Dont Look Back In Anger escrita por ladyofcamellias


Capítulo 1
Capítulo 1- Lesbian


Notas iniciais do capítulo

Primeeeeiro capítulo ~le dando pulinhos~. Capítulo fresquinho, acabei de escrever, devo ter levado umas duas horas, deu um trabalhão. A ideia bateu na porta do meu quarto e eu tive que deixar ela entrar, sabem? Bom, ficou enoooorme, acho que é um bom jeito de começar. Enjoy (:



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POV Annabeth

_Qual o problema dessa vez, Annabeth?_ perguntou Afrodite, a psicóloga da escola. E lá estava eu, de novo. Naquele mesmo consultório todo pintado de bege, de paredes estreitas e com cheiro de mofo. Parabéns pra mim é isso aí.

_Não é nada._ respondi e sabendo que essa não iria colar de novo, completei,_ É que eu ainda não me adaptei, sabe como é, a garota nova e tal...

Ela respirou fundo, antes de me passar seu novo sermão:

_Annabeth, querida, você já está há um ano aqui. Já deveria ter se adaptado. Eu sei que você tem seus amigos...

_Que amigos?                                                                

_... é chefe das líderes de torcida...

_Eu saí da equipe.

_ ... e tem uma família que te ama muito.

Dessa vez eu não pude evitar. Fechei minhas mãos em punhos com força, antes que ela percebesse meu tremor. Levantei-me da cadeira desconfortável e disse, com a minha voz o mais dura possível:

_Eu não preciso da porcaria da sua ajuda._ e saí da saleta, batendo meus pés com o máximo de força possível no chão. Não chore Annabeth, não chore.

A primeira coisa que percebi assim que fugi do consultório foi que o último sinal já batera. Os alunos da Goode High School andavam pelos corredores, colocavam e tiravam livros dos armários enquanto conversavam sobre assuntos, aparentemente, fúteis. A segunda foi o “LÉSBICA” pichado de verde fluorescente bem grande da porta do meu armário (a razão da minha visita de ontem a Afrodite). A terceira foi Thalia esperando ali do lado, parecendo entediada, mascando chiclete enquanto escutava música com seus fones de ouvido roxo.

_Nossa_ ela exclamou enquanto eu colocava a combinação no cadeado,_ me disseram que tinha sido uma mudança drástica, mas eu nunca pensei que tão...

_Quem te contou?

Ela engoliu em seco, antes de dizer bem baixinho:

_Foi a Rachel.

Acho que ela já sabia qual seria minha reação.

_Sua nova melhor amiga? O que foi que ela disse dessa vez, hein?_ perguntei com o máximo de sarcasmo possível._ Que a cada lágrima que caía de meus olhos eu cortava uma mecha?

_Deixa de ser infantil, Annabeth. Ela só disse que você entregou a tesoura pra aquela menina ruivinha do primeiro ano...

_Katie Gardner.

_... e pediu que ela cortasse seu cabelo. Bom, e foi o que ela fez.

_Pelo menos ela não mentiu dessa vez_ disse batendo a porta e indo em direção ao estacionamento. Thalia seguiu em meu encalço.

_Rachel  mudou e você deveria levar isso em consideração... E seu cabelo até que não ficou tão ruim. Você tem um rosto bonito, Annabeth . E sabe, se parasse de usar as roupas do seu irmão quem sabe as meninas não te chamariam para a equipe de novo...

_Quer saber, Thalia? Só..._ respirei fundo_ Vê se para, tudo bem? Não precisa ficar me bajulando e por mim está tudo ótimo se você gosta de andar com aquela vaca...

_Eu e o Luke estamos namorando.

Dessa vez em tive que parar de andar. Dei meia volta, estudando-a bem com os olhos. Não era só eu que mudara nos último mês. Thalia deixara de usar seus coturnos que vinha usando desde a sétima série para trocá-los por sapatilhas. Em vez do usual jeans rasgado, usava uma minissaia, do tipo, bem mini. A camiseta preta e larga, do seu novo namorado, estava amarrada, um pouco acima do umbigo. Os cabelos não tinham mais o mesmo ar rebelde e a maquiagem era muito mais leve.

_ Agora você me larga sozinha nessa? Nossa não sei nem como te agradecer...

_ A gente tem que seguir em frente, Annabeth!_ dessa vez ela gritou comigo_ Pelo amor de Deus, pára de se fazer de coitadinha. Pára com esse negócio de “eu sofro bullying”, “ninguém me ama”, “eu não tenho amigos”...

