Mei uzumaki

Eu acordo com os gritos do meu irmão mais novo. Levanto-me e olho no meu celular, quinta feira um dia antes da festa. Arrumo-me desço as escadas e vou me sentar à mesa.

Minha mãe e meu irmão comiam como dois condenados. Segundo meu pai, minha mãe era bem pior quando mais nova.

- bom dia – eu falo enquanto encho meu copo de leite. – hoje eu vou á casa dos uchiha, a mikoto-san pediu uma opinião sobre uma parte da decoração.

- certo querida, hoje eu vou atrás da ume – minha mãe fala com um sorriso maligno nos lábios. Essa ume está ferrada.

Meu irmão começa a falar sobre algo sem importância da escola dele, depois de comer ele olha no relógio e vê que está atrasado, pra variar. Eu saio junto com ele, entro no meu quarto e sigo para a fazenda uchiha. Logo na estrada tem alguns homens terminando de colocar decorações.

Eu desço do carro e contorno a casa atrás da mikoto quando vejo uma cena que faz meu coração doer. Itachi uchiha e sua noiva conversando felizes na grama. Não importa quantas vezes eu veja a mesma cena, toda vez o efeito é o mesmo. Coração doendo e uma vontade incontrolável de chorar e gritar “você me pertence”. Nesses anos eu aprendi a controlar minhas emoções e não chorar em publico, mas fica cada vez mais difícil, especialmente agora que a família uchiha está conversando sobre marca o casamento.

Pode me chamar de egoísta, mas eu odeio ver a felicidade deles.

- Mei querida, que bom que chegou – eu sou retirada dos meus pensamentos pela senhora uchiha, toda sorridente ela me leva para dentro. Ela me mostra algumas faixas em tons claros e as flores vermelhas e brancas. Eu dou algumas idéias, passamos quase uma hora conversando sobre a musica e a comida até que ela pede licença para ir até a cozinha verificar algo e me deixa só na sala.

Eu me sento no sofá folheando um livro sobre doces que mikoto havia me emprestado. Não percebo quando mais alguém entra na sala.

- Mei? – eu fecho o livro e tento controlar sem sucesso as batidas do meu coração. – veio ajudar a kaa-san?

- sim, ela pediu para que eu viesse avaliar o resultado final. – eu não consigo encará-lo. Olhar para ele é doloroso demais. – então eu vim.

- ninguém melhor que você para avaliar uma festa, você sempre foi muito boa nisso. – finalmente eu levanto o rosto e o encaro meu olhos verdes olham diretamente para seu par de ônix.

Acho que isso dura mais ou menos meio minuto. O silencio reinou, não nos mexíamos nem falávamos nada, simplesmente olhávamos um ao outro. Eu não consigo suporta a dor dentro do meu peito.

- você ainda tem raiva de mim – aquilo foi uma facada diretamente no meu peito. Eu estou fazendo um esforço surreal para não chorar, minha respiração fica lenta. Os segundos se tornam horas. – não podemos fazer o tempo voltar Mei.

- eu sei disso itachi – eu levanto – dissemos que nunca mais tocaríamos no assunto lembra? Eu vou para cozinha.

Quando passei por ele, senti meu braço ser puxado. Agora estou frente a frente com ele, nossos olhos fitando um ao outro. Estamos perto demais, sua mão queima como fogo na minha pele. Já era difícil ter que fingir que está tudo bem todos os dias e agora isso, o que ele quer de mim afinal?

- eu sinto muito Mei – com sua mão livre ele toca no meu rosto. Meu coração está a mil. Eu recobro a sanidade e me afasto dele.

- é melhor para nós dois mantermos uma distancia segura. – eu sigo meu caminho pra a cozinha, o ouço suspirar atrás de mim.

Para minha surpresa a cozinha está vazia e eu deixo uma lagrima rolar. Toco com a ponta dos meus dedos no meu rosto, exatamente no lugar onde ele tocou.

- está tudo bem Mei? – eu enxugo a lagrima e me viro sorrindo para mikoto. – lembranças ruins?

