Finalmente! Havia chegado o dia, o dia em que ele finalmente conseguiria acabar com ela. Fugaku acordou parecendo um maníaco, olhava pra garotinha com um desprezo tão grande que todos os presentes na mesa percebiam. -Pare de olha-la assim! –Itachi pediu calmamente. -Assim como? -Parece até que vai pular no pescoço dela e esgana-la. -Hum. –Fugaku desconcertado virou e começou a comer. –Impressão sua! -Espero. -PAREM! Não é hora de brigas. –A voz de Mikoto saiu firme e autoritária. –Comam! Tecnicamente as olhadelas odiosas de Fugaku não cessaram, ficaram apenas mais discretas. ... O dia passou devagar, tão lento que daria pra enlouquecer qualquer um de ansiedade. Fugaku tentava não se deixar levar pelo tempo, tentava resolver seus problemas sem pressa e com a maior eficiência possível, tentava se segurar, sabia que mais cedo ou mais tarde anoiteceria e então a hora chegaria, bastava apenas... Esperar. Pensava nas dores que ela eventualmente sentiria, nos hematomas que ela teria pelo corpo, mas principalmente na rejeição que ela teria das pessoas, porque afinal ninguém quer ficar perto de alguém que carrega um monstro dentro de si, de uma forma ou de outra ela saberia como ele sofre por saber que ela o trás desonra, esse seria um ótimo castigo! -Com licença Uchiha-sama, posso entrar? -Tecnicamente você já entrou Hanykus. -Desculpe Fugaku-sama, não foi a intenção. – Ele adentrou timidamente a enorme sala onde se encontrava o escritório principal. –Então como está o caso Bijuu? -Hoje, finalmente eu conseguirei minha vingança. -Parece feliz. -Estou! -Uchiha-sama tem certeza que quer fazer isso? -Depois de tanto trabalho pra chegar até aqui, ainda me pergunta se vou levar adiante? Tive tanto trabalho pra pensar em alguma coisa que me beneficiaria e ainda pergunta se tenho certeza? Você definitivamente não me entende! -Com certeza não. -Percebe-se. -Não vim discutir Uchiha-sama, apenas saber o que o senhor fará exatamente. -Não sei bem o que Madara vai fazer, sei apenas que ele selará a Bijuu na menina, falando nisso, já ligou pro Danzou? -Sim senhor, ele disse que lhe dará três pergaminhos hoje à tarde, mas o senhor terá que ir busca-los pessoalmente. -Entre em contato com ele e diga que eu irei. -Ok. –Quando já ia saindo da sala, foi chamado. -Hanykus? -O que foi senhor? -Tenho uma missão pra você... –Um brilho psicótico surgiu nos olhos de Fugaku. –Que é com certeza a parte mais importante do plano. -D-diga. -Mande alguém sequestrar a menina! -O-o que? –Indignação e frustração era o tom predominante na voz do leal shinobi. –C-como assim? -Como você espera que eu cumpra meu plano? Pedindo permissão pra Mikoto? -N-não, mas, não tem nenhuma outra opção? -Se houvesse eu não teria recorrido a isso, não estou pedindo pra você, quero apenas que mande alguém fazê-lo. -Assim está melhor. –Tudo o que Hanykus conseguiu fazer foi soltar um suspiro em alivio. –Já vou providenciar. -Então vá logo! ... -YANCKAA? Desespero, lágrimas, dor, angustia. Ela simplesmente havia desaparecido, Mikoto havia procurado em todos os lugares possíveis, não entendia como ela havia sumido, não tinha justificativa, nem sozinha ela tinha ficado, só... Claro! Por um momento ela havia ficado sozinha no quintal brincando, mas... Porque alguém a sequestraria? -Sasuke? –Uma voz chorosa, abalada, desesperada assustou o garotinho. –Você viu sua irmã? -N-não mamãe, por quê? -E-ela sumiu, sem mais nem menos. –As lagrimas já começavam a descer. –Cadê seu irmão? -Ele ta lá na ponte. -Vá chama-lo. Ele se levantou e saiu correndo atrás do irmão, deixa a mãe completamente desesperada. ... Ordem cumprida senhor! A menina está em segurança e passa bem! -Ótimo! Agora só falta ir buscar os pergaminhos. -Isso é com o senhor. ... A tarde passou, a ansiedade aumentou, Fugaku terminou