_Olha só, a porcaria da ideia não foi minha. Foi você quem começou com aquela palhaçada. Foi você quem teve a ideia de me beijar na boca. Foi você quem teve a ideia de tirar a maldita foto. E foi você quem...

_Nós estávamos bêbadas, fala sério.

_E foi você que a postou na porra do seu facebook, no dia seguinte, quando já estava sóbria o bastante...

Eu me calei. Estávamos cara-a-cara, uma olhando mais furiosa para a outra. Se fosse possível, acho que sairiam chamas das narinas de Thalia. Eu tinha vontade de socá-la, deixá-la desacordada e a jogar do terraço do Empire State Building. Mas apesar de toda minha raiva, fui a primeira a ceder. Meus ombros baixaram. Olhei para baixo.

_E foi você, você, Thalia Grace, quem negou tudo depois. Era pra ser só uma brincadeira de melhores amigas, mas não, você transformou na maior fofoca da escola. Saiu dizendo por aí aquele monte de merda. “Annabeth é uma lésbica louca e psicopata, que tentou me beijar e aí depois me jogou na minha cama e partiu pra cima de mim. Eu pensei que ela fosse me estuprar...”.

_Eu pensei que você fosse negar, eu...

_ Não me vem com essa, não se finge de idiota. Você sabia que nem eu, a capitã das líderes de torcida, a namorada de Luke Castellan, quem colocava as ordens nesse lugar conseguiria negar algo tão grande assim.

Ficamos em silêncio novamente. A essa altura, o estacionamento já estava vazio, de maneira que só tínhamos nós duas ali e poderíamos gritar o quanto quiser que ninguém nos escutaria.

_Sinceramente?_ a voz dela soava grossa, um pouco embargada pelo choro que estava por vir._ Eu nunca pensei que você fosse sucumbir a isso. Quer dizer, quem diria que você ia começar a usar as roupas do seu irmão e cortar seu cabelo como de um moleque? Como se confirmasse tudo o que dizem.

_Eu não deveria ficar aqui, perdendo meu tempo, dando justificativas a você. Eu neguei, com todas as minhas forças. Só faltava eu pintar nos muros da escola e andar com uma placa de neon pela escola dizendo “Olhe para mim, sou hetero”...

_Não tentou o bastante...

_Até que eu cansei. Se eles querem achar que eu sou lésbica, que achem. Se quiserem que Annabeth Chase pareça uma lésbica, ela vai parecer. E se eles querem um motivo pra fazer fofoca de mim, eles vão ter.

_Quer saber?_ ela gritou me dando as costas._ Eu desisto. Rachel estava certa. Você é ó mais uma menina mimada, que precisa de atenção. A verdade é que você gosta de sofrer Annabeth Chase. Luke nunca mereceu alguém tão fútil como você. Ele tem sorte de ter se tocado e terminado contigo para ficar com alguém como eu...

Ela teria terminado seu longo discurso, tão cuidadosamente preparado. Poderia ter ficado até o dia seguinte em pé, exatamente no mesmo lugar, dizendo exatamente as mesmas abobrinhas. Mas antes que pudesse continuar, eu agarrei seu braço e fiz que se virasse de frente para mim.

_Presta bem atenção_ sussurrei bem próxima ao seu rosto, meu hálito quente atingindo-a com força,_ porque essa é a última vez que eu falo contigo. Nunca, eu estou dizendo nunca, mais fale comigo. Não ouse ao menos a olhar na minha cara. Estamos entendidas?

Eu via ali, quando a soltei, naqueles olhos azuis intensos em que um dia confiei, algo que nunca vira antes: medo.

_Vai ser um prazer_ escutei-a gritar assim que lhe dei as costas e continuei andando em direção ao meu carro._ E quer saber? Seu cabelo ficou um lixo. Um lixo tão grande quanto você, sua... Lésbica!

Eu imaginei que meu carro estaria inundado quando chegasse em casa. Assim que eu dei a partida não pude evitar mais. As lágrimas caíram com tamanha violência que nunca vira antes. Segurara o volante com tanta força, durante todo o percurso, que parecia que não corria mais sangue pelos meus dedos.

Arranquei a chave da ignição, bati a porta e caminhei pelo gramado amarelado. Tudo naquela casa parecia meio morto. Meio não, completamente. As flores na janela, a tinta descascando, nas paredes, a porta de ferro enferrujado... E até mesmo meu irmão, sentado na varanda.

