Novos Tempos Em Hogwarts 2 escrita por Thiago, Thiago II


Capítulo 38
Momentos dificeis


Notas iniciais do capítulo

Um capitulo para vocês, espero que gostem e deixem seus comentarios. Por favor, a todas vocês que continuam lendo.



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Após o soar da tromba que anunciava o término da prova, a neblina que cobria a arena começou a se dissipar revelando aos olhos as arquibancadas de uma arena lotada de estudantes das três escolas. Mas Tiago abaixara os olhos, evitando encarar a platéia que o observara atentamente durante todo aquele tempo como se ele fosse algum ator de uma boa peça, ou tudo não passasse de um jogo de quadribol. Será que ninguém enxergava o que era aquilo? Os estudantes vibravam e gritavam por ele e os outros campeões, enquanto o ruivo sentia uma imensa vontade de desaparecer dali.

O corpo de Tiago estava exausto. Ele caíra de joelhos nos degraus de pedra do altar, não se importando com a área e os pequenos pedaços de vidro que se encontravam ali. Sua mente recordava os momentos que passara naquele lugar, e ele odiava mais do que nunca estar naquele torneio, agora ele entendia o quanto aquelas provas significavam. Honra e gloria eterna para o vencedor, isso não parecia uma recompensa justa pelo estavam passando. Enfrentar criaturas assassinas enquanto vários alunos assistem ao espetáculo sanguinário fazendo apostas e torcendo para que os campeões adversários se dêem mal, bruxos formados organizando uma prova estilo suicida como aquela, era horrível pensar que várias pessoas tinham passado pelo mesmo e perdido suas vidas por algo tão tolo quanto era aquele Torneio Tribruxo, que nada mais era do que uma forma de provar qual escola era a melhor.

Agora ele entendia a preocupação de seu pai, ele passara pelo mesmo e pensar que os filhos pudessem passar por algo parecido o deixava assustado, nervoso e preocupado. Mas do que adiantaria se preocupar, afinal ali estava ele naquele momento, segurando o corpo inerte de seu irmão, a poucos metros ele via Dominique estendida com Louis tentando acordá-la. Tiago teria se levantado para ajudar a prima, mas suas prioridades estavam em seus braços naquele momento.

Ele respirara fundo para tentar manter a calma e não desabar em meio a lágrimas, e encarara o céu de nuvens negras daquele final de tarde, para então desviá-los em direção ao garoto em seus braços. Era pequeno e magro, possuía os cabelos incrivelmente negros como carvão e as vestes da Sonserina, mas o estado em que se encontrava lhe preocupava. Alvo ainda estava inconsciente, sua pele estava pálida e sem vida, e seu corpo parecia mole e frágil. Ele tirara alguns grãos de areia dos cabelos do irmão e fizera um leve carinho por seu rosto, queria poder fazer algo para acordá-lo, esperar que abrisse os olhos era algo realmente difícil naquele momento. O grifinório queria que o irmão acordasse para poder brigar com ele por ser meter novamente com uma das provas do Torneio, mas isso não acontecia, ele ainda estava desacordado.

Ao longe ele pode então notar alguns barcos enormes vindo em sua direção, eles se pareciam muito com aquele em que haviam iniciado a prova. Eram dois barcos, ambos feitos de madeira negra e com entalhes em sua proa que lembravam ossos e uma caveira, havia tochas negras flutuando e em cada embarcação havia duas pessoas vestindo mantos negros e encapuzados, semelhantes à Kingsley no inicio da prova. Mas o que o ruivo notara era que o barco não navegava pelas águas, na verdade ele flutuava a poucos centímetros sobre o pântano, era como se navegasse sobre o ar. A ilha de rochedos em que os campeões se encontravam também parecia mudar, como se afundasse no pântano fazendo com que o altar e a parte superior onde os estudantes se encontrassem ficasse no mesmo nível das águas.

As pessoas encapuzadas saltaram das embarcações assim que elas se aproximaram o suficiente do rochedo, cada uma correu em direção a um dos campeões e seus reféns, os auxiliando até o barco. Tiago encarara com raiva a pessoa que veio lhe auxiliar, evitando olhá-la e recusando qualquer menção que o desconhecido fizera para carregar Alvo. 

Ele pode ver Dominique sendo colocada em uma maca flutuante pela figura encapuzada que fora em seu auxilio, ao seu lado caminhava Louis. Em seu rosto habitava uma expressão preocupada e o grifinório se perguntava se possuía algo semelhante em seu rosto. Ele já sabia que a resposta era sim, apesar de que sentia que suas feições eram ainda piores do que as do primo. 

Ao chegarem ao barco, o ruivo sentara em uma das pontas com a cabeça de Alvo em seu colo, ele ainda tentava reanimá-lo, chamando por seu nome baixo e fazendo carinho em seu rosto, que nem percebeu o momento em que o barco partiu. Um dos encapuzados de seu barco, o que lhe oferecera ajuda, se aproximara novamente dessa vez removendo o capuz e expondo seu rosto ao qual Tiago reconheceu imediatamente. Era Teddy Lupin, seu professor de Transfiguração.

_ O que faz aqui? – disse Tiago num tom que ele não percebeu, mas saíra mais rude do que pensara. 

_ No momento? Ajudando você – disse Teddy analisando Alvo com cuidado, ele também deslizou a mão pelo seu rosto com cuidado vendo se não havia qualquer ferimento ou corte.

_ Você está participando disso, dessa coisa que eles chamam de Torneio? Aceitou que eles colocassem aqueles monstros para que enfrentássemos – disse Tiago em um tom de voz baixo, mas incrivelmente duro – Você...

_ Eu não participei disso, Tiago, estou apenas aqui porque pedi para vir, ser o responsável para ver se vocês estariam bem – disse Teddy enquanto media a temperatura de Alvo – Estou tão abalado quanto você pelo que houve...

