O Tempo Irá Dizer escrita por analauragnr


Capítulo 51
“Pode tirar seu cavalinho da chuva...”


Notas iniciais do capítulo

A música que acompanha o capítulo é Cai a chuva - Sandy & JúniorPara quem quise acompanhar a história junto com a música: http://www.youtube.com/watch?v=-W2-nALRx0kBoa leitura!! ^^



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Cebola, lentamente, girou seu corpo cento e oitenta graus, ficando de costas para Mônica e, logo depois, de forma muito rápida e cautelosa, pegou sua amiga pelas pernas, levantando-a e fixando-a em suas costas, carregando-a de cavalinho.

Cai a chuva E molha o meu amor

Cai a chuva Vai molhar o meu amor

A dentuça, que fora pega de surpresa, ficou completamente irritada com seu amigo, ou melhor... Seu melhor amigo. Mas, mesmo assim, como ele teve tanta coragem de carregá-la nas costas, na maior cara de pau.

Apesar de todo o nervosismo, agindo por reflexo, encaixou seu braços em torno do pescoço de Cebola como ganchos, fixando-se firmemente.

A chuva cai

E ela vai passando, baby, vem

Será que vai olhar pra mim?

O troca letras virou seu rosto pra visualizar a vermelhidão da dentuça. Ao cruzar seu olhar no dela, borboletas começaram a fazer cócegas em seu estômago, o sangue fluía pelas suas bochechas. Ele sorria para ela, não de forma apaixonada, mas era o sorriso que fazia Mônica perder o chão, flutuar nas nuvens... O sorriso confiante, aquele que afirmava “Sim, eu conquistei o mundo”.

Ele começou a caminhar, cambaleando para os lados, rindo.

Balanço, boca, jeito de sereia

Que me hipnotiza de amor

E diz que não vai,não vai,sim vai,sim vai

Uma noite, nunca mais

- ME SOLTAAAA!! – gritou a dentuça, dando um leve soco na cabeça de Cebola.

- Não vou mesmo... Quem está no comando sou eu! HAHA! Finalmente eu estou mandando na dona da rua! Que conquista! – vangloriou-se, segurando suas mãos nas pernas de Mônica, caminhando para fora da cobertura do rancho.

Eu digo baby, não espere mais

Oh, não

Rebola, mexe, solta a louca

Que a chuva já passou

Eu não me queixo com o pouco do seu amor

A chuva, que agora havia aumentado, dançava pelos dois corpos, caindo graciosamente, fazendo-os tremer. Os cabelos de ambos grudavam em seus rostos, pingando. Mônica aparentava pura felicidade, mas sofria em seu interior. Isso porque Cebola não fazia idéia que suas ações, seus novos amores, suas palavras a machucaram. Ela não poderia amar alguém que a desprezou por tanto tempo. Bom, pelo menos tempo demais para ela.

Ele falara de amizade, mas ele a conservou quando estava com seu novo amor? Desprezo, desprezo. Pare Mônica, ela pensou consigo mesma, esqueça o passado, viva o presente, aproveite.

- “QUERO BEIJAR SUA BOCA QUE A CHUVA JÁ MOLHOU... ME ENLOUQUECE O BALANÇO... ! – Cebola começou a cantar

- Pode tirar seu cavalinho da chuva, Cebolinha!! ME SOLTAAAA!!

- CAI A CHUUUVA, VAI MOLHAR O MEU AMOOOR! – ignorou completamente a ordem de sua amiga, dando risadas.

- CEBOLA! SEU ANIMAL!! ME SOLTA! – ao terminar se falar, Cebola imitou o relinchar de um cavalo e, assim, começou a correr pela grama enlameada. - HAHAHA!! Você não é mais a dona da rua, não pode me obrigar! Além do mais, onde está sua educação, moça? – ele virou seu rosto para ela, sorrindo largamente.

- CEBOLA, EU NÃO ESTOU BRINCANDO!! ME SOLTA!

- Cadê sua educação, moça?

- Por favor, Senhor Diego Cebola, poderia ser gentil e me soltar!

- Como queira...

Cebola mais uma vez sorriu confiantemente, mostrando seus dentes reluzentes. Primeiramente, retirou suas fortes mãos das pernas de Mônica, em pleno movimento, desequilibrando-a um pouco. Movimentou calmamente suas mãos, aproximando-as das de Mônica. Percebendo a intenção de Cebola, ela puxou-o para perto de seu corpo, fazendo-o desequilibrar juntamente com ela, os dois caindo na barrenta grama.

