Caleidoscópio escrita por lljj


Capítulo 23
Um caleidoscópio diario


Notas iniciais do capítulo

Ei Ei gente como vão..
Tá legal depois desse sumiço acho que vou me explicar...
Sabe aquela plantinha que você esquece de trocar a agua, ou aquela vasilha de agua pra bixinhos que vc quase nunca lava ou até mesmo aquela tampinha de garrafa que você joga no chão e pensa que não dá em nada... Pois é... Deu... Pra mim..
Gente eu to com dengue e realmente me sinto esgotada para fazer coisas rotineiras, inclusive mexer no computador (por mais louco que pareça)...
Vim hoje por que percebi que minha amiga não postou o capitulo certo aqui nesse site, não sei o que diabos ela fez mas duplicou o capitulo anterior e eu fiquei perdida com isso imagino vcs!!
Bem, bem esse capitulo eu dedico a ela por ter tentado me ajudar por mais chata que eu seja!! Valeu Isabella!!
E agora, tá ai:
Boa Leitura!!



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Como se já houvesse se tornado costume, Rangiku estava atrasada para o trabalho na casa de Keith.

  Droga ele já se atrasou ontem por culpa minha hoje de novo não!

Ela pensou andando cada vez mais rápido. Olhando ainda distante viu Keith sentado na porta de casa com Kisa ao seu lado.

  — Olha ela ali Kisa. — Keith apontou estendendo o braço e deixando a mostra o punho enfaixado.

  — Oi! — Ela disse se aproximando. — Como está querida? — Ela se abaixou e abraçou Kisa.

  — Papai caiu. — A menina disse com os olhos arregalados. — Fez tibum no chão...

  — O que? — Ela olhou para Keith. — O que aconteceu?

  — Não foi nada. — Ele pegou a maleta que estava ao seu lado. — Apenas tropecei em um degrau e bati o braço... Já está bem melhor. — Ele se levantou.

  — Você anda caindo muito... Qual foi? Tá bebendo além da conta? — Ela sorriu.

  — Acho que é a velhice dando seus sinais. — Ele lamentou.

  — Ah! Para... Se já reclama assim com 27 imagina quando fizer 40?

  — Nesse dia não restará nada desse pobre homem... — Ele falou descontraído.

  — Bobão. — Rangiku riu. — Agora vai, já está atrasado.

  — Não se esqueça que foi você que me atrasou... — Ele se abaixou e deu um abraço em Kisa. — Até mais tarde filha.

  — Tchau papai. — A menina sorriu docemente.

  — A Lira só vai chegar na hora do almoço Ran.

  — Tudo bem eu faço o café pra mim e pra pequena. — Ela passou a mão nos cabelos da menina.

  — Até mais. — Ele saiu andando até o carro.

   — Vamos Kisa! — Ela falou pegando a pequena mão da menina e indo em direção a casa.

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  Meio-dia e 45. Hun... Nada mal...

Estava andando em direção à faculdade com mais tranquilidade já que não estava atrasada.

  — Matsumoto? — Ela ouviu alguém chamar por trás.

Ao virar se viu a melhor colega que conseguiu conquistar nesse tempo estudando.

  — Ei! Como vai? Por que faltou ontem? — Ela disse para a mulher que arrumava a bolsa.

  — Meu filho caiu da escada quando estava saindo de casa... Passei a tarde toda cuidando dele. — A mulher disse balançando as mãos.

  — Puxa! E como ele está agora? — Rangiku falou voltando a andar.

  — Bem... Só que fiquei muito preocupada na hora... Até mesmo esqueci que tinha prova!

  — Não se preocupe, falei para o professor que você tinha ligado e avisado que não poderia vir porque estava passando mal...

  — E ele acreditou?

  — Acho que sim... Pelo menos não reclamou como da ultima vez.

  — Eu estou perdida... É a segunda prova final que eu perco. — Ela falou balançando a cabeça.

  — Sim. Você tem que conversar com os professores para ver se consegui... Sei lá... Alguma reposição.

  — Tipo a que você faz?

