Grissom estava em sua sala com aquele convite em mãos, um convite para um congresso de entomologia em ciência forense em Dublin, não tinha a menor vontade de ir, mas se não fosse Jerry estranharia e sentir-se-ia como um “vencedor” e não era essa a sensação que gostaria de proporcionar a aquele homem tão insuportável.

Jerry foi seu colega de faculdade, não era do tipo de gente que se podia chamar de inteligente, mas conseguiu formar-se. Em compensação se mulher fosse uma matéria básica para passar na faculdade, com certeza Jerry teria doutorado no assunto, ao contrário de Grissom, que não era muito bom com mulheres. Jerry tinha a péssima mania de caçoar da cara de Grissom, sempre dizia em alto e bom som que Grissom não se casaria com uma mulher, que ao invés disso casar-se-ia com algum tipo desconhecido de inseto.

Tinha que ir aquele congresso, seria uma oportunidade ótima para o laboratório de Vegas, mas como ir para aquele congresso sem uma acompanhante? Teria que encontrar uma “esposa” para esfregar na cara de seu “colega pegador”.

Pensou, pensou e pensou mais um pouco, e não conseguiu nenhuma idéia realmente boa, precisaria de uma mulher que o conhecesse bem e visse e versa, para que não entrassem em contradição em alguma conversa.

Nesse momento alguém bate a porta. Ainda de cabeça baixa ele ordena.

–Entre.

Ela abriu a porta e ele levantou a cabeça para ver quem era. Ele a encarou, ela era bonita, muito bonita, tinha os cabelos negros bem penteados, olhos amendoados, sobrancelha bem feita, nariz nem pequeno e nem grande, e uma boca bem desenhada que sorria para ele naquele momento, deixando a mostra dentes lindos e bem brancos. Neles um charme que ele adorava, um pequeno espaço entre os dentes da frente. Ele realmente a achava linda e ela o conhecia como poucos, daria a “esposa de mentira” perfeita. Sim, tinha que ser ela a desempenhar esse papel, claro que se ela aceitasse.

– Grissom, se não parar de me encarar desse jeito vou começar a ficar sem graça. – Ela disse em tom de brincadeira, mas era verdade, estava realmente ficando constrangida com aqueles lindos olhos azuis em cima dela, encarando-a daquele jeito por tanto tempo, parecendo ler seus pensamentos.

– Desculpe-me, não foi minha intenção.

– Tudo bem, você escutou o que disse quando entrei na sala?

– Não, você pode repetir, por favor?

– Trouxe o meu relatório sobre o caso do jogador de futebol.

– Ah, claro. Pode colocar em cima da mesa, por favor, jajá leio. É só isso?

– É. – E virou-se para sair da sala, quando de repente ele a chamou.

– Sara, hum, quero te fazer uma proposta, mas não me leve a mal, por favor, não quero que se sinta ofendida. Sente-se, por favor.

Ela se sentou na cadeira que estava em frente à mesa dele.

– Pode fazer sua proposta Grissom, prometo que não me sentirei ofendida.

– Pois então, recebi um convite para um congresso de entomologia em ciência forense em Dublin e é um antigo colega meu de faculdade que está promovendo esse evento. Só que quando éramos jovens ele ficava caçoando da minha cara por ele ser mais experiente em assuntos que envolvessem mulheres do que eu, você sabe o que quero dizer néh, ele dizia coisas do tipo: “O Gil ao invés de se casar com uma mulher vai casar com uma espécie desconhecida de inseto.”

Sara não conseguiu conter o riso e gargalhou, mas quando viu a cara que seu supervisor a fez, mudou de idéia.

– Desculpe Grissom, mas não pude me conter. Isso é Bulling sabia?!-Disse tentando parecer mais séria.

– Eu sei, mas não me incomoda mais, bem, acho que eu pensei que não incomodasse mais.

– Por quê?

– Porque percebi que preciso de uma companhia para ir a esse congresso, sabe uma esposa, e pensei em você.

– Eu? Está me pedindo em casamento Grissom? – Perguntou assustada e completamente incrédula.

– Mais ou menos, quero que finja ser minha esposa.

– Ai que susto que você me deu!

– Por que, é tão ruim assim?- Perguntou meio incrédulo.

– Não, esquece!- Respondeu um pouco sem graça. – Mas diga-me, por quanto tempo quer que eu seja sua esposa de mentira?

– Duas semanas.

– Terei que viajar para Dublin com você por duas semanas só para fingir ser sua esposa?

– É basicamente isso.

– Não sei Grissom, e o Ecklie como farei para pedir duas semanas?

– Isso você deixe comigo, eu pedirei duas semanas para nós dois. Você aceita?

– Aceito.

– Não está sentindo-se ofendida, está?- Realmente não queria que ela se sentisse ofendida com a proposta.

– Não, não se preocupe.

– Que bom. – Respondeu aliviado.

– Posso ir? É só isso?

–Sim, pode. Sara obrigada pela ajuda.

– De nada Grissom. – E saiu.

Pronto, já tinha uma esposa de mentira, agora tinha que arrumar um jeito de convencer Ecklie a liberá-la para viajar com ele sem que despertasse muita curiosidade.

Foi falar com Ecklie e deu uma ótima desculpa para que Sara fosse com ele e foi um ator tão bom que Ecklie caiu feito um bobo em sua história.

Foi até a sala de balística onde Sara estava com Nick.

– Sara, quando puder passe na minha sala, por favor.

– Claro. – Nick a olhou com uma olhar de curiosidade, mas ela deu de ombros, sabia o assunto que seu supervisor tinha para tratar com ela.

Algum tempo depois Sara bate a porta.

– Posso entrar?

– Claro. Entre e feche a porta, por favor. - Ela entrou e fechou a porta.

– Sara, conversei com Ecklie e já te liberou para irmos a Dublin.

– Rápido assim? – Estranhou – Pensei que ele demoraria mais para me liberar?

– Inventei uma história convincente e como sou bom ator, ele acreditou. – Deus um sorrisinho de lado e levantou uma sobrancelha.

– Ah, entendi.

– Pois é, então, iremos amanhã à noite, tudo bem para você?

– Tudo bem, quando chegar em casa arrumarei as malas.

– Tá, posso passar para te pegar para irmos para o aeroporto juntos?

– Pode claro.

– Às 20h30min está bom para você? O avião decolará às 21h10min.

– Está bem, estarei pronta nesse horário.

– Então combinado.

– Até amanhã marido de mentira. – Sussurrou as duas últimas palavras e saiu rindo.

Ele levou um susto com a brincadeira, mas sorriu e assim que ela saiu respondeu.

– Até amanhã, esposa de mentira.