O Clone escrita por Luana Rocha


Capítulo 1
Adeus a Dominique


Notas iniciais do capítulo

*Espero que gostem da nova fic.
*Ela não tem a parte da Árabe da novela, e poucos personagens são parecidos, o maior deles é o Dr. Lopez e o Dr. Albieri.



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21 de Fevereiro de 1992.

Era a última consulta de Antony Lopez naquele dia. Ele era um jovem médico recém-formado, sonhador e muito ambicioso, que conseguira emprego em uma renomada clínica, que pertencia ao seu ex-professor e mestre da faculdade, Albert Larson.

O jovem Antony que era filho de pai mexicano e mãe porto-riquenha, ambos ex-imigrantes ilegais que construíram uma família em meio a grandes dificuldades, e há alguns anos atrás ele perdera seu pai, fazendo assim que o jovem enxergasse em seu admirado mestre a figura paterna que faltava em sua vida.

Albert também o acolhera como um filho, um que ele nunca teve. O bem sucedido médico era casado há muitos anos com Elizabeth, e era pai de uma bela jovem extremamente delicada, linda e sonhadora, chamado Dominique, com um extraordinário dom para a dança, e com o grande sonho de fazer parte do balé de Nova York e viajar pelo mundo fazendo o que sempre gostou, mas a vida definitivamente não fora gentil com ela. Meses atrás a jovem tivera um grande choque ao descobrir-se portadora de uma rara e agressiva leucemia que lhe consumia dia após dia, e os médicos não descobriam a cura.

Finalmente a paciente entrara na sala. Era uma mulher de cabelos castanhos claros, e levemente encaracolados, com um olhar baixo e tímido.

“Boa tarde Srta...” O jovem médico se levantou e apertou a mão da mulher.

“Na verdade senhora, Suzan Pierce.” Ela o corrigiu com um pequeno sorriso amigável.

“Tudo bem, Sra. Pierce, sinta-se em casa.” A mulher sentou-se em uma das cadeiras, evitando muito contato visual com Antony.

“Muito obrigada.” Ela murmurou.

“Não precisa agradecer.” Ele respondeu com o sorriso simpático que estava sempre em seu rosto. Ele era um apaixonado por sua profissão. “Então Sra. Pierce, no que posso ajudá-la?”

“Bom, eu...” A mulher suspirou fundo, não era fácil para ela estar ali, falando de sua vida, de seu casamento para um praticamente desconhecido. Se o seu marido soubesse o que ela estava fazendo naquele momento, ela estaria em uma situação complicada, mas era o sonho de sua vida que estava em pauta, por isso ela precisava tomar uma atitude, e rápida. “Eu já tenho vinte e nove anos, sou casada há um tempinho já, mas eu não consigo ser mãe, e esse é o maior sonho da minha vida, e o meu marido vem me pressionando...” A mulher engoliu o choro, não queria parecer fraca diante do Dr. Lopez, mas as lembranças das ameaças de seu marido ameaçando lhe deixar caso ela não lhe desse um filho faziam seu peito apertar.

“A senhora já fez algum exame para saber se é estéril?” O jovem perguntou.

“Sim, eu fiz os exames com o meu ginecologista, e eles apontaram que eu sou completamente fértil.” Ela respondeu, lembrando-se de como o seu marido, John Pierce, ainda falava desses exames, de como eles estavam errados, pois ele era homem e não havia nenhum problema com ele.

“Talvez o problema seja com o seu marido, ele fez algum exame? Isso é mais comum do que se imagina, e não é o fim do mundo...” Antony argumentou com simplicidade, sem perceber o drama doméstico vivido pela mulher em sua frente.

“Desculpa Dr. Lopez, mas o meu marido nunca vai aceitar isso, o orgulho dele é maior que qualquer coisa nesse mundo.” A mulher respondeu com melancolia na voz, fazendo o jovem médico revirar os olhos. Não era o primeiro caso de marido ignorante que ele via, e infelizmente não seria o último.

“Eu entendo.” Ele respondeu. “Mas em que posso ajudá-la, exatamente.”

“Eu... É... Uma amiga minha me indicou essa clínica, porque foi aqui que um casal de... Aquele casal de homens, os Berry, eles vieram aqui e agora eles tem uma filha.” Suzan falava sobre os seus vizinhos, Hiram e Leroy, mas ela não tinha muito contato com eles, pois o seu marido os considerava anormais.

“A senhora quer uma inseminação artificial, como os Berry e a menina Concoran?” Antony se lembrava muito bem desse caso, o próprio Dr. Larson cuidara desse caso, e agora eles tinham uma bela menininha chamada Rachel.

“Sim.” A mulher respondeu ansiosa. “Eu realmente gostaria de ter um filho como todos os outros casais, mas eu não acho que isso seja possível, então eu não vejo outra saída, o doutor pode me ajudar?”

“Sim, eu posso.” Ele confirmou com um grande sorriso no rosto, mas nesse momento o telefone tocou. “Com licença Sra. Pierce.” Ele disse antes de atender o telefone. “Dr. Lopez na linha.”