  — Nem me lembre disso!! — Rangiku pôs uma mão no pescoço. — O trabalho que o professor pediu está acabando comigo...

  — Mas é melhor do que estudar no período de férias, não? — Elas começaram a subir as escadas do grande prédio. — Se eu tiver que ficar aqui irei repetir esse ano... Não tem ninguém para cuidar do meu filho para mim e ele entrará de férias junto com a gente.

  — Tente falar com o professor Hatori... Ele tem aquele jeitão, mas até que é legal. Deve te liberar... — Ela falou se aproximando de uma das salas. — É aqui que eu começo hoje não é?

  — Já estamos em novembro e você ainda não gravou os horários? — A mulher disse sorrindo.

  — Sabe que não sou boa com essas coisas... — Ela falou entrando de nariz empinado.

  — É... Já percebi. — A mulher a seguiu rindo.

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  — Matsumoto você se recuperou nesses últimos conceitos, mas ainda irá ter que entregar o trabalho para recuperar as notas que perdeu no inicio do ano... — O homem com grandes óculos falou pausadamente.

  — Ah!! Professor... Eu achei que iria entrar de férias junto com os outros... — Ela disse com seu jeito manhoso.

  — Você vai. Se trouxer o trabalho até semana que vem. — Ele começou a guardar alguns papeis.

  — Hun... — Ela fez revirando os olhos.

  — A biblioteca vai ficar aberta até as 7 e eu só sairei daqui as 8. Se quiser terminar o trabalho eu posso lhe tirar algumas de suas duvidas. — Ele ajeitou os óculos.

  — Que ótimo professor!! Você irá me ajudar? — Ela falou muito animada.

  — Não. Disse que tiraria algumas duvidas... Apenas isso...

  — Hun... — Ela fungou.

De repente seu celular começou a vibrar.

  — Da licença professor. — Ela disse o tirando da bolsa e se afastando do homen.

  — Alô?

  — Alô, Rangiku?

  — Keith?

  — Rangiku onde você está?

  — Estou na faculdade ainda... Por quê?

  — Ran eu bati o carro e não vou chegar a tempo de pegar a Kisa na creche.

  — Bateu o carro!!

  — Sim... A policia acabou de chegar e o cara aqui tá revoltado... Vai demorar para sair daqui...

  — Tá eu já entendi, mas você se machucou?

  — Eu só bati a cabeça... Olha eu liguei para a creche e avisei que ia atrasar um pouco... Vai lá pra casa com ela que eu te ligo depois.

            — Tudo bem... Mas se cuida... E me liga!

            — Tá ok.

Ela desligou o celular e correu deixando o professor na sala sozinho.

O horário de pegar Kisa era 5:45 e já eram 6:03 quando olhou para seu relógio de pulso.

Saiu da faculdade como um foguete e não tinha tempo de esperar um ônibus.

  — Táxi!! — Ela gritou acenando para um que passou sem nem ao menos a olhar. — Filho de uma... Ei Táxi!! — Ela acenou para outro que também passou direto. — Esses desgraçados estão brincando comigo? — Ela disse revoltada.

  — Pra onde moça? — Um homem falou parando seu taxi ao lado dela.

  — Graças a Deus... — Ela entrou. — Por favor, rápido para a creche pequenos aninhos.

  — Sim senhora. — Ele arrancou.

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Já eram quase 10 da noite quando Mila ligou pela sexta vez.

A ultima noticia que teve de Keith foi que estava na delegacia esperando avaliarem os danos no carro do outro motorista.

  — Sim Mila eu também espero que ele já esteja vindo... — Ela balançava os pés impaciente.

  — Olha... Eu vou desligar tá bom? Talvez ele esteja ligando para cá e a linha está ocupada... Sim, eu ligo assim que tiver noticia... Tudo bem, tchau.

Ela desligou e passou a mão nós cabelos ruivos. Kisa estava dormindo no sofá calmamente, completamente alheia ao problema em questão.

  — Essa espera é sufocante... — Ela se abaixou até a menina e começou a cariciar seus cabelos loiros. — Espero que seu papai esteja bem...

Kisa apenas respirou fundo em seu sono.

