O Tempo Irá Dizer escrita por analauragnr


Capítulo 27
Revelações


Notas iniciais do capítulo

Música que acompanha o capítulo:

Accidentally in Love - Counting Crows
http://br.youtube.com/watch?v=D-4RBugO9LU



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Mônica tentara convencer Cebola de que estava sendo enganado. Tudo em vão, pois só o deixou mais nervoso, a ponto de chamá-la de dentuça. Tal palavra a fez ela chorar, sentindo um misto de raiva, ódio, tristeza e contínuas pontadas no coração. Magali, que estava ao lado dela, apenas lhe deu um abraço para consolar. Logo após, elas armaram um plano, ou melhor, a Magali armou, deixando-as alegres. Porém, a alegria era interrompida pelo celular da comilona, a qual atende curiosa. A pessoa que estava do outro lado da linha era o garoto-mistério, o qual conversou brevemente com a mesma, aconselhando-a a ouvir o coração para que chegasse até ele. Ela o fez, desvendando facilmente, após uma eternidade (pelo menos para ela era) todo aquela confusão.

 

Todavia, algo intrigava Magali: Como poderia ser aquele garoto? Justo ele, pelo qual só tivera até então uma amizade? Não, não poderia ser. Mas era ele, era sim. Ela queria investigar mias a fundo, verificar e certificar a descoberta. Então, quando ela iria fazer tal verificação? Segunda-feira, na escola.

 

Portanto, não falaremos os acontecimentos de domingo. Será dito brevemente de que nada em especial ocorreu.

 

Segunda-feira. 8:40 – Na sala de aula.

 

Mônica e Magali haviam sentado em suas respectivas carteiras, conversando animadamente sobre a ligação que a última recebera há alguns dias. Mesmo entretida, a mente de Mônica vagava, imaginando a reconciliação com Cebola, a qual parecia longe de se realizar, o que a deixava decepcionada por dentro. Seus olhos passeavam pela sala, procurando em vão o garoto troca-letras.

 

Quando suas esperanças de vê-lo estavam findando, ele havia aparecido. Não havia nada diferente nele, exceto pela sua expressão séria, os olhos semicerrados e a cara amarrada. Sentava em uma nova carteira, pois antes se sentava atrás da dentuça, agora se sentava mais ao fundo, perto de Carmem e Denise, arremessando bruscamente a mochila no chão. Parecia que havia chupado vários limões antes de estar ali e a amargura permanecia em seus lábios carnudos e tenros. A dentuça fitava-o discretamente, desviando periodicamente o olhar para a amiga, que nesse instante tagarelava sobre as aulas de Ciências, ou melhor, sobre o professor.

 

- Ah, o profi é tudo de bom, né?

 

- Não se esqueça que você ainda namora o Quin – respondia Mônica, ironicamente.

 

- Se liga na tomada, mulher! Pelo professor só sinto admiração e fascínio pela sua beleza, sabe como é, um “amor platônico”! Ai, adoro falar difícil! Hihihi! Já amor mesmo, eu sinto por outra pessoa. – dizia Magali, apertando umas de suas mãos, nervosa por ter falado aquilo.

 

- Hummm, quem será hein? – indagava curiosa, mordendo o canto superior dos lábios, lançando-lhe um olhar malicioso.

 

- Isso não vem ao caso. E pelo visto sua atenção está focada em outro lugar – dizia Magali, olhando vagamente para onde Cebola estava, “entretido” na lição de física.

 

- É...com você amiga, não posso negar nada, porque você sabe de tudo! Mas, eu tava imaginando comigo mesma, quando nós voltaríamos a nos dar bem como antes. Bom, pelo menos a amizade.

 

- Pra você amizade não basta! Hehe! Mas se depender do meu plano...será breve.

 

- Torço por isso – assentia Mônica, apoiando o rosto em uma das mãos soltando um breve suspiro.

 

Nesse momento, Denise adentrava pela sala de aula, caminhando em direção ao seu ficante. Ele agia indiferentemente à sua presença, permanecia atento à lição. Notando a reação de Cebola, Denise apenas sentou em sua carteira, fitando-o a todo instante.

 

O professor entrava na sala minutos depois, cumprimentando toda a turma. A aula prosseguia da forma habitual: a comilona não tirava os olhos do professor e Mônica olhava continuamente seu amigo, o qual permanecia indiferente. Após o sinal ter tocado, anunciando a hora do intervalo, todos tentavam sair ao mesmo tempo, causando um tumulto. As únicas que permaneciam sentadas, aguardando o término do alvoroço, eram Mônica, Denise, Magali e Carmem. Minutos depois, elas caminhavam em direção ao pátio. Magali e Carmem saíram mais depressa que as outras, a primeira porque queria ir a cantina e depois conversar com Quinzo e a segunda iria se encontrar com Ronaldinho. Mônica e Denise caminhavam tranquilamente até avistarem Cebola. A primeira começou a acelerar o passo, mas não fora mais rápida que a última, que o alcançara abraçando-o pela costas e dando um beijo em seu rosto.

