Spirit Bound Por Dimitri Belikov escrita por shadowangel


Capítulo 26
Capítulo 26


Notas iniciais do capítulo

Gente, eu esqueci de mencionar no cap anterior, mas muitas vezes a opinião de vcs nos reviews servem bastante como inspiração para mim e foi o que aconteceu.
Gostei bastante da parte do comentário de Hime Beatriz, que ela fala que Dimitri sofreu tanto quanto a Rose...
Mas fique claro que eu adoro todos os reviews viu??/ rsrs
Bem, segue mais um cap...
E tem novidades nas notas finais... ;)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/201480/chapter/26

O tempo restante da missa foi interminável. Pensei em sair dali, mas certamente as pessoas achariam que tudo se devia ao fato de eu ainda ter algo de Strigoi em mim, por isso permaneci sentado no banco onde estava, embora minha mente estivesse bem longe dali. Tentei mudar meus pensamentos, mas não conseguia. A imagem de Rose me encarando atônita se passava constantemente. Eu jamais imaginei que uma frase tão simples bateria com tanta força. Em mim e nela. Eu realmente não queria dizer aquilo para ela mas eu duvidada que tão poucas palavras a deixassem afastada de mim por muito tempo. Ela era persistente no que queria e, se ela afirmava que perdoava tudo que eu havia feito, isso não podia ser pior.

Na verdade, o que eu disse a ela não era mentira. Rose jamais conseguiria passar por indiferente para mim, mas o amor que eu sentia anteriormente por ela não existia mais da mesma forma. Tudo que eu sentia por ela quando era um Strigoi ainda estava vivo dentro de mim. Apesar de não ser mais capaz de fazer com ela ou buscar contra ela tudo que eu pretendia quando era aquele monstro, eu ainda tinha plena consciência de toda maldade que eu desejei, eu ainda podia sentir aquela maldade e as motivações para cometê-las. Nenhum amor podia resistir inabalado a isso, o mal sempre se sobressaía, de alguma forma.  Eu não tinha o  direito de amá-la e muito menos de ter esse amor retribuído.

O restante do domingo se seguiu estranhamente calmo, embora por dentro eu estivesse em guerra. Sem interrogatórios, sem exames, sem qualquer investigação. Eu também não retornei mais para a cela. Eles me deram um dos quartos do dormitório dos guardiões, sem dar qualquer explicação mais elaborada sobre os motivos que levaram a relaxar a prisão. Eu não ousei perguntar nada, apenas segui as ordens. Claro que os guardiões sempre estavam atentos a mim, mas não existia mais aquela desconfiança que eu poderia atacar a qualquer momento. Vez por outra, um guardião se dirigia amigavelmente para mim, ainda que nenhuma conversa séria ou longa se desenvolvesse. O quarto era simples e bastante funcional. Ficava em uma ala mais isolada e pouco usada, mas ainda assim, era bem melhor que uma cela. Também não ficava próximo ao que Rose ocupava enquanto estivesse na Corte, o que me aliviou.

Apesar de tudo, o restante do meu domingo foi insuportável. Por mais que eu tentasse me distrair, meus pensamentos me traíam constantemente, indo até Rose. Era um tormento, um martírio. A toda hora, a imagem dos olhos dela cheios de lágrimas me vinha e me castigava. Eu repetia e repetia para mim mesmo que eu não podia ferir mais do que já tinha ferido, mas não adiantava. Aquela noite foi quase interminável. O pouco sono que eu tive foi assombrado por terríveis pesadelos. Gritos, choros, imagens de corpos, lembranças se misturavam com meu imaginário.

Eu levantei cedo, ainda me sentindo muito mal. Antes que eu pudesse fazer qualquer asseio, um dos guardiões me avisou que eu poderia descer até a cafeteria, ao lado do prédio, para tomar meu café da manhã ali. Não pude deixar de me sentir surpreso, afinal, eu ainda era tratado como um prisioneiro, mesmo que a segurança tivesse sido relaxada. Pensando bem, talvez a minha ida à igreja no dia anterior tivesse contribuído bastante para isso. Qualquer dúvida sobre eu ser um Strigoi certamente tinha se dissipado ali. Nunca um Strigoi conseguiria sequer pisar em um solo sagrado, quanto mais assistir a uma missa inteira.

Descer até a cafeteria era, de fato um grande progresso, mas eu não consegui me sentir feliz por isso, ou menos perturbado. Depois que me aprontei, peguei um dos livros que Lissa havia trazido para mim. Eu tentava inutilmente me distrair com a leitura e, especialmente hoje estava completamente disperso. As histórias de velho oeste sempre foram as minhas preferidas e sempre foram um bom remédio para me impedir de ter pensamentos que eu não queria.

Quando chegamos, a cafeteria estava praticamente vazia. As poucas pessoas que ali estavam ou chegavam não conseguiam evitar de me olhar. Eu percebia mais curiosidade do que medo vindo delas, mas fiz um bom trabalho em ignorar aquelas reações. Fiz o meu pedido e me sentei confortavelmente em uma das mesas de frente para a porta. Eu ainda conservava esse velho hábito de guardião de estar sempre atento as entradas e saídas de qualquer lugar. Percebi que algumas pessoas continuavam me observando, então me dei conta que ainda não havia comido o dunnut que eu havia pedido. Fingindo uma casualidade, dei algumas mordidas no bolo e tomei uns goles do café, apesar de ainda sentir a estranheza da comida no meu organismo. Os meus guardas estavam longe de mim, atentos, mas serem ostensivos. Esse era outro progresso. Abri meu livro e tentei me concentrar na leitura. A história era uma das boas, que eu gostava muito e realmente me absorveu, mas não por muito tempo.

