A vontade é impotente perante o que está para trás dela. Não poder destruir o tempo, nem a avidez transbordante do tempo, é a angústia mais solitária da vontade.

Friedrich Nietzsche

 – Capítulo Vinte e Um –

A Transformação

Agatha acordou enjoada e com uma dor de cabeça horrível no dia seguinte, ela e Draco discutiram mais uma vez, era assim desde o dia em que voltou do cofre de Bella. Draco queria explicações e ela não queria dá-los, ele queria tomá-la como mulher e ela não fazia questão, ele queria conversar e ela ficava muda.

Ela levantou lentamente para não acordar Draco e foi direto para o chuveiro, o dia seria longo a poção do Lord ficaria pronta daqui a algumas horas e Agatha estava muito ansiosa para vizualizar o seu trabalho. Quando terminou o banho saiu com o seu roupão preto para o quarto em busca de uma roupa, ela percebeu que estava meio rechonchuda agora e começara a usar roupas mais largas para que ninguém percebesse.

- Acordou cedo. – disse Draco as suas costas, Agatha deu um pulinho com o susto, quando ela virou, ele estava sentado na cama a observando.

- A poção termina hoje. – disse ela voltando a escolher as vestes – Aliás, ele pediu que você estivesse presente.

- Ok. – disse Draco indiferente – Depois da reunião eu vou até lá. Agora que temos a Rússia, a próxima é a Austrália.

- Espero que a guerra acabe antes de conquistarmos a Austrália. – disse Agatha ainda procurando pelas roupas.

- Vai acabar não se preocupe. – disse Draco se levantando, ele caminhou até ela e a abraçou por trás – Fica um pouco comigo antes de ir.

- Não. – disse Agatha pegando qualquer roupa e se desvencilhando de Draco. – Já estou quase atrasada.

- Nunca precisou se trocar no banheiro. – disse Draco irritado vendo a garota ir em direção ao mesmo.

- Mas agora eu quero. – disse Agatha batendo a porta.

Ela sabia que estava agindo feito uma louca ciumenta, mas, não saía da sua cabeça que Draco a havia traído e, além disso, é melhor mantê-lo longe dela por enquanto ou ele pode notar a barriga. Agatha não queria contar nada por enquanto, Draco estava muito concentrado no fim da guerra e ela não queria atrapalhar.

Quando ela saiu do banheiro Draco já estava com uma toalha na mão para tomar banho também, Agatha achou que ele tentaria lhe dar um beijo, mas, este passou reto e fechou a porta, foi melhor assim. Ela pegou o livro de poções e saiu do quarto, desceu as escadas em direção a sala, Jake brincava no chão com Isabella, Agatha sorriu ao vê-lo e inconcientemente colocou a mão na barriga.

- Oi meu anjo. – disse Agatha o pegando no colo – Bom dia Izzy.

- Bom dia Agatha. – respondeu Isabella alegre.

- Pode cuidar dele por mais algumas horas? – perguntou Agatha devolvendo o garoto ao chão.

- Claro é o meu trabalho. – disse Isabella – Na verdade não é nenhum trabalho cuidar dele é um prazer.

- Ok. – disse Agatha indo em direção a porta.

- Não vai tomar café?

- Não. – disse Agatha abrindo a porta – Depois eu como qualquer coisa.

- É hoje Agatha? – perguntou Isabella apreensiva.

- Sim. – respondeu Agatha ansiosa, Isabella falara da poção do Lord – É hoje sim. – saiu.

Agatha caminhou o mais lentamente possível até os aposentos de Voldemort, era como se ela quisesse tardar a transformação dele, por que se transformar pode significar assumir um relacionamento estranho com ele, e assumir esse relacionamento, significa matar alguém para fazer uma horcrux, isso era o que ela menos queria no momento. Quando Agatha chegou, parou em frente à porta de entrada, ela respirou profundamente e foi entrando sem bater, ele havia permitido isso a ela, quando entrou ele já estava sentado em uma das poltronas tomando café da manhã.

- Pensei que não viria mais. – disse ele com a voz sibilante.

- Me perdoe milorde. – pediu Agatha se dirigindo até o caldeirão que cozinhava em fogo baixo.

- Quer acompanhar-me no café? – perguntou Voldemort.

- Não muito obrigada. – disse Agatha acrescentando algumas folhas à poção – Não estou com fome.

Voldemort apenas ficou quieto enquanto Agatha terminava de fazer a poção, ela ia acrescentando vários ingredientes no caldeirão enquanto o líquido amarelo borbulhava no seu interior. Tantas coisas passavam ao mesmo tempo pela sua cabeça naquele momento, sua criação ao lado de Draco, seu amigo Andrew, suas novas amizades em Hogwarts, a briga entre Draco e ela, o fim da amizade, a primeira detenção, sua paixão platônica pelo Olívio Wood, – ela sorriu com esse pensamento – sua entrada nas líderes, o baile no quarto ano, seu primeiro beijo que foi com Harry, a primeira vez que Harry disse que a amava, o ciúmes, a separação, o beijo de Draco, um novo amor, sofrimento, descoberta, casamento, brigas, transição, uma nova chance, um breve namoro, um beijo inesperado, uma quase morte, um novo começo com o seu novo amor, um filho, dois filhos, três talvez e enfim a guerra. Será que essa história terá um final feliz? Esse foi o seu último pensamento quando ela olhou para Voldemort.

- Terminei milorde. – disse Agatha mergulhando uma concha na poção, pegando um pouco de líquido cor de bronze e colocando em uma taça de vidro, o líquido estava fumegante.

Voldemort levantou e foi até Agatha que estava com a taça estendida em direção a ele, Voldemort a pegou não deixando de encarar os olhos de Agatha.

- Antes preciso avisá-lo. – disse Agatha com a voz trêmula. “Belo momento para demonstrar medo. – O senhor vai ter o físico e a aparência que tinha antes de fazer a primeira horcrux, e também a poção causa uma reação dolorosa, então o senhor vai sentir como se ela lhe queimasse por dentro.

- Tenho certeza que já senti dores maiores. – disse Voldemort fazendo menção de tomar o líquido.

- Milorde. – chamou Agatha – Não vai esperar por Draco?

- Não quero mais perder tempo. – disse Voldemort.

- Está quente. – disse Agatha sem pensar – Pode queimar a língua.

- Está preocupada comigo minha cara? – perguntou Voldemort com um sorriso torto, Agatha apenas corou e ele de um gole só tomou a poção em seguida.

O que houve a seguir foi muito rápido, a taça de vidro caiu de sua mão e se espatifou no chão, Voldemort caiu de joelhos encurvado, ele respirava descompassadamente, um grito abafado veio a seguir, e Voldemort começou a rasgar a parte de cima das vestes. Agatha se afastou assustada e por incrível que pareça foi para o lado de Nagine que estava enroscada perto de uma mesa de canto também observando a cena. De lá mesmo Agatha pôde ver a pele de Voldemort deixar de ser perolada e ir para uma cor branca e corada, um corpo musculoso dava lugar ao corpo fino e frágil de antes, seus cabelos negros e lisos cresciam rapidamente e caiam até a sua cintura, no lugar das fendas um nariz centralizado e bonito se formou e por fim seus olhos vermelhos foram substituídos por olhos de um azul escurecido, foi quando ele deu um último grito, levantou a cabeça e encarou Agatha.