POV RONALD WEASLEY

"... mas eu fiz a minha escolha, sinto muito"

Quando ouvi aquela frase, eu soube que não haveria mais volta, eu tinha perdido a Hermione sem nem mesmo poder tê-la para mim.

Foi duro descobrir que meu melhor amigo ama a mesma garota que eu, e que ela corresponde. Agora, culpá-lo? Não, eu nunca culparia Harry por algo do tipo. Eu tenho plena consciencia e experiência, que quando nós nos apaixonamos por alguém não é como se tivéssemos alguma opção. Não, não é bem assim, é mais complicado do escolher amar alguém, é exatamente o contrário, é não ter escolha a não ser amar essa pessoa.

Eu não vou dizer que não estou machucado por isso. Eu estou! Principalmente porque hoje era o dia que eu tinha finalmente criado coragem para abrir meu coração para a Mione.

Mesmo sabendo qual seria a resposta, eu tive que perguntar para ter certeza que ela havia feito a escolha certa.

"Sim, eu estou" a certeza e a convicção com que ela me respondeu foi o que me deu força para sair do Salão Principal de cabeça erguida. Eu me forcei a não chorar na frente dela porque sei que a magoaria, mas assim que passei pelas portas altas de madeira, não consegui conter as lágrimas que agora desciam como fontes pelo meu rosto.

Sim, eu choro e não tenho medo de admitir isso!

Fui caminhando, sem rumo certo pelo grande castelo que era a minha segunda casa. Subia e descia escadas, passava por retratos curiosos que me encaravam por estar chorando.

– Veja só, onde já se viu um cavaleiro com olhos vermelhos de lágrimas indo para a sua última batalha com o seu fiel cavalo branco - esse foi Sir Cadogan, o homem louco do retrato que ficava perto da sala da professora Trelawney (a mariposa velha com cheiro de xerez barato).

Como foi que eu vim parar na Torre Norte?

Continuei andando pelo castelo, quando dei por mim estava indo em direção ao corujal, continuei seguindo, na esperança que o lugar estivesse vazio, eu precisava de um pouco de paz.

Felizmente, não havia ninguém além das corujas, procurei por um lugar que não estivesse coberto de escrementos de coruja para poder me sentar. Enfim achei um canto perto de uma das janelas e sentei-me lá. A esta altura, meu rosto já estava seco, apenas meus olhos ardiam um pouco mas a vontade de chorar já havia ido.

Olhei para o alto e vi Píchi em um poleiro, chamei a minha coruja mínima e comecei a acariciar sua cabeça coberta de penas enquanto um turbilhão de pensamentos passava pela minha.

Vai ser díficil, mas eu vou conseguir esquecer a Hermione, não posso estragar a amizade do nosso trio por uma decepção amorosa, além do mais ela merece alguém melhor que eu, alguém como Harry. Eu tenho confiança que ele a fará muito feliz, bem, não quero pensar no caso de acontecer o contrário. Eles merecem ser felizes, e eu... eu... eu vou encontrar alguém, não alguém que a substitua, não, ela é insubstituível, mas alguém que possa me fazer feliz, alguém que eu possa fazer feliz.

Mas que diabos! Todos têm sues pares, todos exceto eu. Sinto-me como a Murta que Geme.

Harry e Hermione.

Neville e Luna (eles podem não saber, mas todo mundo já percebeu que eles se gostam)

Até mesmo Simas encontrou uma garota de quem ele goste, na verdade, eu não a conheço muito bem mas parece ser uma ótima aluna da Lufa-Lufa.

E Dino, bem, é difícil dizer isso mas Dino tem a Gina.

Gina.

Foi ela quem começou tudo isso. E eu que pensava que a paixonite dela pelo Harry havia passado. Eu realmente espero para o bem de Dino e dela própria que ela supere isso, assim como eu pretendo superar...

Meus pensamentos foram interrompidos por passos que se aproximavam.

Ela? Mas o que ela faz aqui?

– Olá, será que posso sentar-me ao seu lado? - perguntou e sentou-se sem esperar resposta

– O-o que faz aqui?- perguntei aturdido

– Não vou mentir e dizer que vim mandar uma coruja... na verdade, eu vi quando estava vindo para cá e decidi vir conversar com você um pouco - respondeu encarando o chão

– Eu... hã... tudo bem, mas conversar sobre o que exatamente? - perguntei temendo sua resposta

– Hey, fique calmo, eu não quero conversar sobre o que aconteceu lá embaixo, a não ser que você queira, é claro - disse-me a garota

– Na verdade não

– Eu só pensei que você talvez precisasse de alguém para conversar sobre coisas aleatórias, para tirar sua cabeça dos problemas nem que seja por alguns minutos.

Fiquei sem reação. Porque ela iria querer conversar comigo?

– Não sabia que você era tímido - disse ela sorrindo

– Não sou - disse esboçando um fraco sorriso também - é só que... fiquei um pouco... surpreso por você vir conversar comigo

– Compreendo se quiser que eu vá - disse fazendo menção de se levantar

– Não, por favor fique - disse segurando-a pelo braço. Quando ela olhou para a minha mão e percebi o que estava fazendo, deixei que a mão caísse ao meu lado.

Aquela foi uma coisa estranha. Na hora que se passou, nós discorremos em uma conversa sobre diversos assuntos. Eu descobri que ela gostava de quadribol, e, melhor que isso, ela gostava dos Head Cannon's. Quais as chances de uma garota gostar de quadribol e ainda torcer para o mesmo time que eu?

Senti que aquele seria o início de uma bela amizade. Incomum, fora do padrão, esquisita, mas bela.