“Tony, você precisa vir para casa agora.” Ele instantaneamente reconhecer a voz de sua esposa Marise, ela chorava desesperadamente, o que o deixou bastante preocupado.

“Amor, tente se acalmar e fale devagar, o que aconteceu?”

“Tony, a Dominique... Ela... Ela faleceu.” As palavras caíram como uma tonelada na cabeça e nos ombros do rapaz. Sua visão escureceu e sua voz desapareceu. Ele estava literalmente sem palavras. “Vem para casa agora, por favor.”

“T-Tudo bem, eu... Eu já estou indo.” Ele respondeu ainda sem chão, e sem dizer mais nada, desligou o telefone. Suzan pareceu confusa com a cena.

“É... Está tudo bem, Dr. Lopez?” A mulher perguntou trazendo-o de volta a tona, mesmo considerando sua própria pergunta estúpida, porque ela sabia que não estava tudo bem.

“Sra. Pierce me desculpe, é que aconteceu uma fatalidade, uma amiga muito próxima acabou falecendo, e eu tenho que ir para casa.” Ele se explicou tentando não chorar. A mulher no mesmo momento se levantou.

“Oh, eu... Sinto muito, de verdade.” Ela nem sabia direito o que dizer para alguém que ele acabara de conhecer e que entrara em estado de luto.

“Obrigado.” Ele agradeceu ainda meio atordoado com tão súbita noticia. “E quanto à questão da maternidade, não se preocupe, eu prometo que a senhora irá ser mãe.” A voz de Antony foi firme, e ele era o tipo de homem que não costumava quebrar suas promessas.

Médico e paciente deixaram a clínica quase que ao mesmo tempo, mas enquanto a mulher fora ao ponto de ônibus mais próximo, Antony caminhou até o carro que estava estacionado há poucos metros dali, e uma vez dentro do veículo, ele desabou.

Lágrimas de grande pesar rolaram por seu rosto. Talvez se ele tivesse tomado uma atitude antes, ele que possuía um grande conhecimento em genética, pegara algumas células de Dominique, mas ele não conseguiu encontrar nada significativo para salvar a vida da garota.

Tão jovem tão bela e tão dedicada aos seus sonhos, e tudo fora interrompido de forma brusca por uma doença estúpida. Ele sacudiu a cabeça, em descrença, perguntando-se como Deus podia permitir algo assim acontecer? Era algo que não tinha como se conformar.

Ele conhecera Dominique poucos anos atrás, e logo se encantara por sua beleza, seu jeito cativante e sua personalidade, sempre tão de bem com a vida, sorrindo e transmitindo essa felicidade aos outros. No fundo ele sabia que Albert esperava que ele e Dominique acabassem se apaixonando e se casando posteriormente, mas o destino colocou Marise no caminho do rapaz. Ele era uma das grandes amigas da bailarina, e ao contrário dela, que nunca demonstrou grande interesse em Antony, ela se apaixonou completamente pelo rapaz, e obviamente eles começaram a namorar, e casaram-se cinco meses atrás, logo após formar-se como médico.

O caminho até a sua casa pareceu mais longo que o habitual, e o choro insistia em não passar. Quando ele finalmente chegou em casa, sua esposa o recebeu desconsolada com um forte abraço. Era quase como se um pesadelo tivesse se materializado.

“Eu sinto muito Marise, eu mal posso acreditar que isso está realmente acontecendo.” Ele falou logo após dar um beijo na testa da esposa, e tirar uma mexa de cabelo da frente de seu rosto. Marise Jones, agora Lopez, era uma bela jovem vinda de uma família da alta sociedade afro-americana. Seu pai, Carl Jones Sênior, era um respeitadíssimo advogado que enfrentara enorme racismo, mas nunca desistira, e Antony sabia que teria que enfrentar os mesmos problemas, ele não era negro, mas era latino, e acabava enfrentando preconceitos da elite branca, o que não era o caso do professor Larson. Para ele o que importava era o talento, e não a etnia.

“Ela era tão jovem e tão cheia de vida, além de ser uma pessoa boa, não é justo que com tantas pessoas ruins e mal intencionadas nesse mundo, logo ela foi morrer dessa doença maldita!” A mulher soluçava desesperada. “Ela tinha uma vida toda pela frente, uma carreira de sucesso como bailarina, ela era uma das melhores... Não é justo Tony, não é justo!”

“Eu entendo Marise, eu te entendo querida.” Antony lhe disse com a voz carinhosa. “Mas nós precisamos ser fortes, professor Larson e a sua esposa irão precisar de nossa ajuda, eles devem estar destruídos.”

“Você tem razão.” A mulher concordou, ainda abraçada ao marido. “Eu nem sei como eles vão passar por isso.”

“Você quer ir para lá agora?” Ele perguntou, acariciando o rosto da esposa.

“Sim, eles precisam de nós.”

Sem mais delongas o jovem casal seguiu para a casa de Albert e Elizabeth Larson. Nada além de soluços fora ouvido durante todo o percurso. Os pensamentos de Antony estavam distantes. Um sentimento terrível de impotência invadira seu peito, e isso era uma das piores sensações que ele sentira em sua vida.

