Desejos Inconsequentes escrita por Bruno Silfer


Capítulo 11
Capítulo 11: Estratégia


Notas iniciais do capítulo

Olá! Aqui descobriremos quais foram os pedidos das meninas e a repentina vontade do semideus de ler a mente delas.

Boa leitura!



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Gaara não escondeu um leve sorriso ao ouvir a resposta das garotas. Primeiro porque poderia prosseguir com o plano que elaborou em segredo há alguns dias, segundo porque Ino não havia percebido a real intenção daqueles custos que ele impôs a elas. Como prometido, realizaria os desejos delas e receberia a recompensa, que lhe seria muito útil em um futuro próximo.

- Sábia e corajosa decisão meninas. – disse Gaara seguro – Sentem-se.

Ino olhava o ruivo impressionada. Ele sempre mostrou segurança na voz e nas atitudes, mas naquele dia parecia um investigador, um inquisidor, e estava com o rosto mostrando satisfação. Pegou o caderninho preto e escreveu: “Você é um gênio!”, sendo retribuído com um olhar profundo do semideus à sua frente. As garotas sentaram e Gaara logo começou:

- Primeiro você. – apontou para Sakura – O que vai querer?

A rosada teve de respirar fundo para começar a falar.

- Sabe o que é... – engoliu em seco – Eu tenho um pouco de vergonha do meu corpo sabe? Eu queria ter mais curvas, ser mais atraente. Eu me acho tão reta, me sinto tão diferente quando eu ando com vocês... – nessa hora olha para as amigas ao lado. – Meu pedido é esse. Ter um corpo com mais conteúdo.

As amigas já imaginavam que o pedido seria esse. Conheciam bem a rosada e sabiam que ela se esforçava, tanto com exercícios físicos quanto por reforço na alimentação, para desenvolver o corpo, mas não conseguia. Desconfiava que tivesse algum problema ou doença relacionada, mas ainda não investigara essa possibilidade.

- Entendi. – respondeu o semideus. – Fique de pé. Preciso estimar suas medidas ideais.

Relutante, ela obedeceu. Ficou em pé e foi observada de alto a baixo pelo ruivo que, depois de “examiná-la” a ordenou que voltasse a se sentar. Ele fechou a mão e perguntou:

- Está pronta?

Ela respondeu que sim com a cabeça e viu que o semideus começou a abrir a mão aos poucos. À medida que a mão ia abrindo, Sakura sentia suas roupas apertarem. Mas não eram as roupas que a apertavam, mas suas medidas que estavam crescendo. Ela sorriu, um sorriso sincero, e ao final do processo, ele a advertiu:

- Recomendo que compre roupas novas.

Sakura ficou tão contente que deixou uma lágrima escapar do seu olho esquerdo. Daria um abraço no semideus se ele pudesse ser tocado. Ela não resistiu e correu para uma loja de roupas que tinha ali perto para renovar o guarda-roupa e, principalmente, olhar-se no espelho. Ele a havia dado medidas parecidas com as de Ino, mas com duas unidades a menos em cada parte. As garotas a acompanharam com o olhar e comentaram:

- Ela sempre se sentiu inferior por isso, mesmo negando. Ela merece. – comentou Ino.

- Verdade. – concordou Hinata.

Gaara as despertou da conversa e perguntou:

- Sua vez. – apontou para Hinata. – O que vai pedir?

Hinata levantou a cabeça com segurança. Ino nunca a tinha visto assim e, presumiu que ela já sabia muito bem o que ela iria pedir. Não estava enganada, mas surpreendeu-se com o pedido apresentado pela amiga.

- Já sei o que pedir. – disse a perolada – Quero que anule a consequência do primeiro pedido da Ino.

Gaara e Ino foram pegos de surpresa com aquilo. Ino desconfiava que Hinata se sentia culpada pelo custo que ela estava pagando para que ela namorasse com Naruto, mas não imaginava que ela ainda remoía essa culpa até hoje. Gaara não gostou desse pedido, pois ele destroçaria totalmente seu plano para com a loira. O silêncio imperou no ambiente. Ino estava apreensiva e viu que ele estava hesitando para cumprir a “ordem” da morena. Para dissipar o clima pesado, ela interveio:

- Não precisa fazer isso Gaara. – Ino falou nervosa – Eu aceitei o custo porque eu quis e vou pagá-lo. E também...

- Não. – interrompeu o ruivo – Um semideus não pode voltar atrás em sua palavra. Seu desejo será satisfeito.

Ele estalou os dedos e olhou para a loira ao seu lado dizendo:

- Em dois dias terá seu “poder” de novo.

Nessa hora Sakura voltou saltitando com um monte de roupas novas que comprara. Sentou-se novamente com as amigas e ainda deu tempo de ouvir a última parte da conversa.

Ino explicou à rosada sobre o pedido de Hinata e ela também teve a mesma reação da loira: uma mistura de felicidade e apreensão. Ino viu claramente que o ruivo odiou ter que realizar esse desejo, mas não imaginava que ele já sabia como tirar vantagem dessa inesperada quebra nos seus planos.

- Então. – Gaara tornou a falar normalmente – Hora de receber a minha recompensa.

As garotas foram orientadas a fechar os olhos e o fizeram sem reclamar. Não negavam que não era nada agradável alguém saber dos seus segredos, mas aceitaram por livre e espontânea vontade e cumpririam a sua parte no trato. O semideus colocou suas mãos em frente às cabeças das garotas e também fechou os olhos. Depois de cinco segundos exclamou satisfeito:

- Podem abrir os olhos.

