Desejos Inconsequentes escrita por Bruno Silfer


Capítulo 8
Capítulo 8: Pontos


Notas iniciais do capítulo

Depois de mais de um ano sem postar decidi concluir esta história. Na verdade eu desanimei pela falta de comentários, mas eu havia esquecido o real motivo que eu escrevo. Chega de enrolação, vamos à história!



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O almoço decorreu-se em um clima bem descontraído e alegre. Quando terminaram, Ino olhou em volta e não encontrou o ruivo. Ela estranhou o fato e, depois de escovar os dentes, regressou ao seu quarto onde o encontrou de pé olhando a paisagem pela janela.

- O que houve? – perguntou Ino ficando ao seu lado.

- Aquele ambiente familiar sempre me faz pensar.

- Pensar?

- É, mas deixa para lá.

Ino nunca tinha visto Gaara assim. Ela viu ali que os misteriosos semideuses também possuíam sentimentos humanos. Assim sendo, perguntou:

- Você também se sente sozinho não é?

Gaara não estranhou a pergunta. Há tempos que aprendera que ela era mais perspicaz do que aparentava.

- Nós não somos perfeitos. – Respondeu Gaara – Eu procuro passar pouco tempo com os humanos para que eles não notem nossos defeitos.

- Não é defeito se sentir assim.

Nessa hora Ino pôs sua mão sobre a mão dele. Elas não se tocaram, mas aquele momento aqueceu o corpo e o coração deles. Ele saiu de onde estava e contou o que realmente o incomodava.

- A verdade é que cada vez que eu vejo uma família feliz eu lembro de quanto os humanos precisam evoluir.

- Como assim?

- Isso tudo é por causa da última pessoa que eu acompanhei.

- Pode me contar?

Gaara desviou o olhar para a janela e começou:

- Foi há dez anos. Era um homem que me parecia feliz. Não era rico, mas não passava necessidades. Morava sozinho e me parecia muito satisfeito com a vida.

- Você escolhe muito bem quem vai acompanhar não é?

- Nem tanto. Só não gosto de conceder pedidos inúteis.

Ele continuou:

- Quanto mais a gente conversava e eu ganhava a sua confiança, mais ele abria o coração. Daí ele me contou sobre um amor que ele teve na época de adolescente, que tinha sido algo muito intenso, mas depois do ensino médio ela foi para outra cidade e assim eles perderam contato.

Ino estava interessada na história, algo que ele já esperava.

- Mesmo em outra cidade o cara que eu acompanhava tinha muita confiança do que eles sentiam um pelo outro. Ele começou a trabalhar e juntar dinheiro para morar na mesma cidade que ela. E assim três anos se passaram.

- Mas você não disse que acompanhou humanos no máximo por três meses?

- É isso mesmo. Eu só sei da história completa porque ele me deixou ler a sua mente, assim eu também pude ver o rosto daquela mulher que ele amava.

- Entendi.

- Quando eu expliquei a história dos pedidos ele fixou a ideia de usá-los para refazer aquela história perdida. E assim foi feito. Primeiro ele pediu dinheiro, depois uma casa na cidade onde ela morava (pois ela não morava mais na mesma cidade na qual havia se mudado três anos atrás). O próximo passo foi procurá-la.

- E a encontraram?

- Encontramos, mas não foi de todo agradável.

- Por que não?

- Ela estava namorando outra pessoa. Ali eu ganhei uma enorme antipatia por ela. Uma mulher linda, mas fraca e sem coragem para lutar.

- Você não gosta de pessoas fracas?

- Nem das fracas, nem das insensíveis.

- E ela parece ser as duas coisas.

- Sinceramente eu não estava nem aí com quem ela estava. Só fiquei nervoso porque ela não falou nada para ele.

- Eu também ficaria.

- Nem preciso dizer o quanto de dor aquele homem sentiu. Ele voltou para casa, não quis comer e não conseguiu dormir naquela noite. Até que o pior aconteceu.

- O que houve??

- Por volta das nove da noite eu estava com ele no quarto até que eu senti que algo havia acontecido. Quando fui verificar pude ver que ela havia sofrido um acidente de carro e morrido no hospital.

Ino ficou horrorizada com aquilo e não deixou de perguntar:

- Foi você que fez isso com ela? – perguntou assustada.

- Eu não gostava dela, mas não tinha motivos para matá-la. Não fica assustada não tá?

- Tá bom. Mas como ele reagiu quando soube disso?

- Me pediu para levá-lo ao hospital.

- Eu levei ele até o quarto onde ela estava e fiz todos os que estavam no hospital dormirem para evitar interferências. Ela estava deitada na cama e fazia pouco tempo desde a sua morte. O que aconteceu a seguir eu lembro como se fosse ontem...

Flash back on

Ele se aproximou da cama e passava a mão no rosto da amada enquanto eu observava tudo perto da porta do quarto. Ele chorava e falava coisas que eu mal entenderia, depois descobri que eram histórias da época que eles estavam juntos. Depois de algum tempo ele veio até onde eu estava.

- Eu ainda tenho um pedido não é?

- Isso mesmo. – respondi.

- Pois vou usá-lo agora.

- O que vai ser?

Ele voltou a olhar para a cama e disse:

- Quero que traga ela de volta.

Eu desconfiava que o pedido seria esse.

- Você quer que eu a ressucite.

- Isso mesmo. Qual é o custo?

- Eu não posso dar a vida a alguém, mas posso transferir. Assim você precisa indicar alguém para que eu possa tirar a vida e passar para ela.

- Então esse é o custo...

- Correto. E então?

- Eu aceito.

Foi o primeiro e único humano que eu acompanhei que aceitou o custo de uma ressurreição.

- Quem então vai dar a vida para que ela viva?

- Eu mesmo.

Respirei fundo, olhei para aquela mulher e perguntei:

- Acha que ela merece tudo isso?

Ele também respirou fundo e respondeu:

- Eu sei que ela não merece, mas o que eu posso fazer? Eu prometi que a protegeria mesmo que isso custasse a minha vida. Além disso eu a amo e quero que ela viva.

- Então é isso... – respondi desanimado.

- Mas eu queria uma coisa primeiro.

- O que seria?

- Se possível não quero que ela me veja.

Olhei para o relógio na parede e respondi:

- Nove e vinte... Você vai viver até a meia-noite.

- Quando ela vai acordar?

- Quando você chegar em casa.

Flash back off

- Então foi isso que aconteceu. Eu a fiz reviver em troca da morte dele.

- Uma história triste mesmo...

- A partir daí eu sempre fico meio mal quando vejo uma família como a sua. Fico imaginando que aquele final poderia ser diferente.

- E como ela ficou?

- Eu fiz questão de mostrar a ela o motivo dela estar viva. O sacrifício daquele que ela esqueceu. Ela chorou lágrimas de sangue naquela noite.

- Você preza os sentimentos acima de tudo não é?

Ela aproximou-se de Gaara e disse:

- Se meu futuro namorado pensasse como você eu ficaria tão feliz...

Gaara se sentiu muito bem ao ouvir aquelas palavras e isso aumentou o seu afeto por aquela garota, mas... o que sentia era mesmo afeto? Ele odiava essa avalanche de dúvidas. Resolveu deixar o tempo passar calmamente. Talvez essa sensação passasse...


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Notas finais do capítulo

A partir daqui prometo que não vou mais abandonar as histórias que eu começar, mesmo que eu não receba comentários. Minha paixão fala mais alto. ^^