantaram do chão e eu sentia o meu nariz e todo o meu rosto queimando. Bella foi correndo na minha direção.

–Edward, você está bem? – senti as mãos macias dela acariciando o meu rosto e inspecionando os machucados.

–O que você acha? – respondi bruscamente, me afastando dela e sem me importar em estar sendo grosseiro ou não. – Agora você deve estar feliz, seu namorado me arrebentou.

–Não... – ela sussurrou, mas eu já me afastava e ia embora. Alguém falou pra eu ir à enfermaria, mas eu nem ouvia nada. Saí da escola e peguei meu carro pra ir embora. Sentia todo o meu rosto arder e queimar. Mas o que mais me ardia era a raiva. Jacob ainda me pagaria por tudo! Por roubar Bella de mim, pelos seus socos e por me fazer de otário na frente de toda a escola e na frente de Bella. Eu não acreditei que tivesse apanhado tanto daquele cara! Sacudi a cabeça e agora eu estava irritado com a Bella. Não me lembrava que ela tinha seus motivos pra ficar longe de mim, só sabia que ela estava sempre me ignorando e que eu só me dava mal por causa dela.

Cheguei em casa e me atirei na cama e nem quis fazer nada. Que se dane o meu rosto! Eu chorei no meu travesseiro, sujando ele todo de sangue. Como Jacob havia aprendido a lutar assim? Onde? Bella... Fechei os olhos e tentei esquecer de tudo!