Em um movimento só pegou menina no colo e a levou para seu quarto. A abaixou levemente até a cama e deitou se ao seu lado.

  — Sabe Kisa? — Ela sussurrou. — É muito bom você ser pequena e não precisar passar por esses problemas de adultos... Tipo bater o carro, ter que estudar, ter que trabalhar, pagar impostos... Realmente é muito mais fácil quando a vida é só brincar e comer doces. — Deu um leve sorriso.

Ficou um tempo acariciando o rosto da menina até que ouviu um barulho vir da sala.

  — Rangiku? — A voz de Keith soou.

  — Keith! — Ela levantou rápido e foi correndo em direção a ele.

Estava com alguns respingos de sangue na camiseta e um curativo na parte esquerda da testa, parecia cansado, mas nada além disso.

  — Você se machucou! — Ela se aproximou segurando seu rosto com as duas mãos. — Foi muito feio?

  — Não, não só levei dois pontos. Nada de mais... — Ele balançou a cabeça e depois se sentou no sofá.

  — E como está agora? — Ela se ajoelhou na frente dele.

  — Exausto... — Suspirou. — Cadê a Kisa?

  — Já dormiu... Como foi na delegacia?

  — Terrível. O cara era um saco, uma coisa simples como ligar para nossos seguros demorou até agora graças a ele... — Ele pôs uma das mãos nos olhos.

  — Mas o que aconteceu? A culpa foi realmente sua? — Ela estava preocupada.

  — Sim... Estava num cruzamento e não vi ele se aproximando... Acabei batendo.

  — Keith...

  — O pior de tudo foi o estado do meu carrinho... Meu Deus o meu carro tá todo amassado!! — Ele agora pôs as duas mãos no rosto se lamentando.

Rangiku sorriu.

  — O importante é você estar bem bobão.

  — Tem razão... — Ele também sorriu. — Mas eu adoraria estar bem com meu carro intacto... — Fez bico.

  — Dá próxima seja mais atento... — Ela se levantou. — Quer que eu faça algo? Está sentindo alguma dor?

  — Não Ran valeu... Agora só quero um bom chá. — Ele se levantou indo em direção a cozinha, mas Rangiku o impediu.

  — Não precisa, eu faço. — Ela o segurou pelo braço. — Descanse um pouco tá legal?

  — Tudo bem... — Ele segurou a mão dela. — Valeu por tudo.

  — Nada! — Ela bufou. — Amigos são pra isso não?

Os dois foram para a cozinha e continuaram a falar sobre o acidente.

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Já era quase meia noite quando saiu da casa de Keith.

Havia negado todos seus pedidos para acompanha-la, tudo que ela queria mesmo agora era que ele descansasse.

  Pela manhã vou tentar ir mais cedo... Talvez ele precise de algo... Droga e o professor?

Ela parou por um momento na rua.

  Eu nem o avisei o que tinha acontecido. Com certeza deve pensar que eu nem me importei em fazer essa porcaria de trabalho.

Deu um suspiro alto e voltou a andar na rua deserta.

  Nah... Explico tudo amanhã. Qualquer coisa ponho a culpa no Keith, afinal a culpa é dele mesmo.

Uma brisa fria passou por ela quando começou a subir a rua que levava ao bar. Como um passe de magica tudo ao seu redor tinha tomado uma forma obscura como de cenários de filmes de terror.

Era noite de lua nova, o céu completamente azul não tinha nenhum sinal das nuvens cinza da noite. O vento gelado a lembravam do fato de ter deixado o casaco em cima da mesa de centro da casa de Keith junto com seu celular no bolso.

Sem nem ao menos perceber seus passos tinham adquirido um ritmo mais rápido, de uma vez por todas queria chegar em casa e tentar dar uma noite melhor ao dia que havia começado tão cheio de problemas.

Mais uma esquina virada e de longe viu as luzes do prédio do bar aparecerem. Por conta da reforma que Kyoraku estava fazendo o lugar tinha passava os últimos dias fechado de noite e aberto de dia para os concertos. Tudo parecia contribuir com a aflição que de súbito havia invadido seu ser.

