Sherlock havia levado a jovem para cima. A colocou sentada na poltrona, lhe entregando uma toalha e subindo acordar Jonh.

- Sherlock, o que...? - Disse o Dr. sonolento. 

- Jen está aqui. E não está nada bem. - Jonh saltou da cama, pouco se importando por estar de pijama. A dupla entrou, Jen estava chorando, com as pernas prensadas sobre o corpo, em posição fetal.

- Me... me... desculpem.... eu... - ela começou a chorar mais. - não sabia mais onde ir. - Terminou por fim.

- Céus, isso é sangue? - Jonh disse, vendo as manchas vermelhas no cabelo da jovem. - Vou buscar a caixa de primeiros socorros. - E então o médico subiu, deixando Sherlock e Jennifer sozinhos.

O detetive percebeu que a jovem tinha marca de amarras em ambas as mãos e pés, se perguntava do porque ela estar com uma batina de padre, molhada, com sangue e desesperada.

- Não estava trancada em seu quarto, não é mesmo? - Jen ergueu seus olhos azuis, que estavam vermelhos de tanto choro e concordou com Sher.

- Não, não estava.

- Para onde a levaram? Por isso não voltou ao orfanato? - Jennifer negou.

- Eu estive lá o tempo todo. - Sherlock se surpreendeu. Mas então lembrou, o padre viciado em pornografia... Seria isso?

- Foi aquele padre nojento? - Ele perguntou. Jonh entrou na sala nesse exato momento, quando Jen escutou sobre Edward, ela se pos a chorar desesperada, apenas balançando a cabeça afirmativamente.

Deus, pelo o que mais essa garota irá ter que passar? Jonh pensou, enquanto olhava o ferimento na cabeça de Jen.

Sherlock se segurou para não pegar o revólver e entrar no orfanato e matar o homem. Ele havia feito mal a Jennifer, mal a sua Jennifer.

Ela não é minha! Céus Sherlock, o que está acontecendo com você?

­Dr. Watson percebeu que não havia nada mais que um pequeno corte superficial, o limpou e disse:

- Não foi nada de mais, o corte deve sumir me menos de uma semana. - Ele disse. - Mas como você está?

- Eu... só preciso de um banho. E dormir. Muito, dormir eternamente. - Ela respondeu, limpando as lagrimas.

- Vem, vou levá-la ao banheiro. - Sherlock disse. Ela o seguiu como um zumbi, e entrou no banheiro. Sherlock estava saindo quando, mesmo envergonhada, Jen disse:

- Mr. Holmes... eu não tenho outra roupa eu só... peguei essa e sai. - Ele a olhou, ela havia tirado a batina e estava com um sutiã preto e a calcinha fazia o par. Ele foi até o quarto, pegou uma camisa e lhe entregou.

- Obrigada... - Ela disse, olhando para os pés.

- Eu vou... vou deixá-la. - Ele disse, fechando a porta.

Jennifer chorou enquanto tomava o banho. Quando saiu, colocou sua roupa intima, pensando que teria que voltar ao orfanato e pegar mais, e a camisa de Sher.

Tem o cheiro dele....

Ela saiu, com o cabelo molhada e vestida, indo para sala. Jonh havia voltado a dormir, mas Sherlock tocava violino.

- Toca muito bem. - Ele parou e viu a jovem.

- Porque não foi se deitar? - Ele pediu.

- Oh não, eu não vou tirá-lo de sua cama. Fico aqui na sala, não seria justo. - Ela respondeu.

- Não, você precisa descansar. - ele disse, a conduzindo a o quarto. Ela se deitou na cama, que estava bagunçada de antes dela chegar, e se deitou.

- Estarei na sala se precisar. - Ela concordou e dormiu.

- NÃO! - Jennifer gritou. Foi assim que acordou no dia seguinte. Ela não sabia que horas eram, mas o sol estava alto. Ela se levantou, arrumando a camisa que estava mais para cima.

Escutou uma conversa na sala.

- Sherlock! Eu não posso sair por ai caçando uma pessoa porque ele machucou sua amiga! - Era a voz de Mycroft.

- Mycroft... - Jen não deixou que Sherlock terminasse, e apareceu.

- Oh, você acordou Jen. - Sherlock sorriu. Jonh também. Mycroft a olhou surpresa.

- Isso é uma camisa sua? - Ele parecia muito surpreso, muito mesmo.