_ Não, você não está... Nós...poderíamos ter morrido lá – disse Tiago, nervoso ao ver que mesmo com todos os exames que Teddy fazia parecia que Alvo continuava tão morto quanto parecia a momentos atrás. 

_ Fique calmo, eu sei que está estressado pelo que acabaram de passar, mas isso não é motivo para você ficar desse jeito – disse Teddy duramente – E não me culpe pelo que vocês passaram, não fui eu que coloquei seu nome naquele cálice, estou sofrendo tanto quanto você pelo que está acontecendo, acha que gosto de ver um dos meus irmãos numa situação dessas. Eu me preocupo com você, Tiago, se eu pudesse ter feito algo para que você não participasse teria feito, você viu que eu tentei argumentar com os outros, mas foi escolha sua participar de tudo isso, agora aguente as consequências...

Tiago encarara o rosto de Teddy, e pode ver em suas expressões que ele falava a verdade. Lupin possuía um rosto jovem e magro, com um nariz reto, lábios rosados, olhos cor de avelã e cabelos negros e rebeldes. Pelo tanto de tempo que conhecia o metamorfomago sabia que ele nunca usaria de uma expressão tão comum se não estivesse emocionalmente abalado, na verdade o ruivo sabia que aquele rosto ali a sua frente não possuía qualquer alteração pela habilidade mágica, sendo o original às feições originais do rapaz. As palavras ditas ainda fluíam pela mente do ruivo, ele estava sendo egoísta se fazendo de vitima daquela forma, esperando que os outros sentissem pena sem perceber que várias pessoas já sofriam por causa dele e aquilo parecia ter piorado, ele estava demonstrando fraqueza para aqueles que acreditavam nele e o davam apoio, e isso não era certo.

Tiago respirara fundo e encarara Alvo novamente, Teddy parecia ter terminado de fazer os exames, mas parecia que não havia nada para se fazer já que a expressão do rapaz não se alterara.

 _ Meu irmão... - Tiago suspirou, encarando o terceiranista sonserino – Eu estou preocupado com ele, Teddy...

_ Não se preocupe, ele ficará bem, o fato de estar inconsciente ainda é porque ficou bastante tempo sob a areia – disse Teddy e o outro rapaz o encarara confuso – Os grãos de areia são mágicos quando dentro da ampulheta, eles liberam uma aura mágica que mantem qualquer ser vivo que tenha contato com eles em um estado de coma induzido que se assemelha e muito ao estado de morte.

_ Mas há muito tempo ele está fora da ampulheta, e por que você... – disse Tiago, mas fora interrompido antes que concluísse a pergunta.

_ Ele ainda está sujo com a areia, talvez seja essa a explicação ou talvez ter ficado mais que os outros tenha deixado ele com um acúmulo dessa aura mágica que lhe falei – disse Teddy – E o fato de eu estar fazendo esses pequenos testes se baseia no fato de que estava procurando por algum ferimento ou contusão que possa ter ocorrido quando você o retirou da ampulheta, aliás deveria fazer os mesmos exames em você para ter certeza, mas acredito que não tenha tido muitos estranhos que não estejam visíveis, não é?

_ Apenas alguns cortes, e talvez algumas manchas roxas que ganhei por conta das quedas durante a batalha com a esfinge, mas fora isso, eu estou bem – disse Tiago, mas então seu olhar se voltou para Alvo que voltava a si novamente – Bem vindo de volta, Alvo...

_ Você venceu a prova? – disse Alvo, parecendo cansado.

_ É, podemos dizer que de certa forma... É, por aí... – disse Tiago, meio confuso com tudo aquilo, afinal não havia como saber ao certo quem vencera, afinal ninguém respondera a charada, mas se fosse por ordem de resgate do refém ele sabia que havia perdido feiamente.

 _ Seu irmão conseguiu cumprir a prova – disse Eduard e então o rapaz notara que estava no mesmo barco que o outro campeão de Hogwarts – Todos conseguimos... – os olhos do ruivo analisaram Zabini por alguns segundos, ele estava abatido e com alguns cortes feios em uma boa parte de seu rosto, com toda a certeza de sua batalha contra alguma esfinge, ele parecia abatido e cansado, mas fora isso não parecia pior, ao seu lado Narcisa bebia um pouco de uma poção revigorante que o outro encapuzado lhe entregara, ele pode ver que sem capuz que se tratava de Salazar Salvatore.

 _ Vocês dois trabalharam juntos? – disse Alvo, surpreso – Eu daria tudo para ver algo desse tipo, é realmente surpreendente.

 _ Quando se tem vidas em jogo, Potter, não importa se seja um inimigo, às vezes as pessoas tem que trabalhar juntas, não por gostarem uma da outra, mas porque não tem outro jeito – disse Salvatore sombriamente, como se o que acontecera de Eduard e Tiago trabalharem juntos fosse se repetir no futuro.

 _ Não fomos apenas nós que trabalhamos juntos, todos os quatro campeões fizeram algo... Foi um trabalho em equipe, soubemos muito bem nos virar juntos – disse Tiago rapidamente sem encarar as pessoas, mas ele sabia que não teria tido chance de vencer se não fosse por Eduard e ainda sentia um pouco de culpa por pensar que poderia tê-lo matado durante a prova.

 Assim que chegaram ao pequeno porto da arena, um pequeno grupo de amigos esperava por eles para fazer elogiá-lo pelo que fizera, mesmo ele achando que não merecia tanto crédito, afinal ele não fizera tudo sozinho. Todos saudavam Tiago pela sua atuação no torneio, eram tantas pessoas que o ruivo chegou a pensar que sufocaria por tamanha atenção que estava recebendo.

 _ Parabéns Tiago, você conseguiu... Mandou muito bem... – disse Lorcan num tom que fez parecer que o ruivo conseguira algo simples como tirar uma boa nota em um teste e não sobrevivido a uma esfinge sanguinária

 _ Obrigado, eu acho... – disse Tiago.

