POV GINA WEASLEY

Eu estava na Torre de Astronomia, eram 11:35h, não conseguira chegar no horário combinado apesar de estar ofegante como se houvesse corrido uma maratona.

Num canto escuro, vi uma silhueta recostada impacientemente contra a janela. Virou-se ao ouvir que eu havia chegado.

- Está atrasada Weasley – disse olhando para um rollex de ouro puro que trazia no pulso

- Eu vim o mais rápido que pude! – exclamei ainda com a respiração alterada pela corrida dos jardins até a torre.

- Não me importa! Vamos ao que interessa – disse ele em uma voz áspera

***

- Você tem certeza que irá funcionar? – perguntei incerta

- Tudo depende da sua competência um tanto duvidosa – debochou

Ignorei o seu comentário.

- Então... você ainda não me disse o que ganha ao me ajudar com o plano

- Cuide dos seus assuntos Weasley! – disse nervoso

Eu não podia acreditar no que eu estava vendo. Como não percebi isso antes? Mas é claro, agora tudo fazia sentido.

- Meu Merlim! Você gosta dela! – disse em meio as gargalhadas

- Isso não é da sua conta – respondeu nervoso – E então, vai fazer o que combinamos? – perguntou rapidamente mudando de assunto

- Você ainda não entendeu que eu farei qualquer coisa para ver aqueles dois separados?

- É só que... não parece o tipo de coisa que você faria Weasley, vocês traidores do sangue, ironicamente parecem ser sempre tão “leais” aos seus amigos, eu simplesmente fiquei em dúvida se hesitaria em seguir com o plano – disse dando de ombros

- Você não me conhece Draco Malfoy! E olha quem fala, não há muitas pessoas que acreditariam se alguém dissesse que você está apaixonado por Hermione Granger, uma sangue-ruim como você mesmo diz! – devolvi.

- Nunca. Mais. Repita. Isso. Em. Outro. Lugar – disse pausadamente, em uma voz baixa, com um ódio que era palpável.

Eu não esperava uma reação assim, mas Malfoy, sacou sua varinha e encurralou-me contra a parede, apontando-a para o meu peito. Nossos rostos estavam tão próximos que eu podia sentir a sua respiração quente batendo contra a minha face.

- Ei, calma, Draquinho – disse desvencilhando-me dele – não precisava ficar tão nervosinho só porque eu descobri o seu segredo. Acredite em mim, eu não ganharia muita coisa revelando isso, além da sua vergonha em público, é claro.

- Não ouse  me ameaçar, se eu pensar que você ao menos cogitou me trair, eu acabo com você antes que possa dizer Protego – disse Malfoy

- Acho bom você me ajudar a separar aqueles dois, e bem rápido, porque eu não tenho medo de você.

- Desde que você cumpra a sua parte do acordo, a minha estará garantida – disse dando-me as costas e saindo da Torre de Astronomia.

Droga, que garoto insuportável! É uma pena que ele seja a única pessoa que pode me ajudar a ficar com o meu Harry, caso contrário, não hesitaria nem por um segundo em fazer da vida dele um inferno revelando por quem ele se apaixonou.

Hermione Granger!

Isso é patético, até mesmo para Draco.

POV HERMIONE GRANGER

Harry e eu ainda estávamos na Sala Comunal da Grifinória, conversando sobre coisas fúteis, sem importância, quando Edwiges emergiu pela janela e veio pousar no joelho do dono.

- Ei garota, já tem algum tempo que não te vejo hein?  - disse Harry acariciando o dorso da coruja que soltou um leve pio em aprovação aos carinhos que recebia 

- O que você tem aqui? – perguntou notando pela primeira vez o pedaço de pergaminho que estava preso á perna do animal.

Harry desenrolou a carta que Edwiges trouxera e leu.

-  De quem é? – perguntei curiosa

- É do Hagrid – disse Harry entregando-me o pergaminho com a escrita quase ilegível de nosso amigo guarda-caça.

Eu não me enganei quando pensei que ele logo nos convidaria para um chá em sua cabana. Hagrid é nosso amigo há anos, é normal que queira saber o que está acontecendo entre Harry e eu pela nossa própria boca, não pelos boatos que correm pelos corredores de Hogwarts.

