Kyyneleet escrita por Lie-chan


Capítulo 2
Parte II


Notas iniciais do capítulo

Sorry pela demora!! Essa capítulo está pronto a quase uma semana mas eu fiquei sem internet e não pude postar! D:



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Por Lie-chan:

 

Kyyneleet

 

Parte II

 

Perdi a noção de tempo enquanto estava deitado naquele sofá. Tinha conseguido cochilar por alguns minutos, mas logo acordei agitado com as imagens de um pesadelo ainda nítidas em minha mente.

 

Já tinha cedido aos remédios em relação a minha dor de cabeça, mas mesmo assim não me sentia bem. Estava em dúvida sobre o que era pior: A dor aguda que me impedia de pensar racionalmente, ou me lembrar dele cada vez que um pouco de lucidez me atingia. Se antes eu estava deprimido, melancólico, agora uma sensação de náusea me incomodava cada vez que imaginava seu falso sorriso. Principalmente por ainda achá-lo real demais.

 

Ia cochilar novamente, quando o som estridente da campainha ressoou pelo meu pequeno apartamento. Mesmo com condições de ter uma casa espaçosa, sempre preferi lugares mais simples, onde a organização e limpeza são mais fáceis. Mas agora, com aquele barulho irritante, eu gostaria mesmo é de ter um quarto em outro andar para me livrar do som sem ter de abrir a porta.

 

Peguei o chaveiro em cima de uma mesa e segui, um pouco cambaleante, até o hall de entrada. Estava um pouco (leia-se: completamente) dopado pelos medicamentos, mas consegui, depois de seis tentativas, achar a chave certa e enfiá-la na fechadura.

 

Só que no meio dos meus devaneios, me esqueci totalmente de primeiro olhar quem estava do outro lado para só depois abrir. E eu pude sentir o quanto meus olhos se arregalaram, devido ao susto, e o quanto o meu coração se acelerou, quando percebi quem era. E por mais que eu quisesse dizer que não queria vê-lo e bater a porta na sua cara antes que pudesse fazer alguma coisa, eu sei que, apesar de estarem dilatadas, minhas pupilas também brilhavam. Amaldiçoei-me mentalmente por isso.

 

Reita... – Sussurrei, antes de tentar fechar a porta, sem sucesso. Ele já tinha colocado um pé para dentro.

 

Diferentemente do que eu pensei, ele não tentou se desculpar. Nem mesmo continuou a fazer falsas acusações contra mim. Apenas ficou lá, parado, me fitando, como se seus olhos pudessem me atravessar e filtrar tudo que se encontrava dentro de mim. E me agoniava tanto não conseguir decifrar aquele olhar!

 

Um, dois, talvez três, minutos se passaram, até que ele finalmente pareceu se dar conta do que estava fazendo. Ou seja, nada. Bem, pelo menos se estava fazendo não deixou isso aparente. Abriu a boca para falar alguma coisa, ainda me olhando daquele modo estranho e profundo. Mas eu não queria escutar o que ele tinha a dizer. Não agora. Quem sabe depois de colocar a cabeça no lugar.

 

Corri o mais rápido que pude até o banheiro, já que apenas com uma olhada de relance já ficava meio obvio qual de nós dois ia sair ganhando se eu tentasse retirá-lo do aposento com uso da força. Não que eu esteja admitindo minha baixa estatura, apenas... Reita é forte. Aqueles braços são muito mais musculosos e podem fazer muito mais do que aparentam. Oh, droga! Já estou tendo pensamentos indevidos de novo...

 

Logo após adentrar o cômodo, que estava escuro e um tanto abafado, virei a chave na fechadura, para então cair sentado no chão e começar a chorar.

 

Eu poderia usar palavras mais elegantes, descritivas, menos vulgares do que essas, mas não há necessidade. Eu estava simplesmente chorando. E essa era mesmo a melhor palavra para descrever aquilo.

 

É, simples assim. Foi só vê-lo ali, na minha frente, que eu não consegui mais conter as lágrimas que estavam acumuladas desde nossa primeira discussão. Eu simplesmente precisava colocar tudo para fora.

 

E não foi um desses choros bonitinhos, que molham um pouco o rosto e causam um sorriso triste pelo resto do dia. Foi uma coisa bastante feia de se ver, com direito a soluços e tudo o mais. Provavelmente eu não estava chorando só pelo que aconteceu hoje, mas por tudo de ruim que já tinha acontecido em minha vida em que eu não tinha tido a oportunidade de chorar.

 

“Nunca chorei por um homem e pretendo nunca chorar”.

 

Não sei como palavras tão tolas podem ter se passado pela minha mente nessa situação, mesmo que eu não estivesse exatamente racional. Porque ele não era um homem. Ele era Reita. E sendo Reita, era impossível isso não me afetar de um jeito diferente.