 _ Realmente um filho digno de Harry Potter – disse uma voz estrondosa que soara sobre a cabeça de todos, Rúbeo Hagrid dera um forte abraço quebra-ossos em Tiago, que o fizera soltar um pequeno gemido de dor – Oh, sinto muito... Perdoe-me, não sabia que estava machucado, mas sabe como às vezes eu não lembro de quanta força eu tenho... – o guarda caça pareceu sem graça por breves segundos, mas então retornou ao tom normal -  Ótimo modo que lidou com aquelas esfinges, mesmo que possa pensar que tenha exagerado um pouco... Mas de todo modo, excelente trabalho, rapaz. Seu pai não faria melhor...

 _ Bom trabalho, Potter, por um momento achei que ia perder um dos meus melhores amigos – disse Scorpio, abraçando Alvo pelos ombros – Talvez você não seja tão idiota quanto dizem...

 _ Obrigado Malfoy, realmente você está melhorando também, me elogiando dessa forma. Já é um grande avanço – disse Tiago enquanto apertava a mão e recebia os cumprimentos de Lysander, ao que Scorpio fizera um aceno de cabeça.

 _ Sinceramente, não sei se deveria te bater por se arriscar tanto ou te dar os parabéns por sua atuação – disse Rose enquanto abraçava o primo.

_ Pode lhe dar os parabéns, Rose, e deixe a parte de bater comigo – disse Lily, que naquele momento dera um forte tapa na nuca do irmão mais velho e o mesmo fizera com Alvo – Fala sério, não havia uma maneira de ficarem fora de problemas? Ou resolvê-los de uma forma que não me deixe preocupada e cheia de cabelos brancos antes do tempo? Pode não parecer, seu bando de vermes cabeças ocas, mas vocês são importantes para mim...

 _ Isso foi uma declaração de que você ama seus irmãos, Lily? – disse Chloe surpresa.

 _ Não força a barra, Skeeter – disse Lily emburrada, enquanto muitas pessoas ali riam.

 _ Hei, eu recebi o tapa por quê? – disse Alvo com um tom de voz inocente recebendo um novo tapa dessa vez de Alice – Você também?

 _ Lógico, eu esperando que você fosse surgir do meu lado me dizendo que se atrasara por qualquer motivo bobo, mas não... De repente olho para o telão e vejo você – disse Alice, apontando para um grande painel onde a imagem deles era exibida para toda a arena – Preso dentro de uma ampulheta com areia te cobrindo aos poucos...

 _ É Potter, vá se acostumando, minha irmã é assim com as pessoas que ela gosta – disse Frank enquanto Molly abraçava Tiago – Aliás, espero ter uma conversa com você mais tarde...

 _ Como vocês vieram parar aqui? Pensei que estivessem na Inglaterra – disse Alvo confuso, mas a pergunta parecia ter como resposta uma longa historia já que fora deixada de lado.

 _ Conversamos com McGonagall e ela decidiu que não deveríamos ser punidos por estarmos aqui no lugar de Hogwarts – disse Molly – Aliás, ela nos convidou para ficarmos para a comemoração que haverá por conta do termino da prova. 

_ Comemoração? – disse Tiago, sem entender. 

_ Ao que parece, os franceses vão fazer alguma coisa – disse Lysander. 

Eles logo entraram em um assunto que envolvia a festa dessa noite, que Tiago não fazia a mínima questão de ouvir, ele parecia sentir falta de alguém ali e seus olhos vagaram em busca dessa pessoa que não fora difícil de encontrar. 

Fred estava ali, a poucos metros na beira do píer, encarando o outro barco que ainda não havia ancorado e se aproximava numa velocidade mais lenta que aquele que trouxera o ruivo. Ao se aproximar do primo, Tiago colocara sua mão sobre o ombro de Fred que se voltou para encará-lo. 

_ Oi – disse Fred tentando lançar um sorriso, mas não adiantara muito, e seu rosto simplesmente se contorceu numa careta sem animo, imediatamente Tiago soube o que aquilo significava e rapidamente toda a alegria que havia nele parecia ter se dissipado com o nevoeiro.

_ Oi – disse Tiago ao melhor amigo num tom que mostrava seu incômodo, parecia estranho a ele tentar ter uma conversa depois disso, e ele nunca foi muito bom em lançar palavras de ânimo às pessoas ou conforto, então ele simplesmente parou ao lado de Fred ficando ali observando a embarcação se aproximar. 

_ Eu... Queria parabenizá-lo pela prova – disse Fred sem encará-lo e se debruçando sobre uma pequena grade de proteção – Você foi muito bem...

 _ Obrigado, sua invenção me ajudou muito... – disse Tiago tentando sorrir, mas parecia difícil para ele, como se fosse algo imperdoável e ficaram alguns segundos, que pareceram longos, encarando o pântano – Não deve se preocupar com ela... 

_ Me preocupar com quem? – disse Fred, parecendo desligado do que o primo se referia. 

_ Dominique, eu sei que se importa com ela – disse Tiago, se sentindo um tolo por resolver ter uma conversa como aquela – Mais do que se importa com qualquer outro, e mesmo que você não possa evitar ficar assim, saiba que ela é uma garota forte e corajosa, e bem...  Eu me sinto um idiota por estar tão perto e não ter a ajudado, eu apenas... Queria... – mas não terminara  a frase, tornando a focar os olhos no barco que já se tornara muito nítido.

_ Qual é, vai se culpar agora pelo que aconteceu? – disse Fred num tom rude que surpreendeu o ruivo, que o encarou sem entender – Você estava no meio de um combate com uma esfinge, não me venha com sua síndrome do herói agora, Potter. Você não podia fazer nada, não sem acabar como ela no processo ou pior... O máximo que você teria trazido para ela era outra chance de ser ferida por uma criatura diferente. 

_ Você está nervoso comigo? E ainda quer que eu não me sinta culpado? – disse Tiago soltando uma risada de escárnio, ele se sentia pior naquele momento e deveria agradecer as palavras do primo por aquilo. Mais um silêncio se seguiu até que Fred suspirou derrotado e o encarou. 

