Spirit Bound Por Dimitri Belikov escrita por shadowangel


Capítulo 31
Capítulo 31


Notas iniciais do capítulo

Meninas!
Mil desculpas por esse hiatus! Final de ano sempre é algo corrido... trabalhos, provas e tudo mais que possa enlouquecer uma pessoa...
mas vamos lá, segue o penúltimo capítulo. Espero que gostem!
bjs



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Eu me mexi, sem conter a inquietação.  A princípio, não consegui entender a relação que Abe Mazur tinha com aquele caso e com Rose. De qualquer forma, aquilo era uma irresponsabilidade. A situação de Rose não parecia nada boa e Damon Tarus era um dos melhores advogados do mundo Moroi. Certamente, ela estaria bem assistida com ele. Senti uma certa apreensão. Abe Mazur era um Moroi, que apesar de não pertencer a realeza era muito rico e tinha conexões humanos, Morois, dhampirs e Strigois. Muitas destas conexões não eram lícitas. Eu mesmo, quando era um Strigoi, mantive vários negócios indiretamente com ele. Terríveis negócios. Mas, apesar de tudo, o trânsito dele entre as pessoas era bem tolerado.

“Oh, pelo amor de Deus!” Rose exclamou.

Pude ver que ela não sabia que aquilo aconteceria, assim como toda a plateia, o conselho e a juíza. Foi mesmo uma entrada inesperada. Uma surpresa. Eu apoiei meus cotovelos nas pernas, indo um pouco para frente. Aquilo não era algo que eu podia interferir, então, só me restava assistir o desenrolar de tudo. O barulho das pessoas falando havia se intensificado. A fama de Abe Mazur parecia ser bem conhecia pela maioria dos presentes. Ele, por sua vez, tinha o seu rosto cínico e irônico de sempre e usava uma daquelas suas roupas extremamente extravagante, bem características dele.

A juíza ordenou que se fizesse silêncio e o chamou.

“Ibrahim Mazur,” ela disse, negativando com a cabeça. Havia, igualmente, surpresa e desaprovação em sua voz. “Isso é... inesperado.”

Abe fez uma reverência. “É adorável ver você de novo, Paula. Você não envelheceu nada.”

“Não estamos no country clube, Sr. Mazur,” ela advertiu. “E enquanto estivermos aqui, você vai se dirigir a mim por meu título apropriado.”

“Ah. Certo.” Ele disse, piscando o olho. “Minhas desculpas, Excelência.” Virando, ele olhou ao redor até parar em Rose. “Ali está ela. Desculpe pelo atraso. Podemos começar.”

Damon levantou. “O que é isso? Quem é você? Eu sou o advogado dela.”

Abe balançou a cabeça, com desdém. “Deve ter havido algum engano. Eu demorei um tempo para conseguir um vôo para cá, então posso entender porque vocês apontariam um advogado comunitário.”

Era óbvio que ele só podia estar brincando. Damon Tarus era muito conhecido e renomado. Nunca perdia uma causa. Não era possível que Abe não o conhecesse.

“Advogado comunitário!” Damon exclamou indignado, seu rosto completamente vermelho de raiva. “Eu sou um dos advogados mais renomados entre os Moroi americanos.”

“Renomado, comunitário.” Abe encolheu os ombros e se recostou. “Não sou eu que julgo. Sem trocadilhos.”

“Sr. Mazur,” interrompeu a juíza, “você é advogado?”

“Sou muitas coisas Paula, – Excelência. Além do mais, isso importa? Ela só precisa de alguém que a represente.”

“E ela tem alguém,” exclamou Damon. “Eu.”

“Não é mais,” Abe respondeu ainda tranquilamente, mas lançou para Damon um olhar que eu conhecia bem. Era a personificação do perigo. Eu me sentia tenso pelo que viria dali.

“Excelência –“ Damon protestou.

“Chega!” A juíza falou autoritariamente. “Deixe a garota escolher.” Então, ela olhou para Rose. “Quem você quer que lhe represente?”

“Eu...” Rose começou a responder, olhando entre os dois homens.

“Rose.” Daniella Ivashkov, a mãe de Adrian , que estava sentada em uma fileira logo atrás de Rose, chamou baixo. Ela virou levemente. “Rose,” ela falou novamente, muito baixo. Eu me esforcei para me focar naquela conversa, mas eu estava distante demais para ouvir, já que ela sussurrava quase no ouvido de Rose. Rapidamente, assumi que deveria ser algo a favor de Damon Tarus, já que ele era seu primo.

Rose tornou a olhar para os dois homens. Abe a encarava com um sorriso e com um olhar intenso. Eu me vi completamente apreensivo com aquela pausa que ela fez. Depois de um breve momento de hesitação, ela apontou para direção de Abe. “Eu fico com ele.”