 

É, na verdade eu gostaria muito de dizer que estava realmente chorando por tudo de ruim que já aconteceu em minha vida em que eu não tenha tido a oportunidade de chorar. Mas não era verdade.

 

Eu não estava chorando por causa de uma pipoca queimada, uma mancha de vômito no sofá ou algum corte acidental na quina de um móvel. Não estava chorando sequer por outras pessoas que já tenham me magoado.Eu estava chorando pura e simplesmente por causa dele.

 

Se isso não fosse tão doloroso, eu poderia até rir da minha estupidez. Eu amava-o a ponto de chorar por ele, afinal. Logo a única pessoa em que eu confiei a ponto de permitir-me derramar essas lágrimas foi justo a que me fez derramá-las.

 

Ele foi o único que ganhou o “privilégio” de me fazer chorar.

 

E isso era tão ruim, tão triste. Porque de todas as pessoas pelas quais eu já convivi, Reita era a que eu tinha a maior confiança de que nunca me faria derramar lágrimas. Ele era pessoa a qual eu mais me entreguei, de corpo e alma.

 

Mas ao mesmo tempo isso também era um pouco irônico.

 

Tantas vezes ele já havia não acreditado no meu amor, dizendo que não era bom o suficiente para mim, que eu era muito lindo para estar com ele dentre tantas pessoas melhores.

 

Agora eu percebo que ele estava certo. Mas somente em relação a ele não me merecer – eu sei que se ele me largou não foi por demérito meu, não vou ficar me remoendo, achando que não fui bom o suficiente para conseguir prendê-lo – pois em relação a eu amá-lo... Só mesmo sendo muito burro para se contestar a minha total devoção por ele. Chegava a ser idiota o modo contemplativo que eu observava-o quase o tempo inteiro.

 

Isso só mostra o quanto nossa briga foi sem sentido. Logo ele, que sempre teve uma posição tão receosa em relação a mim, acusa-me de ser muito grudento. Como eu poderia ser assim se não o amasse?

 

E agora estou chorando por sua culpa.

 

Acho que não existe um modo melhor de se provar o quanto eu o amo, se é que essa duvida existia de fato.

 

E, nossa, como eu estou sendo piegas nessas afirmações. Mesmo estando praticamente conversando comigo mesmo, ou seja, ninguém vai saber nada do que eu pensei, fico atordoado em pensar que alguém poderia fazer com que eu agisse de modo tão apaixonado.

 

Mas, de algum jeito, não consigo ficar demasiadamente triste. Não mais do que já estou, pelo menos. Talvez seja só o efeito dos remédios, mas uma absurda calma se apoderou da minha pessoa.

 

Era tranqüilizante pensar que eu ainda o amava. E isso soa extremamente masoquista, entretanto não posso fazer nada se é a verdade. Pelo menos no dia que eu morrer não vou me arrepender de ter amado ninguém suficientemente. Acho que já estava mais do que na hora deu chorar por alguém.

 

Eu estava trancado no banheiro, encolhido no chão, abraçado aos próprios joelhos, tremendo de frio, chorando por um cara que aparentemente me traiu, mas isso não era de todo modo ruim. A vida seguiria em frente, não seguiria?

 

Oh, meda! Fiquei aqui pensando e me esqueci total de que provavelmente ele ainda está do outro lado dessa porta, em algum lugar do meu apartamento, esperando eu sair daqui.

 

Ou não.

 

Vai ver ele decidiu que me procurar não foi uma boa idéia ou que não vale a pena me esperar para nós conversamos e voltou para casa. E, mais uma vez, tenho que admitir, essa idéia me doeu bastante.

 

Se eu estou assim agora – até deixei minha arrogância um pouco de lado –, Reita deveria, no mínimo, ter a decência de me esperar e tentar esclarecer os ocorridos. Mesmo que eu mesmo tenha fugido dele.

 

Claro, tudo que eu tenho de fazer para saber é abrir a porta. No entanto eu sou covarde demais para me deparar com a realidade, qualquer uma que fosse.

 

Se ele estivesse ali eu não ia saber o que dizer ou fazer e provavelmente só ia conseguir focar meu olhar em seus lábios. Se ele não estivesse, nem sei como apartaria minhas emoções depois.

 

Ele simplesmente tinha que estar ali. Mesmo que não fosse para fazer as pazes e dizer para eu apagar as últimas horas de minha memória. Pelo menos para me afirmar que todo esse tempo que passamos juntos não foi falso. Que ele de fato me amou.

 

Eu estava cansado. Muito cansado. Raciocinar fazia minha cabeça latejar. Então apenas continuei ali, chorando, até desmaiar de exaustão.

 

Continua...


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Notas finais do capítulo

Nee, eu disse que esse capítulo ia se mais feliz...
Mas ficou muito grande e eu tive que divir...
Então ficou meio nostalgico de novo... -leva pedada-
Mas o poximo é o ultimo(Ufa! ^^') e vou fazer de tudo para não demorar!



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