_ Eu não te culpo, você não entendeu, estou nervoso pelo que aconteceu, mas não estou tentando encontrar culpados – disse Fred – Diferente de você, Tiago, ela colocou o nome no cálice, então não posso culpar ninguém pelas provas nem mesmo ela por ter se inscrito, a verdade é que... Eu me sinto culpado, por ter sido inútil... 

_ O que você poderia ter feito, Fred? – disse Tiago – Você não pode ver o futuro e saber o que aconteceria a Dominique.

_ Às vezes gostaria de poder fazer isso, tornaria a vida mais fácil saber das coisas que ainda vão acontecer – disse Fred ao que Tiago o abraçou pelos ombros.

_ Eu também gostaria disso, talvez não cometesse tantos erros – disse Tiago e por sua cabeça passou a imagem de Narcisa, ao que ele pode ver pelo canto dos olhos ainda estava no porto com Eduard e outros sonserinos – Talvez não sofresse tanto e estivesse melhor agora – ele ainda a amava e acreditava que sempre a amaria, e se amaldiçoava por isso, mesmo que soubesse que talvez nunca conseguisse esquecê-la de vez, ele se xingou mentalmente por ser tão egoísta por começar a pensar em si e tornara a encarar o primo tentando dar-lhe apoio.

_ Eu vi você se destruir por amor, primo, e me perguntei se eu poderia acabar como você – disse Fred – Teve momentos em que tive raiva de você por tentar esquecê-la com outra garota, ainda mais sendo essa garota... 

_ A Dommy – disse Tiago sério ao que o moreno assentiu, o ruivo suspirou – Ela ficará bem, você tem que ter fé nisso, por mais que os ferimentos possam ser graves, você não pode pensar no pior... 

_ Obrigado – disse Fred sorrindo, dessa vez saiu fracamente – Acho que vou ter que ir – ele pode ver alguns funcionários do ministério removendo as pessoas do píer, todos aqueles que haviam ido até ali para parabenizar os campeões se retiravam.

_ É, eu queria que pudesse ficar, e poder vê-la mais de perto – disse Tiago encarando o barco que estava a pouco menos de dois metros do embarcadouro.

_ Eu estarei com ela logo, não se preocupe – disse Fred se afastando após se despedir com um aceno de cabeça.

_ você irá na festa? – disse Tiago ao moreno que se virara pensativo, o que parecia confuso demais, já que Fred nunca deixou de participar de uma festa antes.

_ Dessa vez acho que não, tenho outros planos – disse Fred – Mesmo porque, não me parece uma boa situação para comemorar. 

E Fred se retirou da arena, os juízes deviam dar a cada um sua devida nota e assim foi. Tiago não sabia dos juízes até aquele momento, mas soube disfarçar, ao seu lado se posicionaram Eduard e Nickollaus, que estava consciente, mas necessitava de muletas para se locomover devido aos ferimentos em sua perna que só agora o grifinório notara o quão horrível estava. Ele pode ver Dominique Weasley sendo removida por uma equipe medica com Louis seguindo ao lado da irmã com uma feição preocupada, Tiago pode ver por algum instante Fred do outro lado do portão da arena, a seguindo com o olhar enquanto se afastava. 

Os juízes eram compostos pelos diretores das três escolas participantes e os dois ministros da magia presentes: Pierre Le Pearce e Kingsley Shacklebolt, da França e Inglaterra, respectivamente. Na frente de cada um dos campeões se encontrava o refém que havia sido salvo.

Todos estavam do lado de fora da ala hospitalar de Beauxbatons por conta de Dominique, todos seus primos e amigos se encontravam naquele lugar aguardando as noticias dos medi-bruxos que a tratavam com cuidado.

Lily adormecera em um dos bancos com a cabeça sobre o colo de Rose que lia o Profeta Diário, Albus estava abraçado a Alice em outro e a Lufana tentava fazer o namorado se sentir melhor, dizendo que tudo acabaria bem no final.

Lysander e Lorcan, juntamente com Scorpius e Chloe, estavam próximos dos amigos, mas não falavam nada por respeito a família, e também por não saberem ao certo o que poderiam fazer naquele momento para poder ajudar.

Molly e Frank também estavam ali, e conversavam com Louis tentando animar o garoto que parecia um tanto abalado desde que acordara e descobrira o que houvera com a irmã.

Teddy tentava confortar Gabrielle Delacour, tia de Dominique que parecia muito abalada frente a tudo aquilo, ambos se encontravam em pé um pouco afastados do grupo ali presente.

Tiago estava ao lado do melhor amigo, Fred parecia desolado, não conseguia ficar muito tempo ali, sempre tinha que estar fazendo algo e isso parecia só piorar as coisas, finalmente o ruivo o convencera a comer depois de algumas horas sem notícias da campeã ferida.


Fred esperava ansiosamente do lado de fora da enfermaria, seus passos ecoavam pelo chão do corredor vazio, se não fosse pela presença de algumas pessoas ali que estavam naquele lugar pelo mesmo motivo que ele. No entanto, pareciam calmos enquanto ele estava quase derrubando a droga da porta de carvalho à sua frente, tamanha era sua aflição por respostas que não vinham. Dominique estava naquela sala, havia sido levada e até então estava sobre os cuidados de medi-bruxos que estavam ali para cuidar de qualquer ferimento em relação à prova do torneio.

Nickollaus Karkaroff havia sido dispensado momentos antes e isso só aumentava ainda mais a fúria que se estendia pela mente do grifinório, a ideia de que aquela ruiva estava ali atrás daquelas paredes em um estado realmente debilitado e que ele não podia fazer nada para ajudar-la assim como não pode fazer nada para impedir que se machucasse.

