Fiquei irritada, eu teria que usar minhas tardes todas para cuidar daquele moleque.

Assim que vi a ficha do menino, me irritei mais ainda porque me peguei observando a idade dele... O que garotos de onze anos gostavam de fazer? Brincar de carrinho? Jogar videogame? Jogar futebol? É eu definitivamente estou perdida.

Sai dos meus devaneios com meu pai me chamando lá na sala, eu desci, e ele disse:

–Bells. – Bells é o apelido carinhoso que meus pais e amigos íntimos me chamam – você vai começar a trabalhar amanhã – concordei com a cabeça, dei de ombros e fui para a cozinha ajudar minha mãe a preparar o jantar.

Renee era um desastre na cozinha, e sem ofensas, a comida dela ficava um lixo depois, não sei como ela iria se virar se eu não soubesse cozinhar bem, modéstia parte.

Eu aprendi a cozinhar vendo uns Vlogs de culinária, a diferença do meu pai e da minha mãe na cozinha é que meu pai nem tenta cozinhar porque ele sabe que se tentasse a comida provavelmente ganharia vida. Só que com Renee, ela acha que cozinha maravilhosamente bem. No entanto, nem eu e Charlie comentamos nada quando ela prepara a comida sem minha ajuda, porque não queremos ferir os sentimentos dela.

–Não – ela disse assim que eu fui tentar ajudar ela a fazer o macarrão – Bella querida quantos anos você acha que eu tenho? Eu já sei cozinhar, vá descansar um pouco. Amanhã seu dia será cheio.

–Não... – e eu tentava insistir, claro, não queria ficar com dor de barriga depois de jantar e muito menos ter que ir cuidar de um pirralho com vontade de vomitar.

Não consegui mais insistir com Renee sobre a cozinha, fui para sala, assistir tevê ao lado de meu pai.

–O que vai ter pra jantar hoje? – Charlie perguntou.

–Macarrão – respondi dando de ombros, o vi engolir em seco. – Não irá ficar tão ruim...

–Você ajudou? – perguntou e eu neguei com a cabeça, ele fez uma cara de quem iria passar fome. Alguns minutos Renee veio anunciar que o macarrão já estava pronto, pela educação que meu pai recebeu e pela qual eu recebo, nós nos levantamos do sofá e fomos até a mesa que ficava na cozinha que já estava posta... Pratos, talheres, e a panela onde o macarrão com molho de tomate se encontrava. Parecia bom... Só parecia.

–Podem se servir- Renee anunciou, esperei Charlie pegar um pouco primeiro, mas como ele não pegou, me vi na situação de pegar primeiro, me servi com uma colher grande. Fitei o macarrão em meu prato em quanto Charlie pegava a quantidade que queria da panela, que por acaso, não foi muito.

–Só isso? – Renee perguntou.

–Sem fome – eu e Charlie falamos ao mesmo tempo.

–Não entendo – Renee disse se servindo – porque é que toda vez que Bella não me ajuda a cozinhar vocês dois ficam sem fome?

Engoli em seco, nervosa e olhei pro meu pai.

–Não é nada. – ele disse- sua comida é maravilhosa amor. -

Eu e Charlie jantamos contra gosto enquanto Renee comia todo o resto que havia sobrado.

Subi para meu quarto sem dizer alguma palavra. Subi, liguei meu notebook. Eu acessava uma sala de um chat na internet enquanto eu tinha meu tempo livre, eu estava conversando com um garoto chamado Alec. Eu já o tinha adicionado ele no meu MSN por isso raramente agora eu entrava no chat em que nos conhecemos. Alec tinha uma personalidade legal. Ele era gentil, engraçado...

Dei sorte, eram nove horas da noite quando Alec havia acabado de entrar:

Isabella diz: Oi

Alec diz: Oi, como vai?

Isabella diz: aah! Cansada e você?

Alec diz: irritado.

Isabella diz: por quê??

Alec diz: ah, por causa de uns moleques da minha escola, estão me tirando do sério, e porque você esta cansada?

Isabella diz: Aaah! Tive aula hoje, e minha mãe me falou que ela arrumou um emprego para mim.

Alec diz: vai trabalhar no que?

Isabella diz: babá

Alec diz: HAHAHAHA. Essa eu quero muito ver.

Isabella diz: Como você é engraçado Alec...

Alec diz: Modéstia parte sou sim. Bells eu preciso sair agora... Minha mãe esta me chamando aos berros aqui.