(Chuva não pára, cai a chuva)

Molha o meu amor Cai chuva

(Chuva não pára, cai a chuva)

(Chuva não pára, molha a chuva)

Vai molhar o meu amor

(Chuva não pára, cai a chuva)

Molha o meu amor

Apesar de Mônica estar completamente irritada com seu amigo, com a queda inesperada de Cebola, ela desatou a rir, e rir com vontade. A carranca que Cebola fez ao perceber que iria cair junto a ela foi hilária. Mas não foi só ela que ria. Cebola também acompanhou o momento, pois seu plano para ela cair deu certo, ou melhor, quase certo.

Mas por que não rir? Fora realmente hilário: os dois ali, brincando de cavalinho, correndo que nem dois imbecis, caindo que nem dois desastrados, se sujando feito dois porcos.

- Cadê o seu Sansão para te defender, hein dentuça? – perguntou, apoiando seu corpo no braço, fitando Mônica que estava deitada.

- Olha aqui, Cebolinha...

Mônica levantou seu rosto para discutir com seu amigo, mas ao fazer isso, seu rosto ficou impressionantemente próximo ao dele, ficando a milímetros de se beijarem ali mesmo. “Seria lindo um beijo na chuva, ainda mais com esse peito nu...” pensou Mônica, mas logo tentou reprimir esse desejo. Ainda fitando o olhar de Cebola, que também ficou surpreso, sua respiração falhou, o coração acelerou.

Ela perdeu momentaneamente sua voz, não conseguindo pronunciar uma palavra sequer

 - Sim? O que foi Mônica? – sussurrou Cebola, olhando incrédulo para a aproximação da dentuça... tentando cortar o silêncio mortal.

- Você é incrível... Como consegue me irritar tanto? – sua voz saiu uma oitava acima, descompassada.

- Minha especialidade – lembrou Cebola, sorrindo.

- Humm, deveria ter deduzido isso. Mas, Cebola?

- Sim? – a respiração dele falhou ao perguntar.

- Por que tem que ser assim, tão chato comigo... Quero dizer, desde que eu te conheci é desse jeito...

- É simples, dentuça : As pessoas só atiram pedras nas árvores que tem frutos...

- Então quer dizer que eu virei uma arvora para você? – deduziu Mônica.

- Não, sua boba! – ele deu uma risada – isso é uma metáfora. Não aprendeu isso na escola?

  - HA HA... Muito engraçado... Mas o que você quis dizer com isso?

- Eu quero dizer que, quando temos algum interesse em alguém, seja qual for ele, tentamos conquistar esse interesse através da irritação constante, tentando chamar atenção dessa forma. Por exemplo, eu sempre quis o Sansão, e para isso te irritava e realizava planos infalíveis. – ele abafou um riso – Bom, pelo menos eu achava isso... Portanto, eu sempre agi assim porque tenho interesse em você, ou seja, sempre quero dizer que eu a... ATCHIM!

- Que eu aterrorizo sua vida, entendi. Bom, é melhor eu sair de perto então – Ela virou seu rosto, levantando-se num salto.

- Aonde você vai? – perguntou Cebola, não entendendo a reação de Mônica.

- Tomar meu banho... Você deveria ir também. Vai ficar doente, aliás muito doente...

- Mas, Mônica... – sua voz implorava por Mônica ficar.

- Da licença, Cebola... – disse, soltando uma lágrima que pulou de seus olhos.

- Tem toda...

Mônica se afastou de Cebola, deixando-o na chuva, sem reação, derrotado. Foi um golpe baixo, pensou Mônica. Ou melhor, extremamente baixo. Deixá-lo tão perto, a milímetros de outro beijo. Quase não resistiu, ela admitiu para si mesma, mas deveria ser assim. Pelo menos ele iria aprender que deve lutar e muito para tê-la ao seu lado, como sua namorada ou o quer que fosse. Ela precisava ser forte, resistente. Era difícil, mas precisava fazer isso. Só assim ela poderia se entregar, mostrar a paixão que sempre teve pelo seu eterno Cebolinha.

Tentando reprimir as lágrimas, as quais já imploravam para saltar de seus olhos, ela lembrou-se o que ele havia dito para ela. “Ei, não deixe de ser minha melhor amiga”. Apesar de Cebola ser aquele que mais pisou na bola, aquele que a mais tirou do sério, o que mais a humilhou, foi aquele que mais demonstrou seu amor... Seu amor de amigo, de eterno companheiro, aquele que oferecia o ombro para poder chorar.

Ao chegar a seu quarto, abriu a porta nervosamente e entrou no banheiro, ignorando Magali.

- Mônica, o que aconteceu? – perguntou Magali, percebendo as lágrimas no rosto lúgubre da amiga.