o que fazia e se apressou pra ir logo até Danzou buscar os pergaminhos. Estava chegando a hora, a tão sonhada hora. Dirigiu-se rapidamente pra fora do posto policial, indo diretamente a cede da ANBU. Toc, toc, toc (onomatopeia incrivelmente lesada e infantil, mas é a única que eu sei.). -Entre! -Com licença. -Até que enfim Uchiha, achei que não vinha mais. -Desculpe o atraso, tive muitos casos a resolver. Mais então onde estão os pergaminhos? -Aqui estão. –Danzou os retirou da gaveta e colocou-os em cima da mesa. –Espero que valha a pena! -Eu também! -Já sabe quanto tempo pode durar? -Faço uma ideia, mais não sei exatamente, também não ligo, se ela morrer melhor ainda, mais eu sei que isso não vai acontecer, -Você pensa grande, mas reconhece as falhas do seu plano, e isso é admirável! Não tenho duvidas que esses pergaminhos vão valer a pena! -Agradeço a confiança e lhe peço perdão por ter que fazê-lo trair a confiança de Konoha. Fugaku sabia o que estava fazendo, sabia que seu plano era praticamente infalível, era universal, sabia também que as pessoas normais e sensitivas não o compreenderiam, teriam compaixão da “garotinha bonitinha”, elas não enxergariam o porquê de se vingar contra ela, mas pessoas como Danzou entendia, pessoas de visão, até mesmo a própria Bijuu. -Konoha deixou de ter meu respeito há muito tempo, então não se preocupe! Silêncio! -Desculpe Danzou-sama, está na hora tenho que ir. -Vá e de noticias. ... -Onde esteve Hanykus? -Desculpe senhor, precisei mandar outra pessoa mais competente ir buscar a menina no esconderijo. -E... -E eles estarão aqui em poucos minutos. -Ótimo! –Um sorriso vingativo e repleto de ódio surgiu em seus lábios. –Finalmente! ... -Felling? -Hm... –A Bijuu ainda mantinha sua voz fria e monótona, monstruosamente grossa e medonhamente inexpressiva. -Tem certeza que quer fazer isso? -Não estou lhe entendo, logo você Madara? O que deu em você? Resolveu ter medo de consequências agora? Sua recompensa não é boa o suficiente? -Não é isso, é que... Ela é apenas uma criança. A recompensa é ótima, mais é muita covardia. -Nesse ponto até concordo, mais não ligo muito, de qualquer forma eu estarei segura, não serei mais a cobaia que está sempre precisando de reparos. -Isso não é verdade, você é tudo pra mim, e sabe disso! -Há é mesmo? Não parece! -Você não tem que acreditar se não quiser, mas apenas saiba que essa é a realidade. Madara começou a organizar os selos e Reunir o chacra que seriam necessários. Normalmente seria apenas um selo, mas nesse caso, ele usaria cinco, já que o que a Bijuu não tem em força ela compensa em chacra. ... -Finalmente! -Não comece Felling! Fugaku e Hanykus chegaram ansiosos, ainda não estavam com a menina. -Desculpem o atraso. –Fugaku tentava esconder a ansiedade e o nervosismo, mas não estava dando certo. –Estávamos resolvendo problemas. -Vou fingir que acredito! -Um dos meus ninjas está chegando com ela em poucos minutos. -Ok Fugaku, por aqui já está tudo pronto. A Felling ainda resiste ao meu chacra mais isso não será um problema, já que ela só esta fazendo isso por birra. -Eu espero que vocês se resolvam. Assim que ela chegar, não quero que percam um segundo. -Trouxe meus pergaminhos Uchiha? -É claro que sim Madara! ... -Aqui está senhor. Um homem alto, usando uma mascara de pássaro, adentrou a caverna com uma coisinha embrulhada em um pano azul. Eles souberam que enfim havia chegado a hora. -Coloque-a em cima daquela mesa. –A voz de Madara era firme. Ele não queria fazer aquilo, mais não havia outra opção. –Vamos acabar logo com isso. -Sim, senhor! ... Dor, ódio, frustração, desespero, realização, não exatamente nessa ordem, mas dentro do padrão. Ao ver aquela garotinha pequenininha, tão frágil, tão serena e meiguinha, Madara sentiu vontade de abandonar