Isabella diz: Ok. Hahaha. Vai lá.

Depois que Alec desligou o chat, eu fui dormir porque não tinha mais nada de interessante pra fazer. Acordei em cima da hora pra ir pro colégio, me arrumei, peguei uma mochila extra, com uma troca de roupa, caso fosse necessário. Peguei também a pasta onde estava as informações completas sobre o pirralho e o endereço da casa dele, assim que eu estava pronta fui para a minha camionete. Mas a mesma fez o favor de justo hoje estar quebrada...

–Merda – sussurrei, meu pai já tinha saído pro trabalho, e não tinham mais um carro, Renee não sabia dirigir. Tive que ir a pé mesmo... Por conta disso cheguei pra terceira aula. Eu estava cansada, suada e nervosa.

No horário do almoço fui pra mesa que eu sempre costumava me sentar, minhas ultimas aulas depois foram de química e biologia. Não dividia com ninguém a bancada em ambas as aulas. Fazer o que se o povo dessa escola é definitivamente, ridículo.

Peguei minhas coisas e fui pro banheiro da escola, já que eu preciasva me trocar para ir apresentável para meu emprego novo.

Fiz um muxoxo assim que me lembrei que teria que ir a pé para a casa do pirralho, que graças a Deus, não era tão longe do SHS. (Seatle High School).

Assim que cheguei lá, me espantei, a casa parecia ser enorme. Bati na porta e uma senhora de mais ou menos uns 45 anos me atendeu.

–Você deve ser a Isabella? – fiz que sim com a cabeça – entre. Prazer querida, sou Esme.

–O prazer é todo meu Esme – falei educada. Ela sorriu. – Emmett esta no quarto. Nós precisávamos que alguém cuidasse dele, eu e Carlisle somos médicos, quase não paramos em casa, e Edward o irmão de Emmett não mora em Seattle.

–Entendi. – respondi a ela. – bem... A senhora teria...

–Senhora não – ela disse – sinto-me velha, por favor, só Esme querida...

–Sim, Esme, então Esme... A senh... Ops. Esme, você poderia me dizer o que o garoto costuma fazer pela tarde?

–Então – Esme me respondeu sorrindo. – Emmett almoça na escola, assim que chega toma banho, vai dormir, e agora ele já deve estar acordando, depois ele vai fazer o dever de casa; logo depois ele tem um tempo livre pra fazer o que quiser, desde que não mexa nas coisas do irmão... Depois disso Carlisle chega, e fica com ele querida. Daí é a hora que ele te paga e você vai embora. –

–Sem querer ser mal educada nem nada- sorri a ela – mas... quanto será meu pagamento?

–Mal educada que nada querida – ela sorriu para mim – porque não negocia isso com Carlisle hoje assim que ele chegar?

–Claro! – falei sorrindo. - obrigada.

–Magina... Bem, eu tenho que ir agora, Emmett está lá em cima, qualquer coisa, meu numero do meu telefone celular esta em cima da mesa da cozinha. Fique a vontade querida.

Ela saiu da casa apresada levando sua bolsa sem que eu pudesse agradecer... Fechei a porta pela qual ela saiu, subi as escadas, tinha uma porta fechada, que havia uma placa escrita: Proibido Trouxas

Bati na porta.

–Quem é!? – a voz infantil berrou lá de dentro.

–Sua babá? – soou mais como uma pergunta. Então ouvi os passos apresados do garotinho levantando da cama e indo abrir a porta, ele parecia ter uns 8 anos, mas estranhei, pois na ficha dizia que ele tinha 11.

–Quantos anos você tem? – perguntei.

–Nove – ele respondeu sorrindo. – Mamãe me pediu pra te avisar que ela anotou errado na ficha...Na verdade nem foi ela que fez a ficha, foi minha antiga babá que foi despedida.

Engoli em seco.

–Porque ela foi despedida? – perguntei.

–Porque ela era uma chata, digamos que eu fiz com que ela quisesse dar o fora daqui – ele sorriu um sorriso maroto e eu engoli em seco – mas relaxa, eu gostei de você. – sorri para o garoto.

[...]

O garoto era legal, exceto na hora de fazer a lição de casa, ele tinha que fazer apenas uma página que tinha 4 exercícios e ainda estava reclamando, estavamos a quarenta minutos sentados na mesa da sala, e ele só tinha feito dois exercícios com minha ajuda.

–Eu não sou tão boom em matemática – ele admitiu.