Bobby era um ano mais velho que eu. Diferente de nosso outro irmão, Matt, ele era bem parecido com a mamãe, assim como eu. Se naquele dia estivesse de bom humor, eu iria dizer que poderiam nos confundir na rua de tão parecida que estava com ele, com os cabelos curtos e usando suas roupas.

_Quer conversar?_ ele me perguntou, sem ao menos olhar para mim. Pela sua postura, os ombros meio encolhidos, a cabeça baixa, eu diria que estava no mínimo decepcionado comigo.

_Se eu fosse você não entrava_ completou, assim que pus a mão na maçaneta_ Ele chegou.

Ignorei seu aviso e passei pela porta de entrada. Subi as escadas, em direção ao meu quarto, ignorando completamente a bagunça da sala e da cozinha. Meus planos eram passar o resto dia deitada na cama, chorando mais e mais, até morrer desidratada. Se não conseguisse assim, pegaria a navalha no armário do meu banheiro e cortaria meus pulsos de novo, só que dessa vez, iria mais fundo do que nunca.

Mas pelo visto as coisas não iriam seguir do jeito que eu imaginava. Lá estava meu pai, sentado na minha cama. Os olhos vermelhos de tão bêbado e o telefone sendo quase massacrado na sua mão grande, de tanta força que ele usava para segurá-lo. Ele olhou para mim assim que entrei pela porta.

Sem dizer uma palavra, ele se levantou. Caminhou, ou melhor, cambaleou, passando por trás de mim e fechando a porta sem fazer o menor barulho. Parado na minha frente jogou o telefone no chão, ao mesmo tempo em que me empurrava com uma força exagerada e batia minha cabeça na madeira velha.

As lágrimas voltaram queimando os meus olhos.

_Quê porra você tem na cabeça?_ele gritou comigo._ Me responde, caralho.

_E você se importa?_ sussurrei hesitante. O que só me rendeu mais uma outra cabeçada na maldita porta.

_Eu perguntei_ ele gritava mais alto ainda_ que porra você tem na sua cabeça?

_Nada, eu não tenho nada.

Dessa vez ele me largou e tive dificuldade para ficar em pé, enxergando embaçado, além de um pouco tonta.

_Só me faltava essa_ ele gritava andando em círculos pelo meu quarto._ Como se não bastasse ser completamente inútil... Ela é sapatão! O tempo todo eu deixei você ir naquelas malditas festas, encher a cara o quanto quisesse e que se danassem a porcaria das suas notas. Mas isso_ ele apontava o dedo trêmulo para mim_ já é demais. Eu desisto. Eu desisto de você. Como se já não bastasse perder a minha esposa, também perco minha filha. Eu desisto de você.

Eu pensei que ele fosse somente passar por mim, bater a porta e continuar bebendo até que o fígado dele explodisse. Mas não. Mesmo tremendo daquele jeito, ele ainda tinha forças para desferir um soco na minha cara.

Eu caí no chão. Doeu. Não só a dor física, mas uma dor emocional que eu nunca havia sentido antes, exceto quando minha mãe morreu, há um ano atrás. Não foi tão doloroso quando Luke terminou comigo. Ou quando Thalia dissera todas aquelas coisas no estacionamento. Era como se meu próprio pai estivesse me matando por dentro, o mais dolorosamente possível.

Meu lábio estava ensaguentado. Eu fiz questão de lamber todo aquele sangue, assim que ele saiu e bateu a porta. Meus olhos doíam e a última coisa que eu vi foram todas as roupas, maquiagens e acessórios que eu queimara no dia anterior. Um monte de cinzas acumuladas num canto.


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Notas finais do capítulo

Ok, só escrevo/posto o segundo capítulo se tiver reviews. Essa é uma coisa que eu não costumo fazer, começar a postar sem ter ao menos chegado ao quinto capítulo. E olha eu aqui, postando no exato momento que escrevi. Eu preciso ler as críticas de vocês, saber o que acharam e se eu devo continuar ou não. Eu particularmente gostei, é um tipo de coisa que não estou acostumada a escrever e foi bem legal pra mim. Maaaaas tudo aqui depende de vocês, cupcakes, então, let's go
P.S.: Acalmem-se fãs de percabeth, que capítulo que vem o senhorito Percy Jackson chega com tudo *---------*