 

(O que? Como? Onde? Mas o que está havendo?) pensava a dentuça, aproximando-se do casal.

 

Percebendo a aproximação da rival, Denise puxava assunto com Cebola:

 

- E então amorzinho, o que vamos fazer?

 

- Bom, eu vou lá na cantina comprar um salgado. Você quer? Ah, olá dentuça.

 

Mônica não respondera de imediato. A palavra pronunciada há pouco a abatia, deixando-a em profunda infelicidade. Não acreditava no que ouvia, seria verdade que  Cebola estava ficando com a Denise?

 

- Oi. Como estão?

 

Antes que Cebola abrisse a boca para pronunciar a resposta, Denise o interrompia:

 

- Estamos ótimos, ainda mais tendo ele como companheiro, não é, amor?

 

Antes de responder, ele fitava o rosto agoniado de Mônica. Percebera que a frase recém-dita havia deprimido-a. Como ainda sentia a vingança fluir em suas veias, respondia friamente:

- Sim, Dê! Você a melhor companheira que tive na vida – ele afagava o seu rosto, soltando um olhar sério e raivoso para Mônica.

 

- Então quer dizer que...? – perguntava Mônica, adivinhando a resposta.

 

- Sim! – diziam os dois.

 

- Desde quando?

 

- Sábado – retrucava Denise.

 

- Ah! – suspirou amargamente – Bem, então boa sorte a vocês – Mônica tentava dizer da forma mais natural possível.

 

- Ah, brigada, amore! – dizia Denise, afastando-se, juntamente com de Cebola.

 

Para Mônica, aquilo fora desastroso. Ela sentia mais uma vez, da pior maneira possível, o mundo desabar diante de seus ombros, fazendo-a chorar dolorosamente. Ela não suportava nem imaginar Cebola com outra garota, mas aquilo era real, e com a Denise. Uma completa catástrofe. Ela se se encostava à parede, chorando constantemente. Não queria estar mais ali, queria desaparecer e nunca voltar. Pegava o celular e ligava para a mãe, implorando para que a tirasse dessa tortura imensurável:

 

- Mas filha, você ainda tem uma prova a fazer! Você me disse isso ontem!

 

- Sei disso mãe. Mas eu falo com a diretora sobre isso. Farei a prova outro dia. Eu TENHO que sair daqui eu te explico melhor!

 

- Isso tem relação ao Cebola?

 

- Sim!

 

- Ok! Então eu já estou indo! Também te amo! Tchau.

 

Mais do que depressa, Mônica fora ao encontro da diretora e esclarecera que não passava bem, alegando fortes cólicas. Sem muita dificuldade, alterou o dia da prova para quarta-feira.

 

Saíra sem falar com ninguém, apenas seguia em direção ao carro da mãe, que a levou para casa.

 

Enquanto isso , no pátio:

 

Magali, após comer seu lanche, se despedira de Quim, que iria para a classe terminar um dever de casa que havia esquecido. Ele sentava-se em umas das mesas do refeitório, de pernas cruzadas. Refletia sobre o garoto-mistério, tentando informar a si mesma de que sua conclusão não era correta, pois queria negar inutilmente, alegando teorias insignificantes.

 

Porém, ela volta a realidade visualizando uma cena incomum: Cebola estava abraçado a Denise, conversando animadamente.

 

(Meu DEUS DO CÉU...que isso? Esse mundo ta louquinho da silva! Geente, a Mô vai ficar arrasada...Mas cadê ela? Ah, então ela sabe! Coitada!)

 

- Como é pesado...(ver toda aquela cena deplorável)

 

Antes que concluísse a frase, um estalar de dedos a interrompia:

 

- O que? Aquele saco de latinhas? – Cascão perguntava em um tom zombador, olhando-a maliciosamente.

 

- Mas perdeu o respeito, foi, hein, sua besta quadrada?

 

- O que foi? Perdeu a educação?

 

- Então é o jogo de perguntas?

 

- Por que? Você ta brincando disso?

 

- Tonto. –respondia irritada com a situação.

 

- Mas diz aê, o que é pesado?

 

Antes que dissesse, Cascão viu seu melhor amigo acariciando o rosto de sua ficante. Ficara chocado, sem reação.

 

- Cassilds! Eu to ficando louco ou foi isso mesmo que eu vi?

 

- Ah, é isso mesmo. Aconteceu um desastre na festa entre a Mô e o Ce e bem, o resto você sabe.

 

- Mas o que aconteceu?

 

- Não vem ao caso agora. E se quer saber, é melhor perguntar a ele.

 

- É, o que irei fazer – falava Cascão, se afastando da comilona.

 

- Cascão?

 

- Sim? – respondia, virando seu rosto para Magali.

 

Ela fitava aquele rosto sujinho que a fascinava e a deixava atordoada. Seu objetivo era se aproximar dele, para que pudesse certificar uma coisa. Porém nada fazia e nada dizia, somente observava-o, fitando seus olhos negros e penetrantes, deixando-a corada. Ele se aproximava, para que pudesse entender melhor o que ela iria dizer. Nesse instante, o som da escola tocava uma música animada:

 

So she said what's the problem baby What's the problem I don't know

 

 

- Que foi? – fitava com olhares curiosos.