tudo, mais sabia que era impossível. Não havia opções. Tanto ela quanto ele já tinham um futuro formado, não haviam escolhas pra eles. Tão pequena e já tão próxima de algo parecido à morte. Foi exatamente por isso que Madara resolveu começar logo. Não havia motivos para prolongar o sofrimento desnecessário daquela criança. O Criador abriu o portão da cela da criatura, para que ela pudesse se aproximar da menina. Quanto mais perto chegava Felling ia sendo dominada pelo mesmo sentimento de Madara... -Que coisinha mais linda! -Será que da pra parar com essa asneira e terminar logo o serviço? -Ele tem razão, Madara. ... O primeiro foi para prender, o segundo foi pra drenar o chacra, o terceiro foi definitivo, apenas para fixa-la de vez, o quarto foi para garantir vida e o quinto foi reforço. Ninguém sabia se elas ficariam bem, ainda precisavam de tempo pra descobrir. E apenas nesse meio tempo foram cinco horas, sem contar que tempo já não era mais recurso. A solução foi Fugaku voltar pra casa e encenar inocência, Hanykus já havia sido avisado de que se Mikoto, Itachi ou qualquer outra pessoa ligasse, ele estava em missão na vila vizinha e não demoraria, isso tirando o fato de que ele teria que inventar uma desculpa pra quando Yancka voltasse. A pequena ainda teria que ficar em observação por algumas horas, então poderia ir embora, porque caso ela não sobrevivesse Madara tentaria salvar a Felling. ... -Han... Olhinhos negros, grandes e confusos, se abriram fazendo Madara se derreter ainda mais por eles. Sinceramente ele não sabia o que fazer, nada disso estava no contrato, então o negocio foi investigar pra depois apagar. -Como está se sentindo? –Ela se assustou, levantou-se bruscamente e fez cara de choro. –Não se preocupe, está tudo bem. -Cadê minha mãe? O onii-san e o Aniki? Que lugar é esse? -Você sente alguma dor? -Minha cabeça dói muito, parece que vai explodir, meu interior também dói, mas não é uma dor no corpo. -Normal. -CADÊ MINHA MÃE? -Acalme-se, ela está bem! Aliás, ela está muito melhor do que você. –Ela ameaçou e cumpriu, chorou. –Não há motivos pra choro! -EU QUERO MINHA MÃE! -Também não há motivos pra gritar! -O que estou fazendo aqui? -Pare de chorar! Você aparentemente vai ficar bem, talvez possa ir embora amanhã. -EU QUERO IR EMBORA AGORA, QUERO MEU ANIKI! -Pare de gritar! –Era bonitinha até mesmo fazendo birra, mas dava pra perceber que não era proposital, ela estava assustada. –Eu te entendo, mas gritar não vai adiantar nada, a partir de agora o melhor que você faz é dormir e se enturmar. -Do que você está falando? -Você não será mais a mesma, existe algo em você que pode tanto te salvar quanto te matar, e o melhor que você tem a fazer é conquistar a confiança! -O-o que está acontecendo? -Não se preocupe, vai dar tudo certo no final! As lágrimas da garotinha voltavam a cair com força, parecia angustiada, Madara não tinha o que fazer, estava literalmente sem ação. A última opção foi fazê-la dormir. ... -Fugaku... –A mulher chorava desesperada, correu para abraçar o marido, que a correspondeu. -O que houve? -Yancka sumiu. Ele simplesmente pensou em dar uma reposta, mas precisava disfarçar a culpa, ele precisaria encenar o papel perfeitamente pra ninguém desconfiar. -Como sumiu? Vocês foram pra algum e esqueceu ela lá? -Não, nós nem saímos de casa. -Então como ela sumiu Mikoto? –Ele tentou não fugir muito de quem ele era realmente com a menina, então ele não estava nem preocupada e nem despreocupada, apenas neutro. -Eu não sei. Eu a deixei sozinha uma vez, ela estava brincando no quintal enquanto eu procurava minha bolsa e nesse meio tempo ela sumiu. Sem mais e nem menos. –Ela chorava cada vez mais desesperada. -Ninguém some sem mais e nem menos. Tem que ter explicações. -E-eu sei, mas... Haa eu nem sei mais