_ Fred, por favor, se acalme – disse Louis, que estava do lado de fora da enfermaria também, o loiro estava ali por sua irmã e mesmo que tivesse nervoso e assustado com tudo aquilo, não demonstrava, o rapaz tentava se manter calmo, mas a cena de seu primo andando de um lado para o outro só o fazia se sentir pior – Não vai ajudar que a Dommy se recupere se você enlouquecer antes deles terminarem de cuidar dela.

_ E irei ajudar estando sentado parecendo não me importar como você está fazendo? – disse Fred ironicamente, o loiro o encarara com um olhar raivoso, enquanto o arrastava para longe dos outros.

_ Louis, o que pensa que está fazendo? – disse Tiago tentando ir atrás, mas Teddy fizera sinal para que ficasse onde estava.

_ Eles precisam conversar, talvez um possa ajudar o outro nesse momento – disse Teddy e Tiago assentindo sentara no lugar vago que o primo havia deixado.

Ambos agora dobravam um corredor atrás daquele onde se encontrava a enfermaria. E Louis soltava as vestes de Fred, o empurrando contra uma parede onde o moreno bateu as costas com força.

_ O que está fazendo? – disse Fred, irritado.

_ Não, o que você está fazendo? – disse Louis no mesmo tom – Está bancando um idiota, nem parece perceber que não é apenas você que está preocupado, todas aquelas pessoas.

_ Eu estou nervoso, Louis – disse Fred em um tom de voz irritado, enquanto lágrimas escorriam de seus olhos – A Dommy, ela...

_ É, eu sei o que houve com ela, eu me importo, realmente me importo muito com minha irmã – disse Louis – O motivo de estar assim tão calmo é porque não quero desmoronar, acha que é fácil ficar normal depois do que houve? Pois não é, guardar para você o que sente... Desesperar-me, isso é inútil frente ao que aconteceu, a Dommy não iria querer que eu me desesperasse. Ela diz que em situações complicadas devemos manter a cabeça no lugar...

Fred observara o primo então, Louis não era mais o garotinho ao qual em várias circunstâncias ele e Dominique haviam perturbado por pura diversão por anos, ele agora parecia muito crescido e o modo como agia fez o moreno perceber que de nada adiantaria o que estava fazendo e que estava sendo egoísta tratando o loiro como se ele não se importasse com tudo aquilo. Era a irmã dele, lógico que iria se importar se algo de ruim acontecesse, mas nem por isso Louis parecia ter perdido a calma, pelo menos nas últimas horas até aquele momento, no qual o rapaz simplesmente o insultara o fizera perder o autocontrole temporariamente, mas sua voz já parecia ir voltando ao normal.

Louis se sentara em um banco que havia naquele corredor, respirando fundo, numa tentativa de reaver a calma e conseguira, logo havia retornado à mesma expressão de antes. Fred então pensara em Louis, ele estava ali simplesmente aguardando uma notícia boa vinda daquela sala, como se não fosse algo grave que tivesse acontecido, o rapaz tinha esperança de que tudo acabaria bem afinal.

O moreno então caminhara até o banco e se sentara ali, seus ombros ainda estavam tensos e em sua mente ainda se repetia à cena das garras da esfinge penetrando o abdômen de Dominique, mas ele parecia levemente melhor. Talvez um pouco da esperança de que tudo iria ficar bem houvesse se instalado nele.

_ Me desculpe, eu não quis dizer que não se importava com a sua irmã – disse Fred a que Louis, lhe abraçou pelos ombros camaradamente – Também não precisa de demonstrações de afeto em publico Loulou, alguém pode ver...

_ Ótimo, um sinal de bom humor, você está melhorando – disse Louis soltando uma pequena e curta risada seca – Mas não estou te abraçando por conta do que falou, mas por conta do que tem feito...

_ Como assim? – disse Fred.

_ Eu sei que você tem pela minha irmã muito mais do que um simples sentimento de primo, ou amizade – disse Louis – Você a ama, um amor de verdade...

_ Louis, não confunda as coisas – disse Fred – Eu e sua irmã somos muito amigos, e ela faz parte da família, não teria como...

_ Esqueceu com quem está falando, Frederick? – disse Louis – Eu sou o primeiro Weasley em um século a se interessar e acabar por ter algum relacionamento com alguma prima, ainda mais uma de primeiro grau, como é meu caso com a Rose...

_ Nossa, isso não é algo de que devesse se orgulhar – disse Fred ao loiro que o encarou sério – Certo, continue...

_ O que quero dizer é que, as coisas entre mim e Rose não deram certo por outras razões que não tem nada haver com nosso sangue – disse Louis – Eu tinha uma queda por ela, e não deixei que nosso parentesco interferisse, então... Se você sente algo pela minha irmã, você deveria tentar.

_ Tentar? Do que está falando? – disse Fred se fazendo de desentendido.

_ Estou falando de se declarar para minha irmã, antes que o seu tempo aqui nessa escola acabe – disse Louis, irritado – Por Merlin, será que sou o único dessa família que sabe quando é a hora de agir?

_ Moleque, você quer receber uma azaração por acaso? – disse Fred arqueando a sobrancelha numa face ameaçadora – Pois suas palavras são perigosas e podem te custar alguns ossos removidos...

_ Ótimo, faça isso e Dommy te fará sentir a pior dor da sua vida – disse Louis, se encostando na parede – Então, desde quando você e minha irmã...bem, desde quando você sente algo por ela?

_ Desde... bem, eu não sei... Digo, eu descobri que estava apaixonado no dia que nos encontramos aqui em Beauxbatons, mas não sei... Talvez tenha vindo bem antes de desembarcarmos aqui – disse Fred ao loiro, que sorriu.

_ Entendo – disse Louis – Só espero que tudo dê certo entre vocês, diferente do que houve entre mim e Rose – e o moreno então percebera que o primo se referia a ele e a outra Weasley com um tom diferente.

_ Você e a Rose, não tem chances de voltar? – disse Fred a Louis, que acenou negativamente – Por quê?