- Sim, porque? Bem, se não pode me ajudar Mycroft, eu darei um jeito. Até logo. - Mycroft encarou Jennifer e depois o irmão e saiu do 221B.

- Você está melhor?- Perguntou Jonh. - Quer ligar para Lestrade?

- Não! Quer dizer... eu não quero ter... reviver tudo aquilo. - Lágrimas, malditas lágrimas.

- Mac está preocupada. Veio até aqui hoje cedo, desesperada. Só se acalmou quando a viu dormindo. Não deixei que ela te acordasse. - Sherlock disse.

- Eu... não posso mais viver naquele lugar. Não com o...o...- por fim, ela apenas se jogou na poltrona que Mycroft estava sentado minutos antes e começou a chorar.  Os dois amigos se olharam.

- Se você denunciá-lo, ele será preso. - Disse Jonh.

- Com que provas? É a minha palavra contra a dele, eu estou na mesma situação que estive com Davis!

- Mas Davis este preso. - Disse Jonh sem entender, mas logo em seguida ele se lembrou de Sherlock dizendo que ele achava que Jennifer já havia sofrido em suas mãos.

- É, POR UM CRIME QUE ELE SUPOSTAMENTE COMETEU! MAS QUE NA VERDADE, ELE COMETEU! - Ela disse gritando. - Eu sinceramente estou achando que Jim devia ter me matado quando teve chance. - Os dois não sabiam o que dizer. Alguém subia as escadas.

A porta se abriu e Trinity apareceu, ela estava desarrumada e trazia uma sacola com ela.

- Por Deus Jennifer, quer me matar de susto? Quando Mac me ligou hoje cedo me pedindo se você estava em minha casa eu achei que tinha se matado por causa daquele idiota! E o que você está vestindo? - Ela disse, olhando a amiga de cima a baixo. Jennifer soltou um risinho. O primeiro sincero em dois dias.

- Uma camisa de Sherlock. Eu meio que vim despreparada. E não eu não me mataria por David. É ele que vai querer morrer quando eu terminar com ele.

- Bem, eu te trouxe algumas roupas. - Trinity disse. - Você já comeu?

- Não... que horas são?

- Céus Mars, são quase quatro da tarde! - Trinity entregou a bolsa para a amiga que deu um gemido de terror ao ver o que continha dentro.

- Não me diga, Mac escolheu o vestido? - Ela retirou de dentro um vestido rosa pink, tomara que caia. Havia uma rasteirinha, também rosa. - Ela só pode estar brincando, o que ela acha que eu sou, uma Barbie? - Trinity, Sherlock e Jonh riram. - Bem vou me vestir, já volto. - E então, ela saiu.

- Não acredito! - Disse Trinity olhando para a parede baleada de Sherlock- Vocês dois tem as mesmas manias! Isso é loucura. - Ela começou a rir.

- O que quer dizer com isso? - Jonh pediu.

- Jennifer atira na parede quando esta brava... ou muito entedia. Normalmente é a primeira opção que acontece. Como ontem. 

- Ontem? - Sherlock pediu.

-Ah, sim. Me esqueci. Quero lhe dar isso Mr. Holmes, mas assista bem longe de Jennifer, ela já sofreu demais por causa desses dois.

- David fez alguma coisa? - Jonh pediu, Sherlock estava analisando a letra que tinha na capa do DVD.

- Ela não contou a vocês? Bem, não serei eu a fazê-lo, mas acredito que seja por isso que ela esteja aqui. - Os dois se entreolharam, mas decidiram fazer como a jovem negra: se Mars não contar, não somos nós que iremos fazer.

- Eu, definitivamente, odeio rosa. - Disse a jovem loira, que mais parecia uma boneca Barbie. Trinity, que tinha a mania de tentar fezê-la parecer mais feminina, deu um gritinho de felicidade ao ver a amiga dentro de um vestido rosa.

- Eu já lhe disse que rosa é a sua cor?- A negra falou. Jen riu, um riso de verdade, um pouco mais leve.

- Milhares de vezes, não que eu vá usar rosa daqui pra frente, é só até eu ir ao orfanato pegar minhas coisas.

- Pegar suas coisas? - Jonh perguntou.

- Oh sim, eu vou sair daquele lugar, vou para a minha casa.

- Jim vai matá-la! - Trinity disse, isso chamou a atenção dos dois homens presentes. - Já não basta o que ele fez? Jennifer, escute a voz da razão. - Os dois olharam para a jovem, que encarava a rua.