Abri a carta e comecei a ler, não era grande, dizia apenas:

“ Caros Harry e Hermione,

Estou com saudades de vocês. Acho que vocês dois esqueceram o caminho da minha casa. Que tal tomarmos um chá esta tarde? Como nos velhos tempos! Espero por  vocês ás 4 da tarde está bem? Mandem sua resposta por Edwiges assim que puderem.

Com carinho, Rúbeo Hagrid”

 Achei estranho fato de Hagrid não ter mencionado Rony, nem incluído ele em seu convite. Certamente tinha a intenção de esclarecer as coisas comigo e com Harry primeiro. Ou talvez achasse que Ronald não quereria estar conosco no mesmo cômodo tão cedo. De qualquer forma, a decisão de Hagrid em não chamá-lo para o chá foi sensata.

- Então, nós vamos? – perguntou Harry

- Sim, claro que nós vamos, Hagrid merece ouvir toda a história, e, além do mais, você conhece o nosso amigo grandalhão, se não formos ele vai ficar chateado

- É, ele vai, então está decidido, nós vamos tomar chã com o Hagrid esta tarde – disse Harry levantando-se e puxando-me com ele.

- Onde estamos indo?

- Almoçar – respondeu simplesmente enquanto entrelaçava seus dedos aos meus.

Eu ainda não conseguia acreditar que Harry e eu éramos namorados. Eu sonhei com o dia que ele me pediria em namoro tantas vezes que agora tinha dificuldades em acreditar que estava realmente acontecendo.

Eu estava tão feliz por Harry ter finalmente se tornado algo mais do que meu melhor amigo, que, nem os cochichos e olhares que nos seguiam pelo caminho até o Salão Principal conseguiram tirar o sorriso radiante que exibia no rosto. Meu lindo namorado parecia estar tão feliz quanto eu, o que me deixava ainda mais radiante. Se ele estava feliz, eu também estava. Comigo era assim, não importa se Harry estivesse comigo ou com qualquer outra garota (por mais que me doa pensar nisso), se ele estivesse feliz, eu também o faria.

Ao chegarmos na entrada do Salão, Luna que aparentemente estava bem informada sobre o mais novo casal de Hogwarts nos cumprimentou.

- Olá casal – disse sorrindo

- Olá Luna, como vai? – perguntou Harry que tinha adquirido uma grande afeição pela garota depois que ela lutou ao nosso lado no Ministério da Magia.

- Não tão bem quanto vocês parecem estar, mas estou ótima – respondeu Luna em sua habitual voz sonhadora e encaminhou-se para a mesa da Corvinal

Ouvir Luna falar que Harry e eu parecíamos muito bem foi como uma espécie de incentivo para me fazer sorrir ainda mais.

Quando chegamos á mesa da Grifinória, deparamo-nos com Simas e Dino que disputavam uma partida de Snap Explosivo enquanto o almoço não era servido. Fiquei surpresa ao ver ao lado de Dino uma Gina Weasley com uma cara um tanto suspeita. Mais suspeito ainda foi o sorriso “meigo” que nos lançou ao ver-nos.

- Ela está com cara de quem vai aprontar – sussurrei no ouvido de Harry que já estava se sentando ao lado de Neville que lia um livro de Herbologia do lado contrário ao que estavam Gina, Simas e Dino.

- Se ela tentar, nós vamos descobrir e desmascará-la. Não precisa ter medo meu amor, eu te protejo – sussurrou de volta e beijou minha testa.

Era tão bom ver Harry se preoupando assim comigo!

Cada minuto, eu tinha mais certeza que amava-o como nunca amei ou amaria alguém.

- Não estou com medo dela, mas é bom saber que tenho você como meu anjo da guarda – sorri e cochichei de volta encerrando a conversa.

- Harry, Mione – disse Neville desviando a atenção de seu livro ao ver que Harry estava sentado ao seu lado.

Harry e eu acenamos enquanto Neville voltava á sua leitura.

O almoço, foi evento um tanto quanto silencioso na mesa da Grifinória. Os poucos estudantes das outras mesas ainda nos observavam por causa do evento do café-da-manhã. Isso não me deixou muito confortável, mas ignorei os sussurros. Minha atenção, no entanto, foi fisgada por um olhar frio no meio da mesa da Sonserina.

 Draco Malfoy estava fazendo sinal para que eu o seguisse para fora do grande salão. Quando me neguei, ele fez uma expressão de súplica, como se precisasse urgentemente conversar comigo. Ignorei-o e continuei a comer.

Me enganei ao pensar que ele desistiria fácil.