_ Eu e ela nos damos muito bem, isso é verdade, mas não quer dizer que nos sejamos, digo, um casal de verdade, não que eu me arrepende de ter tido esse tempo todo com ela – disse Louis – Mas mesmo que eu tivesse apaixonado pela garota, não me parecia exatamente certo, afinal ela não compartilhava do mesmo sentimento...

_ Então você decidiu por terminarem? – disse Fred e o loiro acenou positivamente – Sinto muito, eu percebi que você realmente gostava dela, deve ter sofrido com o término...

_ Para dizer a verdade, não... Digo, fiquei chateado com a ideia, mas nunca daria certo entre nós dois – disse Louis – Não quando há alguém que a ama e que de alguma forma muito estranha ela sabe e corresponde de certo modo, um tanto diferente...

_ Entendo – disse Fred sem saber nada melhor para dizer.

_ E outra, não quero ficar no lugar de ninguém... – disse Louis – Eu quero alguém que goste de mim e queira ficar comigo, não alguém que esteja ali só por eu ser a última opção.

Fred não pode deixar de pensar em Malfoy, e no modo como durante todo aquele tempo o sonserino e a prima haviam tido discussões idiotas, brigas e duelos que só podiam indicar o quanto gostavam um do outro. Era certamente um jeito estranho de demonstrar, afinal se espera beijos da pessoa amada e não azarações. Mas ele não iria buscar entender o que se passava naquelas cabeças duras, afinal era às vezes tão óbvio o que sentiam que até Louis caíra fora antes de tudo acabasse acontecendo entre os dois.

_ E isso não tem nada haver com o lance de você ter sido transformado em uma doninha por um sonserino, não é? – disse Fred, rindo.

_ É, algumas coisas realmente influenciam nas decisões – disse Louis, rindo – Aquele garoto é definitivamente o par certo para a Rose...

_ Dois cabeças duras – disse Fred e o loiro confirmou.

_ Acho que devemos retornar, quero estar lá quando eles vierem dar a notícia de que a Dommy está bem – disse Louis se erguendo do banco e o rapaz fizera o mesmo.

Os dois retornaram para próximo da enfermaria, onde todos pareciam surpresos por ver ambos inteiros sem precisarem de qualquer cuidados especiais, afinal o modo como saíram parecia ser que sairia uma grande briga.

Logo a porta se abriu, e por ela passou a medi-bruxa em companhia de Madame Máxime e Minerva McGonagall, que haviam estado no interior da sala desde a chegada da garota. O primeiro a se aproximar das duas mulheres fora Fred, que se erguera de um salto do banco e caminhara a passos largos até a porta.

_ Como ela está? – disse Fred diretamente para McGonagall, que encarou a medi-bruxa que fez um sinal positivo com a cabeça.

_ A senhorita Weasley se encontra em estado estável – disse McGonagall e o moreno sentiu um peso a menos pesando sobre suas costas.

_ E quando poderemos vê-la? – disse Louis.

_ Em brrevie a verrá – disse Madame Máxime.

_ Como assim não podemos vê-la agora? – disse Fred surpreso – Sabe quanto tempo temos estado aqui? – ele dissera em um tom grosseiro – Para simplesmente vocês saírem daquela sala e nos disserem para irmos embora, sem nos deixar vê-la para termos certeza de que ela está bem?

_ Se acalme senhor Weasley, não há motivos para usar esse tom comigo – disse McGonagall – Agora, se me permite dizer um fato que devemos ressaltar, apesar de estar estável, sua prima deve permanecer sobre observação essa noite, como meio de nos certificarmos de sua melhora.

_ Como quiser diretora – disse Teddy – Venham, acredito que devemos ir para nossos quartos e dormitórios e retornar amanhã de manhã quando creio que seremos permitidos a visitá-la, se estou certo sobre isso, não é?

_ Certamente que sim, prof. Lupin – disse McGonagall – Agora se puderem, como já foi dito, irem para seus dormitórios eu ficaria agradecida, esse corredor está bastante cheio e a hora também não é propícia para tantos alunos fora de suas camas.

Aos poucos todos iam deixando seus postos, apenas uma pessoa permaneceu ali em pé no mesmo local onde estava anteriormente, e ao notar isso McGonagall que fizera menção de retirar com Madame Máxime, retornara pelo caminho que já havia feito e se aproximou do rapaz.

_ Você não vai voltar para seu dormitório? – disse McGonagall para Fred, que a encarou pelo canto dos olhos.

_ Não sei se conseguiria dormir, sabendo que ela está assim – disse Fred se aproximando da porta e deslisando os dedos por sua madeira 

– Sinto muito ter que desobedecer seu pedido diretora, mas eu tenho que ficar – a velha professora endireitara seus óculos no nariz e encarara o jovem com um sorriso amável.

_ Você tem se tornado um grande homem, Fred  – disse McGonagall e o rapaz percebera que fora tratado pelo primeiro nome – Nem de perto se compara ao garoto que há tanto tempo me fez enlouquecer em seus primeiros anos de Hogwarts.

_ Há momentos, diretora, em que se deve saber o momento de agir com seriedade – disse Fred – E eu acabei de aprender isso, mas não se preocupe, eu serei sempre o mesmo garotinho que costumava fazer você enlouquecer, sempre serei um maroto, não se preocupe com isso... Mimi – e sorrira gentilmente para a diretora que deslizara a mão pelo rosto do rapaz em um gesto de conforto para então fazer aquilo que certamente fez o rapaz se surpreender, afinal não esperava ganhar da diretora um abraço como aquele, compreensivo, confortante como aquele que ele certamente precisava naquele momento algo entre o que sua mãe ou avó poderiam lhe dá – Obrigado...

_ Não conte a ninguém que fiz isso, ouviu bem, Weasley? – disse McGonagall se separando do rapaz – Se souberem disso, certamente perderei o respeito de muitos alunos de Hogwarts.