Quando eles finalmente chegaram na mansão Larson. Haviam alguns carros estacionados ali. Após estacionar o seu veículo, o jovem casal adentrou a casa de mãos dadas.

Logo na primeira sala eles encontraram a Sra. Selina, governanta da casa e babá de Dominique. Ela chorava como uma criança, sozinha, abraçada a uma foto da jovem bailarina. Ela estava tão absorta em sua própria dor que nem notara o casal ali.

“Meu anjinho, meu anjinho...Por que você teve que ir embora?” A mulher murmurava enquanto olhava para a foto da menina de cabelos longos e dourados, olhos azuis cor do céu, como ela gostava de descrever.

O jovem casal adentrou a casa, e foram andando pelo corredor, até chegarem na sala principal, onde Elizabeth estava sentada na poltrona, com uma de suas mãos segura por sua irmã. O olhar distante, quase fora da realidade, obviamente estava dopada. Aquilo doeu no coração de Antony, a dor de perder a filha deixava uma mãe naquela situação,e logo Elizabeth, que era tão sorridente quanto Dominique, e que em nenhum momento perdera a esperança nele, acreditando que era o único que poderia salvar a vida de sua filha. Ele se sentiu um lixo.

Marise foi abraçar a frágil mulher, e ficou ali, as duas apenas chorando por alguns segundos. Antony decidiu sair dali e procurar seu professor, e o encontrou, em seu escritório, sozinho, de pé, olhando para a janela.

“Professor Larson...” Antony o chamou baixinho, e quando o homem se virou, a expressão devastada em seu rosto, algo que o jovem latino jamais iria esquecer em sua vida.

“Ela se foi...Minha Dominique se foi...”Albert murmurou. “E agora Antony, me diga, me diga o que eu vou fazer da minha vida, quando a minha maior alegria foi tirada de mim?” Antony abaixou os olhos, colocando-se no lugar de seu mestre. Ele não tinha filhos ainda, então as pessoas mais importantes para ele sempre foram os seus pais, e agora a sua esposa, e o momento mais amargo de toda a sua vida fora com certeza a morte de seu pai, então ela imaginou que a dor de Albert deveria ser cem vezes pior.

“Eu sinto muito professor, eu queria ter salv...” Mas antes que ele pudesse terminar a sentença, o homem mais velho o abraçou forte, e praticamente desabou ali, diante de seu ex-aluno, no momento mais crítico de sua vida, onde ele não teve nem uma vergonha de mostrar sua fraqueza, sua dor.

 “Se eu pudesse... Se eu soubesse como... Eu juro, eu daria minha vida para poder voltar no tempo e salvar a vida da minha menina, eu daria minha vida para conseguir fazê-la nascer de novo.” Albert se lamentou, e aquelas palavras originadas da extrema dor, tocaram profundamente o coração de Antony.

Naquele dia ele presenciara duas dores diferentes, mas ambas nascidas de um mesmo desejo, o sonho de ter seu filho. A pobre Suzan Pierce e seu marido provavelmente estéril que lhe negava o sonho da maternidade, e agora Albert e Elizabeth, que haviam realizado esse sonho, mas que experimentaram a mais amarga das dores.

Desde muito novo Antony tinha um sentimento dentro dele, uma coisa que quando ele falava para as outras pessoas lhe causavam risos, mas ele sabia que estava destinada a fazer algo grandioso, e a morte sempre lhe intrigara, ele sempre quis encontrar uma forma de driblá-la, arrumar uma maneira de tornar seus entes queridos imortais, e ele pesquisava sobre isso secretamente, e agora, o destino parecia brincar com ele.

Ele sabia que resolveria o problema de Suzan, mas ele ainda precisava resolver o problema de Albert e Elizabeth, ele precisava vencer a morte e trazer Dominique de volta a vida, e ele já estudara sobre isso, ele tinha uma maneira, uma idéia, arriscada, mas brilhante, extraordinariamente brilhante, ele só precisava se concentrar e usar toda a sua competência, porque ele não acreditava em sorte. Azar era desculpa de preguiçosos.

Ele era grandioso, e faria algo que ninguém jamais fizera antes. Ele acabaria com as duas dores de uma única maneira, e com isso não haveria uma única pessoa no mundo que não saberia o seu nome, ou o seu feito histórico. Ele viraria uma lenda, e seu nome ficaria gravado não somente na história da medicina, mas na ciência também.


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Notas finais do capítulo

*Sim, o Dr. Lopez é meio pirado kkkkkkkkkkk
Bom, mas agora eu vou precisar da opinião de vocês, galera, vocês vão escolher os casais secundários da fic.
Faberry ou St.Berry?
Klaine ou Kurtofsky?
Tike ou Tartie?
Samcedes ou Fabrevans?
Sugartie ou Sugarmony?
Me digam, e eles estarão na fic.
Deixem reviews dizendo o que acharam, isso só me motiva a escrever mais e melhor para vocês.