 

Well maybe I'm in love (love)

 

- É que...bem...eu...queria saber...se...ah!

Think about it every time

 

- Sim?

 

- Bem, eu...ah! sabe...

I think about it Can't stop thinking 'bout it

 

- Pode falar, eu não vou morder você!

 

- Besta retangular – murmurava para si mesma.

 

- HAHAHA!! É difícil falar depois de comer metade da cantina, não é? – ria Cascão ao mesmo tempo que fitava-a com o olhar zombador.

How much longer will it take to cure this Just to cure it cause I can't ignore it if it's love (love)

 

- ORA SEU!! SEU!! – a comilona aproximava-se mais dele, para lhe dar um tapa no meio da cara. Não suportou aquela brincadeira do sujinho.

 

Makes me wanna turn around and face me but I don't know nothing 'bout love   ooh

 

Antes que pudesse acertar o alvo, Cascão segurava, de uma forma defensiva, sua mão, ao mesmo tempo que estava mais próximo à ela, sendo capaz de ouvir sua respiração ofegante.

 

- Depois daquilo, eu fiquei mais atento.

 

Come on, come on Turn a little faster

 

Ele fitava seu rosto, que tentara desviar o olhar penetrante que ele lhe jogava.

 

- HMPH, bestão – murmurou nervosa.

 

Come on, come on The world will follow after

 

- A propósito – falava o sujinho -  o que queria me dizer?

 

Come on, come on 'cause everybody's after love

 

Magali calara-se de uma certa forma que parecia ter parado de respirar. Apenas tentava esquivar-se dessa situação constrangedora. Mesmo atraída por ele,  não queria continuar ali, pois acharia uma forma muito baixa de machucar seu namorado Quim, mesmo não gostando mais dele. Mesmo que forçasse a soltura de seu braço, o qual era pressionado entre as mãos do sujinho fortemente, deixava-a ofegante. Quando respirava fundo, vendo que não havia escapatória, ela fragrara o cheiro da colônia que Cascão usava.

 

So I said I'm a snowball running Running down into the spring that's coming all this love Melting under blue skies Belting out sunlight Shimmering love

 

Aquilo penetrava freneticamente pelas suas narinas, deixando-a hipnotizada, fazendo-a fechar os olhos e suspirar. Conhecia aquele cheiro de algum lugar, mas não sabia de onde.

 

Well baby I surrender

 

- Hummm- dizia Magali soltando outro suspiro.

 

To the strawberry ice cream Never ever end of all this love

 

- Que é?

 

Well I didn't mean to do it But there's no escaping your love

 

- O cheiro...

 

- Ah, não! Não começa! Eu tomei banho e até passei uma colônia lá! Hmph!

 

These lines of lightning Mean we're never alone, Never alone, no, no

 

- Perfume?

 

- Ué, ta duvidando...eu mostro até um frasco vazio pra você!

 

- Como é?

 

Come on, Come on Move a little closer

 

- Aqui ó. – ele esvaziava um dos bolsos, apontando para o frasco – Eu tenho que comprar um novo. Como eu me enrolo pra falar o nome da bagaça, eu vou levar.

 

Come on, Come on I want to hear you whisper Come on, Come on Settle down inside my love

 

- Mogbec? – Magali pensava alto.

 

Come on, come on Jump a little higher Come on, come on If you feel a little lighter

 

- Ué, como sabe?

 

Come on, come on We were once Upon a time in love

 

- Ah, é que...er...meu pai tem um igual e ele também confunde. Hihi!

We're accidentally in love Accidentally in love Accidentally

 

- Ah! Mas, antes que eu esqueça, o que você ia falar mesmo pra mim?

 

I'm In Love, I'm in Love, I'm in Love, I'm in Love, I'm in Love, I'm in Love, Accidentally

 

O silêncio tomava conta dos dois, o qual fazia aumentar o clima entre eles. Magali desviava todos os olhares penetrantes e hipnotizadores que Cascão lhe jogava continuamente, sem uma pausa sequer. Ele ainda segurava-a no braço, mas diminui a força que lá havia aplicado. Fitava as mão solta de Magali. Queria toca-la, entrelaça-la a sua, mas não o fez, só continuava a lançar os olhares que deixavam Magali em um estado de transe.

 

I'm In Love, I'm in Love, I'm in Love, I'm in Love, I'm in Love, I'm in Love, Accidentally  

- Bem, é que...

 

Come on, come on Spin a little tighter Come on, come on And the world's a little brighter Come on, come on Just get yourself inside her

 

BLÉÉÉÉM!!!

 

- ...Tocou o sinal. Eu to indo, tchau!

 

Love ...I'm in love

 

Magali soltava seu braço e corria para a sala de aula completamente confusa, ainda em transe, desorientada e perdida.

 

Fim do 27º capítulo

 


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Notas finais do capítulo

Música que acompanha o capítulo:

Accidentally in Love - Counting Crows
http://br.youtube.com/watch?v=D-4RBugO9LU



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