_ Não se preocupe Mimi, não direi a todos que a diretora de Hogwarts, a tão famosa Minerva McGonagall, possuí um coração – disse Fred sorrindo, e para a sua surpresa a mulher também sorrira.

_ Eu tenho um coração Weasley, mas aprendi a escondê-lo das pessoas que podem usá-lo contra mim – disse McGonagall – Deveria fazer o mesmo, fraquezas tão aparentes podem fazer de você tão frágil quanto um cristal, mesmo que por fora seja tão rígido e duro quanto uma muralha de pedras.

Lily se encontrava em seu dormitório, tinha terminado há poucos segundos de se arrumar para irem à praia onde ocorreria a festa de comemoração que havia sido adiada para o dia seguinte ao da prova, pois muitas pessoas estavam preocupadas com o bem estar de Dominique, que finalmente estava fora de risco de acordo com os medi-bruxos. E mesmo que muitos julgassem impróprio para comemorações aquela época, os colegas de Beauxbatons da ruiva debateram, dizendo que a Weasley não iria gostar de saber que uma festa daquele tamanho havia sido cancelada por sua culpa.

Lily escolhera um short jeans e uma camiseta regata branca, nada muito especial, afinal possivelmente acabaria sendo jogada no mar por alguém, ela suspeitava que seu irmão Tiago com toda a certeza iria fazer isso, já tivera essa experiência tempos atrás quando visitaram o Chalé das Conchas. 

A ruiva se encontrava deitada em sua cama lendo um livro, as suas outras colegas de quarto já haviam ido à praia, deixando ela e Chloe para trás. A loira ainda terminava de se arrumar, ao que tudo parecia ela estava ansiosa por talvez uma caminhada romântica com certo sonserino nas areias da praia. Estava feliz pela melhor amiga ter mais alguém para cuidar dela, e estar ao seu lado como a ruiva nunca poderia estar. Fora nesse momento que um barulho pode ser escutado da porta, dela se abrindo e uma voz chamou por seu nome.

_ Lily? – disse uma voz leve e bastante familiar, que a garota reconheceu automaticamente e foi natural quando ela deu um salto na cama.

Por breves segundos Lily pensara que fosse ele, e seu coração disparou, mas então após olhar por alguns segundos pode notar que era Lorcan. O loirinho se encontrava com os cabelos ainda úmidos, possivelmente havia acabado de sair do banho, usava uma camisa branca de botões aberta por cima de uma camiseta azul do Puddlemere United e bermuda cinza e trazia algo nas mãos, parecia um embrulho qualquer de papel pardo.

_ Olá, desculpe por ter a assustado, Lily – disse Lorcan, e sorrira de um modo infantil e sem jeito que fez a ruiva ter certeza de que não era Lysander, depois do erro que Chloe cometera confundindo os gêmeos a corvina começara a tentar distingui-los da melhor forma para não cometer o mesmo engano que a amiga.

_ Tudo bem, Lorcan, não se preocupe – disse Lily se ajeitando melhor na cama, se sentando e fechando o livro o colocando de lado – Quer entrar? A Chloe logo vai estar pronta.

_ Ok... – disse Lorcan entrando no quarto. Algo parecia incomodá-lo, pelo menos era isso que a ruiva sentia tendo o garoto ali próximo, ela podia ler suas atitudes como o modo que ele parecia inquieto, olhando para todos os cantos e parecia espremer o que quer que fosse que havia no embrulho entre os dedos como se tentasse desaparecer com a tensão. 

_ Você quer falar algo? – disse Lily confusa, erguendo as sobrancelhas. 

_ Será que poderíamos conversar? – disse Lorcan de um modo simples e com um olhar que poderia amolecer até mesmo o coração mais gelado, ela perguntava se isso fora intencional. 

_ Claro – disse Lily, talvez estivesse errada, mas ela suspeitava do que o garoto tinha para dizer naquele instante – Gostaria de se sentar? – ela apontara para a própria cama e o garoto se sentara ao seu lado, é realmente estranho tê-lo tão perto dela, aqueles profundos olhos azuis celestes a encarando de uma forma que parecia ler sua alma, ambos se encararam por alguns segundos fixamente.

_ Você está bem? – disse Lorcan ao perceber que a garota o encarava estranhamente com aquele contato intenso que se instalara, tanto que se afastara mesmo que sem intenção da garota.

_ Ah, claro... Por que não estaria? – disse Lily sem graça, por breves segundos ela estivera pensando em Lysander como se fosse ele ali e não Lorcan, mas agora voltara a si antes que mergulhasse nos lábios que eram idênticos aos que ela tanto desejava.  

_ Não sei, você me olhava de um jeito estranho – disse Lorcan questionador a garota, que dera de ombros.

_ Não é que eu estava te olhando de um jeito estranho, é que eu não esperava por você querer falar comigo – disse Lily e isso era realmente verdade, ambos não eram o que se podia dizer de amigos próximos que costumavam visitar um ao outro no quarto para conversar sozinhos.

_ Achei que fosse preciso – disse Lorcan encostou-se na cama de uma forma que quase deitasse nela – O colchões desse trem são ótimos não? Parece que são feitos de nuvens... 

_ É... Eles são bons – disse Lily rindo amarelo desviando o olhar, ele certamente não viera falar sobre as camas porque não ia direto ao ponto? Isso só parecia deixar a garota ainda mais tensa – Mas você não veio aqui para me dizer isso não é?

_ É, não vim – disse Lorcan tornando a se sentar na cama – Meu motivo é outro.

_ Não sei o que poderia ser – disse Lily, mas nem ela acreditara em suas palavras. 

_ Não é? – disse Lorcan após um suspiro e ter trocado a expressão para uma mais séria – E er, então vou logo ao assunto... Eu não tenho gostado do modo como tem tratado meu irmão, Lily, e acho que você sabe o porquê disso.