Sobressaltei-me ao ver o loiro parado bem ao meu lado esperando que eu o seguisse.

- O que você quer Malfoy? Está esperando aquela azaração que fui impedido de te lançar mais cedo? – disse Harry raivosamente

- Nos seus sonhos Potter! Eu vim falar com a Granger, não se intrometa! – disse Malfoy friamente

- Você não tem nada para falar com ela  - respondeu Harry

- Aí é que você se engana – disse e virou-se para mim – você virá comigo ou eu posso falar aqui mesmo? – disse com um olhar que indicava que ele se referia ao tempo que estivemos juntos.

- Harry, tá tudo bem, eu sei me defender, prometo que te explico assim que puder – disse tentando tranqüiliza-lo.

Não funcionou muito bem, Harry levantou-se e disse em uma voz baixa mas ameaçadora:

- Se você encostar um dedo na minha garota, eu juro que faço o dobro do dano em você está entendido?

- Calminha aí Potter, eu só quero conversar – respondeu Malfoy indo em direção á saída do salão.

Tudo que fiz foi segui-lo, estava atordoada demais para falar mais alguma coisa com Harry. Quando dei um ultimo olhar a Harry, dizendo-lhe que estava tudo bem, reparei que a expressão de Gina exibia algo parecido com satisfação. Aquela garota definitivamente estava aprontando algo.

O que será que aquele cara de fuinha queria comigo? Eu pensei que já tinha deixado bem claro que não queria mais nada com ele depois do que ele me fez.

- Não precisa ter medo de mim Mione, eu nunca faria mal algum a você – disse Malfoy quando chegamos na entrada do castelo e ele sentou-se nos degraus convidando-me para fazer o mesmo batendo a mão ao seu lado. Sentei-me a uma distância segura dele.

- O que você quer Malfoy? – repeti a pergunta de Harry

- Pedir desculpas

- Como assim pedir desculpas? Nâo estou te entendendo – disse desconfiada

- Quando descobri que você e o Potter estavam juntos, eu percebi tudo o que tinha perdido. Era para ser eu o seu namorado, mas eu tinha que estragar tudo beijando a Pansy.

O tom de lamento em sua voz me surpreendeu, eu nunca havia visto Draco Malfoy realmente se sentir culpado por algo. Aquela voz apologética me pegou desprevenida e eu me vi querendo dizer a ele que não havia nada para se desculpar.

- Eu quero que você saiba que eu nunca me senti tão atraído por alguém quanto eu me sinto por você. Essa sensação nova de que eu devo fazer o que é certo é algo estranho, algo que eu não entendo. A única certeza que eu tive quando te vi com o Potter é que tudo que eu pensava que sentia por você era uma mentira. Eu sempre achei que só te queria por você ser bonita, hoje eu descobri que é muito mais que só atração física o que eu sinto por você.

Eu fiquei atônita, não sabia o que dizer. Malfoy estava mesmo dizendo que gostava de mim? Ou seria só mais uma de suas armações?

Sendo uma coisa ou outra, eu não poderia fazer nada a respeito. Malfoy me perdeu para sempre no momento em que me traiu com Pansy Parkinson. Não tenho nem mesmo a certeza de que ele um dia me teve. No terceiro ano eu só havia aceitado ficar com ele porque tinha acabado de descobrir a paixão de Gina por Harry. Foi a partir daí que eu comecei a fazer de tudo para gostar de outro alguém, e acontece que Malfoy foi a primeira pessoa que eu vi na frente. Não posso negar que me sentia atraída por ele, caso contrário, nunca teria havido nada entre nós dois.

- Eu... eu não sei o que você quer que eu diga – disse a Malfoy

- Tudo o que eu preciso é do seu perdão Hermione, é só isso que eu te peço, me perdoe por ter sido um canalha com você.

- Eu não entendo a finalidade de você querer o meu perdão Draco. Não há mais nada entre nós, nós nem mesmo somos amigos!

- Você não sabe o quanto eu quero mudar essa nossa condição de inimigos, eu quero que você possa confiar em mim novamente. Já que eu não posso ter o seu amor, eu quero poder te recompensar por tudo que eu te fiz, eu quero ser seu amigo Hermione.

- Desculpe Draco, mas assim como o meu perdão, confiança tem que ser merecida – disse simplesmente e levantei-me deixando-o nas escadas da entrada do castelo.