Chegamos à igreja e me surpreendi quando vi lá quem menos eu esperava ver, Brendon. Ele olhou para mim e eu desviei o rosto rapidamente. Ele continuou a me encarar e aproximou-se; naquele momento estávamos a sós, todos já haviam entrado, inclusive Samara.

— Kate! – falou Brendon surpreendido quando me viu de perto – Você está tão linda.

Olhei profundamente em seus olhos e eles nos meus, meu olhar era de raiva, de ódio, e o dele de encantamento, admiração.

— O que você veio fazer aqui? – Perguntei – Despedaçar mais ainda o coração da sua irmãzinha mais nova? – falei sarcasticamente.

— Não, eu... fui... convidado pro culto.

— Ah! Que ótimo. – Falei com bastante rancor.

— Kate, não faz assim, por favor, eu gosto tanto de você...

— Ah! Agora você gosta de mim?

— Não só gosto; percebi que te amo.

Ele aproximou-se, colocou sua mão direita em meu rosto e trocamos vários e vários olhares, estávamos quase nos beijando e eu estava quase cedendo. O empurrei e dei um tapa em seu rosto com toda a força a minha força.

— O que você ta pensando? Que pode brincar comigo desse jeito? Aqui dentro Brendon – minhas lágrimas rolaram – tem um coração quebrado, despedaçado, por sua causa e estou quase conseguindo emendá-lo graças a Mateus. O que você quer mais? Me ver totalmente acaba, destruída por você? Agora não mais, nem nunca.

— Kate, por favor, eu já... – O interrompi.

— Cala essa sua boca nojenta; já me cansei dos seus joguinhos, se quiser ficar aqui na igreja fique, isso eu não posso impedir, mas, por favor, fique bem longe de mim.

Eu me virei e esbarrei em Mateus que havia assistido a cena toda. Ele e Brendon se encararam por alguns segundos, ele me acolheu em seus braços e me levou à sua casa – ele e Samara moravam nos fundos da igreja.

— Calma Kate, não chora, ele mereceu cada palavra que você disse.
Meus olhos estavam pretos por causa do rímel.

— Posso ir ao banheiro retocar a maquiagem?

— Pode sim.

Retoquei a maquiagem e percebi que estava vermelha igual a um pimentão. Mateus me consolou e ficou comigo durante todo o culto e Brendon estava dois bancos atrás de nós só nos observando, a expressão dele era de raiva e ciúmes, mas eu não me importei para isso. Quando fui cantar, ele me olhava fixamente, parecia que estava encantado. Cantei a música Sonda-me, usa-me da Aline Barros.

Fui bastante elogiada pela roupa e pelo louvor. Dei o melhor de mim naquele dia, que teria sido o melhor se Brendon não tivesse aparecido para estragá-lo.

Cheguei em casa já eram mais de uma da manhã.

— Como foi o culto? – perguntou Rita assim que entrei em casa.

— Foi bom.

— Nossa! Parece que você ta vindo de um velório pra está tão desanimada, quem você viu lá que te deixou com tanta tristeza? Por acaso foi o Brendon?

— É, ele foi sim, mais como você sabe?

— Eu o convidei pra ir, só que não quis mais ir e fiquei em casa.

— Eu num acredito que você fez isso. Como você teve coragem de convidar ele pra ir à igreja que eu congrego em um dos dias mais importantes da minha vida? Você sabia o que ele me fez passar, o que você queria? Que ele estragasse minha noite mesmo?

— Desculpa, eu só queria ver ele, eu tava com saudade. Se soubesse que ele ia mesmo eu nem teria chamado.

Fui para o meu quarto.

— É sério Kate, não foi por querer – falou Rita entrando sem bater na porta. Mais é aí, viu seu namorado?

— Que namorado?

— O Mateus. Eu sei que você gosta dele.

— Como você sabe?

— Isso não importa.

— Claro que importa, fala logo.

— Tá, não teve no dia que você saiu toda bonita com aquele vestido azul... Eu estava em casa só que você não me viu, e eu tinha programado o telefone pra gravar as ligações, então eu fui ouvir com quem você estava falando e liguei os pontos... Falando com Mateus e saiu toda bonita, ela só pode estar gostando dele. E ainda dá pra perceber o jeito que você olha e fala dele.

— Isso é invasão de privacidade sabia; ficar ouvindo as conversas dos outros.

— Eu não mandei você não olhar.

— A está bem, agora me deixa dormir que eu estou cansada.

— Usa camisinha em.

— Vai pro inferno. – falei ao jogar um travesseiro nela.

— Tá nervosinha, boa noite, sonhe com o Mateus.

— Mais que inferno Rita vai encher o saco do Wellington.

— Ei não começa também não.

Ficamos nesse bate boca até quase três da manhã, Rita era insuportável, mas legal também quando ela queria ser. Ela era uma boa irmã, e também já havia tido uma paixonite pelo Mateus, o que me incomodava um pouco. Mais eu sabia que ela não gostava dele de verdade. Rita nunca amou ninguém, às vezes ela namorava com uns e outros, mas duravam no máximo uma semana. Eu dizia que ela devia mudar e ir pra igreja, porém ela tinha esse jeito roqueiro de ser e nada iria mudar ela. A noite passou e segui o conselho de minha irmã. Sonhei com Mateus. Ele me beijava tão calmamente que nem pareceu ter sido um sonho, acordei inconformada por isso.