_ Lorcan, eu e seu irmão não temos nada um com o outro – disse Lily rindo sem jeito, ela havia acertado o assunto da conversa mesmo que não estivesse esperando a visita do gêmeo errado naquela noite, o loirinho desviara o olhar para então tornar a encará-la de um jeito profundo que só os Scamanders pareciam saber.

_ Por isso que estou aqui – disse Lorcan – Você gosta dele, eu sei e não negue o modo como reagiu quando aquelas garotas apareceram no café da manhã, digo isso assim como ficou quando ele cantou aquela música no baile de inverno, eu sei... Você sabia que a musica era sua, que era você para quem ele estava cantando – ele esperara uma resposta da garota mas não veio, então continuou – Meu irmão te ama desde o momento em que te conheceu, eu sei disso, eu posso sentir no modo como ele age quando vocês estão perto um do outro.

_ Lorcan, eu... – disse Lily, que começara, mas fora cortada pelo loiro.

_ A questão é: você sente o mesmo pelo Andy? – disse Lorcan – Eu acho que sim, mas então me diga, o que impede você de dar uma chance a ele?

_ Eu não sei... – disse Lily sem graça, desviando o olhar – Lorcan, eu não sei se o que sinto pelo seu irmão é amor, afinal ainda sou bastante nova para dizer que amo alguém... Eu não sei se ele te contou, mas nos quase nos beijamos no baile antes de sermos interrompidos, depois disso não tivemos outras chances de estarmos sozinhos...

_ Porque vocês não arranjaram a chance de estarem sozinhos – disse Lorcan como se fosse algo óbvio – Quando queremos algo temos que lutar para ter... 

_ Não é assim tão fácil, Lorcan – disse Lily nervosa, odiava quando as pessoas diziam coisas como se a resposta fosse tão clara, isso a fazia se sentir estúpida.

_ Não é? – disse Lorcan a encarando de um modo sério.

_ Não – disse Lily secamente e permaneceram por segundos em silêncio.  

_ Você está com medo, não é? – disse Lorcan encarando ela com as sobrancelhas arqueadas num tom questionador – Não se preocupe, eu entendo, é difícil para alguém ter coragem suficiente para aceitar um relacionamento, ainda mais entrar em um. 

_ Eu não estou com medo – disse Lily nervosa, odiava quando as pessoas diziam isso para ela, afinal nunca fora covarde, ela havia crescido e deixado os seus temores para trás a bastante tempo – Ele é apenas um garoto, por que eu teria medo dele?

_ Não sei, me responda você – disse Lorcan, dando de ombros – E outra, não se sinta mal em estar com medo – Lily o encarara sério, ele dissera novamente aquilo – Talvez a incerteza esteja causando isso, ou alguns Zonzóbulos estejam causando isso. De qualquer forma, tente falar com meu irmão e acertar as coisas entre vocês, é tudo que peço.

_ Lorcan, eu não posso te garantir isso, não que eu esteja com medo, mas é que, bem... eu não sei se estou certa dessas coisas – disse Lily e o loiro suspirou – Eu já te falei isso, e também mesmo que você diga, quem garante que o Lysander goste tanto assim de mim como você diz?

_ Você está falando sério? – disse Lorcan, surpreso.

_ Ele pode ser seu irmão Lorcan, mas isso não significa que ele e você têm de partilhar tudo um com o outro ou se entendam tão bem dessa forma como pensa ser – disse Lily e o garoto pareceu ofendido por alguns segundos seu rosto passou de surpreso para sério e então retornou ao normal.

_ E ele não é apenas meu irmão, ele é muito mais que isso – disse Lorcan – e eu quero vê-lo feliz, e a você também por isso vim aqui... Mas parece, bem... Parece que não quer me ouvir, não é? – ele se levantara sem olhar para Lily novamente, a ruiva se sentia a garota mais estúpida que existia, ela podia notar que as suas palavras haviam tido um ponto negativo no gêmeo somente pelo tom de voz que o outro usava, algo realmente triste para não dizer derrotado.

_ Lorcan espere, eu não... – disse Lily, mas o garoto a encarou e sorriu fracamente enquanto se dirigia a porta do quarto.

_ Eu espero a Chloe no salão comunal. E Lily, tem mais uma coisa que eu vim fazer aqui – disse Lorcan arremessando para a garota o pacote pardo e amassado que tinha nas mãos – Talvez goste desse livro, e possa entender melhor... 

Lily encarou o pacote, com um olhar curioso enquanto começava a rasgar a embalagem curiosa, ela pode notar que não era exatamente um livro como o sonserino dissera, era um diário. A capa era de couro preto, havia uma serie de marcadores de paginas presos em alguns pontos, as páginas em sua maioria já estavam ocupadas, as mais antigas haviam começado a amarelar e outras estavam grosseiras por conta das colagens de fotos e recortes, pelo menos foi o que imaginou a ruiva, ela então notara na borda da capa alguma coisa escrita e ao aproximar os olhos pôde ler, estava ali como se tivesse sido escrito à pena, algumas letras curvas e bastante trabalhadas que formavam as iniciais L.R.N.Scamander gravadas a ouro. 

Automaticamente a garota largou o diário como se fosse algo perigoso, não sabia ao certo o que fazer com aquilo. Estava surpresa e assustada, e também curiosa para ler o que estava ali registrado, fora então que pensara qual seria a reação de Lysander ao notar o desaparecimento de algo como aquilo, e o pior de tudo se ele descobrisse que estava com ela. Talvez fosse melhor devolver, pensara por alguns segundos quando um grande grito de sua consciência disse para não ser estúpida e aceitar o presente de Lorcan, ele disse que talvez o diário a ajudasse a entender melhor as coisas e também estava curiosa para ler sobre o que o garoto escrevera, quem sabe havia coisas sobre ela ali? E a garota tomara novamente o diário em mãos e o abrira.


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Notas finais do capítulo

Esse capitulo não acrescenta muito na historia, foi mais para mostrar um pouco como todos estão depois do termino da prova...
O proximo será mais importante, por isso aguardem.