Deu mais alguns passos apressadamente até que de um pequeno beco um pouco a sua frente surgiu uma sombra.

Sentiu uma forte vontade de gritar, só isso já lhe dava o sentimento que não podia ser nada bom. Tentou andar um pouco mais rápido para fugir da frente do beco  e do provável perigo, mas seus passos pararam abruptamente ao ver a silhueta do homem surgindo da escuridão.

  — Urahara? — Ela disse mais abismada do que surpresa.

  — Imaginei que fosse você. — O homem falou dando mais alguns passos para a frente dela.

A simples presença desse homem fazia o estomago dela se revirar e a forte vontade de gritar aparecia novamente.

  — Fiquei até agora te esperando... Realmente não achei que chegaria tão tarde... — Seu chapéu cobria parte de seus olhos e o que não cobria seu rosto fazia questão de esconder.

  — Esperando? O que você quer comigo? — Ela deu um passo para trás, mas seu tom era tão agressivo quanto havia sido das outras vezes que virá este homem.

  — Vim te entregar uma noticia e realmente gostaria que não me ofendesse agora. — Por um momento ele levantou o rosto e deixou a mostra os olhos cheios de tensão.

  — Eu não quero saber nada sobre você. — Ela falou firmemente dando mais alguns passos para frente e cruzando com o homem.

  — Hoje pela manhã recebi noticias sobre Gin. — Ele disse simplesmente quando ela passou do seu lado.

O nome dele ecoava em sua mente e por um momento teve quase certeza que iria cair.

Em nenhum momento nesses longos anos Urahara havia parado para falar com ela sobre Gin e agora nesse momento ela não sabia se queria realmente ouvir.

  — Você tem duas escolhas: Parar e ouvir o que eu tenho a dizer ou simplesmente ir em frente e agir como se esse momento nunca houvesse acontecido. — Ele falava de uma forma completamente assustadora. — Se eu fosse você escolheria a segunda opção... Sabe? Eu só não queria que você pensasse que eu não me importava.

  — Com o que? — Ela tomou coragem de perguntar.

Ele se virou para ela e olhou no fundo de seus olhos.

  — Realmente quer me ouvir?

Ela apenas fez que sim com a cabeça, sua língua havia completamente paralisado nesse momento.

Ele suspirou.

  — Eu realmente não gosto de ser um canal de más noticias, mas... — Ele engoliu em seco as palavras antes de pronuncia-las. — Gin está morto. — As palavras soaram frias de sua boca e por um momento apenas ficaram flutuando no ar.

Rangiku estava completamente atônita, não mexia, não piscava, não chorava. Apenas encarava o homem na sua frente com os olhos arregrados.

Mais alguns segundos se passaram assim como séculos até que um som saiu de sua garganta. Parecia um soluço amargurado que lutava para sair de seus lábios.

Fechou os olhos por um momento e a única imagem que via era a de Gin sorrindo para ela.

  — É mentira. — Ela balançou a cabeça em negação. Algumas lagrimas começaram então a descer de seus olhos. — É mentira!

  — Eu recebi a noticia hoje de manhã.

  — É mentira!!

  — O corpo foi encontrado ha três dias em uma Rua de Nova Orleans.

  — É mentira!! — Ela gritou soltando no chão a bolsa que carregava e levando as mãos ao rosto em forma de desespero. — Eu não acredito.

  — Eu realmente sinto muito. — Ele a olhou com um ar compadecido, mas nada que falasse aliviaria a tensão naquele momento. — Mas é verdade... Homens de muita confiança me passaram essa informação... Achei que tinha o dever de lhe contar.

  — A culpa é sua! — Ela foi feroz para cima dele, batendo com toda sua força os braços no peitoril do homem que nem ao menos tentou se defender. — Foi você... Tudo isso é por sua causa. — Ela falava entre soluços.

  — Eu sei... Mas foi a vida que ele escolheu. — Ele tentava dialogar. Mas tudo parecia apenas piorar a situação.

