Spirit Bound Por Dimitri Belikov escrita por shadowangel


Capítulo 30
Capítulo 30


Notas iniciais do capítulo

Gente, parte desse capítulo foi novamente criação minha, então não estranhem se não verem isso no livro.
Bem, é a reta finalíssima, estamos quase no fim :(



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/201480/chapter/30

Aquele acontecimento que envolveram a morte da rainha, de certa forma, tirou de mim uma parte das atenções das pessoas. Era como se uma novidade ficasse sobreposta à outra. Claro que eu ainda tinha a minha guarda e uma grande restrição para fazer as coisas – estava longe de ir a onde eu quisesse, sem antes pedir autorização – mas eu também percebia que todos estavam voltados para o que tinha acontecido na noite anterior.

Eu era um Strigoi que voltou a ser dhampir e isso não era algo para ser menosprezado. Mas um assassinato de um monarca era algo que não acontecia há séculos. O mais impressionante era a rapidez com que tudo caminhava para “solução” dos fatos. Mikhail passou novamente no meu quarto para avisar que eu tinha permissão para assistir a audiência que começaria em poucos minutos.

Eu me aprontei rapidamente e me dirigi ao local onde funcionaria como um tribunal, me sentindo muito intrigado. Audiências como esta geralmente demoravam meses para acontecer. Isso indicava que as coisas não estavam correndo muito bem para Rose. As audiências geralmente serviam para apresentar as provas e decidir se elas eram suficientes para levar as pessoas a julgamento. Se ia acontecer uma, provavelmente eles tinha provas suficientemente fortes contra Rose. Aqueles pensamentos encheram minha mente até eu entrar na sala e me acomodar em uma das poltronas do fundo da sala, destinada à plateia que iria assistir a tudo. Ali eu pude ter uma verdadeira dimensão do que estava acontecendo.

Do lado de fora do prédio uma multidão se aglomerava e os comentários eram os mais diversos. As pessoas estavam tão focadas com a morte da rainha que eu quase consegui passar despercebido por elas. Uma ou outra pessoa do imenso grupo me apontava, mas no geral, pouca importância foi me dada.

Ali, sentado eu pude observar toda movimentação. Eu sentia meu coração apertar. Eram poucos os que pareciam favoráveis a Rose.

“Não há como negar.” Uma Moroi que estava sentada umas fileiras à minha frente comentou com outra. “Eu ouvi dizer que ela tinha motivos fortes para isso, discutiu com a rainha em uma das reuniões do Conselho. Essa garota Hathaway é conhecida por ser impulsiva, não é de se estranhar que tenha tido uma atitude extrema dessas.”

“Eu ouvi dizer que ela estava com Adrian Ivashkov.” Outra mulher falou mais distante, em um tom de completa desaprovação. “Passar a noite com um Moroi... era se esperar de qualquer mulher dhampir.”

Eu respirei fundo e tentei controlar minhas emoções diante de tantos comentários sussurrados. Poucos minutos se passaram até que eu avistei Lissa chegar com Christian, Eddie e Adrian. Os meus olhos se cruzaram com os dele, mas nenhum de nós falou nada. Era como se uma imensa parede estivesse entre eu e ele. Nem a doce presença de Lissa conseguiu acalmar a minha inquietação. Mesmo assim, tentei ao máximo manter minha aparência neutra. Eu sabia que muitos ainda me observavam com desconfiança.

Christian e Eddie me cumprimentaram com um breve aceno, mas Lissa se aproximou, como se quisesse verificar que tudo estava bem comigo.

“Dimitri?” Lissa disse com uma grande surpresa. “Nunca imaginei que deixassem você vir.”

 “Nem eu imaginei isso.” Respondi baixo. “Eu suponho que atualmente eu não seja o maior problema deles...” Eu hesitei um pouco, lembrando de todas as minhas negativas de ter uma relação próxima com Rose e toda a consciência que eu tinha de que nossas vidas não podiam mais se cruzar, mas algo maior me impulsionava. Adrian ainda me olhava fixamente, e eu tinha a impressão que ele conseguia ler todos os meus sentimentos, então, me esforcei ainda mais para manter minha aparência imparcial. De alguma forma, ele era real na vida de Rose agora.

“Talvez não...” Lissa disse, percebendo o constrangimento entre mim e Adrian. Mas logo, seus olhos verdes se encheram de preocupação e eu percebi que para ela havia algo mais importante do que qualquer coisa. “Eu não posso acreditar que isso esteja acontecendo com Rose? Claro que ela não fez isso, alguém armou um plano contra ela. Mas quem? Quem iria desejar tanto mal a ela?”

“O que está sendo feito para ajudá-la?” Perguntei tentando soar prático.

“Por enquanto, encontramos um bom advogado para defendê-la.” Adrian respondeu, olhando em volta para a plateia, sem me encarar. “Damon Tarus, um primo da minha mãe que é um dos melhores que existe.” Ele fez um leve movimento com a cabeça, indicando um homem que entrou juntamente com a juíza e tomou assento. Eu presumi que seria ele.

Rapidamente, as pessoas se acomodaram em suas cadeiras e o silêncio reinou. Logo depois, Rose entrou, com uma forte escolta de guardiões. Ali eu tive a certeza que era uma situação sem retorno. Ela já estava sendo tratada como uma criminosa, como uma assassina, antes mesmo da audiência ser realizada. Era um jogo de cartas marcadas. Ela já estava condenada. E com a pior das sentenças. Um leve desespero começou a tomar conta de mim, mas me esforcei para manter meu foco em tudo que seria dito ali. Qualquer coisa, a mínima que fosse podia ser um sinal de esperança. A solução podia estar no menor detalhe.

Rose se sentou ao lado do Damon Tarus e Mikhail ficou ao seu lado, como seu guardião direto. Era um alento ver uma figura amiga perto dela.  Antes de se voltar para a juíza, ela deu uma leve olhada para trás, como se quisesse checar quem estaria assistindo a tudo aquilo. Percebendo seu movimento, me inclinei um pouco para me ocultar atrás das pessoas. Eu não queria que o foco de Rose fosse desviado para mim. Ela não precisava saber que eu estava ali. Não era hora para romantismos. O lugar onde eu estava era bastante discreto e eu podia permanecer ali sem ser notado.

Todo o conselho Moroi estava presente, mas apenas onze cadeiras eram ocupadas. A décima segunda pertencia aos Dragomirs. A juíza deu início com a solenidade requerida. Normamente todas as sessões deste tipo eram presididas pelo rei ou rainha. Neste caso, outra pessoa foi nomeada como juíza, por razões óbvias.

“A sessão desta audiência está aberta, para determinarmos se existem provas suficientes para-“ ela começou, mas foi interrompida por uma agitação que surgiu perto da porta. Todos se viraram para ver o que ocorria. “Que perturbação é essa?” Ela exigiu saber.

Um dos guardiões abriu parcialmente a porta e falava com uma pessoa que estava do lado de fora. Logo depois virou novamente para o tribunal. “O advogado da acusada está aqui, Excelência.”

A juíza olhou para Damon Tarus, Rose e depois novamente para o guardião. “Ela já tem um advogado.” O guardião deu de ombros, claramente sem saber como agir.

“Tudo bem,” ela concordou. “Mande entrar quem quer que seja e aí resolvemos isso.”

Então, Abe Mazur entrou.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!