- Acredite Trinity, eu estou escutando... - ela saiu correndo escada a baixo. - ESTOU ESCUTANTO! - O trio que ficou foi ver o que afinal fez a garota correr para fora. Trinity viu, e saiu correndo. Sher e Watson só as seguiram.

Não acredito que eles tiveram a capacidade de vir se mostrar aqui! Eu vou matá-los, é isso! Vou pra cadeia, recebo pena de morte, mas mato Madeline e David antes!

- Vocês tem uma grande cara de pau. - Os dois se assustaram. Madeline, que nunca havia visto Jennifer Mars com tanto rosa, riu.

- Não sabia que você se vestia de Barbie nas horas vagas. É pro trabalho da esquina é? - Aquilo realmente tirou a loira da razão. Ela pegou os cabelos perfeitamente arrumado da morena, o puxando com força.

- Eu posso estar parecendo uma Barbie, mas você pode ter certeza de uma coisa sua vadia, eu sei bater. E com muita força! - E então ela começou a socar a jovem morena.

As duas caíram no chão da calçada. Madeline gritava, desesperada, enquanto Jennifer apenas ria, socando com cada vez mais força. David ao lado delas, tentava tirar a jovem Mars de cima da sua namorada, mas nem ele conseguia segurar a fúria contida de Jen.

Ninguém poderia, na realidade.

Nas ultimas 24h ela foi traída, descobriu que o assassino dos pais estava no meio disso, foi assediada por um padre pervertido e no final da noite, foi estuprada.

Ela não estava em se juízo perfeito, era apenas uma massa de raiva ambulante.

E em alguém ela tinha que descontar.

- TIRA ESSA MALUCA DE CIMA DE MIM! DAVID, ME AJUDA! - Gritou Madeline. Nesse momento, o trio que estava no 221B chegou até a cena. Jonh foi tentar tirar a amiga de cima da morena, mas Sherlock e Trinity...

Caíram na gargalhada.

Porque se todos parassem para pensar, a cena de uma loira vestida de rosa dos pés a cabeça, acabando com a raça de uma perua morena, no meio de uma rua em Londres era, com toda a certeza, uma cena hilariante.

Jonh finalmente conseguiu tirar Jennifer de cima de da inimiga, que jazia no chão com um nariz quebrado, e alguns hematomas, incluindo dois lindos olhos que ficariam roxos.

- ME LARGA JONH! TENHO UM HOMICÍDIO DUPLO PARA COMETER! - Ela gritou. Trinity foi até a amiga.

- Se acalma Jen! Respira fundo... - Jennifer o fez, se acalmando e se soltando de Jonh, encarando o casal com ódio.

- Você é maluca! - Disse David, ao lado de Madeline.

- Oh, eu sou. - Jennifer respondeu, gargalhando. - Sou sim, uma maluca que vai destruir sua vida de uma maneira, que vai ter desejando nunca ter me conhecido e muito menos ter ajudado Jim em algo. Diga isso a ele: Nesse jogo, dois podem jogar, e eu tenho algo que ele quer. Se ele não começar a agir como um cavalheiro ele vai ficar querendo. - O moreno foi em direção a loira, com o punho no ar, mas Sherlock o acertou antes.

- Sherlock! - Jonh o repreendeu. Mas Jennifer o olhou, agradecendo silenciosamente ao detetive.

O quarteto deixou os dois idiotas no meio da rua e voltou para o apartamento.

- Não sabia que era boa de briga, Jen. - Disse Sher. Ela deu uma gargalhada.

- Tenho que aprimorar minhas habilidades, mas servem, por hora. - Todos riram.

- Jennifer querida, eu tenho que ir. Viagem da família para a Mykonos...

- Ah sim, - a amiga disse. - Boa viagem, e aproveite por mim. - Ela concordou, dando um beijo de tchau e um aceno para os outros dois amigos.

- E eu acho que está na hora de eu ir embora também, já abusei de mais de vocês dois por um bom tempo.

- Não mesmo, - disse Sherlock, - você não vai sair daqui. - Jennifer o olhou confuso e ele percebeu que aquilo havia sido, no mínimo, estranho. - Quero dizer... Jim pode... - Jen sorriu, ele se preocupava com ela.

- Tudo bem, mas eu preciso das minha roupas de verdade! - Eles dois riram.

- Vamos com você pegar o que quiser. - Disse Jonh.

- É eu preciso de vodka, melhor amiga de uma pessoa que a vida só fode. - O trio riu, entrando em um táxi rumo ao orfanato.