–Obrigada – ela tocou a mão do garoto de quem tanto gostava.

...

–Lia!

Quando a menina chegou no local combinado, o loiro levantou-se da cadeira que havia escolhido para abraça-la, porém não recebeu uma reação dela. Isso não o deixou abalado, logo ele havia sentado novamente, pedindo para que ela sentasse a sua frente.

–Escolhi essa mesa para que não fossemos atrapalhados pelas meninas da escola que estão bem ali – ele indicou com um movimento da cabeça para um grupinho de amigas. Thalia pode reconhecer Drew, a irmã de Silena, entre elas.

–Tudo bem, é uma mesa legal.

–“É uma mesa legal”? – ele sorriu de lado, imitando a garota.

–Talvez eu esteja meio sem jeito – ela deu de ombros.

–Ok... Desculpa, tá? Eu era muito novo, isso não vai se repetir.

–Você não me deve mais satisfação de quem beija ou deixa de beijar, Luke.

–Eu queria dever... – ele murmurou.

–O que foi?

–Nada. Vou ao banheiro. – ele disse antes de se levantar.

Pouco depois que ele havia saído, a garçonete que estava atendendo-os, entregou um papel para Thalia.

–Pediram para te entregar, moça.

–Obrigada.

Desenrolando o papel que estava dobrado, ela pode ver uma caligrafia tremida – talvez pela pressa – feita com uma caneta de ponta fina.

Honey,

Ou você se afasta de Luke Castellan ou todas vocês sofrem as consequências.

Você não quer que algo aconteça com suas amigas, quer?

Levante-se e vá embora agora mesmo. Estou de olho.

Ah, e a propósito... Será que um prêmio para quem descobrir ser as meninas do The Puzzle vale a pena? Hun...

Xx

–QC

E, sobre o “Xx”, havia a marca de uma boca feita de batom. Thalia estava espantada. QC estava ali, ameaçando ela e as amigas. Tudo isso por Luke. A menina correu até a garçonete.

–Quem te entregou esse papel? – ela perguntou aflita, debruçando-se no balcão.

–Eu não sei moça. Quem deixou isso, deixou aqui no balcão, com um papelzinho “entregue para a mulher de cabelos pretos com short jeans e blusa dos EUA”. Eu só fiz meu trabalho. É muito comum homens fazerem isso, e ao ver você acompanhada, deve ter tido medo de ir lá e...

–Obrigada. – Thalia colocou sua bolsa no ombro e saiu correndo rua afora, pegando o celular e ligando para as amigas.

“Minha casa, agora” dizia somente quando elas atendiam.

...

Katie desligou o telefone e olhou para o menino ao seu lado.

–Tenho de ir, Travis.

–Posso ir com você se quiser... – ele ofereceu, dando-lhe a mão para ajudá-la a se levantar.

Limpando a saia com a mão, ela usou esse meio tempo para pensar: “pela urgência, ou é sobre The Puzzle ou sobre QC. Então seria melhor nada de Travis”.

–Pode deixar, a casa da Thalia é aqui do lado quase. – ela sorria.

–Posso te ligar depois? – Travis perguntou.

–Claro. – ela sorriu – Se eu vou atender, a gente pensa depois.

–Vem cá – ele a abraçou, e ambos perceberam o quanto sentiram falta disso. – Não vou te decepcionar, gatinha.

...

Silena foi a última a chegar na casa da amiga, as outras quatro já estavam reunidas ao redor da mesa da cozinha de Thalia.

–Desculpem-me a demora. Estava na casa do Charlie.

–Isso explica o cabelo bagunçado... – Annabeth riu.

–Por que chamou, Lia?

–Por isso – e ela estendeu o bilhete sobre a mesa.

Ela contou toda a história.

–Você saiu com o Luke? – a loira estava incrédula.

–Problema com QC, deixar Luke pra lá? – Thalia rolou os olhos.

–Tem certeza que Calipso não estava lá? – Silena perguntou.

–Ela não estava – Annae disse.

–Como você sabe?

E foi a vez da dona dos olhos cinzas contar a sua história.

–Então... Ou Calipso tem companhia, ou estávamos enganadas sobre ela. – Silena admite.

–Temos de descobrir quem é QC, rápido.

...

A campainha da casa de Katie tocava sem parar.

–Já vou, já vou! – ela gritou, desligando o chuveiro e enrolando-se no seu roupão.

Desceu as escadas correndo e destrancou a porta, girando a maçaneta.

–Travis? – ela corou até a raiz dos cabelos.

–Você disse que se eu ligasse, talvez não atenderia. Dei um jeito de você me atender. Pra você – ela entregou a ela uma flor vermelha, muito bonita.

–Obrigada e... Quer entrar um pouco?

–Claro, obrigado. – ele entrou, e ai que pareceu ter notado que a garota estava de roupão, ficando um pouco embaraçado junto a ela. – Cheguei em má hora?

–Não não.

A noite caia lá fora, e o vento estava frio, entrando por sob o roupão da Gardner.

–Você se importa se eu for colocar uma roupa? – ela apontou para si mesma.

–Claro que não. Mas você está muito linda assim, gatinha. – ele piscou um dos seus olhos.

Katie correu escada acima para o seu quarto, vestiu um short jeans qualquer e uma regata, antes de gritar de cima da escada:

–Travis?

–Oi?

–Vamos ir em algum lugar?

–Vamos, mas é simples.

–Ok!

Ela correu de volta para o seu quarto, trocando a roupa que havia vestido antes por uma saia e um cardigã. Colocou a flor que ganhara do Stoll em um vaso com água em cima de sua penteadeira, e sorriu.

Voltou para a sala, onde Travis batucava com os dedos na mesa de centro de Katie, e ela sorriu.

–Como estou? – segurou a barra da saia com as duas mãos, fazendo uma pose.

–Linda, como sempre. Por mim podia ir com aquele roupão que estaria linda. Podia ir até sem roupão, na verdade.

–Bobão.

–E então... Vamos? – ele arriscou pegar a mão da menina, e em retribuição recebeu um aperto forte.

...

–Pronto, Charlie, voltei – Silena abraçava o menino logo depois dele ter aberto a porta para ela.

–Quem é Charles? – uma voz grossa saiu da sala da casa deles.

–Pai, essa é a Silena, a minha namorada. Si, esse é Hefesto, meu pai. – ele parecia estar com vergonha, passava a mão nos seus cabelos sem parar.

–Prazer. – ele disse, a cumprimentando – Estou voltando para a oficina. Até depois.

Pegou a chave do carro e foi para a garagem.

–Nunca achei que conheceria meu sogro assim – Silena parecia estar com vergonha.

–Eu nem sabia que ele estava em casa, desculpa. Ele vive na oficina.

–Tudo bem, amor.

–Filme?

–Filme.

–Qual?

–Faça-me uma surpresa – ela piscou para o menino, antes de ele pegá-la pela cintura, e beijá-la.

O filme acabou sendo passado para ninguém, pois durante todo o tempo do filme, os dois ficaram se beijando no sofá.

...

Aquelas meninas... Elas pensam que podem se tornar “pop stars” do dia para a noite. Pensam que eu não notaria a mudança delas. Pensam que agora são donas do próprio nariz. Porém, não vou deixa-las roubar a minha fama, ou o meu garoto. Elas não estão nem perto de me encontrar, e nunca realizarão essa proeza. Para elas – e para vocês – sou a QC, e assim continuarei sendo. Xx. -QC