Sem perceber, soltei um suspiro. Eu tinha prendido a respiração, nervoso. Por um momento, comecei a protestar mentalmente. Como Rose podia fazer aquilo? Abrir mão da assistência de um advogado renomado por um homem que certamente tinha muitas dívidas para responder à justiça. Como ela pode agir dessa maneira?A inquietação que eu tinha anteriormente aumentou, até que algo me ocorreu. Algo forte. De alguma forma, Rose sempre sabia o que estava fazendo. Então eu lembrei como sempre confiava nela, mesmo que tudo parecesse sem sentido ou sem solução, sua lógica sempre me conduziu a acreditar em tudo que ela fizesse. Ela tinha suas razões para escolher Abe e aquilo foi o suficiente para fazer com que eu me sentisse mais calmo e controlado.

A Juíza começou a falar aquele típico discurso sobre as motivações que levaram aquela audiência. Eu observava Rose que falava algo com Abe, ainda me perguntando que ligação eles dois teriam. Pareciam se conhecer, certamente, mas eu não imaginava como. Decidi que não iria me preocupar com aquilo. Era melhor me focar no que seria exposto naquela audiência e, posteriormente, ver com Lissa a melhor forma de ajudar a Rose.

Antes das evidências contra Rose serem apresentadas, o assassinato da Rainha foi descrito com detalhes pela promotora do caso, uma Moroi chamada Iris Kane. Ela mostrou que, naquela manhã, Tatiana havia sido encontrada morta, deitada na cama, com uma estaca de prata cravada em seu coração. Slides das fotos da cena do crime foram mostrados para todos da sala. Havia sangue por toda parte. Chão, móveis, paredes. O rosto da rainha era coberto por uma expressão de profundo terror. As pessoas reagiam, compreensivelmente, à medida que tudo era explanado. Para mim, era mais do que óbvio que Rose não faria algo daquela forma. Bem, eu já tinha visto uma cena igualmente terrível, quando ela matou aqueles Strigois em Spokene, mas eu conhecia Rose o suficiente para saber que ela não faria isso com um Moroi. Nunca.

Como ainda não era um julgamento, a audiência não tinha o contraditório, com os debates de advogados de defesa e acusação. Depois da sessão de fotos, Iris voltou-se para Rose. Apenas perguntas eram feitas, conduzidas pela juíza.

“Srta. Hathaway, que horas você voltou para o seu quarto ontem a noite?”

“Eu não sei a hora exata...” Rose olhava fixamente para Iris e Abe. “Perto das cinco da manha, eu acho. Talvez seis.”

“Tinha alguém com você?”

“Não, bem – sim. Mais tarde.” Ela hesitou um pouco. “Hum, Adrian Ivashkov me visitou.”

Foi como se eu tivesse levado um soco. Todos entenderam bem o que ela quis dizer com "visitou". Fechei meus olhos buscando me concentrar nos fatos e não em sentimentos. Eu não tinha o direito de me incomodar com aquilo. Eu mesmo tinha dito para Rose seguir a sua vida. Era o que ela tinha feito, era assim que tinha que ser. Eu Precisava ter foco. ‘Foco, Dimitri!’ Eu repetia mentalmente.

“Que horas ele chegou?” perguntou Abe.

“Não tenho certeza disso também. Algumas horas depois que eu chegei, eu acho.”

Abe sorriu para Iris, que estava mexendo em alguns papéis. “O assassinato da rainha foi estipulado entre as 7 e 8 da manhã. Rose não estava sozinha – é claro, precisaríamos que o Sr. Ivashkov testemunhasse isso.”

Rose olhou brevemente para a plateia, diretamente para onde Adrian estava. Apesar daquilo me incomodar profundamente, eu tinha que reconhecer que podia ser a salvação de Rose. Um álibi era tudo que ela precisava. Mesmo que sua intimidade tivesse que ser revelada dessa forma. Certamente, Adrian teria que narrar sua visita a Rose e todos iriam poder pelo menos imaginar o que tinha acontecido entre eles naquela noite. Todos, inclusive eu. Ainda assim, isso era melhor que  ela ser incriminada daquele jeito.

Mas, Iris ergueu um pedaço de papel triunfante. “Temos um testemunho assinado de um zelador que diz que o Sr. Ivashkov chegou ao prédio aproximadamente às 9:20.”

“Isso é bem especifico,” disse Abe, que parecia não levar nada daquilo a sério. “Você tem alguém da recepção para confirmar isso?”

“Não,” Iris disse friamente. “Mas isso é o bastante. O zelador lembra porque foi próximo da hora de sua folga. A Srta. Hathaway estava sozinha quando o assassinato ocorreu. Ela não tem um álibi.”

“Bem,” disse Abe, “pelo menos de acordo com alguns dos seus fatos questionáveis.”

Eu esperava que um debate se formasse em torno daquilo, mas parecia que ambos os lados não tinham tanto argumentos assim. Mais nada foi perguntado ou exposto sobre aquilo, pois Iris ergueu algo que ela considerava uma grande prova.

“A próxima prova,” ela disse triunfante, mostrando uma estaca de prata, ainda suja de sangue, dentro de uma saco plástico vedado. “Essa é a estaca usada para matar a rainha. A estaca da Srta. Hathaway.”


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