  — Ele não teria ido tão longe se não fosse por você! — Ela soltava as palavras com todo seu fôlego. — Se não fosse por você ele teria uma vida honesta, ele teria uma casa, ele estaria comigo... Ele estaria vivo... — Suas palavras foram agora totalmente substituídas por soluços desesperados.

Urahara agora se sentia muito pior do que na hora que havia escutado a noticia.

Sim, Gin era ganancioso e perverso, mas sem as instruções dele talvez pudesse ter tido uma chance de uma vida melhor com a mulher que ele sempre amou...

  — Eu sinto muito... — Ele abaixou a cabeça.

Ela parou de batê-lo e agora apenas chorava com uma das mãos cobrindo os olhos.

Ele aproveitou o tempo e recolheu as coisas dela que caíram no chão e segurou-a por um braço.

  — Vem. Eu vou te deixar em casa. — Ele deu um leve puxou para fazê-la andar, mas foi recebido com a agressividade de sempre.

  — Me solte! — Ela puxou seu braço e suas coisas da mão dele. — Por tudo o que você me fez a ultima coisa que eu quero agora é olhar para você, muito menos a sua ajuda... — Ela falou o olhando com ódio.

Ele deu alguns passos para se afastar dela e dar passagem para sua casa.

  — Eu só achei que estaria fazendo a coisa certa...

Ela o encarou por mais um momento com um olhar irônico e doloroso.

  — Você já me fez o suficiente, agora só quero que você vá para o inferno. — Então seguiu o seu caminho rumo a sua casa.

Urahara apenas a observou de longe e novamente voltou para o beco escuro de onde havia saído.

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Subiu as escadas correndo deixando alguns de seus livros caírem no chão, mesmo com o alto barulho nenhum tipo de movimentação foi ouvida dentro dos outros quartos que haviam ali.

Entrou em sua casa e sentiu a pior sensação do mundo ao ver a escuridão em que estava mergulhada. Mesmo depois de acender a luz parecia que o lugar inteiro continuava no mesmo breu.

O desespero rugia em seus ouvidos e tudo em sua volta parecia ficar menor, como se o ambiente tentasse a sufocar.

Correu até cada janela que tinha no lugar e abriu uma por uma tentando recuperar um pouco do ar que lhe foi tirado com a noticia.

Seu peito doía insuportavelmente, não sabia se estava passando mal ou se era apenas a forma bruta com a que algo tão importante foi arrancado de seu coração. Apenas queria que tudo isso parasse... Que o mundo parasse... Que de alguma forma não precisasse mais sentir todas aquelas sensações que passou anos sabendo que um dia iriam lhe acertar.

Em um pensamento rápido lembrou de um remédio que havia comprado para tratar uma forte dor de cabeça que sentiu há alguns dias... Estava na pia da cozinha.

A cartela estava quase completa, não pensou duas vezes e tirou logo quatro comprimidos e tomou com um pouco de água que pegou com a mão mesmo da torneira, passou a mão molhada no rosto que já estava muito inchado e voltou para a sua pequena sala.

Sentia como se estivesse morrendo naquele instante, como se seu próprio corpo estivesse indo junto com Gin.

Sentou se no sofá e olhou em volta, a dor no peito só parecia apertar mais e agora uma leve tontura estava passando pela sua cabeça. Cada vez que fechava os olhos via alguns dos momentos marcantes que passou com ele estampado em sua memoria.

Olhou ao redor e viu como se a sala começasse a ficar maior de uma hora para outra, se sentia mais sozinha do que nunca antes havia sentido naquele ambiente fechado que ela chamava de lar.

Uma gastura horrível lhe subiu pelo estomago e sentiu sua cabeça dar voltas novamente.

Pensou em ligar para Keith para desabafar o ocorrido e lhe pedir ajuda para conter toda a dor que sentia naquele instante, mas lembrou que seu celular estava no casaco na casa dele.

O único escape que lhe restava seria Nanao que estava com toda certeza dormindo.

Levantou cambaleante por algum motivo que achava ser da choradeira e abriu a porta. Saiu andando com uma das mãos na parede, sua cabeça começava a doer insuportavelmente e por um momento achou que fosse desmaiar. Pensou que tudo era por conta da escuridão do quarto e seus olhos marejados estavam com problemas para se adaptar a clareza do corredor. Continuou andando até que chegou ao primeiro lance de escadas. Subiu com um pouco mais de clareza parecia que agora tudo começava a se encaixar melhor.