o que pensar, só quero minha filha aqui comigo. -Apenas dê tempo ao tempo, uma hora ela aparece. Fique calma. Os outros lideres do Clã passaram pela casa da família, tentando passar força e descobrir quem e porque a levaram, o movimento na casa foi grande durante todo o dia, cessando apenas a noite. -Não adianta, ela é minha filha e eu só vou ficar calma quando ela estiver aqui comigo. ... Não havia nada ali... Nada além da escuridão, o medo e o desespero foram tomando conta dela. Era seguro afirmar que aquele lugar era completamente desconhecido, afinal nunca saíra de perto de sua família e nem tivera segurança e confiança em si mesma pra investigar mais afundo seu ser. A confusão que se formava em sua cabeça era enorme, havia dois caminhos à sua frente, mais não sabia por qual seguir... Resolveu ir pelo esquerdo, não tinha a mínima ideia do que viria pela frente, não sabia o que poderia descobrir, tinha medo disso tudo, mas não havia outra opção. -Olha quem veio me visitar... Uma voz estrondorosa veio do meio da escuridão, assustando-a. -Q-quem está aí? As luzes do lugar se acenderam de uma vez, deixando a parte de dentro de uma enorme cela escurecida, revelando apenas os olhos da criatura. -Ora... eu. -Quem é você e o que esta fazendo dentro de mim? -Huhuhu, meu nome é Felling, mais conhecida como Kuronaya, e eu sou sua Bijuu querida... -O-o que? -Seu pai me colocou aqui, e daqui eu só saio... Não é melhor eu dizer a verdade. Daqui eu não posso sair, sua vida está intimamente ligada a minha, meu chacra é a continuação do seu... Somos literalmente uma só! -MENTIRA! -Por que eu mentiria bebe? -E-eu não sei, mas... -Não tem mais Yancka, seu pai sempre sonhou com a sua morte então resolveu me procurar... E me achou, então resolveu me selar em você, fazendo assim com que você não vivesse mais a sua própria vida e sim a minha. Um dia você entendera, eu lhe garanto! -Eu não quero entender... -Meu amor, uma hora você vai crescer, e aí... Todas as suas certezas irão mudar e você vai querer saber o porque,uma hora vai ser necessário você saber. -NÃO! -Não seja estúpida Yancka, você ainda é uma criança não sabe o que quer, mais tarde quando você estiver mais segura de si mesma, você VAI querer saber! -Eu quero minha mãe. –Ela sentou no chão e tentou não chorar, mais as lágrimas foram mais fortes. -Querida, a partir de agora as coisas só tendem a piorar, e você terá que ser forte. Chorar só vai demonstrar suas fraquezas, então se faz desnecessário. Você sempre terá sua mãe e daqui a pouco você irá pra casa, então, por favor, pare de chorar. ... -Não é possível Fugaku já fazem 24horas que ela desapareceu. -Tenha calma Mokoto, ela vai aparecer. Enquanto os pais conversavam na sala, o pequeno Sasuke encontrou um bilhete do lado de fora da casa, achou estranhos resolveu mostrar pro irmão. -Toma nii-san. -O que é isso? -Não a mínima ideia, mais tem a ver com a Cka. Ele leu, se desesperou, correr e mostrou aos pais, Mikoto quase desmaiou e Fugaku nem ligou. A carta dizia: ‘’Atenção família Uchiha, sua filha está bem e é a partir de agora a décima Jinchuriki! Isso, ela tem selada dentro de si, Felling Kuronaya e é definitivo, quer dizer, a opção é matá-la, mas as duas morreriam. Não se preocupem a garota passou otimamente pela transação e se a querem de volta saiam de casa. Estamos perto e estemos com ela, saiam e destinem-se a Konoha, voltem meia hora e ela estará aí.’’ -Andem vamos! -Mãe e se for mentira? Nós não temos tempo pra pensar nisso Itachi, vamos logo! ... Sim eles cumpriram o trato, a deixaram em cima da própria cama, dormindo serenamente. Quando voltaram a encontraram, como se quem a tivesse deixado lá fosse a própria mãe, com o coração sossegado a casa finalmente descansou... Mesmo sem saber o futuro que teriam! Continua...