BLAM! A porta quase acertou a cara da gulosa.

- Por favor Magá, me deixa... – Mônica respondeu, com a voz chorosa.

- Foi o Cebola, não é? Eu ouvi uns gritos histéricos “ME SOLTAA”!

- Obrigada por lembrar, amiga... – ouvia-se o chuveiro ligado ao fundo.

- Mônica, o que aconteceu? Diga, eu não agüento ver você desse jeito e eu não poso fazer nada pra ajudar.

- Ah, Maga... Eu sou uma completa idiota...

- Explica isso melhor...

- O menino que você sempre gostou se declara pra você mais de uma vez, e de formas mais lindas e engraçadas possíveis... Ainda por cima você o escuta falando que sempre a irritou por que era importante pra ele... E você simplesmente foge dele, na parte mais romântica... – a dentuça começou a soluçar

- Mônica, escuta... Sério, não fica triste assim... Eu sei que o Cebola pisou feio na bola, pisou feio mesmo. Então quando ele descobriu a verdade, ele realmente se tocou que amava você também. Mas não que você sofreu. Ele realmente pensa que vai ser fácil... - Na verdade ele sabe que não vai ser fácil... E é esse o problema, porque ele vai se cansar de tanto tentar me provar que me ama...

  - Espera um pouco, rebubina a fita, pressiona o stop e aperta o play, eu boiei legal agora...

- Depois que ele brigou com o Reinaldo, eu o levei pra enfermaria e eu disse a ele que eu só o perdoaria se desse para mim uma prova de amor...

- Ah... Mas, ele já te deu alguma prova de amor?

- Sim... Mas o problema é que eu não aceitei a prova...

- Mas qual foi?

- Ele simplesmente cantou Patience para mim!

- Menina! Me amarrota que eu to passada!

- Você não entende Magali... Eu recusei! Agora ele nunca mais vai querer tentar provar pra mim...

- Pelo contrário amiga... Agora ele percebeu que deve lutar pelos seus objetivos. Ele pode demorar um pouco, mas ele vai lutar, e eu sei que vai.

- Não vai Magali, depois do que fiz...

- O que você fez?

- Ele me pegou de cavalinho...

- Isso explica os gritos!

- Bom, a gente caiu na grama... E nossos rostos estavam muito próximos. Na hora que ele ia me dizer alguma coisa, eu o interrompi de forma brutal e estou aqui. Ele não vai mais querer saber de mim, amiga...

- Mônica, presta atenção: quando crianças, quantas vezes você já deu coelhadas nele?

- Muitas vezes, já perdi a conta... Mas o que tem a ver? – Mônica não entendia a linha de raciocínio de Magali.

- Depois que ele levava as coelhadas, o que ele continuava fazendo?

- Realizando seus PLANOS INFALÍVEIS e levando mais coelhadas!

- Então! Acorda! Não importava quantas vezes ele apanhava de você, lá estava ele, lutando para ser o dono da rua...

- Mas isso é diferente...

- Não é, Mônica... Quando o Cebola quer alguma coisa, ele vai até o fim. Apesar dele não conseguir o que queria no passado, tenho certeza que conseguirá o que quer. Se eu o fosse definir em apenas uma palavra, diria PERSISTÊNCIA – o som do chuveiro cessou.

Mônica, com uma toalha sobre o corpo, saiu do banheiro. Colocou uma calça jeans clara, uma blusa tomara-que-caia violeta, com um desenho paitê no centro dela. Ao terminar de se trocar, abraçou sua amiga fortemente, soltando algumas lágrimas. Como aquelas palavras reconfortavam-na. Como era bom ter uma amiga que você pode contar, para abrir os seus olhos.

- Magali, obrigada... Ainda vou recompensar você, viu? – agradeceu, tentando reprimir as lágrimas.

- Tudo bem, tudo bem... Não tenha pressa!

- MENINAS – gritou Dona Luísa – terminem de se arrumar logo... O jantar está servido. Temos visitas.

- Ok mãe, já vamos – respondeu Mônica, virando-se para a miga – Vamos Magali.

As duas caminharam silenciosamente pelo corredor. Ao chegarem na sala de jantar, os olhos de Mônica brilharam: ao cruzar aquele olhar penetrante e fulminante, aqueles lábios que sorriam despreocupados, o jeito simpático de agir, sua mente começou a funcionar a todo vapor. Sim, os rumos de sua vida mudariam, com certeza.

Fim do 51º capítulo.


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Notas finais do capítulo

A única coisa que posso informar a vocês, leitores, é que os rumos da história mudarm... E que estou perto do clímax, ou seja, a historia caminha para seu final.



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