Quando estava no topo do segundo lance de escadas seu corpo perdeu de repente toda a força que lhe restava. A tontura da cabeça se tornou uma forte dor que a fez soltar do corrimão e apertar os olhos. O quarto de Nanao era o primeiro nesse quarto andar faltava pouco só mais alguns passos e ela estaria no conforto de braços amigos.

Tentou subir o ultimo andar, mas tropeçou em seus próprios pés e com a tontura que lhe veio só conseguiu soltar um grito.

  — Nanao!!

Caiu para trás nas escadas e rolou até que bateu violentamente no chão do terceiro piso. O barulho foi alto e vários vizinhos começaram a sair de seus respectivos quartos.

  — Rangiku!? — Nanao gritou olhando o corpo dela estirado no inicio da escada. — Socorro, socorro! — Começou a gritar antes mesmo de chegar até a amiga.

Rangiku ainda estava consciente e com sua visão turva viu Nanao descer gritando.

  — Ran! — Ela a pegou pela cabeça. — O que houve?

Rangiku pensou em falar que estava bem, mas a partir dai tudo se tornou um borrão.

Para aumentar o desespero de Nanao os olhos dela viram para trás e seu corpo começou a convulsionar.

  — Socorro, me ajudem!! — Ela gritava ainda mais alto e agora algumas outras pessoas apareceram.

  — O que foi que houve? — Renji chegou sem camisa e com os cabelos bagunçados.

  — O que está acontecendo? — Agora foi Kyouraku que chegou de pijama no topo da escada.

  — Me ajudem com ela! — Nanao gritou tentando segurar seus braços.

Os dois se aproximaram correndo e viram que não tinha nenhuma forma de trata-la no momento e o único jeito era correrem para o hospital.

Mas pessoas se aglomeraram no entorno das escadas o que dificultava tudo mais ainda.

Em um impulso rápido Kyouraku a pegou no colo e desceu as escadas correndo em direção ao seu carro que sempre ficava do outro lado da rua. Nanao e Renji foram atrás tentando seu possível para ajudar a situação.

Entraram no carro e Renji assumiu a direção, dirigindo como um alucinado pelas ruas vazias da madrugada. Kyoraku estavam no banco de trás com Rangiku no colo e Nanao estava ao lado de Renji beirando as lagrimas.

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Estava coberta por uma densa escuridão. Não enxergava nada ao seu redor, não poderia nem ao menos distinguir o que era e o que deixava de ser seu corpo. Era como se estivesse flutuando em uma piscina de aguas paradas em total silêncio.

Mas tudo às vezes mudava para borrões de luzes coloridas que a circulavam e altas vozes que ecoavam em seus ouvidos com um barulho ensurdecedor. Ouvia a voz de Nanao pedindo para tomar cuidado e Renji gritando ajuda. O barulho de carro e um patinete, Kyoraku gritava chamando algo e Nanao a chamava pelo nome. Queria responder, falar que se sentia melhor e que queria voltar para casa e falar com Keith, mas por algum motivo ela não sentia ou conseguia fazer nada e quando sentia as vozes chegarem mais perto voltava para a escuridão em que estava mergulhada.

Então um zumbido diferente ressoou em seus ouvidos e novamente caiu na inconsciência.

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Ao se dar conta estava novamente em seu mar de escuridão e quietude o silêncio calmo a deixavam inquieta, mas como se mover? E tinha o que mover?

Procurava o braço e não achava, tentava mexer a perna mais não há sentia, por um angustiante momento achou que havia morrido... Até que uma voz familiar começou a lhe chamar.

  — Rangiku... Você tem que acordar agora. — Era Gin falando suavemente.

Uma luz forte então brilhou. Agora tudo o que a escuridão estava tampando a luz começou a ofuscar... Mas agora ela conseguia sentir seu corpo, tentou mexer o braço, mas o que respondeu foi a mão. Apertou algo firme e teve uma resposta do que estava segurando.