- péssimas. – eu falo – mas é passado. Entoa vamos para o cardápio?

Encontro konan vindo da floricultura. Ela segurava um buque de rosas brancas. Ela me vê e sorri, mas para quando vê meu semblante abatido.

- o que aconteceu? – konan pergunta enquanto nos sentamos em um banco na calçada. – é melhor me conta lá em casa, aqui tem muita gente de olho – a residência hyuuga não fica muito longe de onde estávamos e em menos de cinco minutos de caminhada nos chegamos.

Konan deixou as flores que a mãe dela havia pedido para comprar na mesa e subiu comigo para o quarto. Quando entrei eu não consegui segurar toda a dor que eu estava sentido. Comecei a chorar.

Konan sabe que somente uma pessoa consegue me deixar nesse estado.

- ele estava em casa.

- sim – eu enxugo as lagrimas que insistem em descer – junto com a noiva dele. Eu não agüento, toda vez que vejo os dois juntos eu corro na direção oposta. É isso que eu faço desde o dia que ele escolheu ficar com ela, eu fujo.

- Mei – konan me abraçou – se quiser eu fico com você em casa amanhã.

- não – eu falo rapidamente – eu irei. Mikoto insistiu tanto que eu não consegui inventar uma desculpa.

- você tem que superá-lo. – ela fala enquanto acaricia meus cabelos – sair com alguém novo, se ocupar.

- eu já tentei, mas eu não consigo, eu só o enxergo. – as lagrimas voltam a descer pelo meu rosto – e o pior é que eu não consigo odiá-la. Ela é tão boa, gentil, engraçada, sabia que semana passada ela me parou na faculdade e me deu um livro?

- serio?

- sim, ela falou “toda vez que eu te vejo você está com um olhar triste, sabe eu não sei o que é, mas seja o que for você devia correr atrás da sua felicidade, a vida não te da nada de bandeja, você tem que lutar pelo que quer” – eu falo entre soluços – eu não consigo encará-la desde esse dia. Eu tentei odiá-la, eu fiz de tudo para nunca fazer amizade com ela e ainda sim ela é gentil e me manda correr atrás do que eu quero. Que merda, o que ela falaria se soubesse que o que eu quero é o noivo dela?

- a Sarah é uma boa pessoa, mas nem por isso você merece menos que ela Mei – konan fica em pé na minha frente com um olhar determinado – o itachi gostava de você, ele gostava.

- então por que ele a escolheu? – eu jogo o travesseiro no outro lado do quarto – por quê? Eu o amava, eu ainda o amo e ele está com ela.

Konan me abraça novamente eu acabo molhando sua blusa com as minha lagrimas. O quarto é preenchido com o som dos meus soluços.

- calma Mei, a dor vai passar.

Estou no meu quarto, devidamente vestida para dormi. Pego em um dos meus baús uma chave, chave que abre uma das minhas gavetas. Eu abro a gaveta e tiro de lá uma foto. Nela eu estou abraçada com o itachi na cachoeira. Nós dois estamos sorrindo, lembro que nesse dia nós tínhamos feitos planos.

Ele ia termina com a namorada e nós ficaríamos juntos. Só que no dia seguinte veio à bomba, Sarah estava com suspeita de gravidez e o teste da um falso positivo. 99,9% chance do teste está correto e justamente nessa vez o teste erra.

Eu e ele nos separamos e ele ficou noivo. Só se descobre que o teste deu errado quando Sarah vai ao medico e ele afirma que ela não está grávida. Mesmo assim o itachi continuou noivo dela até que ano passado nós acabamos ficando juntos de novo e novamente me iludi com ele.

Ele ia terminar o noivado. Mas a historia de repetiu. No dia em que ele foi termina com ela algo aconteceu, pois no outro dia ele disse que nós dois não poderíamos ficar juntos e foi embora.

Desde então eu passo as noites imaginando como poderia ter sido diferente se aquele teste não tivesse dado um falso positivo, se ele tivesse terminado com ela, nós estaríamos juntos agora?

Eu guardo a foto na gaveta novamente e me deito ainda assombrada com a terrível idéia do “e se...”