5 de maio de 2012

Jane Blank se levantava preguiçosa de sua cama às 7:40. As vezes se perguntava porque suas aulas tinham de ser tão cedo, então se lembrava daquela vez em que tinha ido passar as férias de verão na América do Sul, mais precisamente no Brasil, onde os as aulas começavam as 7h. Deu um sorriso tímido se lembrando daquele garoto que havia conhecido. Como era seu nome mesmo? Ah, sim. Fábio. Aquele brasileiro de olhos azuis e boca perfeitamente desenhada, com seu cabelo negro jogado na cara em uma franja. Ele se assemelha bastante ao ator Logan Lerman, outra paixão escondida da garota. Despertou de seus pensamentos que a esta hora já levavam a garota ao atraso certo. Quanto mais cedo chegasse a escola, melhor seria. Muitos alunos por inveja ou falta do que fazer agrediam psicologicamente a jovem garota por ter seus olhos de uma coloração incomum. Seus olhos eram de um violeta puro. Ela desde pequena sofria por causa de seus olhos, por isso parou de se importar com que os outros diziam sobre seu respeito sempre sorrindo em resposta a aqueles que tanto desejavam suas lagrimas.
Enquanto tomava seu banho quente tentava se despertar para a vida. Lembrava de tudo o que a acontecia e ali mesmo, em seu banho, deixava suas lagrimas se misturassem a água que caía, e seus soluços se misturassem ao barulho que os grossos pingos de água que caiam do chuveiro faziam. 
Saiu de seu banheiro percebendo que havia passado mais tempo só que o normal. Vestiu sua calça jeans larga e seu moletom roxo. Não gostava de nada que fosse justo, se sentia ruim, exibida, mesmo sabendo que o que tinha não era ruim. Era magra, mas com curvas. E curvas naturais, diferentes daquelas que passavam sua vida entre meninos, shoppings, maquiagens e academias, e ainda ficavam com menos curvas. Calçou também seu inseparável Converse All Star preto de cano baixo. Para uma filha de grandes empresários, ela era extremamente simples. Realmente achava que se todos aqueles que a humilhavam, ou tentavam tal façanha, soubessem quem são seus pais, a sufocariam querendo amizade, ou melhor, benefícios. Pegou sua mochila, a chave de seu carro, coletou uma maçã no fruteiro e saiu para a garagem. A escola era o único lugar na qual era autorizada por seus pais a ir sozinha. Entrou em seu carro, um chevrollet antigo, prata, mas modernizado por dentro e suspirou. Gostava de seus carro, tinha gosto por antiguidades, achava charmoso. Ligou a ignição, destravou o freio de mão e acelerou pelas 5 quadras que distanciavam sua casa da escola. 
O caminho era tortuoso. Ela se preparava psicologicamente para as palavras que com certeza viriam com a força de um soco na boca do estômago, mas que ela tinha de ser forte e agüentar a pressão para não dar o gosto da vitória a eles. 
Chegou no estacionamento e todos já estavam ali, cada um em seu posicionamento, pronto para dizer algo. Fez sua melhor cara de indiferença que vinha treinando há 2 anos desde que se mudou para essa escola, pegou sua mochila e saiu do carro, logo trancando-o e ativando o alarme. Passou pelo meio do estacionamento como sempre fazia, ouvindo aqueles comentários nunca bons e sorrindo como resposta. Assim que adentrou na sala vazia, relaxou e se acomodou em sua cadeira. 
- hoje será um longo dia - sussurrou consigo mesma. Logo, o sinal tocou e os alunos ali adentraram lançando palavras e olhares em cima da garota de olhos violeta.