  — Rangiku?

Começou a sentir seu corpo de volta ao lugar e sentiu se chegando mais perto da luz... Mais perto... Mais perto... Mais... Até que viu uma lâmpada no meio de um teto todo branco.

  — Rangiku? — A voz lhe chamou novamente apertando sua mão.

Com certa dificuldade virou o rosto e deu de cara com os belos olhos verdes de Keith... Cheios de preocupação.

  — Graças a Deus você acordou. — Ele deu um sorriso.

  — Keith... — Ela disse baixinho.

  — Eu estou aqui Ran... Tá tudo bem agora. — Ele levou a mão dela aos lábios e deu um leve beijo.

  — Não me deixa... — Ela implorou com os olhos começando a lacrimejar.

  — Eu não vou te deixar. — Ele segurou firmemente a mão dela e olhou um pouco surpreso. — Todos estão lá fora preocupados com você.

  — O que houve? — Ela piscou com os olhos mais despertos.

  — Eu não sei... Me ligaram falando que você caiu da escada, depois disseram que... Que você tinha tomado algum remédio... Fizeram uma lavagem estomacal às pressas e quando eu cheguei você já estava aqui. — Ele disse com certo pesar. — Me diga o que houve? O que foi que você tomou?

Ela deu uma olhada no em volta do lugar e constatou que estava na enfermaria do hospital.

  — Foi meu remédio para dor de cabeça... — Ela disse baixinho.

  — Mas você tomou quantos?

  — Não lembro... — Ela então levou uma das mãos aos olhos.

  — Por que você fez isso?

  — Keith... Gin morreu... — Ela falou chorando novamente. — Ele está morto Keith...

  — O que? — Ele estava realmente surpreso não só com o fato  de Gin ter morrido, mas sim pela duvida que acabou de entrar em sua cabeça...

  Ela tentou suicídio?

O local foi dominado pelo silêncio, apenas os soluços de Rangiku eram ouvidos.

  — Keith? — Ela o olhou.

  — Calma Ran... Tá tudo bem agora... — Ele se sentou ao lado dela na maca e a puxou para seu peito. — Vai passar... Vai passar... — Lhe deu um beijo na testa e acariciou seus cabelos.

Ela chorava agora com mais intensidade.

  — Tudo bem... Você tem que por para fora tudo que está sentindo... — Ele a abraçou mais forte.

  — Ah! Keith... — Ela parou de soluçar por um momento quando pensou que se ele estava aqui onde estava Kisa. — Cadê a Kisa?

  — Está lá fora com a Nanao e os outros...

  — Que horas são? — Ela perguntou enxugando o rosto.

  — Vai dar dez horas da manhã... Daqui a pouco vão trazer seu almoço...

  — Eu quero sair daqui... — Ela olhou para o teto.

  — Não vão te liberar enquanto o medico não te der alta... Espere um minuto que eu vou chamar o enfermeiro para ele ver se está tudo bem... — Ele se aproximou novamente e deu beijo na testa dela. — Vou falar para o pessoal que você já acordou... Vão ficar muito contentes. — Ele deu um meio sorriso.

  — Muito obrigada. — Ela disse novamente com os olhos lacrimejando.

  — Não é nada... Amigos são para isso. — Ele enxugou o rosto dele e se saiu do quarto.

Por um momento lembrou da voz que a chamou na escuridão.

   Rangiku... Você tem que acordar agora.

  — Ai Gin! Só queria que soubesse que ainda te amo... — Olhava fixamente para o teto e nem se deu conta que havia voltado a chorar, mas agora sentia uma vontade incontrolável de sorrir.

  Lembrou se brevemente de uma frase que Ilda havia dito há ela pouco depois de se conhecerem.

  “O futuro nós fazemos a cada escolha que tomamos, eu por mais rabugento que me achem, escolhi ser feliz”


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Notas finais do capítulo

Bem gente espero que não tenha muitos erros na ortografia, mas realmente não to conseguindo editar tudo...
Espero estar aqui semana que vem...
Foi mal qualquer inconveniente!!