POV HERMIONE GRANGER

Eu estava arrasada.

Rony não merecia ter descoberto tudo daquele jeito, ele não devia sofrer tanto por minha culpa.

O que eu não sabia era porque Gina havia feito aquilo com o próprio irmão. Tentar atingir a mim e ao Harry eu até entendo, mas expor o irmão a todos que estavam no Salão Principal já era demais.

Tudo bem que ela ficou magoada por Harry ter me escolhido a ela, mas isso já estava passando dos limites. A garota devia seguir em frente. Eu realmente pensei que ela estava fazendo isso quando chegou e beijou Dino na frente de todos como fizera na noite anterior, mas a minha ficha caiu quando ela contou a todos sobre Harry e eu da maneira mais rude possível.

Logo depois que Rony saiu, todo o Salão Principal estava nos encarando, inclusive alguém na mesa dos professores. Hagrid olhava boquiaberto para Harry e para mim. Céus, tanta coisa estava acontecendo que eu acabei me esquecendo do nosso amigo guarda-caça. A expressão no rosto de Hagrid deixava bem claro que logo, logo receberíamos um convite para um chá em sua cabana.

Dei um leve aceno de cabeça na direção do professor de Trato das Criaturas Mágicas e saí de mãos dadas com Harry. Não havia porque esconder que estávamos juntos, afinal, todos que estavam tomando café da manhã haviam presenciado a nossa "conversa" com Ron.

– Ei, Potter, vejo que conseguiu a sangue-ruim para você. Me encanta saber que traiu o seu melhor amigo para isso - disse uma voz conhecida quando passamos pela mesa da Sonserina

– Malfoy! - disse Harry sacando a varinha

– Não, Harry, ele não vale a pena - disse arrastando-o para fora

– Nunca mais ouse chamar a minha namorada de sangue-ruim seu cara de fuinha - ameaçou Harry em uma voz esganiçada de raiva enquanto saíamos.

Levei Harry para a Sala Comunal que estava vazia graças a todos estarem lá embaixo tomando café da manhã.

– Eu não vou aturar o Malfoy te insultando Mione - disse Harry largando-se em uma poltrona perto da lareira

– Harry, você sabe que não deve levar os chingamentos de Malfoy a sério, ele é um idiota - disse

– Sim, ele é um idiota, mas nem um idiota insulta a minha garota - disse ainda raivoso

O modo como ele me defendeu lá embaixo e me chamou de sua garota agora a pouco me fizeram ter certeza que eu fiz a escolha certa aceitando namorar com ele.

– Mas como você está Mione? - disse mudando agora para um tom preocupado

– Eu estou bem, Malfoy não me atinge mais há anos - respondi

– Você sabe que eu não estava falando do Malfoy

– Na verdade, eu não estou muito bem, mas vou ficar - respondi com sinceridade, sabendo que ele falava sobre Ron

– Venha aqui - disse puxando-me para o seu colo e me abraçando protetivamente.

O seu cheiro, sua respiração quente em meus cabelos, fez com que eu me sentisse em paz, era como se eu estivesse em casa, bem ali em seu colo com ele me embalando como se fosse um bebê bem crescido.

– Quer falar sobre isso? - perguntou-me

– Na verdade não, eu só quero ficar aqui, em silêncio com você - respondi aconchegando-me mais em seu peito e ouvindo as batidas de seu coração.

– Tudo bem, meu anjo - disse e beijou o topo de minha cabeça.

Ainda estávamos ali abraçados quando o buraco do retrato se abriu.

POV RONALD WEASLEY

Parecia impossível, mas eu realmente consegui tirar os problemas da minha cabeça quando estava no corujal. Já não me sentia tanto como um lixo. Era como se tivesse tirado um pouco do peso que estava sobre os meus ombros desde o momento que descobri sobre o "namoro".

Era engraçado como eu e ela tínhamos coisas em comum. Já disse que ela torce para o Head Cannon's? Bem, só sei que a minha nova "amiga" me fazia bem. Eu gostava de estar com ela, era como se estivesse livre de problemas.

Estava entrando na Sala Comunal quando vi Harry e Hermione abraçados, sentados numa poltrona onde só caberia uma pessoa portanto, Hermione ocupava um lugar especial no colo do Harry.

Droga! Eu tenho que parar de ter esse tipo de pensamento, afinal ela não tem nada comigo, Harry é o namorado dela.

Quando me viram, eles levantaram-se e instalou-se um silêncio perturbador enquanto olhávamos uns para os outros. Harry e Hermione exibiam expressões de culpa.

– Er... hã...oi - disse Harry pedindo desculpas com o olhar

– Cara, é sério não precisa me olhar como se eu fosse te lançar um feitiço - disse a Harry

– Tem certeza que não quer me azarar? - disse ele meio incerto

– Por Merlim, não. Você não deixou nem nunca deixará de ser meu melhor amigo!

– Obrigado por isso Rony, eu não mereço a sua amizade - respondeu sério

– Bem, eu já vou indo, ainda tenho aquela dissertação que o Snape pediu sobre os Inferi - disse subindo as escadas.

Eu estava certo, esquecer Mione não vai ser fácil, principalmente se vou ficar vendo ela e Harry atracados por aí. Mas eu tenho certeza que é só uma questão de tempo até que eu pudesse superá-la.

Além do mais, eu não consigo entender o porque, mas a conversa que eu tive no corujal me deu a impressão que era apenas a primeira de muitas outras que viriam. Tem algo de diferente naquela garota, além do óbvio é claro, mas eu pretendo descobrir o que é.