O semideus estava com um semblante de alegria e satisfação em seu rosto. A partir de agora tinha anos de memórias novas em sua mente e usaria esse conhecimento ao máximo. Elas ainda não haviam notado sua real intenção e, se dependesse dele, não saberiam nunca. Na verdade, mesmo que elas descobrissem, agora era tarde demais. Seu plano fora um sucesso.

O restante do dia foi estranho. O ruivo não mais se pronunciou, ficando sempre pensativo e olhando para o nada. As garotas continuavam a se divertir e rir muito, realmente elas precisavam de um dia assim. Quando finalmente voltaram para casa, o ruivo subiu direto para o quarto (ele já esteve em todos os cômodos da casa, mas era no quarto da loira que sentia mais à vontade). Em pouco tempo ela também chega e resolve tirar uma dúvida.

- Não gostou do que a Hinata pediu não é?

- Não. Mas espero que isso não afete o que eu pretendo.

Ela sabia que ele havia tirado o seu poder de atração para ajudá-la a ser mais confiante pelo que ela era realmente, e presumia que ele achava que ela não era capaz de prosseguir assim com as próprias forças.

- Não acredita que eu consiga não é?

- Não posso prever, mas não posso mais interferir nesse assunto. Não posso impor custos iguais nos pedidos.

Conhecia aquela garota muito bem para achar que ela não iria se deixar seduzir por tudo o que sempre se acostumara a ter. Limitou-se a continuar quieto e imerso em pensamentos. Algo que incomodou a garota.

- O que está fazendo?

- Organizando as ideias. Tenho décadas de memórias novas para “decodificar”.

- Elas têm memórias tão complexas assim?

- Não.

A loira ficou confusa. Se elas tinham memórias simples de organizar, por que tanta concentração? Tinha algo errado aí.

- Me diz uma coisa. – diz Ino sentando na cama – Por que quis ler a mente das meninas?

- Descubra por si mesma. Não vai ser difícil.

Vendo que dali não sairia nenhuma resposta resolveu descer para comer alguma coisa, assistir algum filme ou sabe-se lá o que, qualquer coisa que a distraísse. No fundo do coração estava muito feliz por saber que iria ser desejada de novo. Odiou as últimas semanas nas quais era tratada como uma garotinha comum e “sem sal”. Só não gostou da mudança de comportamento do seu companheiro semideus. Estava sério demais. Parecia que nem ligava mais com a presença dela. Sentiu uma pontada no coração e viu que não havia como voltar atrás. Viu que realmente estava gostando mais do que o normal daquele semideus.

Algumas horas depois acordou de uma vez no sofá. Viu que havia pegado no sono durante o filme e, ao voltar para o quarto, encontrou Gaara no mesmo lugar, mas com os olhos fechados. Resolveu não falar nada e ir logo dormir. Por que aquele mistério? Por que aquele silêncio? Queria que ele falasse qualquer coisa. Será que ele não percebia que ela não gostava de ser ignorada? Será que ainda estava “organizando” as benditas memórias? Estava a pensar, até que teve um “flash” e não gostou de acreditar no que imaginou. Gaara vendo que ela estava estática atrás dele abriu os olhos e soltou:

- Finalmente descobriu?

- Você não fez isso...

- Fiz há algumas horas. Agora tenho boa parte das informações que preciso.

Ino se martirizou por não ter percebido antes. Não havia dúvidas. Qual foi o plano? Gaara sabia muito bem que Ino, Sakura e Hinata eram confidentes e não escondiam seus segredos uma da outra. Sabia também que a loira não o deixaria ler a sua mente de jeito nenhum. O que fez foi procurar outro caminho para chegar ao seu objetivo: lendo a mente das amigas confidentes da Ino, indiretamente leria a mente da própria Ino. Com isso em mente, teria que fazer as amigas o deixarem ler a mente delas. Com os seus poderes, isso não seria nada difícil de fazer, como não o foi. Uma estratégia perfeita! Agora o ruivo detinha pelo menos 75% das memórias recentes da sua acompanhante e quase tudo o que ele precisava saber estava ao alcance das suas mãos.

- Por que fez isso Gaara?!?

- Você não me deixaria ler a sua mente. Então tive de usar minhas táticas.

- Agora o que eu faço...

- Calma Ino. Acha que eu fiz isso para te julgar? Não tenho poder para isso.

Ino começou a chorar baixo. Gaara não mudou a expressão do rosto, mas para compensar a “invasão” de privacidade e conter a tristeza da bela garota à sua frente ergueu a mão. A reação dela foi imediata.

Ino começara a chorar, até sentir algo diferente. Sentiu dois braços a envolverem e a aconchegaram em seu peito. No começo ela sentiu o calor e aninhou-se naqueles braços, até arregalar os olhos e ver que não havia ninguém a abraçando, mas unicamente o ruivo com a mão erguida a observando. Mesmo não tenho ninguém ali, ela continuava sentindo aquela sensação de ser envolvida e o olhou confusa. Ele explicou:

- Eu não posso te abraçar, mas posso te confortar assim. Essa sensação que está sentindo é a mesma que você sentiria se eu te abraçasse de verdade. Esse é o meu toque original. Eu não gosto de te ver chorar.

Ino sentiu seu rosto queimar e suspirou rendida. Se ainda havia algum meio dela não gostar dele, esse motivo caíra por terra naquela hora. Ele não percebia que tudo o que fazia, só aumentava o que ela sentia por ele? Ela foi dormir, mas isso não saía de sua mente e ela voltou a chorar em silêncio. O semideus percebeu e voltou a abraçá-la, agora pela cintura. E sentindo esse abraço, mesmo de mentira, do seu protetor sentiu uma segurança inexplicável e se permitiu dormir.


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