A porta de vidro abriu, e apesar do constante entra e sai de pessoas que me passavam indiferente, desta vez algo forte me fez levantar os olhos do livro para ver quem chegava. Era Rose. Então pude perceber que aquela estranha conexão que eu tinha com ela ainda permanecia. Ela entrou um pouco hesitante e caminhou rapidamente até o balcão de pedidos. Seus olhos passaram rapidamente por mim, mas ela fez um bom trabalho em me ignorar. A princípio, eu confesso que esperei que ela viesse mais uma vez até mim com toda aquela conversa de ficarmos juntos novamente. Apesar de me preparar para isso, eu meio que queria que acontecesse, assim demonstraria que ela não tinha ficado tão magoada. Mas o fez. Ela agiu com indiferença. Eu continuei a observando enquanto ela vinha com sua bandeja e procurava um lugar distante de mim para sentar. Senti meu coração ser esmagado ao perceber que, ao que parecia, ela ficaria distante agora, como eu tanto tinha pedido, como eu tanto tinha desejado. Exceto que, agora, parecia que eu não tinha mais tanta certeza de querer que tudo fosse assim.

‘É melhor assim, Dimitri. É assim que tem que ser. Não existe mais espaço para vocês dois,você não pode prendê-la a uma vida sem expectativa como a sua.’ Eu repetia mentalmente para mim mesmo, tentando me convencer daquilo, mas não conseguia deixar de me sentir incomodado. ‘Isto é o certo, Dimitri. Isto é o certo. Deixe que ela permaneça longe.’ Eu tornava a repetir, enquanto as letras do livro que eu tentava ler, perdiam o sentido.

“Ei, Rose.” Um dos guardiões que fazia a minha escolta a chamou. “Você vai para a reunião do Conselho hoje?” O tom amigável dele forçou Rose a se aproximar. Eu tentei não olhar, mas não consegui. Percebi o incomodo dela em ter que chegar mais perto e sentar na mesma mesa que eu. Tentei ignorar, em vão, aquilo que se passava dentro de mim. Mesmo assim, ela sentou na ponta mais distante e deliberadamente fingia que eu não estava ali.

“Sim, só estou pegando algo para comer, antes de ir.” Ela respondeu com simpatia, em nada lembrando a fragilidade que ela demonstrou, depois do que eu lhe falei na igreja. Se ela ficou magoada, fez um bom trabalho em esconder aquele sentimento. Eu suspeitava que ela tinha tido um bom professor para isso. A atenção dela estava totalmente no guardião, era quase como se eu não existisse.

“Eles vão lhe deixar entrar?” O outro guardião entrou na conversa, também em um tom amistoso. Aos poucos, a minha curiosidade começou a crescer. Que reunião seria essa que eles falavam? A entonação da voz dele não demonstrava uma desaprovação ou crítica a Rose. Ao contrário. Era como se ele tivesse algum tipo de esperança que ela conseguisse intervir em algo. Achei aquilo muito estranho. Nunca pensei que o comportamento impulsivo dela pudesse ser visto como positivo algum dia.

“Essa é uma excelente pergunta,” ela respondeu, comendo um bolo recheado de chocolate. “Mas acho melhor tentar. Eu também vou tentar me comportar.”

 O guardião riu. “Eu verdadeiramente espero que isso não aconteça. O grupo merece toda força que você possa dar a eles e sua estúpida lei sobre a idade.”

 O outro guardião acenou em concordância, com o que o colega falava.

 Eu me surpreendi ainda mais. Aqueles guardiões realmente estavam depositando em Rose a esperança de que ela interviesse em uma questão. Eles realmente esperavam que ela agisse, ao seu modo, diante de uma reunião do conselho. Eu não podia acreditar naquilo. Eu tinha que saber o que estava acontecendo. O sentimento de urgência me fez esquecer de tudo.

 “Que lei sobre idade?” perguntei, sem conseguir me conter mais.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Estou tentando escrever uma one com o pov de adrian sobre a primeira vez que ele viu a Rose, mas confesso que não estou segura pra postar, então, segue uma prévia...
Quem quiser pode dar opinião se tá parecendo com o Adrian..... (plissssss tenho medo que fique meio Dimitri)
Mas, antes que eu pudesse terminar o meu cigarro, a minha paz acabou logo. Como sempre acontecia, antes que alguém pudesse aparecer, pude ouvir o som de passadas na neve. Essa era, ao mesmo tempo, uma vantagem e uma desvantagem de ser um vampiro. Qualquer som, jamais passava despercebido. Esperei despreocupadamente pela pessoa que se aproximava até uma garota dhampir subir os poucos degraus, batendo a neve de suas botas. Ela ergueu rapidamente a cabeça, como se pudesse sentir a minha presença ali, de modo que eu pude ver perfeitamente o seu rosto. E que belo rosto. Tão bonito como jamais tinha visto em toda minha vida. Eu estava com sorte, garotas dhampirs sempre geravam uma boa diversão.
Hey, pequena dhampir. Chamei, sem conseguir ficar incógnito.