–Percebi –bufei – garoto, acho bom você começar a gostar de estudar, porque se não você vai se ferrar no colegial.

–Ah! – ele fez um muxoxo engraçado.

–Me ajuda Tia Bella... – ele pegou a mania de me chamar de Tia Bella... Mereço.

–Porque não fazemos assim – tentei – se você terminar esses exercícios com a minha ajuda eu faço um bolo de chocolate pra você. – Ele sorriu torto.

–Pode ser bolo de cenoura com cobertura de chocolate? [N/a: meu preferido Haha] – ele me pediu com cara de cachorro que caiu do caminhão de mudança.

–Se tiver o que for necessário, sim. – ele abriu um sorriso imenso mostrando seus dentes brancos com uma janelinha. – Vai, vamos parar de enrolar agora... – Só foi eu tocar no assunto do bolo que ele terminou ambos exercícios em dez minutos. Eu estava até começando a achar que ele estava tirando uma com minha cara.

–Vamos ao bolo – disse ele fechando a apostila e indo até a cozinha. – me ajuda Tia Bella.

–Você não vai fazer o bolo – eu falei indo até a cozinha – não quero que sua casa pegue fogo e não estou afim de ser despedida.

–Ah! – ele fez bico – chata.

–Eu? Tá bom... Mudei de idéia sobre o bolo... – ele me olhou com uma cara de dó... Eu resmunguei e fui logo preparar a porcaria do bolo de cenoura com calda de chocolate.

Só faltava assar o bolo e colocar a cobertura, demorou alguns minutos a mais e o bolo já estava pronto, ele foi logo vindo até a cozinha falando:

–Eu quero! Eu quero! Eu quero! –

–Naninanão – eu falei – são seis horas e meia da tarde, você precisa jantar primeiro antes de comer o bolo, se não, não vai querer jantar.

–Vou sim! – ele berrou.

–Não vai não! alem do mais sua mãe me mata se eu deixar você comer doce antes do jantar.

–Mas não é doce Tia... É só bolo poxa vida! – ele exclamou.

–Emmett! – assim que falei seu nome nervosa ouvi passos vindo até a cozinha.

–Pai! – o garoto pulou no pai – chegou cedo.

–Sim cheguei. Desculpe por não ter telefonado ou avisado – ele sorriu torto e olhou para mim – você deve ser Isabella não é? A babá que Esme contratou.

–Sim. – falei. – prazer em conhecê-lo.

–Hum. O prazer é todo meu Isabella...

–Por favor, só Bella – ele sorriu para mim.

–Venha até meu escritório, precisamos resolver seu pagamento.

–Ok – disse seguindo-o. Subimos para o 2° andar da casa e entramos numa sala que imaginei ser o escritório dele.

–Ah! – eu disse – eu estava ajudando Emmett com o dever de casa dele... Ele não estava entendendo direito a matéria, expliquei a ele, ele estava reclamando por ter tal lição para fazer, falei pra ele que se ele prestasse atenção e fizesse a lição direito eu faria um bolo para ele... Bem eu fiz, e o bolo esta na geladeira, desculpe se fiz algo errado – corando, abaixei a cabeça.

–Contratamos você para ser a babá de Emmett, não a professora particular dele – corei mais ainda. – mas em todo caso, não fez nada de errado querida, nos ajudou bastante. Obrigado. Por isso, posso aumentar um pouco seu pagamento hoje.

–Obrigada- falei, agora olhando para ele – isso não vai se repetir – ele apenas deu de ombros.

–Que tal fecharmos 100 dólares hoje? – ele perguntou.

–Por mim – dei de ombros – Perfeito.

Ele retirou a carteira do bolso e abriu ela, pegou algumas notas, as contou, e deu para mim 100 doláres.

–Bem... – Eu falei – já vou indo, tenho que fazer jantar quando chegar em casa. Renee – fiz careta – minha mãe é um desastre na cozinha. – Carlisle riu. –

–Obrigado por tudo Bella. – falei um ‘imagina’ balançando a cabeça enquanto saia do escritório do pai de Emmett.

–Você volta amanhã Tia Bella? – ele perguntou.

–Volto. – sorri.

–Obrigado! – ele agradeceu abrindo a porta pra mim.

–Até mais! – falei enquanto ele fechava a porta, ao sair de frente da casa dos Cullen, vi um volvo prata indo para a casa da onde eu tinha saído. Estranhei, Esme falou que demoraria para voltar do trabalho. Dei de ombros, devia ser um primo, tio ou um irmão de Emmett.